4 de abr. de 2015

18 segundos...


- Não há poder que possa deter o medo!!! - Urrou Bane, o deus da tirania, enquanto suas manoplas negras golpeavam e destruíam a muralha mágica que protegia Myth Drannor contra o mal. Mesmo a energia élfica não era capaz de conter tamanha maldade.
Ainda dentro do palácio, o grupo de aventureiros via pelas janelas que o colossal deus maior logo estaria sobre eles.  Da floresta, ele passaria às ruínas mesmo com a proteção do mythal, revivida por Kaliandra, Cameron e seus seguidores élficos que se fundira com a coroa e com as próprias ruínas.
- Pelo contrário, Baninho... - debochou Rhange Hesysthance. - Qualquer magia ali pelo quarto nível deixa imune a medo, meu velho. Você tem talentos melhores como essas manoplas abissais e esses talentos ladinos e de assassino, não é mesmo? Mas de que adianta isso sem magia, não é mesmo...
Quando o deus da magia terminou de falar, todos entenderam que não havia mais qualquer traço que fosse de magia no mundo. Por toda Abeir-Toril, o tecido mágico simplesmente deixou de existir.
Em Halruua, por 18 segundos navios voadores caíram do céu. Mas a Adama se ergueu.
Em Nowah Araunshee, por 18 segundos, centenas de milhares de mortos vivos tombaram ao chão e uma deusa viu interrompido seu ritual de sacrifício.
Na Grande Floresta, por 18 segundos, uma terrível maldição que devorava a vida das árvores ancestrais cessou.
Nas ruínas do que foi Lua Prateada, por 18 segundos, a prisão imposta pelos Inevitáveis a um desmorto arquimago de Netheril se desfez.
Em Thay, magos vermelhos urraram com seus servos como se estes tivessem culpa. Golpearam com seus cajados, rasgaram com suas adagas, fustigaram com seus açoites, mas não invocaram qualquer magia. Tentavam desviar o foco dos seres estúpidos, enquanto proteções, invocações, ilusões e encantamentos desapareciam.
Ao norte da floresta de Cormanthor, a poucos quilômetros das ruínas que eram seu objetivo, os zhentarianos, servos de Bane, sentiram o poder que os animava faltar. Não só a magia dos itens, mas as preces que tinham reservado para a batalha faltaram e mesmo a moral mágica que impelia suas tropas. Antes que os lacaios orcs questionassem, os exércitos estavam retornando para o norte.
Numa caverna, por 18 segundos, o druida Chuck Norris em forma de rato, viu-se despetrificado, mas incapaz de retornar à forma humana, movendo-se sobre centenas de moedas.
Em Myth Drannor, o deus da tirania e do medo Bane simplesmente desapareceu.
- Você está louco como é próprio dos elfos, Rhange Hesysthance? - Gritou Sérgio Reis temendo mais um ardil do deus da magia.
- O grande Rhange Hesysthance sabe o que faz, bardo. Já não há mais ameaça... louvado seja o poderoso Rhange Hesysthance.
- 17... 16... 15... - falava o deus da magia olhando para o próprio pulso.
- Ainda assim precisamos ter certeza do que significa... - ponderou Mari'bel.
- Sinto la sobriedade... - Braad alcançou uma garrafa e tomou rum ainda se sentindo estranho sem boa parte de suas tatuagens.
- Xiiii... - disse Rufus se escondendo.
- Eu vou averiguar, chefe... Rhange é o Deus e Óphodda é seu profeta... - falou o corvo Edgar batendo asas e saindo por uma das janelas.
- 14... 13... 12...
- Você nos priva da proteção do mythal, deus da magia! - Protestou Kaliandra.
- O que faremos agora, ó magnânima Boaventura? - Quis saber o devoto Dhyon, que falava pelos outros elfos que seguiam o casal de trovadores da espada.
- 11... 10... 9... 
- Acalmem-se... - interviu Cameron Noites. - Mesmo sem o poder do mythal temos uns aos outros...
- É isso mesmo, meu bem... - concordou Kaliandra e isso bastou para apaziguar os elfos.
- Se só nos resta esperar... - deu de ombros Sérgio Reis indo para perto de seu seguidor Pena Branca.
- Devemos fazer como deseja o grande Rhange Hesysthance! - Proclamou Derdeil, enquanto via pelos olhos de seu familiar as árvores destruídas na floresta pela presença de Bane, mas nenhum sinal do deus ou de novas ameaças. Ele se afastou dos elfos.
- 8... 7... 6...
Rufus e Mari'bel buscaram por rastros ou coisas interessantes, mas não haviam novos sinais ou ameaças. Braad bebeu quanto rum podia. Derdeil seguia vendo pelos olhos de Edgar, que ganhando os céus via por sobre as copas das árvores, que não havia sinal de exército próximo vindo do norte.
- 5... 4... 3...
- Devemos estar prontos como for necessário para receber nossa rainha e nosso povo retorna, com a graça de Bibiana... - disse Kaliandra Boaventura numa curta prece para motivar a fé no coração de seus seguidores.
- Somos um só - repetiram os seguidores da deusa dos elfos.
- 2.. 1... lá vem eles!
- Eles quem? - Não conseguiu deixar de protestar Sérgio.
- Não há sinal do deus do medo... - alertou Derdeil.
- Ele não voltará! - Avisou Rhange... - e agora... - antes que alguém mais falasse, um rasgo surgiu no espaço, rompendo o tecido da própria existência. Dele emergiu uma criatura flutuante e formada por perfeitas figuras geométricas esverdeadas. Ele surgiu diante do deus da magia e se dirigiu a ele.
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf, deus da magia de Abeir-Toril, Faerun, situado manifesto na floresta de Cormanthor, ruínas da cidade élfica de Myth Drannor, no ano do Retorno do Elfos pelo calendário de Harptos. É acusado de perturbar o equilíbrio primordial da existência com o desligamento total da magia.
- É mesmo? Que descuido o meu... queira perdoar...  - Gesticulou o deus da magia devolvendo à existência um tecido mágico. Todas as forças e efeitos que dele dependiam retornaram. Mas nenhum sinal da ameaça tirânica. -  Pronto, pronto... tudo como tem que ser de novo...
A criatura retornou pelo portal e desapareceu.
- Um Inevitável. Um dos graudos! - Disse Mari'bel assustada.
- Bem, tenho de ir... vocês cuidem das coisas por aqui... - disse Rhange despreocupadamente.
- Mas, meu Deus... precisamos de poder para isso... - disse Derdeil.
- Eu vi um lugar com coisas legais.. - lembrou Rufus.
- A caverna com artefatos... - concordou Derdeil.
- Suas proteções e guardiões são contra não elfos... - disse o deus da magia antes de desaparecer.
- Mas antes precisamos, enfim, descansar... - avisou Kaliandra Boaventura.


Kaliandra Boaventura e todos que comungaram em revitalizar o mythal de Myth Drannor tiveram um hórrido sonho. Nele, Bibiana Crommiel, deusa dos elfos, estava presa em uma teia de aranha sobre um abismo. Uma aranha viúva-negra vinha até ela e degolava sua cabeça.
Derdeil Óphodda viu Halarah, capital de Halruaa, onde a massa do povo harlruniano reunia-se diante do líder supremo Zalathorm. Este proclamava um novo herói e salvador, um escolhido pela própria magia: Derdeil Óphodda.

Depois de horas voando sem descanso, Edgar começou avistar o exército zhentariano rumando para um cidade ao norte no Mar da Lua. Ele seguia aquele que parecia ser o líder entre os clérigos de Bane. Manteve a atenção nele até este ser destruído pela mulher psicótica que chegou montada num pesadelo albino e espalhou o medo de terem falhado com o deus da tirania pelo exército zhentariano.


Ao acordarem, os heróis se dirigiram novamente para as ruínas do templo de Sune. Sérgio Reis, Pena Branca e os seguidores de Kaliandra ficaram no palácio. Pelo caminho, eles percebiam como a cidade de Myth Drannor parecia lentamente se regenerar de séculos de ocaso. Isso aumentou a esperança de que Kaliandra e Cameron pudessem reaver os poderosos artefatos que Rufus e Edgar haviam encontrado na câmara subterrânea.
Com magia para encolher e força de vontade, o casal lá chegou, mas viu-se petrificado ao tentar recuperar um tomo e uma espada imersos no mar de moedas. Nem mesmo o elo mental permitia que se comunicassem. 
Quando Derdeil e Mari'bel adentraram por uma porta dimensional e Rufus pela estreita passagem, desativando a runa protetora por alguns segundos, isso fez as imensas estátuas defensoras de tumbas se erguerem com seus martelos para atacar. O escolhido do deus da magia conseguiu dispelar a petrificação, enquanto Cameron subiu em forma de gás e Kaliandra voou para junto dos amigos. Mas estavam confinados ali.
Foram preciso horas de planejamento e repouso até que os monstros autômatos retornassem a hibernar. Durante o sono, todos viram um julgamento divino. Entidades como Rhange, Bane, Tyr, Chauntea, entre outros ocupavam um salão onde uma disputa era travada.
Ao acordarem daquele devaneio onírico, os heróis perceberam que o tempo era escaço. Se apressaram e trouxeram a espada da lua da família Evalandriel e o Tomo da Alta Magia Élfica da família Ébrius.
- Andem... tem um monte de elfos aqui procurando a Kaliandra... - convocou Sérgio Reis. - Já expliquei pra eles que não devem fazer coisas estúpidas como é próprio dos elfos... mas eles tão querendo ir embora...







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