Mari'bel sentia-se confiante mesmo com a chegada daquelas trevas. Não era a primeira vez que vira aquilo acontecer. E as forças da vida e da luz sempre achavam um caminho para triunfar, Ela sabia, no entanto, que só estariam realmente seguros em Myth Dranor, onde ela já sentia que o poder expandido do mythal estava amparando os elfos e seus agregados.
Sem delongas, a killoren pegou a mão de Rufus e de Braad, que carregava o corpo morto de Volcana Boaventura, mergulhando na árvore mais próxima, como fizera para chegar até ali e para reunir os sobreviventes hobbits.
Porém, dessa vez, algo estranho aconteceu. Ao se fundir à força vital de Cormanthor, que como uma rede perpassava todos os seres vivos que compunham aquela antiga floresta, ela percebeu que já se travava ali uma batalha. Um força estranha e nefasta maculava aquela positividade natural. O que quer que fosse, prendeu Mari'bel como uma teia, assim como seus aliados. Aquela energia negativa e amaldiçoante a impedia de prosseguir ou de retroceder, ao mesmo tempo que ia se mesclando ao seu ser, como ia fazendo em cada ser vivente daquelas matas. Era como o princípio do fim.
- Não existe fim porque tudo sempre recomeça! A morte é simplesmente uma parte da vida! - Disse Maribel determinada. - Você não irá vencer esta batalha, prostituta das aranhas, porque Silvanus, Chauntea, e todas as forças naturais irão manter o equilíbrio deste mundo! Não há espaço para você neste meu corpo de killoren porque eu sou uma fada do reino de Timothy Hunter profundamente conectada com tudo que é verde, pois verde é vida! Volte para as profundezas escuras, lá q é o seu lugar (pir)aranha!!! Eu me liberto desta teia nefasta do mal!!! - Urrou Maribel no fim.
Com toda a força de sua vontade, Mari'bel conseguiu se não se libertar, ao menos mover a energia que era e que carregava em si seus companheiros. Esse movimento foi o suficiente para libertar Rufus, Braad e o corpo de Volcana. A killoren os liberou, sentindo que recuperaram a materialidade que os conformava. Ela mesma, no entanto, sentiu a prisão se fechar ainda mais sobre ela, como uma mosca que ao tentar soltar-se da teia fica apenas mais presa.
A prisão energética era como um oceano e ela uma pequena gota de óleo, que não se misturava àquilo, mas que era contida por todos os lados. Um oceano de sangue, de negatividade, de sacrifícios. Seus pensamentos nas divindades da natureza, em seu deus das fadas sequer reverberavam além de sua própria mente.
- Eu sou amor. Eu sou luz. Eu sou vida. Silvanus, Chauntea, Timothy Hunter, Bibiana. - Este é o mantra que Mari'bel repete intermináveis vezes em sua cabeça com todo seu fervor. Se ela tivesse voz ela diria em voz alta, afinal seus antepassados já diziam, que o maior templo é sua própria voz. A intenção de killoren era jamais se misturar a esta nefastidão.
Foi quando repetiu seu mantra pela nonagésima nona vez que Mari'bel percebeu alguma mudança. Apesar de sua intenção, no fundo sabia que a força nefasta a continha, a tencionava todo o tempo.
- Entregue-se pequena fada. Como fizeram seus deuses vãos... como fizeram seus irmãos da floresta... como fizeram todos os falsos ídolos da superfície.. a existência não é um ciclo... mentiram para você... a existência é uma teia... uma teia gosmenta e infinita... entre os vãos da teia o nada prospera e nos fios da teia a vida definha. E agora a tecelã dessa teia resolveu desfazê-la. Tantos já foram sacrificados para alimentar meu poder... os Seldarine.. a noviça Bibiana.. Amaunthor... Selune... meus filhos... como poderia você, pequenina fada resistir?
- Eu resisto porque represento uma ideia que é muito maior do que eu e muito maior do q você. Eu sou amor. Eu sou luz. Eu sou vida. É verdade aranhuda, que você ganhou algumas batalhas, mas é de batalhas que se vive a vida. Quer queira ou quer não, as aranhas são apenas uma das criaturas da natureza e suas teias são apenas uma entre milhares de formas de criar uma casa. Você tá tão engrandecida com sua própria soberba que acredita que toda a existência está de acordo com a sua verdade, mas eu, que sou um ser verde, de puro equilíbrio, com minha pouca sabedoria sei que a sua é apenas uma das infinitas verdades da existência. E como todas as verdades, ela tem o seu devido lugar... você e toda sua teia devem voltar pra lá, no fundo escuro. E é meu papel no momento me opor a sua pujança, porque eu sou amor, eu sou luz, eu sou vida. Silvanus, Chauntea, Timothy Hunter, Bibiana, Selune.
- Eu sou a Senhora das Aranhas... mas também sou a Senhora da Paixão, pequena fada... - Uma torrente de imagens e histórias invadiu a mente de Mari'bel, que sentia todo o peso do oceano a comprimi-la, como se fosse capaz de se não invadi-la, ao menos explodi-la em milhões de gotículas de óleo. - E agora sou a Senhora do Abismo, assim como serei a Senhora da Existência. Em breve até a serpente do infinito será uma presa em minha teia.. e cada pequenino sacrifício de pureza como você será um nó a mais em todas essas prisões para as entidades tolas que tentam resistir a mim!!!
- Seria um absurdo isso, não é mesmo? - Mari'bel escutou uma outra voz, masculina, que parecia familiar e desafiadora, como se já a tivesse ouvido em um sonho.
- Você de novo?!? Eu já o destruí duas vezes e destruirei de novo... - a voz de Lolth explodiu em ódio, enquanto a tensão sobre a fada diminuiu.
- Provavelmente... mas mesmo assim eu voltarei... mande lembranças pro mal que reside... - o que quer que prendesse Mari'bel se desfez. O fluxo energético seguiu.
Saltando de uma árvore, ainda aturdida, a fada se viu em uma área descampada... uma savana, aos pés de uma árvore solitária, caída sobre o capim dourado e alto. Não havia ninguém ali além de um sujeito envolto em uma manto cinzento, que escondia todo o rosto.
Ainda atordoada, Maribel olha primeiro para o chão, sente aquela terra sob seus pés. Seu coração aperta porque ela pensa se aquilo um dia já foi uma floresta. Mas ela se esforça pra se recompor o suficiente e busca olhar nos olhos daquele ser e perguntar:
- Você que me salvou, não foi? Deve ser um deus muito poderoso que me ouviu sem eu nem ter chamado seu nome... Eu lhe agradeço profundamente, com todo meu coração faérico e natural. Se puder me dar mais uma ajuda, me diga qual é a melhor forma que um pequeno ser como eu pode combater a aranhuda para que o mundo retorne ao seu equilíbrio natural?
- Não sou um deus.. - ele disse rindo com a voz rouca. Escondidos sob o manto, Mari'bel não conseguiu ver os olhos dele. - Acho que você deve continuar com seu serviço.. agora que foi tocada pelos deuses e teve toda aquela energia em você, sua existência só vai se complicar. Não é mais como os meros mortais, sabe... nem como as meras fadinhas cheias de purpurinas e coisas do tipo... quero dizer.. foi mal.. não sou muito bom nisso... - ele descobriu o rosto e Mari'bel viu um humano de pele pálida, bochechas fartas, uma barba engordurada e desgrenhada.
- Você tá dizendo então que, se antes eu achava q a gente tava sempre fodido e mal pago, eu sou inocente e não sei de nada, que é agora q a história vai começar?! - Mari'bel fez um momento de silêncio para a morte de sua inocência. - Mas eu gosto de ser uma fada purpurinada... que só dá flechadas em malditos drows.... eu não sei fazer nada além disso. - Mari'bel diz com um leve ar de depresão ao pensar no tamanho do buraco que ela está se enfiando. - Mas afinal, quem ou o que você é? Sua voz me é tao familiar... por quê me salvou?
- Tem um nome que eu tenho que usar... vem com o pacote.. mas eu não me prendo a essas coisas.. - Ele puxou fumo enrolado e acendeu sem qualquer chama. Apesar de algo nitidamente humano, Mari'bel percebia algo de diferente nele, muito embora não fosse celestial ou demoníaco. Era algo como os inevitáveis que vira questionar Rhange Hesysthance em Myth Drannor. Ou nem isso. - Sim, agora que as coisas complicam. Só fica mais difícil, se é que você me entende. Embora cada um jogue o jogo como quer... eu te salvei porque meu antecessor me falou em algum momento que quando rolasse o momento eu teria uma escolha... e que eu já sabia o que faria, só tinha que entender a escolha, porque não se vê além de uma escolha antes de entendê-la. Enfim.. não gosto da aranha maldita... e os planos dela não podem prosperar... quero dizer, prosperar mais...
- Malditos drows! - Mari'bel cuspiu no chão. - E eu entendo essa de não se prender a rótulos, por isso que eu gosto do puro equilíbrio, afinal, as florestas mais saudáveis são aquelas com maior biodiversidade, não é verdade? Mas quer dizer então que agora você entendeu a sua escolha, tá vendo além e pode me dar alguma dica de como atrapalhar os planos da aranhuda? - Riu Mari'bel, que estava gostando daquele sujeito, por mais que ele não falasse coisa com coisa, afinal, ela nunca conheceu um fumante que não fosse confiável.
O sujeito terminou de fumar com uma tragada mais longa e Mari'bel teve a impressão de que uma certa névoa o cercava agora. - Não entendo muito de floresta... sempre fui um cara urbano. O que eu tô vendo além vai até minha próxima escolha... se vou morrer por ter salvado você ou se vou recorrer a quem pode me salvar... seja como for, você está salva.. por hora. Seus amigos estão sendo atacados pelos drows em Myth Dranor nesse exato momento... ela partiu para o tudo ou nada, enquanto o amante amaldiçoado dela cuida dos deuses. O papel de vocês é mantê-la ocupada, achando que vai ganhar, enquanto cuidamos do outro.. ou melhor.. eles cuidam... agora tenho que ir... boa sorte.
E dito isso, ele simplesmente sumiu como se nunca estivesse estado ali. Ao longe, Mari'bel viu um grupo de criaturas se aproximando velozmente. Eram quatro. Primeiro pareceram estar montadas, mas seus bons olhos viram que eram seres de quatro patas e um dorso humanoide, como centauros. Porém, aqueles seres que vinham na direção dela pareciam a mistura de humanos e leões... e ela se lembrou que já ouvira falar sobre os wemics do Shaar no extremo sul de Faerun.
Mari'bel se pôs furtiva e foi pra perto daquela única árvore, que tocou procurando sentir uma ligaçao. Ela sacou seu arco e manteve um pé encostado no tronco da árvore, enquanto observava os wemics se aproximarem. Ao tocar o tronco seco, grosso e retorcido da planta foi como se a conhecesse há muito tempo.
- Eles são boas, criaturas... nunca destroem as árvores.. - foi o que a killoren entendeu no farfalhar das folhas. Mesmo sem falar, aquele ser vivo se comunicava, como todas as outras árvores que Mari'bel conhecera, mesmo que não como as das florestas, tão habituadas a companhia. Essa árvore era um ser solitário, que sentia-se única em meio ao mar de capim dourado. - Não são amistosos como os pássaros, mas não são cruéis como os humanos... - Ela ainda dizia, quando a iniciada do arco percebeu que os wemics pararam e inspecionavam o ambiente como se procurassem por algo justamente na direção dela. A fada pensou que poderia sair dali pela árvore, mas dificilmente chegaria até Cormanthor, provavelmente saindo em outra árvore a algumas milhas dali... talvez conseguisse voltar para o norte com muitas viagens.
Um dos wemics soltou um rugido e eles se espalharam. O que rugira, que parecia o líder, veio diretamente no rumo da árvore, mas ainda sem vê-la. Mari'bel se manteve no vínculo com a árvore e diz mentalmente pra ela:
- Você é linda sabia? Você é a primeira de sua espécie que encontro e você, com sua beleza e carinho, ficará para sempre guardada em meu coração! Muito grata pela informação! A killoren esperou o líder dos wemics seguir em frente mais alguns passos e com o arco em punho, mas apontado para o chão, saiu de seu esconderijo. Ela ainda mantinha o pé grudado no tronco da árvore para uma saída rápida se fosse necessário e gritou em silvan:
- Procurando por mim, é? Me digam, qual o papel da Natureza na vida de vocês?
O wemic parou de se mover ao vê-la e a analisou com o olhar:
- Meu nome é Roar, pequena fada... sou um enviado de Nobanion, senhor dos leões e do Shaar...nosso deus nos enviou para resgatá-la... - Ele falava uma língua silvestre perfeita e empostada como se fosse alguém nobre, depois deu um rugido que atraiu os demais wemics de volta. - Venha conosco. Nossa xamã aguarda você...
Mari'bel guardou seu arco de uma maneira que ele percebesse que estivera pronta pra atirar nele caso não gostasse da resposta:
- Agradeço o resgate, nunca estive tão ao sul e tava justamente me perguntando como iria fazer para voltar. Me diga nobre Roar, quem é esse seu deus que se importa com uma pequena fada do outro lado do mundo?
- Nobanion é um zelador do equilíbrio, pois mesmo o que caça deve zelar pelas manadas. - Roar disse com orgulho. - Certamente, deves ser uma fada importante no norte.
- Ou pode ter sido um pedido do deus das fadas... - interviu outro dos wemics, que parecia mais jovem e falava com menos pompa.
- Que tipo de fada é você? - Disse outro dos wemics aproveitando que o lider havia sido interrompido.
- Não é hora para conversa! - Roar determinou, enquanto Mari'bel tentava inspecionar os rastros que eles iam deixando, embora o capim alto atrapalhasse um pouco. - Nossa xamã terá suas respostas. - Ele convidou-a a subir nele e montá-lo.
- Muito obrigada Roar. - Mari'bel subiu nele com muita destreza. - Sou uma killoren. Somos as fadas mais conectadas à natureza. - Depois disso, em seus pensamentos, enquanto observava aquela natureza selvagem do sul, a fada pensava e orava "sou amor. Sou luz. Sou vida. Silvanus, Chauntea, Timothy Hunter, Bibiana, Selune. Que este seja o caminho de maior serviço ao equilíbrio natural".
Certamente, aquela foi uma experiência nova e única para Mari'bel. Montada no dorso de Roar, enquanto este disparou pelo capim alto e dourado da savana, ela pode sentir o vento lamber seu rosto e sacudir seus cabelos. Ela afundara um pouco no pelo espesso e macio do wemic, segurando-se na juba que descia pelo meio das costas farta e negra, misturando-se ao restante do pelo laranja avermelhado.
Para ela tão afeita às florestas e tão sintonizada a Cormanthor e à Grande Floresta, tendo sentido toda a vida daquelas densas matas em si mesma, sentia agora as forças livres daquelas planícies também tão repletas de vidas. A killoren avistava muitas aves, assim como rebanhos de antílopes e outros animais como zebras, girafas e bisões que pastavam calmamente. Tudo aquilo formava um mar dourado que se estendia até o horizonte em todas as direções, despontando aqui ou ali outra árvore retorcida como a que Mari'bel tocara. Mesmo assim, ela sentia que havia uma força vital primordial naquele lugar, como se estivesse preservado da devastação do norte. O céu era azul, mas subitamente, de uma hora para a outra, escureceu e o sol simplesmente desapareceu.
O choque do wemics foi maior que o seu. Mostrando que não sabiam nada do que se passava. Não era um eclipse. O sol simplesmente desaparecera do céu. E não surgiram nem estrelas, nem luar. Tudo escureceu. Um dos jovens wemics se deitou entre o capim desesperado. Os outros sacaram suas lanças e apenas Roar manteve o autocontrole.
- Acalmem-se.. fiquem juntos.. não devemos parar aqui.. nossa tribo precisa de nós. - Ele farejou o ar.
- Sou amor. Sou luz. Sou vida. Silvanus, Chauntea, Timothy Hunter, Bibiana, Selune. Estou com vocês... - pensava Mari'bel, enquanto outras palavras deixavam seus lábios. - Roar tem razao. Temos que nos juntar ao seu povo o mais rápido possível porque a união faz a força. A batalha que está acontecendo agora está muito acima da nossa capacidade de compreensão, o deus do Sol deve ter ido combater as forças da escuridão vinculadas à Senhora das Aranhas, por isso que eu oro para Silvanus, Chauntea, Timothy Hunter, Bibiana, Selune e todos os outros deuses que lutam pelo re-equilíbrio da nossa realidade. Sugiro que orem para o deus de vocês, pois ele também deve estar precisando de toda ajuda possível. Vocês dão conta de chegar em sua tribo mesmo no escuro? - A fada sacou seu arco e reforçou sua percepção, tentando sentir também se a força vital primordial daquele lugar natural havia mudado de alguma forma.
- Nós chegaríamos lá até mesmo sem nossos olhos! - Disse Roar que voltou a correr, mas dessa vez muito mais rápido, impelido pelo desespero. Os jovens fizeram o mesmo e se desdobraram para acompanhar o líder.
Mari'bel não sentia nada ruim além da preocupação com a escuridão. Era certo que os animais gritavam e corriam mais assustados do que os seres racionais, mas nada mais sucedeu além de debandadas.
Em menos de uma hora, Daphne avistou o que parecia um pequeno acampamento de não mais do que seis cabanas improvisadas próximo a um buraco de água. Não havia sinal de fogo ou iluminação, mas cerca de uma dúzia de wemics os aguardavam, todas mulheres. Ao contrário dos homens, não possuíam uma farta cabeleira, mas pelos curtos como o que cobria o restante do corpo num tom mais amarelado. Quase todas tinham perto de si algum filhote, uma delas tinha dois. Também havia um leão, cerca de quatro leoas e meia dúzia de filhotes deitados próximos da água. Mas foi uma das wemics que estava sem cria quem falou. Parecia, no entanto, jovem.
- Que Nobanion e a alcateia dos ancestrais os guardem, Roar. As damas da noite roubaram nosso dia, mas vocês trazem a fada... - enquanto ela falava, começou a brilhar num raio de 6 metros como se dia fosse.
- Trouxemos a fada, Nuala. Ela diz que é culpa de uma senhora das aranhas e que o Grande Leão precisa de nossas preces...
- Isso não será necessário, meus filhos.. - soou uma voz masculina pela boca de Nuala. - Seja bem vinda Mari'bel da Grande Floresta. Eu sou Nobanion, senhor dos felinos... - todos os wemics e os leões se ouriçaram e emitiram um grande rugido em uníssono, até mesmo os filhotes.
- Nobre Nobanion, senhor dos felinos e aquele que respeita o equilíbrio natural da existência, o senhor me honra com seu cuidado comigo.
- Eu ainda não entendo completamente meu papel no grande plano, mas se ao ser resgatada da teia da Senhora das Aranhas fui trazida aqui, não acredito que tenha sido por acaso - disse Mari'bel descendo com destreza e se curvando numa reverência. - Eu sirvo a Natureza e a todos aqueles que zelam pelo equilíbrio. Que nosso pai Silvanus zele por nós.
- Vivemos mais essa batalha, pois é de batalhas que se vive a vida, Mari'bel da Grande Floresta. Silvanus disse que tem em si a força da vingança e a nobreza da sabedoria. Mas não foi ele quem me pediu que a ajudasse, mas sim o Senhor dos Sonhos. Os deuses estão morrendo como moscas! - Isso fez a maioria dos wemics arrefecer o rugido coletivo. Um silêncio se fez. - A era dos homens vem chegando ao fim, mas não a dos wemics, dos leões ou dos felinos. Nos sobreviveremos às trevas, assim como as árvores, que por mais que sejam cortadas renascem de suas raízes. Seja como for, meu favor devido estará pago assim que eu devolvê-la a seu lugar de origem, Mari'bel da Grande Floresta...
Derdeil Óphodda caminhou pelas ruínas da capital de seu reino natal com o corvo Edgar em seu ombro. Tudo estava destruído. Aniquilado. Não era apenas como se a magia tivesse faltado, mas como se também alguma hecatombe, um terremoto ou outro desastre sem precedente tivesse caído sobre a maior cidade de Halruaa. O escolhido de Rhange Hesysthance reconheceu sem demora os escombros dos três mais importantes prédios da cidade: a Torre Central, de onde o netyarca supremo Zalathorm Kirkson governava o reino com seus poderes épicos de divinação; as torres dos Caçadores de Magos; o templo da Adama, religião oficial do reino dos arcanos.
Não demorou para que Derdeil perceber também como o desastre tinha afetado o tecido mágico. As forças da teia mágica eram agora caóticas e selvagens, podendo potencializar ou anular qualquer iniciativa mágica. Isso afetava até mesmo seus itens mágicos, seu poder de escolhido e seu familiar Edgar.
Indo até o templo da Adama, o mago usou da sorte e algumas magias para abrir caminho nas ruínas, que pareciam ter sido desintegradas em parte, para descobrir uma escadaria. Derdeil ponderou que aquele poderia ser um caminho para as catacumbas arcaicas dos povos primitivos que viviam nessa região quando da chegada dos refugiados de Netheril, que sobreviveram à tolice de Karsus. Antes de descer, no entanto, Derdeil Óphodda preferiu dormir e recuperar seus poderes.
Em outro plano da existência, Rufus Lightfoot guiava Kaliandra Boaventura e Sérgio Reis. Haviam inspecionado o esqueleto do dragão colossal na entrada do túnel daquele ginásio colossal para criaturas colossais.
A trovadora da espada conjurou um elemental do ar e o mandou à frente para inspecionar o ambiente. Viu logo que as limitações do tecido mágico de Faerun não se davam aqui nesse plano. O elemental partiu, mas alguns instantes depois foi a voz de um pequenino dragão que chamou a atenção deles:
- Quem é você? Onde nós estamos? - Gritou Sérgio Reis.
- Eu sou Ohterrível, guardião desse nobre local!!! - Disse o dragão de escamas de bronze erguendo o que parecia ser um cajado, mas que os olhos aguçados de Rufus perceberam ser uma vassoura.
- Guardião tipo um zelador... - comentou o hobbit com bom humor.
- O que houve no plano dos dragões? - Arguiu Kaliandra.
- Uma triste sina, sabe. Uma coisa realmente triste sabe. As coisas andam meio mortas por aqui... O nobre deus Bahamut não se contentou com a destruição da nefasta deusa Tiamat. Quando ela se foi e não mais havia qualquer malevolência maligna do mal que contrapusesse todo o bem e a ordem do grão-dragão de platina, que ele em prol de uma ideia edificante de equilíbrio buscou trazer de volta a mãe dos dragões de volta. No entanto, ao ressurgir, Tiamat estava mais forte. E ela não teve lá muita gratidão pelo benévolo gesto do pai dos dragões e investiu contra ele e seus filhos. Este foi o fim das coisas por aqui sabe...
- Precisamos de sua ajuda, grande Ohterrível. - Avisou Kaliandra. - Temos um mundo para salvar.
- E como saímos daqui? - Quis saber Sérgio Reis.
- Sair daqui? Pra que? Pra voltar pro nosso mundo que vai ser destruído? - Discordou Rufus.
- Tem uma saída mais à frente... - indicou Ohterrível.
Após caminharem pelo que pareceu várias horas, o trio e seu guia dracônico chegaram ao portão nos limites do plano. Dali, eles conseguiam avistar o plano astral onde todos os planos da existência se aproximavam e conjugavam como ilhas num oceano.
Sérgio Reis foi quem pulou e confirmaram que isso os tiraria do plano dos dragões. Ele retornou através de uma porta dimensional.
- Eu não posso sair... vocês podem que não são daqui... - avisou o dragãozinho.
- Ainda acho melhor ficarmos... - ponderou o hobbit.
- Podemos jogar buraco.. - disse Ohterrível sacando um baralho.
- Nós temos que salvar a rainha Amídala... temos de salvar Bibiana... - disse Kaliandra Boaventura sem exitar e saltando. Os demais vieram atrás, com Rufus trazendo o novo aliado em sua bolsa mágica, pois o dragão se transformara em uma estatueta de bronze.
Após alguns minutos caíram, eles passaram a levitar e foi quando os demônios surgiram...
Mari'bel surgiu em ruínas e não numa floresta como esperava. O mundo continuava escuro e sem luz do sol, mas certamente ela não voltara para o norte. Alguns poucos passos nas trevas, no entanto, permitiam-na reconhecer um vulto.
- Mari'bel? - soou a voz de Derdeil que enxergava melhor no escuro.
- Óphodda? Que sorte encontrá-lo aqui. Que lugar é esse?
- Essas são as ruínas do templo da Adama em Halarah antiga capital de Halruaa. Estou descendo para inspecionar algumas catacumbas, pois não sei o que se deu aqui. Fui enviado por meu deus, depois do ataque da senhora das aranhas em Myth Drannor.
- Eu irei ir com vocês.. - disse Mari'bel sacando o arco e seguindo para a escadaria, enquanto o mago seguia com as explicações.
Eles desceram até um salão, enquanto Mari'bel escutava o destino das poderosas torres na narrativa de Derdeil Óphodda. Mas o escolhido do deus da magia foi interrompido pelas cinco estátuas que começaram a se mover...
A gente dormiu antes de descer e qnd elas começaram a ser mover e eu tirei Ophoda de lá... Se nao me engano elas até chegaram a bater nele antes deu tirá-lo de lá... Eu me lembro de estar do lado de fora da sala, ter entrado, pegado ele e fugido, subido a escada de novo acho
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