21 de ago. de 2015

Seis pesos e seis medidas... ou sete

Uma vez reunidos, Kaliandra Boaventura deixou claro que precisava encontrar o traidor Shei Long. Era sua missão como valquíria. Derdeil Óphodda disse que nada lhe traria mais prazer do que caçar a cabeça do nobre elfo, mas insistiu que deviam prosseguir, pois estavam adentrando ruínas milenares, tendo perigosos golens atrás de si que logo se reativariam.
- E quem é essa? - Perguntou o mago sobre a estranha mulher que chegara com eles.
- Nos encontramos no plano astral... - explicou Sérgio Reis. - Ela fez um contrato comigo em troca da minha alma.. é uma githyanki... 
- E o dragão? - Indagou Mari'bel.
- Eu sou Ohterrível... - disse o dragão mediano de bronze. - Estou em busca de novas experiências em minha existência...
- Em breve, Azuzu III. E esse kobold? - Quis saber Rufus Lightfoot.
- É Edgar... ele foi transmutado por uma armadilha mágica... - explicou Mari'bel. - E esse tapa olho?
- Eu sou um pirata... - retrucou o hobbit com satisfação, enquanto eles já desciam os degraus da antiga escada. - Tá no pacote da alma do bardo... 
Ao chegarem a uma grande porta de pedra, Edgar percebeu que havia uma armadilha. A tentativa de desarmá-la acabou disparando a mesma, causando um desmoronamento. Edgar, Rufus e Mari'bel escaparam ilesos, mas Kaliandra, Derdeil, Ohterrível e a githyanki acabaram feridos ficando um tanto presos entre os escombros. O bardo Sérgio Reis foi totalmente soterrado. Para livrá-los dali, o escolhido de Rhange Hesysthance invocou uma magia de criar passagem. Com isso, parte dos escombros desapareceu, Kaliandra pode pegar o corpo do bardo e adentraram o aposento por uma passagem ao lado da porta.
Certamente, eles não esperavam o que havia do outro lado. O vento forte já anunciava algo estranho. Eles se depararam com um colossal abismo cujo final não podiam perceber. Muito longe do outro lado havia um outro paredão de pedra onde poderia haver um túnel. Eles já podiam ouvir o barulho dos golens se movendo lá trás. Mari'bel via que os rastros que cruzaram a porta pareciam seguir desfiladeiro adentro.
- É uma ilusão.. - disse Derdeil, enquanto Rufus pedia à elfa a varinha de achar portais que recebera no plano astral.
- Depois, Rufus.. - disse Kaliandra se concentrando para tentar ver além da ilusão, mas sem sucesso.
- Espere, Kaliandra. Antes de avançarmos, tente enviar uma magia de mensagem para o grande Zalathorm, líder de Halruaa que buscamos resgatar... - ponderou Derdeil.
- Zalathorm de Halruaa, está é a direção correta para que o resgatemos? Nos diga como passar do perigoso abismo que temos diante de nós...
- O caminho é longo, deserto e o mau passeia aqui perto. Mas vocês não devem temer, pois tendo por guia seus corações logo chegarão a mim. - Retrucou o arquimago halruniano.
Então, o ladino hobbit pediu para Ohterrível segurá-lo e avançou para o vazio. Ele desapareceu e apareceu do outro lado, de onde podia ver seus aliados ao longe.
- Oiiiiiiiiii... - disse ele acenando do pequeno túnel onde surgiu. Os outros logo o acompanharam, mas viram que o túnel só seguia por cerca de cinco metros e terminava. Buscaram outros caminhos, mas foi Derdeil quem encontrou passagem no fim do túnel. Usando seus poderes mágicos, ele mostrou o medalhão em Z, que atraiu a atenção de Rufus.
- Que que é isso? Achei estiloso..
- É o medalhão de Zalathorm. Ele atraiu os golens contra nós e não tem sido muito útil...
- Deixa eu testar... - disse o hobbit alcançando o amuleto e colocando-o no pescoço. A partir de então, ele começou a ver o mundo de outra maneira. Tudo e todos pareciam perpassados por uma fina rede de energia esverdeada. - Uauuu... - Um par de mãos translúcidas e mágicas surgiu a um metro dele, se movendo em conjunto com as suas.
- Isso é o tecido mágico... - percebeu Derdeil.
- Ele parece intoxicado... - analisou Kaliandra.
- Acho que o item está limitado pelo alinhamento da pessoa... por isso não rendeu comigo... - ponderou o mago.
- Talvez ele tenha ainda mais efeitos comigo... me entregue isso, Rufus.. - adiantou-se a elfa trovadora da espada.
- Tira a mão daqui, tia. - Esquivou-se o hobbit-aranha pirata astral dando um tapinha com uma das mãos de mago na mão da elfa. - Deixa eu... uauuu.. - e ele encontrou o caminho secreto para que seguissem.
Do outro lado havia uma rampa elíptica e escorregadia. Os pequenos ladinos inspecionaram o que podiam para logo encontrar um chão que desmoronaria.Tentaram seguir pelas paredes, mas mesmo assim viram o chão sumir. Trevas sinistras se espalhavam lá embaixo. Rufus não percebia o tecido mágico nelas. Os outros vieram escalando, mas Kaliandra Boaventura que trazia o bardo atrapalhou-se e deixou o colega cair, vendo-o sumir na escuridão. Ela gritou, mas sabiam que não havia nada que pudesse ser feito:
- Enquanto eu carregar a alma dele, ele não estará perdido - disse a githyanki,
 Assim sendo, seguiram até que houvesse chão de novo e não mais trevas ondulantes. Encontraram uma porta entalhada dessa vez, era pesada e não parecia ser possível movê-la, ainda que Mari'bel visse nos rastros o contrário. A varinha em Y que Kaliandra recebera e que curiosamente estava com Rufus indicava aquela direção, mas também não haviam fios do tecido mágico nela. Ele tentou uma nova comunicação com Zalathorm:
- Aí seu Zala, tamo aqui numa dificuldade de passar e queremos saber como chegamos aí onde você está? Como passa da porta que não abre?
- O caminho é longo, deserto e o mau passeia aqui perto. Mas vocês não devem temer, pois tendo por guia seus corações logo chegarão a mim. - Retrucou o arquimago halruniano.
Sem muitas opções diante de nova resposta genérica, Rufus fez uso do amuleto e acabou levando-os para o outro lado em um aposento circular de arquitetura ainda mais diferenciada do que os anteriores. O centro dele era dominado por uma grande e bela fonte de três metros de raio. A estátua de uma mulher com uma harpa derramava água pelos olhos, enquanto que a escultura de um grande pássaro cuspia água numa parábola de sua boca e um entelhe de um dragão cuspia água para baixo como se fosse uma baforada. As três estátuas tinham as costas unidas, cada uma mirando uma direção do aposento, que continha seis portas equidistantes, cada qual com uma cor.
Mari'bel percebeu que os rastros de dias atrás que seguiam antes haviam se dirigido para a fonte e dali para cada uma das portas. Os rastros seguiam individualmente ou em duplas para as portas coloridas. Sempre um dos velhos com cajado para cada porta, quatro deles acompanhados por um dos mais jovens, mas havia um único rastro que não conduzia a nenhuma porta. Rufus se adiantou para a fonte, seguido por Derdeil e os demais, encontraram ali seis peixes, cada qual com uma cor, as mesmas das portas. Eles nadavam tranquilamente e tinham runas gravadas neles. Os fios da trama do tecido mágico não os alcançava, porém, e era como se seu nado sinuoso fosse justamente evitando a rede que formava a tradicional magia representada pelo deus Rhange Hesysthance. O escolhido do deus da magia já sabia bem que estavam lidando com formas outras de magia. 
No afã de agarrar um deles, Rufus Lightfoot viu que apesar de sua habilidade, os animais escapavam com destreza, mesmo das mãos mágicas. Ainda assim, ele trombou em algo que não enxergava, como se houvesse um outro peixe ali, mas invisível. A mulher githyanki se dirigiu para a porta a esquerda , que era vermelha. Passou a se concentrar e usar seus poderes psiônicos. 
Aos poucos eles foram conseguindo encurralar os peixes, até mesmo o invisível, fosse por sorte ou por azar. Uma a uma as portas foram revelando o que escondiam. Da porta azul apareceu um eladrin,
celestiais de Arborea, que trazia ervas e incensos nas mãos, além de um sorriso bucólico. Da porta amarela emergiu um furioso anjo solar
dos Sete Céus, que gritou ameaças e atacou Derdeil Óphodda tão logo pode, A porta vermelha revelou um temível balor do Abismo, que usou seu chicote de fogo para atacar a githyanki, quando esta enfim abriu a passagem com seus poderes psiônicos. Da porta roxa emergiu um monstruoso ser abissal com membros longos e desproporcionais, além de duas cabeças de chacal. Da porta verde, veio um equinal, um celestial que parecia um poderoso cavalo hominídeo de corpo tatuado. Mari'bel conseguiu ingressar pela passagem e vislumbrou um mundo magnífico e bucólico, os Campos Elíseos. Era como ver o mundo das fadas mais uma vez em todo seu explendor.
No entanto, rompendo aquele êxtase, o celestial alertou a pequena fada do erro do deus das fadas ao vincular o reino extraplanar dos seres feéricos a um plano material qualquer, mesmo que Abeir-Toril fosse seu lar. Por mais que fosse difícil para ela aceitar, o equinal Pésdypano explicou como o destino dos planos materiais era desaparecer e, assim, este passara a ser o destino do plano das fadas. 
A porta do peixe invisível era marrom e sua abertura permitiu a chegada de um inevitável. O ser geométrico e insensível usou seus poderes para aprisionar a githyanki num casulo de força e levou-a dali ao mesmo tempo que o anjo solar caiu em carga sobre o mago Derdeil Óphodda.
- Você vai pagar por seus crimes - ele gritou em celestial.


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