21 de dez. de 2013

Szaas Tam, o novo deus da magia ou Ações do STJD


As garras e presas do Tarrasque caíram sobre Ryolith Fox, o santo paladino de Tyr, como uma avalanche. Nem mesmo o servo do deus da justiça foi capaz de suportar tudo aquilo e tombou massacrado entre os dentes do monstro. Os demais percebiam a impotência deles diante de tal ameaça. A matadora de magos Úrsula Suarzineguer perdeu de vez a coragem com a queda do paladino e recuou, escondendo-se atrás de Ehtur Telcontar, que também afastava-se sem saber o que fazer. Rock dos Lobos tentou usar seus poderes de chave dos planos para excomungar o tarrasque de volta para o plano material, mas foi como uma gota tentar apagar o sol. John Falkiner tentou esconjurá-lo como faria com um fantasma, mas a criatura resistiu facilmente. Usou, então, de suas bençãos aceleradas para implodí-lo, mas novamente o tarrasque resistiu. Restou a Rock ordenar que seu familiar dragão usasse seus poderes celestiais para envolver a todos com uma aura sagrada.
Um dos guerreiros de Thay atirou-se em carga sobre o lich Szaas Tam, atingindo-o, mas sem grandes consequências. No entanto, Sirius Black, que chegara com Selune, aproveitou para mesclar-se com as sombras e atingir o zulkir da necromancia pelas costas. Aceitando a dor de verter o próprio sangue em sacrifício, o ladino conseguiu trazer enorme dor ao arquimago morto-vivo de Thay. Percebeu, no entanto, que parte da magia de seus itens foi absorvida. Sem esperar para ver o resultado, Sirius mesclou-se novamente e reapareceu ao lado da deusa da lua, sentindo além da dor auto-infligida, as queimaduras do fogomágico que envolvia o lich. Furioso e farto daqueles insetos, Szaas Tam despejou o fogomágico sobre o guerreiro que restara diante dele, fazendo com que não restassem nem as cinzas, como se dera com o zulkir Yaphyll. Ele conjurou uma épica necromancia, mas o zulkir da abjuração Lallara o impediu com um grande dispelar magia. 
Todos os outros magos e arquimagos vermelhos de Thay presentes, pouco mais de uma dezena que não havia fugido, fulminaram o lich traidor e golpista com dezenas de magias. Todos agiam agora que sabiam que mais que intenções imperialistas ou crueldade amoral, sua motivação era guiada por interesses particulares e pessoais, onde todos perderiam suas preciosas existências. Desintegrar, grandes gritos, gaiolas de força, raios prismáticos, explosões solares, implosões e aprisionamentos foram algumas das magias invocadas. Alguns efeitos até chegavam a acontecer, mas mesmo estes acabavam absorvidos pela aura de fogomágico do mais antigo dentre os magos vermelhos. Assim como o fogomágico que crescia e queimava. Szaas Tam apenas parecia cada vez mais destrutivo e furioso.
Selune não tardou mais e lançou sua benção sobre os heróis e os de bom coração, aumentando seus poderes, em especial de Sirius Black, seu escolhido, e de Úrsula Suarzineguer, cujas preces a trouxeram para cá. A deusa da lua e Senhora da Esperança também abençoou as armas mágicas que seus campeões traziam nas mãos, alçando-as com um milagre ao nível épico, após convocá-los a apoiarem-na. As bençãos atraíram a atenção dos golens ainda ativos, que partiram para cima da dama do luar e seu escolhido. O ataque psiônico do golem de cérebros foi devastador, mas a jovem deusa resistiu, enquanto o golem de ferro e o grisgol se moviam ainda.


Mesmo com a destruição do primeiro dentre os guerreiros, os demais chegaram em carga atacando o lich com toda a força e sem medo. Eram nobres da etnia mulan como os magos, ainda que talhados por outros caminhos menos gloriosos nessas terras do leste, mas não menos cruéis. Todos deixavam clara a vontade há muito reprimida de destruir o tenebroso zulkir morto-vivo. Quantos deles não teriam sido vítimas das maquinações de Szaas Tam no passado ou tinha de submeter suas vontades aos seus caprichos? Os ataques acertavam o manto vermelho do lich, partiam ossos e castigavam-no com todo o poder. Ainda assim, isso não parecia incomodá-lo realmente. Szaas Tam absorveu mais magia e fazia o fogomágico crescer ainda mais.
John Falkiner orou por uma folia divina, espalhando energia positiva que removeria a fadiga de seus aliados, bem como impediria qualquer tentativa de controle mental sobre eles. A magia afetou o tarrasque, que subitamente retornou à forma de Daphne. Ela parecia confusa e atordoada, como se um controle mental intenso houvesse sido retirado de sua mente. Isso removeu o medo do coração de Úrsula, que passou a procurar entre os magos que restavam o rosto daquele que a violara. Ehtur olhou na direção do lich e preparou sua lança, mas os magos vermelhos seguiam fustigando inutilmente o zulkir com magias e aumentando o fogomágico. Com tantas magias de nível alto em tão pouco tempo, a aura de fogomágico parecia um tsunami incontrolável, que entrou em colapso e explodiu. Todos os presentes no plano material foram fortemente afetados, sendo atirados ao chão e queimados por algo pior que o fogo ou o ácido mais forte. Os demais zulkiris pareciam nos limites de suas vitalidades. Selune resistiu como pode, enquanto Sirius esquivou-se como podia. Os golens foram desativados como se drenados do que os movia.
Ao final, nenhum sinal restava do zulkir da necromância Szaas Tam. Restava apenas uma aura residual do fogomágico.
O espaço tempo, por outro lado, rasgou-se como se a realidade fosse uma folha de papel. De lá emergiram quatro inevitáveis.
- Rock dos Lobos, você é convocado ao Tribunal Dimensional Astral dos Hiperespaço para responder por seus crimes - disse a voz mecânica do primeiro homem mecânico extra-dimensional.
- Aquela que respondia por seus crimes não mais existe e, portanto, já não o livra de sua pena - continuou outro com a mesma voz e mesmo tom. O feiticeiro bárbaro tentou argumentar como de costume, enquanto pensava numa solução para escapar.
O escolhido de Bibiana procurava pelo lich ou por seu espírito, usou um dos pergaminhos de aprisionar a alma, mas sem qualquer resultado. Voltaram, então, ao plano material e Ehtur avançou rapidamente para o corpo caído do Grisgol para pilhar os itens mágicos que compunham a criatura. Úrsula tentou orientar Daphne que ainda parecia aturdida sem entender, de cabeça baixa e com a mão sobre a testa, enquanto o corpo de Ryolith Fox seguia esparramado pelo chão.
Os magos vermelhos e sua elite guerreira ainda se recuperavam e punham-se de pé, sem esconder uma certa satisfação pela vitória. No entanto, a voz de Szaas Tam ecoando pelo salão mudou suas expressões.
- Vocês se julgam vencedores, mortais? Acreditam mesmo que seu poder pueril seria capaz de me destruir. Na verdade, vocês apenas abasteceram meu poder para que eu ascendesse ao meu lugar de direito.. como novo Deus da Magia eu posso comandar a existência como é devido - bradava a voz fria e cruel do lich, enquanto onde restava a aura do fogomágico seu corpo tomava forma novamente. Szaas Tam parecia ainda mais poderoso agora, derramando fogomágico a cada gesto. - Todos vocês cumpriram seu papel, mas já não são mais necessários. São como vermes. Pequenos vermes inúteis.
Com essas palavras, o novo deus da magia removeu a magia de todos eles. Até mesmo Selune, deusa da lua, viu-se alijada de todos os seus poderes. Tudo ali que dependia do tecido mágico de Faerun, como seus itens mágicos, seus pergaminhos, suas magias e preces, suas resistências e proteções, nada restava. Todos aqueles poderosos magos de vermelho ao redor deles eram como meros camponeses feridos agora, que fugiam como ratos de um navio. O deus lich avançou para a direção de Selune, enquanto os golens se reativavam dando mostras de que ele era o único a conservar seus poderes. Os únicos que pareciam inalterados eram os inevitáveis e seu portal.
- E você, pequena deusa, será minha mensagem para o mundo. Sinto privar sua irmã desse privilégio, mas penso que matar a deusa da esperança mostrará bem a todos como governa seu novo líder!
- Eu não temo você, Tam. A esperança não pode ser destruída!
- Isso é o que veremos.. - ele disse esticando seu indicador para fulminá-la com todo o seu poder. Até mesmo Kiriani, já que sem poderes ela pouco tinha de Selune agora, fechou os olhos pensando sobre como fora breve sua carreira como deusa. No entanto, isso não se deu. Sirius Black sem exitar pulou na frente de sua amada deusa e amante. Ele recebeu diretamente em seu peito, do lado esquerdo, todo o assalto do poder incomensurável do deus da magia. Seu corpo mortal dobrou-se e envergou como se fosse se partir ao meio, mas ao fim de tudo, o ladino restava de pé, vivo e sem ferimentos.


- Ninguém.. rela.. a mão na minha mulher.. minha deusa.. - Sirius Black falou com ódio sem saber como tinha feito aquilo.
- Você... você fez de mim um monstro... um monstro como você.. - começou a falar Daphne.
- Eu fiz você poderosa, minha criança.. - disse Szaas ainda tentando entender como aquele mortal sobrevivera ao seu poder divino. - Esmague todos.
- Não!!! - Disse Daphne transformando-se em Tarrasque novamente e partindo pra cima do deus lich com todo o seu poder de mestre das muitas formas.
Rock dos Lobos aproveitou a distração e invocou seus poderes de chave dos planos. Com fúria e concentração, ele conseguiu expulsar os inevitáveis de volta para o plano de Mecannus e fechar o portal. No entanto, Ehtur Telcontar acabou paralizado pelo grisgol. O golem psiônico obteve o mesmo com um ataque mental em Sirius Black. O golem de ferro golpeia Selune com violência. As flechas de Úrsula não tem qualquer sucesso contra o lich, mas Daphne o engole entre suas presas colossais. A satifação é mínima, pois um segundo depois, é Szaas Tam quem está de pé diante deles tendo uma mosca entre seus dedos cadavéricos.
- Nada pode me deter, tolos. Nada!!! Eu sou o poder!!! Tudo começa e termina em mim!!! Estou farto de suas tentativas de prolongar suas parcas existência patéticas. O destino da vida é terminar!!! - Novamente a energia explodiu ao redor do novo deus da magia.
Dessa vez, no entanto, um outro rasgo, muito maior, na realidade, impediu aquela energia de se propagar. Da fissura no espaço-tempo, surgiu uma quantidade maior e de maior status de inevitáveis. Rock recuou um metro e meio já pensando se teria forças para expulsar tantos. As criatura, no entanto, dessa vez, se dirigiram para Szaas Tam:
- Arquimago que Veste Vermelho Szaas Tam, zulkir da necromância da magocracia de Thay, autointitulado novo deus da magia de Abeir-Toril, você está sendo denunciado por usar seus novos poderes para impedir outras criaturas e entidades de terem acesso ao tecido mágico desse plano numa clara violação do domínio e portifólio da magia - disse o primeiro.
- Uma vez que tal falta é responsável por desvincular uma divindade de seus seguidores e suas funções, além de o acusado ser convocado a comparecer ao Superior Tribunal da Justeza Divinal para responder por suas faltas, deve ter imediatamente suspenso seus poderes e acesso ao plano de deus da magia até que as devidas providências sejam tomadas.
- Eu não reconheço qualquer autoridade acima de mim! - Protestou o deus da magia.
- Não havendo espaço, tempo ou razão para recurso, ficam assim tomados os procedimentos! - E assim como chegaram, os inevitáveis partiram. Szaas Tam parecia pela primeira vez surpreso. O fogomágico desaparecera e ele não parecia mais que um lich ancestral arquimago vermelho de Thay.
Todos sentiram suas magias e poderes voltarem, assim com as bençãos da deusa Selune. Desparalizados e reanimados, os heróis não perderam tempo e lançaram seus mais poderosos ataques contra a zulkir da necromância. Szaas Tam tentou em vão recuperar-se para resistir, mas não estava preparado para o que se seguiu. Aquelas armas épicas feriram-no como nunca tinha acontecido e foi Gungnir, a certeira, que ao final trespassou seu crânio, eliminando o mais poderoso morto-vivo que já cruzara seu caminho.
John Falkiner tomou um pergaminho e concentrou todo seu poder para aprisionar a alma do lich. Selune pediu a todos sua fé e lançou mão de mais um milagre. A alma do lich não pode resistir, acabando finalmente aprisionada na pequena gema vermelha que o escolhido de Bibiana trazia nas mãos.


- Nossa missão está cumprida aqui, Sirius, meu amado escolhido. Devemos partir...
- Não podemos recolher as lembranças primeiro, querida?
- Mas quem será o deus da magia? - Questionou Rock.
- Assuma esse poder, Selune - indicou Ehtur.
- Eu.. eu já tenho responsabilidades mais do que consigo entender, guardião. - Disse a deusa da lua esquivando-se da responsabilidade.
- Onde está Daphne? - Disse John Falkiner usando seu poder de achar o caminho para perceber que ela já estava fora da fortaleza e se afastando. 

14 de dez. de 2013

Encontro marcado



Lá estava Daphne da Grande Floresta. Finalmente eles tinham encontrado a druida, serva de todos os deuses, mas certamente não como esperavam. Ela estava exatamente na direção indicada pela magia de achar o caminho do escolhido de Bibiana.
Depois de viajarem vários dias por Thay, escondidos no plano etéreo, tendo suplantado as defesas mágicas dessa fortaleza escondidas entre os picos do centro do reino dos magos vermelhos, enfrentado todo tipo de almas atormentadas, extra-planares e seres etéreos, Ehtur Telcontar, John Falkiner, Úrsula Suarzineguer, Ryolith Fox e Rock dos Lobos viam o salão tomado por todas as figuras de destaque em Thay. Todas as atenções estavam concentradas em Szaas Tam, o lich e zulkir da necromância, cujo poder já os multilara no passado. Ao redor dele havia um forte brilho prateado. Eles reconheceram o fogomágico que um dia haviam visto em Leila Diniz. Era ele quem falava para os demais zulkiris posicionados cada qual em um flanco da mesa octogonal, sentados em grandes tronos, cada qual com suas próprias expressões de concordância ou não.
- ... magos, chegou finalmente o tempo pelo qual existo há mais de 300 anos. O motivo pelo qual nos emancipamos de Mulhorand. O motivo pelo qual bebemos na herança dos Imaskari. Chegou o tempo em que o mundo dobrar-se-á de joelhos ante o verdadeiro poder. Não é mais um reino que serve aos Magos Marcados Pelo Vermelho, mas sim todas as terras ao leste, oeste, sul e norte. O destino inevitável do poder  supremo subjugando a fraqueza concretizou-se e, hoje, estamos aqui reunidos para celebrar nossa conquista. Vocês, concidadãos, sào todos, de algum modo, artífices dessa construção. Cada um aqui  que açoitou seus escravos, fustigou nossos inimigos, envenenou as resistências ou financiou nossas conquistas comerciais. Agora, escolhidos da magia, sois verdadeiros senhores desse mundo. Caros magos, o Vermelho é pouco para marcar tal ascenção. Os Magos Marcados Pelo Vermelho estão acima até mesmo dos deuses. Sois os instauradores de uma nova ordem à vossa imagem e semelhança.
Daphne estava posicionada alguns passos atrás de Szaas Tam, assim como outra mulher, que eles reconheceram como Siath Led Ocaith. Daphne não estava amarrada ou presa de qualquer forma. Ela parecia prestar uma atenção devotada às palavras do lich. Ela trajava roupas pretas provocantes, que destoavam do seu jeito usual, mas não trazia posses. Pensaram que podia estar dominada, sentiam magias nela, mas não conseguiam ter certeza. Ela não estava longe deles que saíram a alguns metros da parede atrás do centro daquela reunião. Havia, no entanto, quatro grande guardiões ao redor da mesa de conclave e seus ocupantes: dois golens de ferro, uma outra criatura que parecia feita de cérebros e a mais próxima deles, uma estranha múmia. Além destes, assim como as duas mulheres, haviam outros vigilantes: uma maga, um guerreiro, um grande minotauro e um homem lagarto. Também haviam guardas espalhados pelo aposento.


- Pois chegou a hora de sabermos como dividiremos esse nosso mundo, meu caro zulkir da necromância! - Interviu a mulher que estava diretamente oposta a Szaas Tam. - Sabemos muito bem, antigo, que suas intenções são sempre maiores...
- Tenho certeza, que ao fim desse encontro, Lauzoril, você não terá qualquer dúvidas sobre minhas verdadeiras intenções - disse o lich sem alterar-se, enquanto a energia mágica bruta pulsava ao redor dele.
Enquanto os líderes de Thay disputavam pela diplomacia e intimidação, os heróis percebiam que o salão amplo ainda contava com três outras mesas ao redor da central. Na mais próxima deles, estavam sentadas mais de 30 pessoas. Estavam todas elegantemente vestidas, com muito luxo, jóias e itens mágicos. Muitos eram magos vermelhos, com as cabeças carecas tatuadas e os trajes rubros típicos. Foi entre eles que Úrusla Suarzineguer reconheceu o rosto de Cumulus Nimbus, seu deflorador. A gnoma sentiu o sangue ferver, enquanto Avenger gritava em sua cabeça pela tão desejada vingança.
Do lado oposto, após a mesa central, havia uma mesa retangular com cerca de 20 pessoas, todas em trajes leves e escuros, as quais pareciam as menos confortáveis naquele ambiente. À esquerda da mesa central estava a menor das mesas retangulares, onde cerca de 10 sujeitos armadurados estavam sentados em grandes cadeiras, apenas menores que as dos zulkiris. Haviam apenas duas mulheres, que usavam roupas, uma maga vermelha e uma aristocrata. Ao fundo, nessa mesma direção, junto à parede, haviam alguns guardas na porta e dus arquibancadas, cada qual com mais de 30 magos vermelhos, que assistiam a tudo com devotado interesse.
Ainda refugiados no plano etéreo, os heróis tentavam pensar em um meio, mas todas as ideias pareciam arriscadas demais. John Falkiner sabia que as proteções mágicas os impediriam de se teleportar dali e também havia uma área de profanação mágica em todo aposento. Ehtur propôs que tomassem Daphne e fugissem o mais velozmente possível, enquanto Ryolith acreditava em um ataque direto contra o mal maior que estaria a dominá-la. A troca de ideias murmuradas foi interrompida pela discussão dos zulkiris que se acalorou.
- Nós sabemos muito bem que seu interesse é ser o ditador único e perpétuo de Thay, Szaas Tam! - Protestou um zulkir que tinha traços demoniacos e sentava-se à esquerda de Lauzoril.
- Nevron tem razão, arquimago Tam - disse mais diplomaticamente outra zulkir. - Nós temos tempo, tropas e escravos suficiente para colocar os Magos Vermelhos, como se diz nos dias de hoje, como os devidos regentes de tudo e todos, além de nós como seus líderes, cada qual com a mesma importância como tem sido aqui há décadas e décadas.
- Nevron e Lauzoril tem mais razão que você, Mythrellaa... assim como suas ilusões, você é uma tola... - disse o lich levantando-se e tirando de uma bolsa mágica, uma estranha esfera negra, grande como um melão. Os três magos vermelhos citados por ele se assustaram com aquela visão e recuaram em seus tronos. Os três mais próximos do lich pareceram se animar, enquanto o mago vermelho restante, o mais velho mortal que parecia haver ali, não se alterou de modo algum, embora pareça ter olhado na direção dos heróis. - Esse novo tempo que se anuncia não é o do governo dos vivos pelos Magos Marcados Pelo Vermelho apenas, mas o tempo dos verdadeiros escolhidos, os Magos Marcados Pela Morte governarem, magos não vivos, os verdadeiros escolhidos dentre os aptos ao arcano.


Graças aos poderes de escolhidos de Bibiana e Malkyzid, Falkiner e Rock perceberam o intenso poder nefasto que havia naquele item mágico, que parecia uma esfera de aniquilação. O bárbaro feiticeiro não perdeu tempo e clamou por todos os seus poderes mágicos conjugados à fúria mais primitiva que habitava seu ser. Rock dos Lobos partiu em carga contra o lich Szaas Tam. No entanto, no caminho, ele acabou atingido por Daphne, que não só o acertou, como ingressou no plano etéreo já transformada em um cronotyryn. O ataque dele não impediu o bárbaro feiticeiro de seguir empunhando Ruidoso. 
Os demais preparam-se para lutar com a aliada que vieram resgatar, enquanto o machado de Rock dos Lobos atingiu o zulkir da necromância. Embora poderoso e furioso, o ataque não foi capaz de impedir Szaas Tam de continuar a sua magia necromântica, além de devolver a chave dos planos para o plano material. Rock percebeu que a aura de fogomágico ia absorvendo um a um todos os seus feitiços e crescendo. O fogomágico o queimava. Já o lich Szaas Tam invocou uma magia épica que consumiu a esfera e criou uma hecatombe de energia negativa sobre toda a região. Todos que estavam no plano material caíram instantaneamente mortos. Do menor inseto ao maior grifo, tudo que era vivo pereceu. Mesmo os quatro heróis restantes, sentiram a força da magia no plano etéreo, fazendo o santo Ryolith Fox, John Falkiner e Úrsula Suarzineguer sucumbirem e apenas Ehtur, no limite de seu vigor, encarando Daphne em forma de corvo extraplanar humanóide. Rock dos Lobos, no entanto, permaneceu parecendo ter sido afetado em menor grau. Além dele restavam os quatro golens, Siath Led Ocaith e o zulkir mais velho. Szaas Tam olhava para este com seus olhos vermelhos num misto de ódio e surpresa:
- Como é possível, Yaphyll?
- Eu já sabia de seus plano, Tam. E por isso mesmo irei impedí-los... - disse o vermelho arquimago vermelho de Thay, que conjurou uma magia que rasgou o tecido do tempo. Num piscar de olhos, todos se viram de pé, vivos 6 segundos antes de Szaas Tam completar sua necromância épica, restituídos de sua forças, mas sabedores do que iria acontecer, sabedores de que iriam ser mortos. O pânico se espalhou entre a maioria, que debandou em fuga caótica, enquanto os mais destemidos ou idiotas partiram para cima do zulkir da necromância, talvez por saberem que a distância não os salvaria. - Você não é o único que aprendeu a se preparar com os anos, Tam! - Tendo dito isso, o arquimago vermelho Yaphyll, que já estava contígue ao lich, tocou a esfera negra que desapareceu, interrompendo a invocação de Szass Tam.
No plano etéreo, no entanto, nada se dera. Com seus três aliados caídos, Ehtur opotou por usar de suas ervas para tentar levantar o clérigo, enquanto Daphne ainda estava aturdida com a confusão no plano material.
- Velho maldito e decrépito! Você pagará por isso!!! - Urrava o lich com uma voz abissal. Tomado pela fúria e frustração, Szaas Tam derramou todo fogomágico sobre o zulkir da divinação. Yaphyll nada pode fazer e não restou nada além de uma mancha prateada no chão depois disso.
Os dois golens de ferro se moveram para atacar o lich. O golem de cérebros lançou um ataque psiônico que paralizou o zulkir da necromancia, enquanto o minotauro partiu em carga, pulando sobre a mesa e atingindo Szaas Tam com violência no peito. 
O escolhido de Bibiana acordou e logo teceu uma oração de cura em massa, espalhando a área profana com energia positiva. Todos foram afetados, mesmo os que estavam no plano material. A vida voltou a todos ao alcance, mas ao invés de ferir o lich, acabou sendo absorvida e criando uma nova aura de fogomágico nele. O golem que parecia ser uma múmia, um grisgol, na verdade, percebia agora Ehtur, desativou um dos golens de ferro. Algumas flechas atingiram o golem de cérebros, quebrando seu ataque psiônico.
Szaas Tam não perdeu tempo e conjurou uma nova necromância épica. O efeito, no entanto, não pareceu atingir os presentes, pois emergindo das sombras do outro lado do aposento, Úrsula viu suas preces atendidas e Selune surgir junto de Sirius Black. Tão logo se levantaram, a gnoma e Ryolith atacaram com novo ânimo. Rock dos Lobos buscou escapar novamente para o plano etéreo. O grisgol aproveitou para desintegrar o minotauro e o homem lagarto.
As flechas de Avenger atingiram Daphne, enquanto Ryolith partia contra o mal supremo que corrompia tudo ao seu redor. Ehtur partiu em carga contra Daphne, trazendo grandes danos à druida de muitas formas. Foi então que eka mudou de forma novamente, virando algo que o guardião jamais julgara possível. Um ser lendário. Único...


Pode-se então ouvir alguém gritar ao fundo:
- Ai, ai, ai... um tarrasque...

6 de dez. de 2013

Melhor uma Selune na mão, que alguns amigos voando...


John Falkiner avistava as árvores que divisavam os limites da Grande Floresta. Ele usou as bençãos de Bibiana para curar a deusa da lua e reacender sua positividade.
- Si.. Sirius? - disse a mulher que já fora Kiriani, recuperando a onisciência e despertando nos braços do clérigo elfo.
- Está segura.. estamos na Grande Floresta...
- Eu sei! Não posso mais perder tempo e me arriscar por aqui.. preciso ir para o lugar onde estarei mais segura.. - foi tudo que Selune, Senhora da Lua, disse antes de sumir, deixando só John Falkiner, que já via os elfos verdes e guardiões da natureza que se aproximavam. Ele ainda não sentia Daphne, que não devia estar nesse plano.


No plano Etéreo, Rock dos Lobos juntou-se aos demais numa fuga apressada para longe dali. No caminho, Ehtur Telcontar chegou a encontrar os rastros do assassino etéreo, mas viu que eles sumiam subitamente muitos metros à frente. Eles tinham pressa pois a batalha entre Shar e Tiamat catalizava o vulcão, que estava prestes a cuspir fogo. Mesmo que estivessem protegidos no Plano Etéreo, as consequências das reverberações da erupção podiam ser complicadas. Seguiram para o noroeste, onde não demorariam a chegar à Grande Floresta.


Também no plano etéreo, mas em outro lugar, Ryolith conseguiu enfim se desvencilhar do assassino etéreo que carregara ele e Daphne, além de engolir Sirius e Jacke. Com a fé em Tyr, ele tentava não ter o mesmo destino do ladino e da clériga, mas parecia impossível escapar. Para piorar, a criatura viajou para outro plano, levando consigo o paladino santo e a druida pura.
Sem saber que estava no plano astral, Ryolith viu uma grande bola de fogo explodir no monstro. Isso foi o suficiente para o assassino etéreo pular para outro plano, deixando o servo da justiça para trás, mas levando a serva da natureza.
Os olhos do santo paladino de Tyr Ryolith Fox logo avistaram o homem-tigre vestido em mantos esvoaçantes e sentiu o mal profundo que havia nele.


John Falkiner pediu que os Guardiões da Natureza o guiassem até o deus das fadas e dos meio-elfos, Timothy Hunter.
-... por isso, senhor das fadas, se faz necessário que resgate Ehtur e os demais. - Explicou o clérigo, enquanto o garoto parecia prestar mais atenção ao gordo gato que tentava equilibrar-se sobre um bola.
- Eu lembro de Ehtur... o marido de Alissah... servo de Miellikki.. mas você tem que pedir ao Grande Nojento.
- Será que vossa eminência poderia nos ajudar? - Disse Falkiner dirigindo-se para o gato que se lambia  Com a concordância do familiar divino, após cair da bola. Timothy Hunter abriu um enorme portal entre o coração da Grande Floresta e o plano etéreo trazendo todos de volta. 
Ehtur Telcontar se reuniu novamente à sua esposa, que aguardava entre as árvores com a mesma paixão amável de sempre. Úrsula Suarzineguer, por outro lado, preferiu ir ter com o deus das fadas.
- Ei garoto.. você é um deus.. eu preciso que você ressucite meu marido Arnoux... eu estou com a alma dele nesse rubi. E o corpo dele está aqui na minha bolsa mágica. 
- Eu não posso garantir a ressurreição, pois ele não é uma alma devotada a mim.. - disse o garoto coçando o topo da cabeça.
- Também falta um diamante único para ser consumido no processo... - disse em tom de consultor o escolhido de Bibiana.
O gato Nojento parou de se lamber e se esgueirou até as pernas de Timothy Hunter, que pareceu lembrar-se de algo: 
- Já sei - e dito isso, o jovem deus lançou seus poderes sobre o cadáver de gnomo à sua frente. Em poucos segundos, os olhos tremiam e espasmos percorriam o corpo de Arnoux Suarzineguer. Ali perto, Deborah tampava os olhos do pequenos Arnouxzinho, enquanto Yorgoi registrava todos os acontecimentos. Para surpresa de todos, no entanto, mais do que simplesmente retornar dos mortos, o corpo de Arnoux começou a crescer e ganhar um tom esverdeado. Em menos de um minuto, a mutação se completou e diante de todos, um orc se punha de pé.
- Ú.. Úr... Úrsula?!?


- Quem é você, servo do mal?
- Meu nome é Ruathym, servo de Tyr e da justiça. Eu o salvei daquele monstro.
- Isso não me torna menos vigilante para com o mal que sinto vindo de você!
- Eu sou um rakshasa, meu caro. Um arcano poderoso. E vejo que está perdido... eu posso ajudá-lo a voltar pra casa se estiveres disposto a aceitar minha ajuda.
- Eu não preciso de sua ajuda... - e dando as costas ao mal, Ryolith Fox seguiu voando pelo plano astral, sem fazer a mínima ideia de onde estava.
Ele seguiu por aquele lugar vazia, sem gravidade ou orientação sentindo-se mais perdido do que nunca. Em sua mente, ele orou para o Senhor da Justiça, Tyr. 
- Siga em frente, espada sagrada de Tyr. Você verá oito portais pelo caminho após uma hora e o último será o portal para Abeir-Toril. Siga pelo Plano Astral confiante, mas não refute a ajuda do extraplanar que a oferecer.
Curioso com a recomendação de seu deus, Ryolith seguiu em frente até ser atacado por criaturas flamejantes. Não teve dificuldades contra elas, mas novamente viu o rakshasa Ruathym surgir em seu auxílio. Buscando evitá-lo e sair dali, o santo paladino acabou atirando-se em um vórtice próximo.


Entre as árvores da Grande Floresta, enfim tendo algum descanso, Ehtur Telcontar, Úrsula e Arnoux Suarzineguer, Rock dos Lobos, Zumbi dos Palimares e John Falkiner tiveram todos o mesmo sonho. Eles dormiam após a longa discussão entre a gnoma e seu esposo em meio à comunidade gnômica. Todos onharam com o paladino de Tyr, Ryolith Fox, derretendo como se fosse líquido, evaporando como se fosse gás e mudando de forma, cor e tamanho todo o tempo. Ele se dividia ou multiplica ininterruptamente, enquanto um grito de horror perpétuo parecia ecoar em todas as direções. 
Ao acordarem, Rock já sabia que aquele era o plano do caos. Concentrou-se em seus poderes de chave dos planos e o feiticeiro bárbaro foi atrás de Ryolith Fox. Ele retornou em menos de um minuto, mas todos ficaram novamente surpresos ao ver o velho homem com os a armadura e as armas de seu santo colega. Ryolith Fox parecia ter agora mais de cinco décadas de vida, apoiando-se exausto sobre o corpanzil de Rock dos Lobos.
Sabiam que ainda havia outros por buscar.
- Meu poder de achar o caminho diz que Daphne está muito para o leste...
- Antes que partam devo dizer que não irei acompanhá-los, meus amigos. Morpheus espera outras coisas de mim agora, que já os ajudei com a Senhora da Lua. Eu devo levar o corpo de Kavernan para ser enterrado sob as árvores que ele sempre protegeu! - Disse Zumbi dos Palimares se despedindo.
- E você, Arnoux.. vai ficar aqui cuidando do Arnouxzinho... nada de deixar o menino cair no chão, nem tomar friagem ou comer porcaria. Já abusamos demais da doutora Deborah e você ficou aí nessa gema descansando esse tempo todo, enquanto eu tava aqui na jornada dupla né... mas eu sou uma gnoma moderna e vou com o pessoal resgatar a Daphne, enquanto você cuida das coisas aqui.
- Eu agradeço pelo resgate, meus caros, mas creio que irei ficar aqui em companhia do deus das fadas e dos guardiões da natureza.. - disse o dragão Alazphraxion.
- Eu quero ir.. - disse o jovem irmão Vultsubai pousando no ombro de Rock, com quem formara um laço especial.
- Sigamos então... preciso ter certeza de algumas coisas... - disse John Falkiner teleportando-se dali com Ehtur, Ryolith, Úrsula e Rock. Primeiro, ele levou a todos para as planícies de Cormyr, ainda devastadas, sentindo que a distância ainda era grande para o leste. Um novo teleporte os levou para Velprintalaar, a capital do reino de Aglarond, governado pela arquifeiticeira Símbul.
Eles viram uma cidade sitiada, o céu tomado de dragões e grifos, magos vermelhos e guardas, caos e destruição. Um novo teleporte os levou para Thay, no extremo leste, no mesmo celeiro onde Úrsula concebera seu filho sozinha há mais de um ano atrás. Rapidamente, Rock cuidou de levar todos para o plano etéreo, o que permitiu ver os campos tomados de escravos no plano material, assim como tomados de fantasmas agonizantes no plano etéreo.
Cientes dos capatazes e magos vermelhos, optaram por seguir pelo plano etéreo. Embora incontáveis, os fantasmas eram facilmente repelidos ou destruídos, mesmo que temporariamente. Sabiam que aqueles mortos-vivos só podiam ser verdadeiramente destruídos caso o que os prendia fosse resolvido. Aquele lugar amaldiçoado parecia ser o local de sofrimento e agonia de gerações de escravos. A maioria era de humanos e orcs, mas haviam outros. Todos estavam presas àquele solo amaldiçoado e esperavam a noite para assombrar os campos.
Depois de cruzarem as plantações de cereais rumo ao nordeste, para onde a magia indicava, eles encontraram alguns extraplanares chamados xills, seres de quatro braços e notórios mercenários malignos à serviço de quem pagasse mais. Eles pilhavam as almas aprisionando-as em gemas vermelhas usando pergaminhos mágicos. Um rápido ataque esmagou o mal antes que pudessem reagir e os heróis encontram centenas de gemas em um grande saco, mais de uma centena da qual estava ocupada por espíritos. John Falkiner usou seus poderes de guia do destino para conversar com um dos cadáveres.
- O que estavam fazendo aqui?
- Trabalhando.
- Para quem?
- Malkiziid!
- Para que as almas?
- Ressucitar Orcus.
- Isso é uma mentira... - protestou Rock. - Malkiziid destruiu Orcus e vai pacificar o Abismo.
- Os mortos não mentem, bárbaro, você sabe disso.. - disse o clérigo dispensando o que restava de ciência naquele corpo.
Os heróis seguiram evitando os campos e buscando as estradas livres das almas atormentadas. Mesmo assim, tiveram outros encontros com três demoníacas bruxas da noite montadas em pesadelos. Depois de vencê-las, perceberam que ainda restava muito o que voar, já haviam combatido por duas vezes e preferiram descansar.
Nessa noite, cada qual teve um sonho.
Úrsula sonhos com sua família feliz. Arnoux, como um gnomo robusto carregando o filho no colo. Ele abria a porta para Yorgoi e Deborah, que chegavam com uma criança e bebida. Arnoux tirava uma fornada de biscoitos do forno e todos pareciam felizes, desfrutando de uma vida tranquila e bucólica. Apenas ela não estava lá.
Falkiner sonhou com Lorde Byron e Paulo Mota cercados por yuan-ti em algum lugar quente. Ele sentia que já vira aquele sonho antes. O servo de Morpheus tinha o tomo de Mystra e o cetro de Lathander, enquanto o líder dos homens-serpente tinha um gema escura sinistra e um grande olho murcho e gosmento. Acoados, Byron teleportou-se, levando Paulo com ele para um lugar onde prédios e navios voavam.
Ryolith sonhou com sua amada Palas Atenas. Sua esposa estava presa e acorrentada. Ela era açoitada todo o tempo por Fzoul Chembril, o escolhido de Bane, o senhor da tirania.
Rock sonhou com Malkizid. O anjo caído informou sobre seus planos de consagrar as almas dos condenados com o fortalecimento dos impedimentos para o retorno de Orcus.
Ehtur sonhou com Sirius Black. Ele estava deitado em um divã, como um bon vivant, descansando placidamente. Uma mulher o pageava como uma cortesã. Ela acariciava-lhe o rosto e servia uvas em seus lábios. Era Kiriane, que agora era Selune. Enamoravam-se, enquanto ela dizia que estavam seguros para a eternidade.
Embora Rock tenha pedido pelas pedras, os outros preferiram mantê-las afastadas dele. Uma nova magia de John Falkiner revelou que a direção de Daphne havia mudado. Eles seguiram por esse caminho, rumo ao planalto central de Thay. No caminho, eles encontraram um bando de cães piscantes, que revelou que algo terrível se dava no alto das montanhas. Os seres bons que restavam em Thay fugiam e partiam, pois forças necromânticas se reuniam nas fortalezas dos magos vermelhos de Thay.
Eles logo encontraram Aparições Nefastas, que pareciam povoar todas as imediações. Também destruíram um devorador, que trazia um cadáver em seu interior. Essa alma não revelou muito ao escolhido de Bibiana, mas eles sabiam que algo terrível se passava lá em cima.


24 de nov. de 2013

... caindo no Plano Etéreo


Os heróis avançaram mais uma vez escondidos sob a névoa mágica invocada pela clériga de todos os deuses Jacke Linne, que se misturava com as cinzas do vulcão. Isso facilitou o avançar deles, sem que fossem novamente percebidos, na direção que indicava a benção de John Falkiner, o escolhido de Bibiana. Os dois dragões de latão seguiam com eles. Quando a magia se encerrou minutos depois, eles puderam ver o movimento no pé da montanha do vulcão onde um vasto cortejo se dirigia para a colossal entrada. Eram inúmeros dragões, dos mais variados tamanhos e cores. Ao menos dois eram gargânticos, mais de meia dúzia de imensos, dezenas de grandes e médios, na maioria cromáticos, embora houvessem alguns de espécies secundárias como dragões das profundezas, dragões de sombras e dragões de areia. Também havia mais de uma centena de outras criaturas dracônicas, dos mais variados tipos, em especial alguns humanóides dracônicos que pareciam vigiar o perímetro como guardas.
Rock dos Lobos achou que havia um caminho mais simples e tentou levar todos para o plano etéreo para facilitar as coisas. Porém, ao invés disso, o furioso feiticeiro de Malkizid foi tomado por espasmos e convulsões, até que vomitou uma gosma ectoplasmática. De seu interior emergiu um espectro fantasmagórico que assumiu a forma de uma grande pustula pulsante. O estranho fantasma pairava à frente do bárbaro e passou a jorrar pus e secreções, explodindo em todas as direções e trazendo náuseas a todos, mesmo os dragões, e drenando seus atributos físicos com energia negativa, com exceção do santo Ryolith Fox. Depois de se dispersar, o fantasma assumiu a forma vagamente de um homem baixo e corcunda, enquanto sua voz soou aflita na mente de todos.
- Vocês me deixaram para morrer! Vocês me jogaram aos tubarões! Vocês destruíram a Fortaleza da Vela! - Gritava a voz atormentada. 
- Quem é você? - Disse Rock tentando se recuperar.
- Não há o que conversar, devemos destruir mais esse servo morto-vivo do mal! - Bradou Ryolith erguendo sua espada Dikaioo Ensis, a espada justa. Mas foi Ehtur quem primeiro partiu em carga e atingiu o espectro com a lança Gunghir, a certeira, que era capaz de atravessar a película do plano etéreo e atingir seres intangíveis. O golpe não pareceu abalar o fantasma.
- Não adianta atacar.. ele retornará... - alertou John Falkiner. Ele e a gnoma Jacke tentaram esconjurar o morto-vivo, mas mesmo suas fortes conexões com o plano de energia positiva não foram capazes de afugentar o inimigo. As auras de luz de Daphne e Zumbi também não chegavam a incomodá-lo. Úrsula preferiu se esconder, assim como os dois dragões.
O vingativo fantasma atormentado voou alheio aos ataques e possuiu o corpo de Daphne da Grande Floresta, transformando-a em uma criohidra e cuspindo uma dúzia de baforadas de gelo sobre o grupo. Somado às explosões de luz, o barulho chamou a atenção dos vigias dracônicos lá embaixo, que já voavam em direção a eles. Úrsula Suarzineguer disparou suas setas contra sua aliada, mas Ehtur interviu:


- Não somos seus inimigos, espírito - disse Ehtur Telcontar, que sabia que não adiantava atacar Daphne, pois isso não destruiria o fantasma, que apenas possuiria outra pessoa.
- Vocês me traíram! Vocês me abandonaram! - Aquela voz era cada vez mais familiar para todos, embora tivessem dificuldades de se lembrar das coisas naquele momento. 
- Francisco Xavier... - disse Rock dos Lobos pondo-se de pé.
- Esse não é você, Xavier. O que o atormenta? - Disse o guardião tentando entender o que prendia aquela alma, usando toda sua diplomacia para evitar ferir sua amiga druida.
O espírito não se convenceu e continuou a atacar, mudando de formas para um cronotyryn. Rock dos Lobos se concentrou novamente e dessa vez conseguiu acessar seus poderes de chave dos planos. Ele transportou a si mesmo, além de Jacke e Sirius para o plano etéreo. Enquanto isso, Ryolith investiu contra a líder possuída dos Guardiões da Natureza mais para ganhar tempo. John Falkiner clamou por seus poderes divinos, enquanto Úrsula alertou a todos que os inimigos dracônicos se aproximavam, havendo um dragão vermelho imenso com um homem de púrpura vindo também.
- Você está perdido, Xavier. Não somos nós os causadores de mal algum para você. Nós eramos seus aliados. Lutamos juntos contra o demilich de Netherill. Você já foi um ser de luz. Não se deixe consumir pelas trevas - disse Ehtur menos penalizado pelos ataques.
Foi então que eles viram os olhos de Daphne perderem o brilho vermelho e ela recuperar-se. - Eu voltarei... - Soou a voz de Xavier em suas mentes. O feiticeiro bárbaro Rock retornou e tornou a levar companheiros para o plano etéreo, pois os dragões já estavam na iminência de um ataque. O escolhido de Malkizid conseguiu levar com ele Ryolith Fox e Daphne, que assumira a forma de um gato para facilitar as coisas.
Ao chegarem novamente ao plano etéreo, eles encontraram Jacke Linne e Sirius Black tendo de combater um Assassino Etéreo. O monstro que habita o plano etéreo é como um gargântico verme com quatro braços, sendo dois terminados em pontas como foices. Nas outras mãos haviam garras, que entregavam a gnoma às pinças da enorme boca por onde foi tragada.
Rock deixou-os à própria sorte, enquanto do outro lado John Falkiner tentou levar a todos com uma benção de viagem planar. No entanto, algo desfez sua magia. Ele tentou uma vez mais e novamente foi impedido pelo homem vestido de púrpura sobre o dragão. Ürsula escondeu-se e retesou Avenger para atacar. Ehtur também estava pronto para a batalha e apenas Zumbi permanecia calmo. O dragão Alazphraxion parecia ver a chance de iniciar sua vingança, enquanto seu pequeno irmão Vultsubai se escondia.
Assim que Rock dos Lobos voltou, tentou levar a todos, mas não conseguiu nem levar nem a si mesmo. Isso deu tempo ao  homem de púrpura de lançar um efeito necromântico que drenou-lhes a água dos corpos e feriu a todos. John Falkiner aproveitou para uma nova invocação e, dessa vez, carregou todos os colegas graças à fé em Bibiana. Surgiram em algum ponto do plano etéreo, que parecia um deserto, além de haverem alguns escaravelhos etéreos, que explodiam com qualquer impacto. John Falkiner teleportou-os para o vulcão no plano etéreo. Chegaram lá, mas já não estavam lá nem os aliados nem o monstro.
Ehtur encontrou facilmente os rastros do assassino-etéreo, que iam montanha abaixo.
John Falkiner abandonou a benção para achar o caminho para Selune em favor de outra para achar Daphne. E isso indicou-lhe que ela estava na direção contrária, para sul, muito longe dali. Ainda assim, todos preferiram seguir os rastros etéreos do monstro e seguiram descendo a montanha pelo plano etéreo, já alheios aos fantasmagóricos dragões, que sequer podiam saber de sua presença naquele plano, que era como uma pelicula além do plano material, mas todo o tempo recostada sobre ele. Viam os dragões  e seus lacaios buscarem-nos incrédulos, enquanto eles avançaram velozmente.
Enquanto avançavam, Rock começou a fundir-se com a montanha do vulcao etéreo. Ele assustou-se a princípio, mas logo optou por seguir até acabar se mesclando totalmente a ela. Nesse momento, ele passou a ser um com a montanha e entendeu tudo que se dava ali. Como a atividade do Culto do Dragão estava acordando o vulcão. Percebeu onde estava cada criatura naquele lugar, por menor que ela fosse. Ele encontrou um salão, no entanto, o mais profundo de todos, que embora colossal, estava cercado por energia negativa como se houvesse ali um portal para esse plano ou até uma mescla dos dois planos.  Nào havia sinal de Daphne, Ryolith, Sirius ou Jack, nem do assassino-etéreo, mas ele sabia onde está Selune. Concentrando-se, ele conseguiu retornar aos colegas que estavam intrigados com tudo aquilo. Explicou-lhes o que ocorrera e optaram por seguir diretamente até o aposento, atravessando em linha reta o caminho.
Quando lá chegaram, perceberam o dragão de muitas cabeças no mar de trevas e diante dele o pequeno brilho como uma pequenina estrela.


- Você é um presente inesperado, pequena deusa da esperança - dizia uma das cabeças em dracônico, enquanto as outras murmuravam um cântico cruel e profano. - Com esse ritual, sua essência será profanada em minha honra e glória e meus alicerces nesse mundo estarão estabelecidos. Eu serei a nova deusa das trevas,a única senhora da escuridão, eu, Tiamat, e farei aquilo que outras falharam...
Ouvindo aquilos, eles entenderam que não havia mais tempo a perder. Rock dos Lobos usou seus poderes e carregou consigo Úrsula e Falkiner. Eles surgiram e imediatamente o clérigo de Bibiana tentou tirá-los dali, mas sua magia benigna não pareceu funcionar naquele local profano.
Todas as cabeças lançaram suas baforadas e a força tenebrosa da deusa Tiamat caiu sobre eles, que chegaram a sentir a vida afastar-se de seus corpos. Porém, uma outra enchurrada caudalosa de trevas os antecedeu e amparou o ataque, recebendo-o no lugar deles. Aquele mar de trevas tomou a forma de uma mulher.
- Eu sou Shar, a Senhora da Escuridão, pequena deusa dos dragões. Se há alguém aqui que cuidará do fim de minha irmã serei eu...
Os heróis preferiram não perder tempo, enquanto as duas deusas se degladiavam e tentaram novamente sair dali. Rock dos Lobos e John Falkiner combinaram seus poderes para reunir-se de novo aos seus aliados e sumirem dali.



15 de nov. de 2013

Pulando da frigideira...

A benção para achar o caminho de John Falkiner indicava que deviam descer o Vulcão semi-adormecido. Os heróis viam os enormes dragões vermelhos caírem  sobre eles cuspindo fogo. Úrsula buscou o corpo de Arnoux tirando o anel que viera de Rhange Hesysthance anos atrás. Ao invés de ficar invisível, no entanto, ela recebeu um tremendo choque que a derrubou catatônica. Sirius Black urgiu para ajudá-la, mas ao gastar uma de suas poções sem pensar duas vezes, percebeu que o estado da gnoma não se alterara.
Ehtur Telcontar partiu em carga, enquanto Ryolith Fox tornou a invocar seu pégaso celestial para carregá-lo para a batalha. Rock dos Lobos deixou-se tomar pela fúria, enquanto Daphne transformou-se em uma enorme criohidra de doze cabeças. A druida das muitas formas cuspiu doze baforadas gélidas contra os inimigos, deixando-os feridos. 
Quando a clériga Jack chegou para ajudar Úrsula, Sirius Black usou seu poder de fundir-se às sombras para flanquear os dragões vermelhos que o guardião de Miellikki atacara, fazendo valer o flanco de forma sangrenta. Percebeu que o poder de sua adaga de ferir mortos-vivos foi ativado, roubando seu sangue para tanto. A clériga gnoma invocou a fé em todas as divindades para remover a maldição sobre sua colega de raça, mas percebeu que o poder que a derrubara era forte. 
A proximidade permitiu a Ehtur Telcontar perceber que aqueles dragões, apesar de parecerem tão inteiros eram também mortos-vivos, provavelmente dracolichs recém-criados numa idade jovem. Zumbi dos Palimares golpeou uma das criaturas, enquanto John Falkiner usava sua fé para trazer a destruição às abominações mortas-vivas.
Ainda que fossem um tanto jovens e recém amaldiçoados, não se tratavam de inimigos quaisquer. Os dracolichs vermelhos investiram com fúria e fogo. Seus múltiplos ataques foram suficientes para tombar a criohidra Daphne antes que ela pudesse mudar de forma e se recuperar. Zumbi dos Palimares também foi vitimado. O restante do grupo intensificou os ataques para proteger seus aliados, enquanto Jacke Linne usou uma benção mais forte, expulsando o anel da mão de Úrsula e fazendo-a despertar.
O próximo passo da senescal de Daphne, foi curar sua orientadora. Enquanto isso, as cargas de Ehtur, as adagas de Sirius, a espada de Ryolith, o machado de Rock, as setas de Úrsula e as magias de Falkiner fizeram com que, um a um, os dracolichs fossem sendo derrotados pelo poder combinado.
Após recolherem os itens mágicos que os dracolichs traziam consigo, identificando um amuleto que servia para facilitar o controle sobre os mortos-vivos dracônicos, os heróis decidiram continuar seguindo o rumo indicado pela magia do servo de Bibiana. Enquanto avançavam, Ehtur Telcontar contou ao menos quatro grandes crateras, como se meteoritos recentes tivessem caído sobre a montanha do vulcão. Haviam fragmentos do que quer que tenha caído, parecendo serem as mesmas rochas firmes, uma forma de casca, mas que haviam sido recolhidas. Havia alguns rastros de dragões vermelhos e o guardião percebeu dois rastros diferentes, de dragões menores e que não eram do mesmo tipo.
Eles acompanharam esses rastros até uma caverna estreita, onde os maiores tiveram sérias dificuldades e algumas escoriações. Chegaram por fim a um túnel maior, mas que se tornava abruptamente vertical. A maioria voou, os outros foram ajudados e logo viram o que o cheiro já denunciava. Lá embaixo, ao menos seis grandes dragões jaziam mortos. Suas escamas eram de um tom de alaranjado claro. Haviam dois menores, um do tamanho de um cavalo e outro pequeno como um cachorro, que estavam cruxificados  no centro do salão. Os maiores traziam sinais de uma sangrenta batalha.
Uma rápida inspeção mostrou que os dois estavam vivos, que a sala fora pilhada e uma outra saída dali, que ia para o interior do vulcão. Os dragões de latão foram curados e soltos.


- Obrigado pela ajuda.. eu sou Alazphraxion.. esse é meu irmão Vultsubai. Seremos eternamente gratos por nos salvarem - ele disse na língua dos dragões.
- O que houve aqui? - Quis saber Ehtur.
- Nossa família.. estávamos tentando nos proteger da Estrela Vermelha.. da loucura dracônica, quando os servos do Culto do Dragão nos atacaram. Eles profanaram o vulcão.. tentamos nos esconder, mas eles nos acharam. Deixaram sua necromancia para que viessemos todos de volta como zumbis ou esqueletos para eles...
- Eu irei consagrar a área para que seus parentes descansem em paz! - Disse Jacke já tecendo uma prece para as divindades da morte e da proteção.
- Venha pequenino.. também sei o que é perder uma família... - disse Rock aproximando do pequenino Vultsubai.
- Temos de andar logo.. - lembrou Sirius.
- Há um outro caminho.. - disse Úrsula.
- O que há para lá? - Indagou Ehtur.
- O interior do vulcão... - respondeu o dragão Alazphraxion. - Muito quente, depois pequenos túneis...
- A magia indica que devemos sair.. - lembrou Falkiner. - Ela indica o caminho mais curto...
- Mas não o melhor.. - acrescentou o guardião inspecionando o caminho, que mesmo assim parecia arriscado.
- Nós precisamos chegar ao Culto do Dragão e libertar Selune.. - acrescentou Ryolith Fox.
 - Nós desejamos vingança! - Deixou o ódio transparecer Alazphraxion.
- O que são as crateras recentes lá fora? - Perguntou Ehtur retornando.
- São os ovos dos deuses dragões... foram enviados como uma benção... mas caíram nas mãos do Culto do Dragão. Que Bahamut tenha piedade de suas almas. Nós iremos com vocês... - disse o dragão de latão seguindo ao lado do paladino de Tyr.
Eles deixaram novamente a montanha, mas não demorou para serem novamente atacados. Dessa vez, não eram verdadeiros dragões, mas criaturas dracônicas sem asas, como grandes tiranossauros vermelhos, que exalavam calor e cospiam fogo.
Mais uma vez tiveram de se atirar à batalha, derrotando quase uma dezena de criaturas e tendo Jacke e Falkiner de recorrer a mais cura divina para restaurar a força de todos.

8 de nov. de 2013

Dia do Julgamento

Daphne explicara a todos do seu círculo druídico e a seus seguidores sobre seus planos. Era necessária uma força constante a zelar pela Grande Floresta. Algo maior que a constelação de círculos druídicos, vilas élficas e comunidades de outros seres e servos da natureza como centauros, treants e fadas. Essa organização não estaria ali para comandar ninguém, mas para interligar e engrandecer todos os esforços, atuando em harmonia com os deuses da natureza e todos aqueles que desejassem perpetuar o equilíbrio.
- Nós seremos os Guardiões da Natureza. Guardaremos a Grande Floresta e a vida que se espalha muito além dela. Assim como sou uma semente soprada pelo mar do litoral para florescer nesse interior, devemos ter nossos corações abertos e nossas vontades firmes. Devemos lembrar que até mesmo a escuridão e a destruição têm seu papel no grande ciclo. Todos os servos da natureza serão bem vindos se estiverem dispostos a contribuir. Temos Selune de volta, o que só pode ser uma benção e o sinal de um novo ciclo. Eu vi as escamas da serpente Dendar, um ser mais vasto do que poderia imaginar qualquer um aqui dentre nós...
Nem todos, em especial o velho druida Costeau, eram receptivos às suas palavras. Daphne já deixara a guardiã Ravena Eagle designada para acompanhar o servo de Istishia todo tempo e descobrir que segredos esconde. Ela já havia tomado o cuidado de pedir a Felícia Eagle que inspecionasse se algum dos que vieram com ela era uma cópia mágica, como ocorrera com a arquimaga Laeral. Tal tarefa foi auxiliada pela clériga Jacke Linne, uma clériga gnoma de todos os deuses que também ouvira os relatos sobre a benévola druida da Grande Floresta Daphne, serva de todos os deuses da natureza. Jack era mais experiente do que os demais seguidores que Daphne conhecera, trazendo a experiência de muitas andanças e aventuras.
Na reunião, ainda havia muito debate. Muito concordavam com Daphne, mas outros tinham receios daquela ideia. De repente, todos silenciaram ante o som de colossais asas, enquanto as folhas farfalhavam nos galhos. Logo seguiu-se o som da batalha, vindo da direção da Árvore do Grande Pai. Daphne resolveu não perder tempo e tomou nova forma como um cronotyryn, conclamando Jacke, Yorgoi, Debora e todos os demais a seguirem.  O servo de Morpheus Paulo sumiu da vista.
Mesmo com a partida do dracolich, muitas das árvores que haviam sido mortas pelas magias necromânticas deste ergueram-se como seres mortos-vivos. Foi nesse contexto que Daphne e seus Guardiões da Natureza encontraram seus aliados. Os heróis sentiam o poder nefasto emanado das criaturas, mas sem titubear lançaram-se à batalha, enquanto as árvores mortas-vivas se concentravam em atacar o treant Fangorn.
O escolhido de Bibiana Crommiel, John Falkiner, explodiu em energia positiva e implodiu um dos monstros. Ehtur Telcontar, Úrsula Suarzineguer, Rock dos Lobos e Zumbi Palimares usaram seus ataques, mas apenas o guardião conseguiu causar grandes danos com sua carga. O santo Ryolith Fox buscou esmagar aquele mal. Já Sirius Black esgueirou-se e chamou por sua amiga druida e os demais, enquanto seu coração sofria com a dor da nova perda de sua deusa. Alissah fez com que sua águia celestial a tirasse do coração do conflito.
As árvores revidaram com a força de seus troncos e com necromancia. Os heróis já não se sentiam resguardados pela proteção contra a morte de Falkiner e testemunharam o horror, quando Kavernan tombou sem vida do lombo do pégaso de Ryolith Fox. Apenas o paladino passou imune contra aquelas magias nefastas e buscou acudir o servo de Moradin que os ajudara para morrer longe de sua amada floresta. Com a ajuda de Daphne e dos recém-chegados, não tardaram as forças da natureza a eliminar aquele mal pela raiz e consagrar a área para purificá-la, evitando o retorno da ameaça 
Daphne felicitou seus companheiros e relatou a batalha com Laeral e o demilich, escutando, por sua vez, o relato de seus amigos. Sirius Black lembrava o quanto era urgente que partissem para resgatar Selune e pensando intensamente na deusa da lua, viu surgirem imagens desconexas em sua mente. Um vulcão. Homem vestindo púrpura. Um colossal dragão de ossos. Muitos dragões de ossos.
Enquanto ainda amparavam o ladino de Selune, o tempo-espaco pareceu estremecer e um rasgo cortou o ar como um portal dimensional. Lá de dentro surgiram quatro humanóides mecânicos, como golens extraplanares, quatro inevitáveis. Na verdade, os olhos dos heróis já haviam visto criaturas como aquela quando do julgamento de Rock dos Lobos, que já se agarrava a seus poderes de chave dos planos, temendo ser o alvo de uma nova busca. 
- Baixem suas armas e nos acompanhem para que sejam julgados, mortais de Abeir-Toril - disse o primeiro deles.
- Eu não fiz nada.. - saiu gritando Rock.
- Qual é a acusação? - Disse Ehtur Telcontar com resistência.
- Perturbar o tecido da existência através de viagens temporais - respondeu no mesmo tom mecânico e ritmado a criatura.
- Não sabemos nada sobre isso.. nós somos pessoas ocupadas que devem salvar uma deusa e.. - a voz de Sirius Black faltou após um simples piscar dos olhos vermelhos brilhantes da criatura.
- Não é dada voz aos que buscam rebuscar as palavras - disse o inevitável, um dos seres que viviam em Meccanus, o plano da ordem e da neutralidade.
- Não sabemos nada sobre isso.. - disse Daphne com diplomacia repetindo as palavras de Sirius.. - Nós somos pessoas como severas obrigações que devem salvar uma deusa.. a deusa da lua Selune em sua nova encarnação. Nada sabemos sobre viagens no tempo.
- Você, Daphne da Grande Floresta, de nada é acusada, assim como a maior parte dos que estão aqui: a acusação recaí sobre Ehtur Telcontar da Grande Floresta, Úrsula Suarzineguer de Brasillis, Sirius Black de Águas Profundas, Ryolith Fox de Cormyr, John Falkiner de Soubar, Rock da tribo dos Lobos e o arquimago Mun-ha de Netherill, pois carregam em si os riscos de uma existência alternativa e perturbadora desta.
- Nós realmente não sabemos nada sobre isso! - Afirmou Ryolith Fox com convicção.
- Permitam que eu inspecione vossas mentes sobre isso e se falam a verdade serão deixados em paz.
- Que assim seja.. - disse o santo paladino de Tyr.
O inevitável começou inspecionando a mente de Rock dos Lobos e novamente seus olhos tornaram a piscar.
- Você é um criminoso com contas a acertar com o universo. Aquela que paga por seus crimes logo terá a essência findada e você será convocado a responder por suas faltas! Mas hoje não é esta a razão dessa convocação e não há em sua mente lembranças do episódio.
O ser de outro plano inspecionou as mentes de John Falkiner, de Ryolith Fox, de Úrsula Suarzineguer e Sirius Black, mas não encontrou nada que fundamentasse suas palavras. Fazendo apenas comentários com sua percepção ampliada das memórias. Quando chegou a vez do guardião Ehtur Telcontar, ele encontrou o que procurava. A mente de todos os envolvidos foi assaltada pelas imagens de Ehtur lutando contra um orc imenso como um troll, no perímetro da Grande Floresta à vista do treant Turlang e de um belo unicórnio. Disso decorreu que suas mentes foram assaltadas por tudo que viveram nessa vida paralela, causada pelo desejo desvirtuado do arquimago demilich de Netherill.
- Há uma lembrança que os incrimina!
- Mas só nos lembramos dela, porque você nos fez lembrar... - protestou novamente Sirius para perder a voz novamente. 
- Pulsões de existências e reverberações cósmicas acabariam por trazer a todos vocês vislumbres daquilo que não foi, mas ao ter sido deslocou todo o tecido da existência. - O invitável fez sinal de que o seguissem.
- Eu não vi o que vocês viram.. - interviu Daphne. - Mas não podemos partir, pois as forças de nosso mundo dependem de nós.
Ehtur e Úrsula já impacientes pensavam em pegar suas armas. Num piscar de olhos, no entanto, como se o tempo tivesse parado, todos eles estavam envoltos por uma cela hermética de força.
- Não se preocupem com o tempo, pois em Meccanus ele não se dá na perspectiva deste vosso mundo. 
Alguns dos heróis como Sirius e Falkiner mostraram que podiam escapar daquela prisão mágica, mas mesmo assim, por fim, todos concordaram em acompanhar os arautos do julgamento. Eles seguiram pelo portal entre os planos, levando também Daphne como advogada. 
A perfeição artificial do plano de Meccanus, como antes, os surpreendeu. Tudo parecia estar em seu devido lugar e nenhum movimento era disperdiçado. Tudo e todos tinham a precisão de um relógio, atuando como um único mecanismo integrado. Eles foram conduzidos pelas avenidas amplas, cercadas de edifícios e construções plenas de movimento.

O destino deles foi uma enorme pirâmide de amplos degraus. O que parecera a entrada moveu-se e eles ouviram a mesma voz que partira do arauto.
- A acusação recaí sobre Ehtur Telcontar da Grande Floresta, Úrsula Suarzineguer de Brasillis, Sirius Black de Águas Profundas, Ryolith Fox de Cormyr, John Falkiner de Soubar, Rock da tribo dos Lobos e o arquimago Mun-ha de Netherill  pois carregam em si os riscos de uma existência alternativa e perturbadora desta. Como vocês se declaram?
- Esse julgamento é uma farsa... - protestou Ehtur. - Eu não reconheço essas acusações...
- Quem são nossos acusadores? - Gritou também Úrsula.
- Não há legitimidade nessa corte se não estão presentes todos os réus - acrescentou Ryolith.
- Creio que meus amigos querem mostrar que são inocentes, excelência - tentou melhorar as coisas Daphne.
- O arquimago de Netheril Mun-ha aqui não se encontra, pois sua situação é distinta, sendo considerado culpado e tendo pena mais severa a responder. Quem os acusa são as forças primordias que governam a existência. 
- Nós não fizemos nada... - insistiu Ehtur. 
- No dia 27 de uktar do ano dos dragões ladinos do calendário de Harptos de Abeir-Toril, vocês que aqui são acusados travaram batalha com o arquimago de Netheril Mun-ha nas ruínas da cidade litorânea da Costa da Espada Norte de nome Luskan, tomando parte nos efeitos de uma magia de Desejo Épico que acabou por transfigurar o tecido da realidade cósmica. A existência alterada de vocês foi transportada para um recorte temporal, criando um lócus alternativo a esta realidade, sendo resolvido pelo cetro primordial, em Abeir-Toril denominado Cetro de Lathander, que os enviou de volta, pondo ponto final ao problema.
- Eu não participei dessa batalha.. - questiionou Falkiner.
- Mas participou do efeito - respondeu prontamente a pirâmide inevitável. - Esteve ligado a ele por um artefato redimido denominado Cetro de Bibiana, anteriormente Cetro de Orcus. Assim como cabe sanção a Francisco Xavier da Fortaleza da Vela, que pereceu e cuja alma se perdeu além do alcance do cetro.
- Como pode chamar isso de julgamento? Como podemos ser julgados se o principal responsável não está aqui? - Tornou a protestar o guardião de Miellikki.
- Eu acredito na justeza do julgamento, mas concordo com meu amigo de que há problemas aqui. - Concordou o santo paladino de Tyr.
- A sentença do arquimago de Netheril Mun-ha está decretada: ele será aprisionado no plano de Cárceres por 1200 anos sem qualquer direito. Poderá circular pelo Plano Prisão depois disso, mas como todos seus habitantes, nunca mais irá deixá-lo. Quanto a vocês, terão todas as suas lembranças obliteradas quanto ao acontecido e mesmo aquelas que possam vir a remeter a elas. Serão devolvidos a Abeir-Toril até que nosso próximo encontro deva acontecer. - Após aquelas palavras, todos eles, como exceção de Daphne, sentiram as testas queimarem no centro, onde surgiu um símbolo de um triângulo dentro de um círculo, que sumiu logo depois. - Esta marca os lembrará da missão que agora os guia como protetores do equilíbrio planar. Afastem-se do equilíbrio e sentirão tudo lhes faltar.
Depois dessa última palavra, como num piscar de olhos, eles estavam de volta à Grande Floresta. As memórias permaneciam em suas mentes e não sentiam nenhuma mudança, não havia sinal da marca, mas já não havia nada de Mecannus ou dos inevitáveis. Ehtur apressou-se em contar tudo para todos que por ali estavam, indo na direção de Alissah, que aguardava com a preocupação de sempre. Os olhos de Úrsula, no entanto, encontraram uma espiã nas sombras das árvores.
- Ei, quem é você? Vamos responda...
A mulher se moveu pelas sombras como Sirius Black costumava fazer. Ela sorriu com uma simpatia marota, baixando o capuz e deixando todos verem seus traços meio élficos, meio humanos. Era bela, com fartos cabelos cacheados e orelhas levemente pontudas. Os olhos azuis brilhavam contrastando com os cabelos negros.
- Meu nome é Siath Led Ocaith.. eu sou uma embaixatriz que vem lhes estender a mão... - ela disse na língua dos gnomos.
- A mão de quem? - Desconfiou Úrsula.
- Szaas Tam oferece ajuda contra o demilich de Netheril. Ele oferta ajuda.. e seu marido, Úrsula.. como prova de boa vontade...
- Não há nada de bom em Szaas Tam... - as palavras escaparam com rancor dos lábios de Daphne, que se lembrava do que sofrera nas mãos daquele monstro.
- Nós não negociamos com o mal! - Bradou Ryolith.
- Me parece que vocês precisam de ajuda para salvar a deusa da lua e para encontrar os inúmeros receptáculos do espírito do demilich, não é mesmo? - Siath sorria com certa arrogância charmosa, enquanto parecia paquerar Sirius com os olhos.
- E o que Szaas Tam quer em troca? - Disse Ehutr com sua lança Gungnir, a certeira, em mãos.
- Apenas o reconhecimento de sua supremacia sobre as terras do sul e do leste - disse a mulher se aproximando de Black, que parecia preferir evitá-la protegendo-se atrás de Daphne.
- Apenas o reconhecimento? - Questionou o ladino de Selune.
- Nào somos nós quem pode dar esse reconhecimento... - completou o escolhido de Bibiana.
- E de que vale nosso reconhecimento? - questionou o escolhido de Malkizid.
- Vocês devem buscar pelos grandes reis e regentes das principais cidades... - concordou Ryolith, que não sentia o mal na mulher.
- Águas Profundas não existe mais. Nova Netherill findou em ruínas. Cormyr foi invadida por Sembia com o apoio do Forte de Zhentil. Das maiores metrópoles aos menores vilarejos, restam apenas as ruínas após o vôo dos dragões. O leste já é de Thay. Quem responde por essas terras agora se não os destemidos servos da natureza da Grande Floresta?
- Não nos cabe nenhuma decisão desse tipo... - disse Daphne com diplomacia e calma.
- Me entregue meu marido como prova de boa vontade, como você diz... - interviu Úrsula.
- Aqui está... - Siath disse colocando a mão em uma bolsa mágica e atirando o cadáver multilado de um gnomo para Úrsula, que abraçou-o vendo ser seu marido. - E quanto à prova de boa vontade de vocês?
- Aqui está.. - disse Ehtur partindo em carga contra a embaixadora do lich de Thay. O golpe foi certeiro e teria custado a vida dela, se uma esquiva sobrenatural não a permitisse evitar a maior parte do dano, além das setas de Úrsula que seguiram-se.
- É assim que tratam os mensageiros? - Debochou Siath recuando.
- Calma, guardião Ehtur. - Gritou Zumbi aproximando-se e usando sua aura de paz para fazer todos baixarem as armas.
- A oferta está feita... - E Siath desapareceu mergulhando nas sombras.
- Chega de perder tempo.. temos de salvar Selune!!! - Gritou Sirius atraindo a atenção de todos.
- Partamos antes que algo mais nos retarde.. - disse John Falkiner usando um teleporte e levando alguns de seus camaradas para o lugar que Sirius descrevera, enquanto Jacke levou os demais.
Eles surgiram no alto de um vulcão e logo viram quatro dragões vermelhos voando em sua direção, cuspindo fogo e acabando com a paz que Zumbi lhes infundira.



29 de out. de 2013

Servos da natureza

Rock foi o primeiro a despertar. Ele acordou Sirius, enquanto percebia os outros caídos ao redor. Estavam nas ruínas de Luskan. O feiticeiro furioso lembrou-se da torre, da luta contra o demilich, do desejo. O que aconteceu depois não sabiam. Não viam sinal da torre, mas perceberam que haviam grandes devoradores circunlando pelo perímetro. Acordaram Ryolith, Falkiner, Ehtur e Úrsula. Todos estavam confusos a princípio, também sem respostas, mas entendendo a situação delicada. Ao menos não estavam feridos ou cansados.
- Onde está o cetro de Bibiana? - Perguntou Falkiner que não partira com eles na jornada contra o morto-vivo, mas sim ficara em Evereska. Ninguém pareceu sentir falta de Francisco Xavier.
- Não está comigo.. - disse Ehtur, que o empunhara durante a batalha.
- Nem comigo... - disse Úrsula levantando as mãos rapidamente.
- Está comigo? Vamos colocar assim, não sei se está comigo.. - ponderou Sirius Black.
Sem querer perder tempo com discussões, o clérigo elfo conjurou uma magia e buscou mentalmente a direção do cetro de sua deusa. Sentiu que ele estava muito longe dali. - O centro está a sudeste...
- Vamos sair daqui... - Ehtur disse para a gnoma, que já se escondia, enquanto o guardião avançava mais rápido. Os outros se prolongaram segundos suficientes para que um dos devoradores os avistasse e urrasse convocando mais cinco outros para a batalha.  Eles se atiraram sobre os heróis, mas John Falkiner explodiu em energia positiva esconjurando dois deles. Os outros lançaram raios de enfraquecimento e o escolhido de Bibiana resistiu sem dificuldade. Úrsula disparou uma chuva de flechas com seu arco Avenger que deu conta de outro. Os demais recuaram, permitindo que eles escapassem sem maiores problemas.
Ehtur Telcnontar encontrou na saída os rastros da multidão que eles guiaram na iminência do ataque dos dragões. Teve certeza de que os rastros eram de 3 dias.  Com isso, calculou que estariam no dia seguinte ao da batalha com o demilich. Enquanto alertava os demais, todos avistaram uma estranha dupla na floresta que margeava a estrada sul rumo a Invernunca. Eles avistaram um humano de aparência simples como um monge. Ao seu lado estava um estranho anão muito peludo, sem qualquer veste além da cobertura natural como um urso. Eles pareciam conversar, estando o monge a manjar os atributos do anão, quando vieram na direção do grupo.
- Quem são vocês? - Indagou Ryolith Fox, que só agora chegava e avistava os dois.
- Eu sou Zumbi Palimares... - disse o humano. - Eu busco Ehutr...
- Um zumbi? - Disse Úrsula ainda com Avenger em mãos.
- Meu nome é Zumbi.. tenho muitos problemas com esse nome escolhido por meus pais.
- Eu sou Kavernan, servo de Moradin, protetor dessas matas.
- O que quer comigo? - Perguntou Ehtur.
- Eu fui enviado para ajudar você e seu grupo.
- Enviado por quem?- Quis saber Rock.
- Por Lorde Byron, servo de Morpheus. Ele disse que poderia procurar por você e Sirius Black.
- Nós conhecemos Lorde Byron... - respondeu Sirius.
- Eu busco o Martelo de Moradin... - disse o anão.
- Nós conhecemos um meio-elfo de nome Mua D'ib que buscava por este artefato nas masmorras Sob a Montanha - respondeu o paladino Ryolith.
- Devemos seguir pra sul enquanto ainda não sabemos direito o que se passa.. o plano era irmos pra Invernunca, levar os gnomos e os refugiados - disse Ehtur orientando os demais.
Eles caminharam por algumas horas pela estrada entre a Costa da Espada e a Mata de Invernunca acompanhando os rastros da multidão. A viagem foi interrompida quando Ehtur percebeu que os rastros se tornavam caóticos como em uma batalha. Havia sinais de magias poderosas e o rastro mais nítido era de um imenso hipogrifo que voou para o leste. Daphne. Ela parecia levar uma grande carga e naquela direção chegaria à Grande Floresta.
- Vamos mudar de rumo.. Daphne e os outros partiram daqui há cerca de 20 horas!
- Houve uma batalha aqui.. - alertou o anão Kavernan. - Foi um mal terrível que passou aqui e me despertou. Quando cheguei já não havia ninguém. Mas percebam como as energias por aqui são negativas... - Ryolith, Zumbi e Falkiner realmente sentiam o ar carregado que cercava o lugar. Mas mesmo os outros pensaram no demilich. - Venham comigo, eu posso guiá-los pela floresta, minha floresta. Somos um canto esquecido e em paz do mundo, onde o limo cresce farto sobre a pedra e a graça de Moradin faz do chão, fertilidade. Podemos evitar as montanhas e logo estarão do outro lado.
Mesmo que viajar sem uma trilha entre as árvores dificultasse a mobilidade, em especial de Ryolith Fox, graças ai guia eles viajaram com velocidade. Depois de pouco tempo, a noite chegou e eles viram a meia-lua no céu, que inundou o coração de Sirius Black de esperança e sua mente de preces. Avançaram até a avistar a base dos picos no cetro da mata, sentindo ali as energias benéficas daquela acolhedora floresta. As árvores eram antigas e ancestrais. Eles perceberam a sul deles, um grande círculo de estruturas de pedra como menires.
- Meus menires.. - disse Kavernan com orgulho. Mas a voz dele se misturava a outras na mente dos servos da natureza.
- Venha para a Grande Floresta, Ehtur. Venha para casa.. - soou a voz melodiosa de Miellikki na mente de Ehtur Telcontar.
- Sirius.. venha para a Grande Floresta. Estou buscando me recuperar junto à árvore do Grande Pai... - Sirius Black além de sentir o poder de Selune naquela voz, reconheceu a voz de Kiriani. Os demais apenas sentiam-se animados pelo ar puro e pela brisa suave. - Daphne, Alissah e os outros estão aqui.
Com aquelas notícias, eles resolveram apressar-se e John Falkiner e Rock dos Lobos teleportaram a todos, que surgiram nas imediações da Grande Floresta, percebendo o fogo de fadas que iluminava entre as árvores. Ehtur Telcontar correu para abraçar sua mulher, enquanto Sirius perguntou aos elfos verdes que por ali estavam sobre Selune. Viram os gnomos e Yorgoi, que disseram que Daphne estava reunida com os druidas. Foram encaminhados até a Árvore do Grande Pai, onde encontraram Selune, o novo Grande Treant e Timothy Hunter.
- Que a protetora de todos os caminhos sempre os guie, meus queridos.. - disse a nova deusa da lua ao recebê-los.
- Kiriani.. você é Selune? Em meu coração eu sabia... - disse Sirius se pondo devotadamente de joelho, enquanto os demais faziam reverências mais contidas.
- Eu preciso recuperar minhas forças.. preciso ficar plena para espalhar uma luz de esperança nesse mundo tenebroso como está.. - disse a deusa afagando o rosto de seu segudor. - Nós lutamos contra o demilich e isso exigiu o máximo de mim, ainda tão inexperiente que sou... preciso descansar aqui nesse local sagrado e primordial.
- Você está segura aqui, Senhora da Lua.. - disse Fangorn, o treant com a voz sem a mesma sabedoria ancestral de Turlang.
- O Nojento vai proteger a todos.. - disse Timothy Hunter.
Úrsula resmungou que Daphne não estava ali também. Ryolith quis saber de Cormyr e Falkiner de Evereska, mas não houve mais tempo para respostas. Todos ouviram o rufar estrondoso de asas colossais, enquanto o incomensurável esqueleto de dragão surgia acima deles.
- Uma nova era se anuncia débeis seres. A profecia de Sammaster se cumpriu e chegou a hora dos dracolichs governarem! Curvem-se ante nosso poder supremo e nos sirvam como lacaios ou resistam e pereçam como vermes! - Urrou a besta das alturas. Timothy Hunter rapidamente sumiu dali, enquanto Fangorn buscou a diplomacia:
- Nós não servimos a ninguém, que não à vida. Seu mestre e seus aliados não tem lugar aqui, mas devem partir sem tentar nos intimidar.. - a voz do treant era vacilante. Selune preferiu não esperar e recitou uma benção que fortaleceu a todos, mas não afetou o dragão morto-vivo.
Este cuspiu uma baforada de fumaça tenebrosa que cubriu a todos e teria lhes roubado a energia vital, não fosse a resistência invocada por John Falkiner. Os heróis não perderam tempo e voaram para a batalha.
Úrsula disparou suas flechas, que não pareciam danificar o monstro. O santo Ryolith Fox conjurou sua montaria sagrada e viu Tyr agraciar-lhe com um pégaso pronto a serví-lo e carregá-lo até o céu. Falkiner deu uma magia que faria Úrsula afetar o morto-vivo, enquanto Alissah conjurou um celestial eladrin.
O dragão não perdeu tempo e conjurou um efeito épico. A necromancia afetou a todos, roubando-lhes a vitalidade. O eladrin morreu, Úrsula ficou às portas da morte, assim como Fangorn. Apenas o santo templário Ryolith Fox nada sentiu.
O paladino de Tyr voou em carga para esmagar aquele mal. Falkiner invocou uma prece que destruísse o inimigo, mas mesmo vencendo a resistência a magia da criatura, apenas a fez sentir alguma dor. Sirius surgiu com seus poderes de trevas e acertou alguns ataques sorrateiros, mas também pouco efetivos. Zumbi e Kavernan também atacaram com pouco sucesso.
Rock dos Lobos deu seu grito de batalhe e deixou a fúria mais primitiva assomar em seu ser. Ele invocou uma magia de acerto verdadeiro, usou todo o poder de seu ataque e atirou-se como o monstro, causando impacto, mas ainda incapaz de realmente perturbar o monstro. Foi Selune que ganhou os ares e com uma milagrosa cura em massa, que não só restaurou a todos, como realmente afetou o dracolich.
A monstruosidade morta-viva lançou toda sua atenção sobre a deusa da lua. Ele engoliu-a sem dificuldade, mesmo com a magia de implosão lançada por John Falkiner, a lançada de Ehtur Telcontar, a espadada de Ryolith Fox, as adagas de Sirius Black, o machado de Rock dos Lobos, as flechas de Úrsula Suarzineguer, a conjuração de Alissah Eagle, os punhos de Zumbi Palimares e o martelo de Kavernan. Em seguida, ele teleportou-se, enquanto as árvores mortas abaixo levantavam-se como seres mortos-vivos.