17 de abr. de 2015

Porcos inúteis, o dia do julgamento


- Ele deve ser destruído! - Urrou Bane golpeando a mesa com sua manopla negra. - Essa é a acusação e essa deve ser a pena! Ele faltou com seus deveres de deus da magia e fez todos os deuses faltaram com as suas obrigações.
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf, você é acusado no tribunal dos deuses por faltar com suas obrigações para com a magia e seus usuários - disse Tyr, ao centro, na posição de juiz entre as duas forças que se antagonizavam ali, praticamente repetindo a acusação do deus do medo.
- Foram apenas 18 segundos... - riu Rhange. - Eu estou dentro das regras. Foi um ato falho.
- Ato falho? - Emputeceu-se Bane. - Esse desgraçado maldito usou isso contra mim quando eu iria tomar o poder de Myth Drannor! Elfo demente!
- Triste coincidência... - lamentou o deus da magia.
- Mesmo que tenha falta por apenas poucos segundos... seu ato foi proposital, Sorrowleaf - proclamou Tyr. - E isso exige uma punição... - finalmente a atenção da plateia de deuses ao redor realmente se fixou no teatro que se passava, Mesmo Oghma, deus do conhecimento surpreendeu-se com a mudança no tom de voz do deus da justiça.
Nenhum deus era obrigado a comparecer, mas todos os ordeiros ou um tanto ordeiros estavam ali, pois acreditavam no valor daquelas mediações ou por saberem tirar bom proveito delas. Apenas os deuses por demais inconstantes como Shar, deusa da escuridão, ou Talos, deus da destruição, não viam valor algum no que quer que fosse ali decidido, nunca comparecendo e nem respeitando tal autoridade.
Ausências também haviam por motivos de força maior, como era o caso de Bibiana, Selune, Amaunthor, Sune e outras divindades menores.
- Essa decisão não cabe a você, deus da justiça - surpreendeu-se Rhange.
- Nesses tempos difíceis... se eu não for justo, tenho certeza que Ao me impedirá de puní-lo! - Afirmou Tyr, fazendo Bane se animar. O semblante do senhor da justiça era carregado, mas ele não tinha dúvida do que seria justo ali.
- Não podemos ficar ao sabor dos humores desse afeminado descabaçado, existem regras... - sorriu o deus do medo, realçando seus traços demoníacos dos muitos pactos com o inferno.
- Se você coloca nesses termos, paladino... - Rhange Hesysthance defez novamente o tecido mágico que era a condição de existência daquele plano, que era um lugar além dos lugares. O ponto mais próximo de Ao como Oghma gostava de chamá-lo. - Você não é muito diferente guarda negro... acho que prefiro anti-paladino...  você não é muito diferente do anti-paladino.
Nenhum daqueles deuses ali presentes sentia mais seus seguidores ou qualquer traço de Faerun. Eram como dezenas de prisioneiros cegos, surdos e frágeis num vazio primordial. É verdade que alguns tinham planos verdadeiramente elaborados antevendo um grande leque de possíveis problemas. Mas mesmo Oghma, Bane e Tyr, que haviam tocado os Mandamentos do Destino durante o Tempo dos Problemas, estavam preparados para aquilo. Silvanus e Chauntea certamente foram os mais afetados, mas várias divindades menores e semi-divindades, que encontravam verdadeiro apreço por aqueles teatros jurídicos simplesmente deixaram de existir. Isso durou 18 segundos até que tudo voltasse a ser como antes.
Os deuses estavam espalhados pelo chão, aturdidos pelos milhões de vozes desesperadas com a ausência deles, enquanto houve um rasgão no espaço e o mesmo inevitável flutuante de formas geométricas surgiu para lidar com Rhange Hesysthance Sorrowleaf.
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf, deus da magia de Abeir-Toril, Faerun, situado manifesto no semi-plano do Tribunal dos Deuses, em tempo de representatividade divina e dialética. É acusado de perturbar o equilíbrio primordial da existência com o desligamento total da magia.
- É mesmo? Que descuido o meu... queira perdoar... - repetiu o deus como antes. - Mas como vê a magia já foi restaurada.
Com essas palavras, a criatura retornou pelo portal e desapareceu.
Rhange Hesysthance Sorroleaf olhou todos os deuses caídos em volta, enrolou seu manto de muitos olhos pelo corpo e bradou:
- Acho que entenderam até onde posso chegar! Porcos inúteis, não me servem pra nada

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