29 de ago. de 2012

Contatos, olhares e significados distintos...

Já viajavam escondidos nas plantações a quase dois dias quando avistaram aquela cena terrível. Úrsula foi a primeira a perceber que os quatro mortos-vivos devoravam os corpos de duas crianças. Levando as mãos à barriga onde crescia seu bebê, a gnoma não mais aceitou a indicação de Ehtur, de que seguissem sem chamar atenção. Rock e Daphne também não puderam mais conter o impeto de destruir as criaturas vis pelo ato abominável que haviam cometido. Numa ação rápida e coordenada, eles precisaram de pouco mais que 6 segundos para varrer os carneçais. Encontraram algumas peças de ouro com os mortos-vivos e uma carta nas carcaças das meninas escravas. Nada puderam entender, pois estava escrita na estranha língua de Thay.
Isso se deu na noite anterior ao dia da chegada à grande cidade que estava à frente e o grupo pensava tratar-se de Eltabbar, capital de Thay. Imaginando ser ali onde encontrariam finalmente o Tomo de Mystra e retornariam para salvar Alissah Eagle, eles avançavam escondidos e invisíveis, mantendo a tática da cautela. Ainda era difícil pra o jovem bárbaro, pois a manhã anterior havia sido marcada por um curiosos episódio. Uma luxuosa caravana que parara na beira da estrada viu saltar um nobre em finas vestes não rubras, que aliviou-se sem cerimônias na plantação mais próxima. Curiosamente, ele encarou com firmeza o grupo, Rock "o rochedo planar" dos Lobos, em especial. O jovem bárbaro sentiu um vazio em seu íntimo e a vitalidade lhe faltar conforme aquele olhar escrutinava sua alma. O homem virou-se e retornou à segurança de sua comitiva com carroças e cavaleiros como se não houvesse feito nada além de urinar. O grupo pode perceber como havia aumentado o número de tropas marchando rumo a oeste, como se uma invasão rumasse para Aglarond. Até que Rock conseguisse recompor-se e explicar aos colegas o que se passara, já era tarde para fazer outra coisa que não seguir em frente. Seguir em direção à cidade que julgavam ser Eltabbar.

No entanto, Amruthar, às margens do rio Laprendar, não era Eltabbar, ainda que fosse uma grande cidade. Além de possuir um nível mágico impressionante, a cidade era formada por camadas, como um bolo, em uma grande colina artificial esculpida magicamente. Isso permitia que as torres centrais atingissem uma altura desconcertante. Uma enorme ponte partia da cidade cruzando o rio larguíssimo a oeste. Havia bastante movimento no porto contíguo, bem como um certo tráfego aéreo.
Optando por manter a discrição, o grupo optou por permanecer afastado, deixando para Úrsula "das mil flechas" Suarzineguer e Ehtur Telcontar o encargo de adentrar a metrópole estrangeira. Ambos tomaram a precaução de seguirem escondidos e silenciosos mesmo sob o manto da invisibilidade. Sentiram-se seguros apenas na região portuária, onde encontraram uma taverna repleta de estrangeiros, em especial comerciantes, marinheiros e andarilhos. Lá entrando, sem sucesso em encontrar interlocutores em uma língua familiar, resolveram arriscar e abordaram o taverneiro na língua de Aglarond. Ainda que tenham conseguido bebida e pagado caro para aplacar a desconfiança do homem, foi isso que levou-os a serem abordados por um impaciente meio-elfo. O sujeito lhes pediu mais cuidado e orientou-os a encontrá-lo daqui a alguns minutos fora da cidade. Assim fizeram.
Algum tempo depois, Úrsula e Ehtur tornaram a se encontrar com Orimel Drudaryn, que revelou ser um espião da rainha Symbul em Thay. Ele os informou sobre o risco que corriam usando a língua de um reino inimigo aqui. Além disso, deu todas as informações de que o grupo necessitava sobre a situação do reino dos magos vermelhos ao saber dos entendimentos entre eles e a rainha de Aglarond. Foi assim que souberam que Thay os imaginava como uma tropa invasora e que a movimentação dos exércitos se devia a uma resposta a uma força invasora. Pelo visto, Aglarond pagaria o preço do avaçar deles. Ainda assim, haviam alguns dias e Orimel disse que daria um jeito de manter a rainha Symbul avisada.
O meio-elfo também orientou-os a permanecerem ali escondidos em segurança, enquanto ele providenciaria a venda de coisas que haviam coletado, a compra do que necessitavam e a adulteração dos documentos que possuíam. Por fim, Orimel também lhes trouxe um mapa e disse qual seria o melhor rumo a seguir até Eltabbar. Desejou-lhes sorte e orientou que poderiam encontrar ajuda com um certo Bilhar Sentolan, um agente daqueles que harpeiam, que poderia ajudá-los em caso de necessidade. O grupo, por sua vez, alertou o espião que outros aliados deles podiam ali chegar em busca de ajuda: um mago e uma feiticeira vindos da Fortaleza da Vela com um lobo a tira colo; um ladino, uma clériga elfa e um gnomo.

Depois de passarem um dia inteiro acompanhando em segredo e pelas profundezas o navio do pirata de Francis Drake, Francisco, Sirius, Leila e David enfim chegaram a uma cidade costeira. Aguardaram o amanhecer para arriscarem aproximar-se da cidade e ocuparam esse tempo com a análise dos tomos mágicos e a leitura de "Sobre a Queda de Netherill", escrito pelo escriba trêmulo de :Larloch. O livro narra-lhes as glórias de Netherill desde o surgimento até a ruína com o episódio conhecido como a tolice de Karsus. Naquelas páginas, os magos da Fortaleza da Vela ampliaram seus conhecimentos históricos e souberam como todo o poder arcano daquele reino antigo advinha de pergaminhos conhecidos como os Pergaminhos de Nether, que haviam sido encontrados nas ruínas de uma cidade chamada Oreme, a cidade das torres brancas. Aparentemente, um misterioso arquimago conhecido como Terrasser, que tomara posse da cidade, fora o primeiro a alertar sobre os riscos que Netherill corria, mas não lhe deram ouvidos. Fazia-se uso indiscriminado da magia e inimigos famintos e nefastos cresciam em poder: os phaerimms.


No dia seguinte, tendo preparado melhor suas magias, Francisco "o necromante branco" Xavier consumiu sua própria energia vital para tornar-se capaz de entender toda e qualquer língua de maneira permanente. Eles deixaram a baleia morta-viva e os tubarões, que retornaram ao mar, mas não se afastaram do navio do pirata Drake. Como é a sina dos corpos sem descanso eterno, estes passaram a amaldiçoar o navio pirata.
O trio aproveitou o tempo para adquirir itens mágicos com o dinheiro que haviam encontrado na baú. Sirius "começar de novo de novo" Black se reequipou, além de adquirir os pergaminhos e poções que os dois arcanos julgaram necessários inclusive para regenerar-lhe as chagas. Leila "meu foco é outro" Diniz evitou as palavras adocicadas do malandro, apesar das orientações dele que guiaram suas mensagens mágicas destinadas a um certo paladino de Tyr chamado Ryolith Fox, que estaria a oeste deles, no reino de Cormyr, e para os aliados que haviam abandonado em Thay. Apenas a primeira teve sucesso e a resposta do servo dos deuses não foi amistosa nem preocupada, deixando no ar um certo tom desconfiado e inquisitorial do servo do deus da justiça. Ryolith desdenhou de Sirius Black, muito embora tenha informado-os de que tinham um poderoso artefato para usar contra as forças dos Neo Nethereses, os invasores de Cormyr.
Passado mais um dia, com novas magias preparadas, o trio partiu rumo a Thay e em busca do Livro de Mystra com a benção de Oghma, que Francisco apresentava cada vez mais a Sirius.
Eles se teleportaram, tomando o cuidado de encolher David para facilitar as coisas e apareceram de novo à beira do lago que haviam deixado dias atrás, alguns dias após Sirius partir em busca de Bibiana e Yorgói. Dali conseguiram entrar em contato com Úrsula enviando novos ventos sussurrantes mágicos, que informou-os de que estavam a alguns dias de viagem à frente, após o lago e no planalto a oeste. Haviam acabado de deixar a cidade em que estavam, onde eles poderiam conseguir ajuda com um meio-elfo chamado Oriel. Eles estavam seguindo para Eltabbar.
Francisco conjurou dois cavalos fantasmagóricos para transportá-los por sobre o lago e partiram...


Adendo


Me chame Aang Liah. Alguns anos atrás - não importa quanto tempo precisamente - por ter pouco ou nenhum dinheiro em minha bolsa, e nada de especial a interessar-me em terra, eu pensei que poderia navegar um pouco e ver a parte aquosa do mundo. É uma forma que tenho de aprender com o que faço e regular a evolução de meus poderes elementais.
Sempre que encontro-me a amargar algo sombrio sobre a boca; sempre que me vem como um pano úmido a perpétua garoa novembril de minha alma; sempre que eu encontro-me assim, involuntariamente, como que pauso ante armazéns vazios, ante o caixão, na retaguarda de todos os funerais que encontrei para aqui chegar. Como explicar tudo isso na hora de chegar ao mar assim que eu puder? Este é o meu substituto para a dardos mágicos e as armaduras de ar.
Com um floreio filosófico, Portusss se lança com a sua espada. Callabis tece cantigas e sinais de fumaça. Hermione saboreia a brisa. Li'Ankh relembra terrores antigos. Eu calmamente levo o navio como me ensinou meu capitão e mentor. Não há nada de surpreendente nisso. Aprendi que quase todos os seres em algum grau, algum tempo ou outro, valorizam quase os mesmos sentimentos para com o oceano que eu.
Há agora a cidade insular de Procampur, que deixamos a pouco dias.
Desde nosso encontro com o terrível necromântico Francisco Xavier e suas aberrações mortas-vivas não temos paz ou descanso. O capitão Francis Drake caminha insone todo o tempo sobre o convés com o arpão em punho desejoso da carcaça da baleia e dos quatro tubarões. Ele a chama de My Dick. Por mais que trabalhem os canhões e nossas armas, nada parece capaz de dar o repouso final aos malditos zumbis. Dia e noite eles nos perseguem e golpeiam nosso casco. Uma maldição sem fim...


7 comentários:

  1. Aproveitando um pouco meu tempo de descanso entre o fim de meus estudos na magia e meu sono reparador penso com meus botões: Será que foi sábio ter libertado aquela triste baleia, que tanto nos ajudou sem dar fim a seu vagar? Acho que não, que mal pode fazer um animal tão singelo? Aposto que não sobreviveria a mais 2 tiros daquele arrogante Drake.

    ResponderExcluir
  2. Bem aventurados aqueles que buscam a sabedoria. Glória à Ogma, aquele que vem aos seus em momentos de necessidade!!!

    ResponderExcluir
  3. e meu lobo?? tá nadando no lago?? como Chico Xavier carregou os dois + meu lobo no teleporte?? estou preocupada.... nao há nenhuma menção ao meu pequeno David!!

    ResponderExcluir
  4. Excelente escolha pra trilha sonora! hehehe Leila está com sdds da Moby Dick!

    ResponderExcluir