24 de abr. de 2015

Para salvar um deus das fadas...

Mari'bel ainda meditava entre as árvores da floresta de Cormanthor que cercavam Myth Drannor, quando ouviu os passos de alguém. Esse alguém tinha passos leves, mas não fazia questão de disfarça-los. A guardiã killorien subiu rapidamente na árvore mais próxima. Dos galhos superiores avistou a elfa que vinha chegando e transmitiu a imagem para seus aliados.
- Kaliandra?... - Ela pensou reparando na semelhança da elfa que vinha com a que estava no palácio da cidade.
- Diga, Mari'bel... estou aqui buscando forças... - respondeu Kaliandra Boaventura pelo elo mental que unia todos ligados ao mythal.
- Está chegando aqui uma elfa, muito parecida com voc...
- Volcana! É minha tia Volcana Boaventura...
- Boaventura... - repetiu o bardo Sérgio Reis com deboche intrometendo-se no elo mental.
- É verdade... eu a reconheço agora... ela é uma serva de meu deus, Timothy Hunter, o senhor das fadas - Volcana já acenava pra Mari'bel. Sem mais se deter, a fada iniciada do arco deixou seu refúgio e reuniu-se à elfa de olhar amistoso e experiente.
- Olá, jovem killorien.. eu sou Volcana Boaventura...
- Eu sou Mari'bel da Grande Floresta, Volcana. Já nos conhecemos no reino de Timothy Hunter.
- É verdade, Mari'bel. Que o senhor das fadas sempre embale nossa alegria. É por ele que venho para cá...
- Eu não tenho sentido o deus das fadas, Volcana. E tive sonhos terríveis com Timothy e com a Grande Floresta... - a fada deixou escapar sem disfarces sua preocupação.
- As coisas por lá estão graves, mas há boa gente cuidando de remediar isso.. - sorriu com otimismo Volcana Boaventura. - Mas quem lidera a reconstrução de Myth Drannor? Tenho importantes orientações a dar...
- Uma parenta sua... Kaliandra Boaventura... minha aliada... - disse com orgulho Mari'bel mesmo tão preocupada.
- Sempre soube que essa menina iria longe... - Volcana abriu um largo sorriso e adentrou a cidade reconstruída.
Depois de caminharem por alguns minutos, as duas chegaram ao palácio onde ficara o mythal antes de fundir-se à cidade. Lá encontraram Kaliandra com sua nova espada da lua, além de Cameron, Dhyon e os outros elfos do séquito da trovadora da espada.
- Tia Volcana, meu coração fica feliz de recebê-la... - Kaliandra recepcionou a irmã de sua mãe com um abraço carinhoso, mas reparando que ela trazia um pesar disfarçado no semblante. Era como se tivesse vivido duas centenas de anos ao invés das quase duas décadas em que não se viam.
- E eu fico feliz de ver que você cresceu, minha querida, e está cada vez mais senhora de si e de seu destino... - disse Volcana beijando a testa da sobrinha.
- Esse é Cameron Noites, meu companheiro e pretendente. Aquele é Dhyon, clérigo de Bibiana, e aqueles são alguns outros seguidores da deusa que resgatamos. Desde que trouxemos de volta a força do mythal e o fundimos com a cidade, Myth Drannor se refez, se regenerou, e muitos elfos vem para cá. A corte, a rainha Amídalas Ancalimon estão vindo para cá.
- E chegarão em 3 dias... aqui estará então a verdadeira senhora desta cidade - interviu a elfa Katniss Everdoom saltando de seu grifo que pousou na entrada do palácio. - Eu sou a embaixadora da rainha que tem orientado as tropas e guiado os recém-chegados, enquanto a embaixadora Kaliandra tem se dedicado às suas demandas pessoais...
- Claro, claro, novinha... - desdenhou Volcana. - A questão é que a Grande Floresta está destruída e o deus das fadas, bem como todo o seu povo, foi vitimado por alguma maldição terrível.
- Mas quem fez isso? - Indignou-se Mari'bel sentindo o espírito de vingança oiriçar-se em seu íntimo.
- O chifrudo mal-cicatrizado desgramento de uma figa e a prostituta vingativa mal-comida das aranhas, se é que me entendem. Eles conseguiram atingir o âmago da Grande Floresta de alguma forma. Todos que estavam ligados a ela estão sentindo seus efeitos, quando não mortos, mas com a sorte de Tymora há como reverter isso.
- O que podemos fazer? - Desesperou-se Mari'bel.
- Timothy Hunter, desde que voltou a esse mundo e fundiu o reino das fadas à Grande Floresta, sabia quão arriscado e exposto era ser um deus no plano material. Por isso, ele enviou a mim e a nosso antigo companheiro, Etienne Navarre, junto com seu filho Tumling, para que preparássemos alternativas para eventuais problemas. Eu fui incumbida de encontrar um mythal caso algo acontecesse e usar sua energia para canalizar a volta dele - explicou Volcana.
- O mythal está cada vez mais forte... - disse Cameron.
- Mas Bibiana também não responde nossas preces... - acrescentou Dhyon.
- Você precisa se conectar a ele, Volcana.. - disse Kaliandra querendo parecer formal.
- Eu o farei. Mas para realizar o ritual.. precisaremos nós conectar às forças da natureza da Grande Floresta - explicou Volcana. - A energia de Timothy e das fadas está lá.
Mari'bel pensou no druida Chuck Norris, membro do círculo druídico mais importante daquela mata ancestral. Mas sabia que ele se perdera petrificado no aposento dos artefatos mágicos élficos, talvez destruído pelos sentinelas de pedra, por isso nada falou. Foi Volcana Boaventura quem prosseguiu:
- Nós precisaremos de uma fada - e ela sorriu para Mari'bel -, de um meio-elfo e de alguém que entenda muito de magia... e eu... bem... eu preciso de uma taverna e bebida...


Katniss Everdoom partiu em busca de alguém que tivesse sangue humano e élfico para realizar o ritual montada em seu grifo, já que não havia ninguém assim em Myth Drannor. Eram 129 elfos, 3 humanos, 1 hobbit, 1 fada, 1 corvo, 1 raposa e 1 drow. Enquanto isso, Volcana Boaventura pode ir para a taverna que Sérgio Reis instalara em uma das duas torres arcanas ,junto com os seguidores de Kaliandra, para se conectar ao mythal. Kaliandra, por sua vez, disse à tia que tinha assuntos mais delicados e foi com Cameron cuidar do drow que devia receber Bibiana em seu coração.
- Levante-se, rapaz... - disse Kaliandra em élfico. O jovem drow se levantou, mas nada respondeu. - Você pode me entender? Vim libertá-lo dessas trevas que acompanharam toda sua vida.. vim falar a você sobre a lei, a verdade e o caminho, irmão...
O drow continuou sério sem nada responder. Estava melhor alimentado e já sem nenhum ferimento.
- Graças à deusa Bibiana, não há mais drows ou elfos da superfície... não há mais verdes, do sol ou da lua... não há mais aquáticos ou terrestres... há apenas elfos... somos um só! - Kaliandra estendeu a mão amistosa para recebê-lo, enquanto Cameron permanecia vigilante da porta.
O drow se limitou a correr o dedo indicador da mão direita sobre o antebraço esquerdo apontando sua cor.
- Isso não será mais um problema... aceite Bibiana e verá que a cor da pele não será mais um problema, não nos diferencia mais - ela disse.
Ele sorriu e olhou para o quarto onde permanecia confinado. 
- Vivemos tempos delicados e você precisa entender a importância e a grandiosidade da oportunidade que tem... cabe a você abrir as portas dos elfos que viveram atormentados pela senhora das aranhas de que Bibiana chama o todos de seus filhos... assim você terá a benção do mythal e será aceito por todos, como deve ser, pois somos um só!
- Eu entendo suas... boas intenções... Kaliandra Boaventura... - o drow disse com um élfico perfeito. - Mas desejo antes falar com o poderoso arcano humano...
- Seus assuntos são com Bibiana, drow... - interviu de longe Cameron e o jovem drow lançou um olhar de sombracelhas erguidas para Kaliandra, que aceitou aquilo, fazendo sinal para que Noites contivesse seu ímpeto. 
Derdeil Óphodda surgiu um instante depois através de uma porta dimensional, trazendo consigo seu familiar, o corvo Edgar.
- Creio que um poderoso mago tenha sido aqui convocado... - disse o escolhido do deus da magia.
- Não precisamos de você... - desdenhou Cameron.
- Não foi o que ouvi... - debochou Derdeil.
- O elfo deseja lhe falar antes de aceitar Bibiana em seu coração - disse Kaliandra.
- Prefiro que falemos a sós... - acrescentou o drow.
- Não há nada que nós não... - discordou Cameron, mas Kaliadnra interviu.
- Vamos querido...
- O que você deseja? - Derdeil falou na língua que misturava sons e sinais dos drows.
- Eu desejo me aliar a você e não a esses fanáticos. Não sobrevivi aos horrores lá de baixo para isso. Lá embaixo, todos estão sendo transformados em mortos-vivos... todos que não as filhas da deusa das aranhas...
- Você pode aceitar Bibiana... - disse Derdeil sem demonstrar interesse. 
- E trocar um fanatismo pelo outro. Não quero ser o subjugado entre os subjugados... prefiro me associar a você...
- Eu sou o escolhido de Rhange Hesysthance Sorrowleaf, deus da magia. Se deseja me servir terá que se entregar em ritual para servi-lo!
- Nada de rituais... aceito você me entregar um livro de mandamentos, uma catequese ou mesmo um símbolo sagrado...
- Um símbolo? - Interessou-se Óphodda.
- Um símbolo sagrado... - disse o drow se aproximando como sinal de boa vontade.
- Ah sim.. eu tenho aqui um símbolo... - disse Derdeil pegando o amuleto em forma de mão com três dedos esticados e dois dobrados, símbolo sagrado do deus da magia. O mago o esquentou com uma magia e começou a queimar o corpo do drow, que gritou de dor ao receber a insígnia na carne.


Longe dali, mesmo bêbado. o monge Braad ouviu a discussão e resmungou contra Derdeil que lhe prometera uma tatuagem há muito mais tempo. Isso deixou de ser uma preocupação, quando ele, Sérgio Reis e Pena Branca avistaram a bela elfa que chegava à frente de uma comitiva de seguidores de Kaliandra.
- Então essa é famosa Volcana Boaventura... - disse Sérgio com um sorriso safado, lembrando-se das muitas histórias que cercavam o nome da barda harpista.
- E essa é a taverna local? - Disse Volcana Boaventura sacando uma garrafa de sua mochila. - Você deve ser o tal bardo Sérgio Reis...
- O grande Sérgio Reis, o cãozinho do berrante...
- Ouvi dizer que nada grande... - riu Volcana. - Diminuto até... Sérgio Reis, o caôzinho berrante foi o que eu ouvi...
- Errr... esse não é meu verdadeiro eu... - disse Sérgio Reis usando uma magia de alterar a si para tornar-se um humanoide medianamente dotado. - É só um disfarce para dar paz ao coração das mulheres...
- Bom truque.. - Volcana riu. - Conhece esse? Multiplicantis hidromelis... - e a garrafa de hidromel que ela trazia foi multiplicada cinquenta vezes.
- Puta que lo pariu!!! - Gritou Braad extasiado. - La murrer da mia vida! Una murrer que fabrica birita!!!
- Chega mais galera, temos uma festinha até a hora do ritual... - Volcana arrancou a rolha da garrada com a boca, cuspindo-a com talento em seguida.
- Xiiiii... que coisa... - murmurou o hobbit Rufus Lightfoot sentando-se e passando a desenhar em seu caderninho as cenas liberais da festividade bacante na taverna da torre.


- Ó senhor da magia e de tudo, pois tudo dela depende. Responda minhas preces... - Derdeil orou buscando conversar com Rhange Hesysthance. - Tomei as providências para cuidar da cidade do mythal e elfos seguem chegando. Vi em meus sonhos o triunfo retumbante da sua vontade sobre os deuses, assim como aquele escolhido do deus da tirania teme o nosso poder, meu senhor.
- Myth Drannor está segura por hora, mas deve cuidar para que nada amaldiçoe essa conquista, meu escolhido. - a voz do deus da magia soou na mente daquele que levava em si parte da força vital dele.  Desse modo, pelo elo mental, todos os outros também ouviram, embora os celebrantes da taverna não tivessem foco para aquilo. - As ameaças são constantes e usam de todos os subterfúgios.
- Quanto a isso... temos entre nós um drow... um prisioneiro dos elfos... e ele se oferece com servo para ti, meu senhor... assim como lacaio para mim...
- Aceite-o... temos cotas a preencher.. - concordou Rhange. - Mas não permita que se conecte ao mythal, pois isso pode ser do interesse da senhora dos drows.
- Assim será! - Derdeil estendeu a mão ao drow que ainda se contorcia de dor no chão. - Levante-se, lacaio. Você tem tarefas agora... e eu tenho um monge desmaiado pra tatuar.


Mari'bel retornou ao seu posto de meditação, mas não encontrou ali paz. Alguns minutos depois de começar a relaxar e comungar com a natureza, ouviu o incômodo barulho de pesadas armaduras metálicas. Logo viu os dois anões que discutiam rispidamente, enquanto avançavam desajeitadamente entre as árvores.
Ela desceu e tentou se comunicar com eles, mas as enormes discrepâncias entre a língua das fadas ou dos elfos e dos anões não permitiu. Os dois insistiam em mostrar uma moeda de ouro para logo depois fazerem poses exaltando seus músculos.  Um era careca e o outro tinha cabelo, mas no restante eram muito parecidos.
- Ma.. ri.. bel... - ela disse apontando para si mesma.
- Licurgo.. - disse o careca dando um cruzado de direita na face do outro anão.
- Leônidas... - disse o outro descendo o punho sobre a careca do primeiro. Logo os dois estavam rolando no chão como gladiadores teatrais.
A fada iniciada do arco desistiu e resolveu voltar para Myth Drannor, sendo informada do retorno de Katniss pelo elo mental. Os dois anões pararam a disputa e a seguiram, mesmo empurrando-se e resmungando um com o outro.


Katniss Everdoom voltou a Myth Drannor com uma meio-elfa que resgatara. Demorara algumas horas para ir até o sul, onde Cormanthor dava lugar aos vales e onde elfos e humanos tinham o costume de se misturar. Encontrou ali os exércitos de Sembia a sitiar os vales e seus habitantes.
Todos foram convocados e não demoraram a se reunir no palácio. Derdeil levou os que estavam na taverna da torre em uma porta dimensional, Braad, já tatuado com a cicatriz do símbolo de Rhange, além de Sérgio e Volcana.
- Aqui está Lilinea Luarte.. - disse Katniss apresentando a menina, que começava a deixar a infância e adentrar a adolescência. A garota tinha ferimentos e parecia fraca. - Foi quem eu consegui resgatar dos sembianos... eles estão em guerra contra o povo do vale...
- Eles estão a atacar também a floresta ao sul... - alertou Mari'bel.
- Malditos humanos mesquinhos... - protestou Cameron.
- Alguém querendo pagar pra ver uma boa briga? - Interrompeu um dos anões em sua língua, que Derdeil e Sérgio entendiam.
- Não temos tempo para isso.. - disse Derdeil usando seus poderes para curar Lilinea.
- Seu idiota.. - disse o segundo anão socando o primeiro.
- Precisamos iniciar o ritual.. - disse Volcana. - Não temos tempo a perder...
- É melhor que Mari'bel e a garota entrem nas águas do mythal... isso potencializará o ritual...
A killorien e a meio-elfa adentraram a água, sentindo os bons fluídos daquela água abençoada. Sem se preocupar com nada, os anões também entraram na água. Foi preciso uma moeda de ouro para tirá-los dali. O ritual prosseguiu por horas, tendo toda a cerimônia comandada por Derdeil Óphodda, que percebia o poder natural e primitivo da mais antiga floresta do mundo convergirem para o palácio.
Por um instante, o escolhido do deus magia sentiu o desejo por todo aquele poder, mas ele já não era obcecado com antes e liberou os canais para que o poder se derrama-se nos dois receptáculos. Toda aquela positividade ofuscou a todos brevemente, quase sendo demais para Mari'bel e Lilinea, mas graças ao equilíbrio e perseverança da fada, a energia manteve-se ali.

18 de abr. de 2015

O nome dela é Kaliandra Boaventura...


Durante 11 dias, a cidade de Myth Drannor voltou a prosperar alimentada pela energia do mythal e de seus novos ocupantes. Dia após dia, as pedras arruinadas iam regenerando a arquitetura gloriosa da antiga cidade. Como se vivessem um sonho, os heróis eram testemunhas daquele poder capaz de devolver aos seus lugares cada fragmento do passado da cidade élfica.
Cada um deles também ocupou-se nesse período de importantes tarefas.
Derdeil Óphodda, escolhido de Rhange Hesysthance, o deus da magia, dedicou-se à criação de pergaminhos mágicos que teriam bom uso no futuro, bem como entregou-se à leitura do tomo do entendimento, que ampliou seus sentidos e sabedoria.
O corvo Edgar, familiar de Derdeil, libertou-se do anel mágico que possui, passando a quem interessasse. Manteve-se a maior parte do tempo a zelar por seu mestre, enquanto este concentrava-se nos rituais de confecção de pergaminhos mágicos e de estudo do tomo.
Mari'bel, a killorien filha da Grande Floresta, explorou os sítios
mais interessantes da ruína, registrando os rastros e cuidando de recuperar arcos, espadas e itens que pudessem ter bom uso na mão dos habitantes que iam chegando. A guardiã iniciada do arco de Timothy Hunter buscou comungar com a floresta de Cormanthor por um dia após isso. Ela sentiu a antiguidade daquela mata filha da Grande Floresta, percebendo desde a agonia dos pequenos animais capturados e explorados pelos sembianos até as ancestrais árvores massacradas pelas fornalhas dos zhentarianos servos de Bane. Ela percebeu as vilas destruídas dos elfos e as cicatrizes deixadas pelos mortos-vivos drows. 
Rufus Lightfoot e seu cão Azuzu também inspecionaram os pormenores das outrora ruínas, solicitando que Derdeil identificasse o que fosse necessário, bem como certificando-se da segurança do ambiente urbano.
Sérgio Reis, o bardo pouco amistoso aos elfos, optou por ocupar uma das torres arcanas que Mari'bel e Rufus indicaram como os pontos mais seguros da cidade. Com a ajuda de seu fiel seguidor elfo Pena Branca e do mestre da bebedeira Braad, o cãozinho do berrante criou no térreo uma taverna para trazer alegria ao coração dos que chegavam à nova cidade.


Por certo, ninguém tinha mais afazeres do que Kaliandra Boaventura e Cameron Noites. Com a chegada de mais de uma centena de elfos, além de Dhyon e os outros, Kaliandra viu-se alçada à uma posição de liderança. Os recém-chegados clamavam por orientação e ansiavam pela paz que a rainha Amídalas dos elfos traria.
Haviam ali guerreiros e aristocratas, guardiões e até mesmo um bárbaro, bardos e sobreviventes. Todos receberam armas de fina feitura, boas armaduras, comida e um teto, mas Kaliandra deixou que a embaixadora da rainha Katniss Everdoom cuidasse da recepção e trato com os elfos sobreviventes de Cormanthor, pois tinha de entregar-se totalmente a tentar mostrar-se digna para a espada da lua do clã Evalandriel que encontrara.
Cameron indicou o risco de abster-se de comandar os que convergiam para Myth Drannor, mas ele mesmo não pode deixar de zelar por sua amada, enquanto ela se entregava ao extenuante ritual de purificação. Nem mesmo quando chegaram novos embaixadores da rainha Amídala Ancalímon informando que em 3 dias, sua majestade ali estaria, desviou o foco da trovadora da espada.
Por fim, no momento derradeiro, no limite de suas forças, Kaliandra Boaventura fez com que seu espírito subjugasse o ego da espada, mostrando que havia sim ali uma líder e uma campeã e que seu nome era Kaliandra Boaventura. Foi quando da mata surgiu uma pequena e sagaz raposa...

17 de abr. de 2015

Porcos inúteis, o dia do julgamento


- Ele deve ser destruído! - Urrou Bane golpeando a mesa com sua manopla negra. - Essa é a acusação e essa deve ser a pena! Ele faltou com seus deveres de deus da magia e fez todos os deuses faltaram com as suas obrigações.
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf, você é acusado no tribunal dos deuses por faltar com suas obrigações para com a magia e seus usuários - disse Tyr, ao centro, na posição de juiz entre as duas forças que se antagonizavam ali, praticamente repetindo a acusação do deus do medo.
- Foram apenas 18 segundos... - riu Rhange. - Eu estou dentro das regras. Foi um ato falho.
- Ato falho? - Emputeceu-se Bane. - Esse desgraçado maldito usou isso contra mim quando eu iria tomar o poder de Myth Drannor! Elfo demente!
- Triste coincidência... - lamentou o deus da magia.
- Mesmo que tenha falta por apenas poucos segundos... seu ato foi proposital, Sorrowleaf - proclamou Tyr. - E isso exige uma punição... - finalmente a atenção da plateia de deuses ao redor realmente se fixou no teatro que se passava, Mesmo Oghma, deus do conhecimento surpreendeu-se com a mudança no tom de voz do deus da justiça.
Nenhum deus era obrigado a comparecer, mas todos os ordeiros ou um tanto ordeiros estavam ali, pois acreditavam no valor daquelas mediações ou por saberem tirar bom proveito delas. Apenas os deuses por demais inconstantes como Shar, deusa da escuridão, ou Talos, deus da destruição, não viam valor algum no que quer que fosse ali decidido, nunca comparecendo e nem respeitando tal autoridade.
Ausências também haviam por motivos de força maior, como era o caso de Bibiana, Selune, Amaunthor, Sune e outras divindades menores.
- Essa decisão não cabe a você, deus da justiça - surpreendeu-se Rhange.
- Nesses tempos difíceis... se eu não for justo, tenho certeza que Ao me impedirá de puní-lo! - Afirmou Tyr, fazendo Bane se animar. O semblante do senhor da justiça era carregado, mas ele não tinha dúvida do que seria justo ali.
- Não podemos ficar ao sabor dos humores desse afeminado descabaçado, existem regras... - sorriu o deus do medo, realçando seus traços demoníacos dos muitos pactos com o inferno.
- Se você coloca nesses termos, paladino... - Rhange Hesysthance defez novamente o tecido mágico que era a condição de existência daquele plano, que era um lugar além dos lugares. O ponto mais próximo de Ao como Oghma gostava de chamá-lo. - Você não é muito diferente guarda negro... acho que prefiro anti-paladino...  você não é muito diferente do anti-paladino.
Nenhum daqueles deuses ali presentes sentia mais seus seguidores ou qualquer traço de Faerun. Eram como dezenas de prisioneiros cegos, surdos e frágeis num vazio primordial. É verdade que alguns tinham planos verdadeiramente elaborados antevendo um grande leque de possíveis problemas. Mas mesmo Oghma, Bane e Tyr, que haviam tocado os Mandamentos do Destino durante o Tempo dos Problemas, estavam preparados para aquilo. Silvanus e Chauntea certamente foram os mais afetados, mas várias divindades menores e semi-divindades, que encontravam verdadeiro apreço por aqueles teatros jurídicos simplesmente deixaram de existir. Isso durou 18 segundos até que tudo voltasse a ser como antes.
Os deuses estavam espalhados pelo chão, aturdidos pelos milhões de vozes desesperadas com a ausência deles, enquanto houve um rasgão no espaço e o mesmo inevitável flutuante de formas geométricas surgiu para lidar com Rhange Hesysthance Sorrowleaf.
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf, deus da magia de Abeir-Toril, Faerun, situado manifesto no semi-plano do Tribunal dos Deuses, em tempo de representatividade divina e dialética. É acusado de perturbar o equilíbrio primordial da existência com o desligamento total da magia.
- É mesmo? Que descuido o meu... queira perdoar... - repetiu o deus como antes. - Mas como vê a magia já foi restaurada.
Com essas palavras, a criatura retornou pelo portal e desapareceu.
Rhange Hesysthance Sorroleaf olhou todos os deuses caídos em volta, enrolou seu manto de muitos olhos pelo corpo e bradou:
- Acho que entenderam até onde posso chegar! Porcos inúteis, não me servem pra nada

11 de abr. de 2015

Somos um só

O pequeno pássaro negro singrava o céu vendo aquela massa urbana que parecia devorar os campos ao redor com ferro e fogo. O clima era mais ameno ao norte da floresta de Cormanthor, vindo com o vento a brisa do Mar da Lua. Edgar observava com atenção a poderosa mulher montada no pesadelo albino, que matara o clérigo de Bane e conduzia as tropas dos zhentarianos para a cidade. Era um grande centro urbano, mas que parecia crescer além da própria capacidade. Era tudo muito caótico desde o porto até as estradas. Uma nuvem de fumaça espessa cobria todo o lugar, mesmo o mar e os campos ao redor. Haviam muitas fábricas e chaminés, além de fogueiras e podridão trazendo essa aura mal-cheirosa. Além disso, o que havia de campos ao redor da cidade estava tomado pelos acampamentos das tropas de mais de 40 mil soldados, entre humanos, orcs, meio-orcs e punhados de outros humanoides malignos.
O centro da cidade era formada por uma magnífica fortaleza. Uma joia da arquitetura e engenharia, o forte mantinha a partir do planalto central uma visão total das ruas, vielas e campos. Era como uma pedra fundamental emergindo da decadência que a circundava. Tinha paredes negras de rocha e poucas janelas ou passagens, mesmo nas torres. A própria construção lembrava uma grande manopla negra de Bane.
As tropas ficaram estacionadas no acampamento, enquanto sua líder de olhar psicótico se dirigiu para a fortaleza central. Lá, Edgar a perdeu de vista. Mas não teve dúvidas e se dirigiu para uma das grandes chaminés de onde vinha fumaça. Desceu por ali com agilidade, conseguindo evitar o fogo, mas não sem deixar de ser visto por um dos cozinheiros que trabalhavam na enorme cozinha. O familiar de Derdeil Óphodda usou seu anel de invisibilidade para sumir, o que surpreendeu o cozinheiro, mas os deveres do serviço impediram o humano de se preocupar com aquilo. Havia um jantar para servir.
O corvo Edgar aguardou e depois acompanhou o banquete que foi levado para um amplo salão de jantar. Nele, o familiar reconheceu a mulher que avistara, além de generais e sacerdotes do deus da tirania. Toda a parede oposta era tomada por um mural onde Bane esmagava Tyr, Ilmater e Torm. Sozinho à cabeceira, estava um homem loiro e barbudo, que vestia uma armadura de placas verde escuro. Havia uma aura terrível de medo nele, da qual nem mesmo seus subalternos pareciam escapar.
Sem conter sua curiosidade animal, Edgar se aproximou pousando sobre a mesa furtivamente, mas acabou paralisado por uma magia daquele que chamaram de Fzoul Chembryl.

Longe dali, após mais de um dia na colossal caverna de tesouros sob as ruínas de Myth Drannor, os heróis atenderam ao conclame de Sérgio Reis e foram encontrar os elfos recém chegados. Derdeil Óphodda teleportou a si e aos colegas para o palácio, onde encontraram mais de uma centena de elfos de pele esverdeada conversando com o bardo, Braad e os outros elfos que seguiam Kaliandra Boaventura.
A trovadora da espada Kaliandra Boaventura recebeu aqueles que eram os últimos elfos sobreviventes de Cormanthor, fossem refugiados após as investidas de Bane ou de Lolth. Todos haviam sentindo o chamado que trazia de volta a rainha dos elfos. Eles traziam consigo um prisioneiro drow, espancado e inconsciente, atado com muitas cordas e nós. Com a ajuda de Cameron e Dhyon, ela se pôs a conectar todos os elfos ao mythal da cidade, enquanto entregou a lâmina da lua dos Evalandriel para ser identificada por Derdeil. O mago de Halruaa reuniu todos os itens recém-encontrados para estudar seus poderes como o livro dos Ébrius, o manto achado por Rufus e a espada da elfa, entre outros. Mesmo que antes, uma breve e ríspida discussão com Cameron Noites tenha se dado.
Mari'bel e Rufus aproveitaram para inspecionar os arredores da ruína com todo o cuidado, mapeando todas os rastros e áreas de interesse. O que mais chamou a atenção de ambos, foram os rastros de um dragão das sombras gargântico que indicavam seu covil. Esperaram pelo escolhido do deus da magia  e os itens mágicos e foram com ele até a entrada. Lá dentro encontraram além de tesouros, quatro pequenos filhotes, que ofereceram pouca resistência. Dois acabaram mortos, enquanto os dois últimos escaparam.

No palácio, os elfos viram chegar um grifo com um cavaleiro ao fim do ritual de conexão ao mythal.
- Eu sou Katniss Everdoom... - disse a elfa retirando o elmo que escondia seu rosto. Ela vestia uma armadura com os símbolos sagrados da guarda real de Encontro Eterno. - Eu venho em nome da rainha Amídalas Ancalimon, como embaixadora de Encontro Eterno em busca de Kaliandra Boaventura.
- Aqui estou, embaixadora Everdoom... - adiantou-se Kaliandra reconhecendo a jovem que não era mais do que uma aspirante a embaixadas, quando Boavetura partira a menos de um mês.
- Vim cuidar dos preparativos para a chegadas dos elfos...
- Você deve se conectar ao mythal de Myth Drannor, nosso novo lar... - sorriu Kaliandra. - Eu irei enviar uma mensagem para a rainha. Ó magnânima rainha, aqui fala tua serva, com a graça de Bibiana, tudo está pronto para sua chegada...
- Tenham esperança, pequenos vermes... - soou a voz de Lolth, deusa das aranhas, em resposta. - Quando eu terminar de sacrificar sua pueril deusa, será a vossa energia vital que eu sacrificarei... - o restante foi uma gargalhada sinistra.
Isso, apesar do medo que espalhou, não abalou Kaliandra Boaventura, que caiu de joelhos e agarrou o corpo semi-consciente do jovem drow ainda amarrado.
- Somos um só, maldita! Responderemos à morte que carregas com a vida... às suas trevas com luz... às suas tramoias com esperança. - Ela sacou sua espada longa e a aproximou do drow. - Que o amor de Bibiana nos guie e que mostre que um novo tempo dos elfos se inicia. Somos um só!
Kaliandra cortou as amarras que continham o elfo negro.
Derdeil Óphodda, após retornar com Rufus e Mari'bel, enviou uma mensagem mágica para Edgar. Além de ter passado todo o tempo paralisado a ouvir as palavras dos servos de Bane, ele percebeu a mensagem mágica na língua infernal. Fzoul Chembryl não perdeu tempo e se teleportou, surgindo em pleno palácio, à despeito das proteções mágicas que deveriam evitar aquilo.
Ele arremessou Edgar no chão e pisou com violência sobre o corvo.
- Você sentirá o que seu deus iria sentir ante o poder de Bane! - Proclamou o escolhido da tirania para o escolhido da magia com ódio no olhar. - Imploda!!!
Derdeil Óphodda soube que aquela energia o desintegraria para sempre, mas tinha uma nova arma secreta. Seu manto único queimou a energia mágica que o formava devolvendo a magia sobre Fzoul Chembril. O escolhido de Bane teve de clamar por suas forças de escolhido para resistir ao próprio poder exterminador. Ele soube que a ameaça que rechaçara seu exército não era tão pueril. Sem perder tempo, como chegara, partiu.

4 de abr. de 2015

18 segundos...


- Não há poder que possa deter o medo!!! - Urrou Bane, o deus da tirania, enquanto suas manoplas negras golpeavam e destruíam a muralha mágica que protegia Myth Drannor contra o mal. Mesmo a energia élfica não era capaz de conter tamanha maldade.
Ainda dentro do palácio, o grupo de aventureiros via pelas janelas que o colossal deus maior logo estaria sobre eles.  Da floresta, ele passaria às ruínas mesmo com a proteção do mythal, revivida por Kaliandra, Cameron e seus seguidores élficos que se fundira com a coroa e com as próprias ruínas.
- Pelo contrário, Baninho... - debochou Rhange Hesysthance. - Qualquer magia ali pelo quarto nível deixa imune a medo, meu velho. Você tem talentos melhores como essas manoplas abissais e esses talentos ladinos e de assassino, não é mesmo? Mas de que adianta isso sem magia, não é mesmo...
Quando o deus da magia terminou de falar, todos entenderam que não havia mais qualquer traço que fosse de magia no mundo. Por toda Abeir-Toril, o tecido mágico simplesmente deixou de existir.
Em Halruua, por 18 segundos navios voadores caíram do céu. Mas a Adama se ergueu.
Em Nowah Araunshee, por 18 segundos, centenas de milhares de mortos vivos tombaram ao chão e uma deusa viu interrompido seu ritual de sacrifício.
Na Grande Floresta, por 18 segundos, uma terrível maldição que devorava a vida das árvores ancestrais cessou.
Nas ruínas do que foi Lua Prateada, por 18 segundos, a prisão imposta pelos Inevitáveis a um desmorto arquimago de Netheril se desfez.
Em Thay, magos vermelhos urraram com seus servos como se estes tivessem culpa. Golpearam com seus cajados, rasgaram com suas adagas, fustigaram com seus açoites, mas não invocaram qualquer magia. Tentavam desviar o foco dos seres estúpidos, enquanto proteções, invocações, ilusões e encantamentos desapareciam.
Ao norte da floresta de Cormanthor, a poucos quilômetros das ruínas que eram seu objetivo, os zhentarianos, servos de Bane, sentiram o poder que os animava faltar. Não só a magia dos itens, mas as preces que tinham reservado para a batalha faltaram e mesmo a moral mágica que impelia suas tropas. Antes que os lacaios orcs questionassem, os exércitos estavam retornando para o norte.
Numa caverna, por 18 segundos, o druida Chuck Norris em forma de rato, viu-se despetrificado, mas incapaz de retornar à forma humana, movendo-se sobre centenas de moedas.
Em Myth Drannor, o deus da tirania e do medo Bane simplesmente desapareceu.
- Você está louco como é próprio dos elfos, Rhange Hesysthance? - Gritou Sérgio Reis temendo mais um ardil do deus da magia.
- O grande Rhange Hesysthance sabe o que faz, bardo. Já não há mais ameaça... louvado seja o poderoso Rhange Hesysthance.
- 17... 16... 15... - falava o deus da magia olhando para o próprio pulso.
- Ainda assim precisamos ter certeza do que significa... - ponderou Mari'bel.
- Sinto la sobriedade... - Braad alcançou uma garrafa e tomou rum ainda se sentindo estranho sem boa parte de suas tatuagens.
- Xiiii... - disse Rufus se escondendo.
- Eu vou averiguar, chefe... Rhange é o Deus e Óphodda é seu profeta... - falou o corvo Edgar batendo asas e saindo por uma das janelas.
- 14... 13... 12...
- Você nos priva da proteção do mythal, deus da magia! - Protestou Kaliandra.
- O que faremos agora, ó magnânima Boaventura? - Quis saber o devoto Dhyon, que falava pelos outros elfos que seguiam o casal de trovadores da espada.
- 11... 10... 9... 
- Acalmem-se... - interviu Cameron Noites. - Mesmo sem o poder do mythal temos uns aos outros...
- É isso mesmo, meu bem... - concordou Kaliandra e isso bastou para apaziguar os elfos.
- Se só nos resta esperar... - deu de ombros Sérgio Reis indo para perto de seu seguidor Pena Branca.
- Devemos fazer como deseja o grande Rhange Hesysthance! - Proclamou Derdeil, enquanto via pelos olhos de seu familiar as árvores destruídas na floresta pela presença de Bane, mas nenhum sinal do deus ou de novas ameaças. Ele se afastou dos elfos.
- 8... 7... 6...
Rufus e Mari'bel buscaram por rastros ou coisas interessantes, mas não haviam novos sinais ou ameaças. Braad bebeu quanto rum podia. Derdeil seguia vendo pelos olhos de Edgar, que ganhando os céus via por sobre as copas das árvores, que não havia sinal de exército próximo vindo do norte.
- 5... 4... 3...
- Devemos estar prontos como for necessário para receber nossa rainha e nosso povo retorna, com a graça de Bibiana... - disse Kaliandra Boaventura numa curta prece para motivar a fé no coração de seus seguidores.
- Somos um só - repetiram os seguidores da deusa dos elfos.
- 2.. 1... lá vem eles!
- Eles quem? - Não conseguiu deixar de protestar Sérgio.
- Não há sinal do deus do medo... - alertou Derdeil.
- Ele não voltará! - Avisou Rhange... - e agora... - antes que alguém mais falasse, um rasgo surgiu no espaço, rompendo o tecido da própria existência. Dele emergiu uma criatura flutuante e formada por perfeitas figuras geométricas esverdeadas. Ele surgiu diante do deus da magia e se dirigiu a ele.
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf, deus da magia de Abeir-Toril, Faerun, situado manifesto na floresta de Cormanthor, ruínas da cidade élfica de Myth Drannor, no ano do Retorno do Elfos pelo calendário de Harptos. É acusado de perturbar o equilíbrio primordial da existência com o desligamento total da magia.
- É mesmo? Que descuido o meu... queira perdoar...  - Gesticulou o deus da magia devolvendo à existência um tecido mágico. Todas as forças e efeitos que dele dependiam retornaram. Mas nenhum sinal da ameaça tirânica. -  Pronto, pronto... tudo como tem que ser de novo...
A criatura retornou pelo portal e desapareceu.
- Um Inevitável. Um dos graudos! - Disse Mari'bel assustada.
- Bem, tenho de ir... vocês cuidem das coisas por aqui... - disse Rhange despreocupadamente.
- Mas, meu Deus... precisamos de poder para isso... - disse Derdeil.
- Eu vi um lugar com coisas legais.. - lembrou Rufus.
- A caverna com artefatos... - concordou Derdeil.
- Suas proteções e guardiões são contra não elfos... - disse o deus da magia antes de desaparecer.
- Mas antes precisamos, enfim, descansar... - avisou Kaliandra Boaventura.


Kaliandra Boaventura e todos que comungaram em revitalizar o mythal de Myth Drannor tiveram um hórrido sonho. Nele, Bibiana Crommiel, deusa dos elfos, estava presa em uma teia de aranha sobre um abismo. Uma aranha viúva-negra vinha até ela e degolava sua cabeça.
Derdeil Óphodda viu Halarah, capital de Halruaa, onde a massa do povo harlruniano reunia-se diante do líder supremo Zalathorm. Este proclamava um novo herói e salvador, um escolhido pela própria magia: Derdeil Óphodda.

Depois de horas voando sem descanso, Edgar começou avistar o exército zhentariano rumando para um cidade ao norte no Mar da Lua. Ele seguia aquele que parecia ser o líder entre os clérigos de Bane. Manteve a atenção nele até este ser destruído pela mulher psicótica que chegou montada num pesadelo albino e espalhou o medo de terem falhado com o deus da tirania pelo exército zhentariano.


Ao acordarem, os heróis se dirigiram novamente para as ruínas do templo de Sune. Sérgio Reis, Pena Branca e os seguidores de Kaliandra ficaram no palácio. Pelo caminho, eles percebiam como a cidade de Myth Drannor parecia lentamente se regenerar de séculos de ocaso. Isso aumentou a esperança de que Kaliandra e Cameron pudessem reaver os poderosos artefatos que Rufus e Edgar haviam encontrado na câmara subterrânea.
Com magia para encolher e força de vontade, o casal lá chegou, mas viu-se petrificado ao tentar recuperar um tomo e uma espada imersos no mar de moedas. Nem mesmo o elo mental permitia que se comunicassem. 
Quando Derdeil e Mari'bel adentraram por uma porta dimensional e Rufus pela estreita passagem, desativando a runa protetora por alguns segundos, isso fez as imensas estátuas defensoras de tumbas se erguerem com seus martelos para atacar. O escolhido do deus da magia conseguiu dispelar a petrificação, enquanto Cameron subiu em forma de gás e Kaliandra voou para junto dos amigos. Mas estavam confinados ali.
Foram preciso horas de planejamento e repouso até que os monstros autômatos retornassem a hibernar. Durante o sono, todos viram um julgamento divino. Entidades como Rhange, Bane, Tyr, Chauntea, entre outros ocupavam um salão onde uma disputa era travada.
Ao acordarem daquele devaneio onírico, os heróis perceberam que o tempo era escaço. Se apressaram e trouxeram a espada da lua da família Evalandriel e o Tomo da Alta Magia Élfica da família Ébrius.
- Andem... tem um monte de elfos aqui procurando a Kaliandra... - convocou Sérgio Reis. - Já expliquei pra eles que não devem fazer coisas estúpidas como é próprio dos elfos... mas eles tão querendo ir embora...