29 de dez. de 2014

O alto custo da energia


Rufus Lightfoot havia se separado dos companheiros que ficaram orando para Bibiana Crommiel. Já passara pelas ruínas do templo de Tyr, destruído pelos raios da tormenta, quando o inesperado amanhecer chegou. No local encontrara um bom número de pergaminhos e uma espada valiosa repleta de pequenas balanças encrustadas feitas de pedras preciosas. Já estava chegando ao mercado, esmagado em boa parte por um dos rochedos que despencara das nuvens tempestuosas e lá recolheu alguns livros de magia, pergaminhos e poções. Mesmo curioso com aquele sol súbito e brilhante àquela hora da madrugada, o pequeno ladino preferiu dirigir-se para o templo de Sune, onde recolheu outros pormenores e um belo bastão cravejado de rubis com ajuda do faro de Azuzu II. 
Ao contrário de seu pequenino aliado, o restante do grupo, que estava na muralha da cidade, viu o recém-chegado e portador do sol, que salvara a todos com aquela luz pura e positiva ser repelido pelo santo paladino Ryolith Fox, servo de Tyr:
- Você não é bem vindo aqui, servo de Amaunthor.
- Se eu não viesse resgatá-lo, servo de Tyr, você e sua cidade teriam perecido. Seriam mais uma vítima da deusa dos drows.
- Não precisamos da servidão que impõe aos seus, Daelegoth Orndeir. Preferimos morrer livres, do que viver de joelhos! - O santo paladino se levantou ainda fraco apoiando-se na espada que um dia pertencera à sua finada esposa Palas Atenas.
- Será que é isso mesmo que prefere o seu povo? Os pobres filhos de Forte Arsheben? Creio que nós temos que conversar, meu caro... em particular. A graça de Amaunthor manterá o teu povo seguro.
- Certamente ninguém aqui deseja a morte, filho do sol - interviu o arquimago Eurípedes do alto da muralha. - Permita-me participar dessa tomada de decisão, pois há muito em jogo aqui. Devemos nos reunir na torre da guilda arcana.
- Esse assunto não é para você, pequeno arquimago. Apenas os verdadeiros comandantes do destino tem voz e ouvidos aqui... - disse Daelegoth alcançando Ryolith e se teleportando com ele.
Dessa forma, enquanto Eurípedes se remoía de raiva, Mari'bel, Kaliandra, Cameron, Derdeil, Braad, Sérgio Reis e Pena Branca optaram por retornar ao que restara do templo de Bibiana, onde permaneciam a própria deusa, seus seguidores elfos e o druida Chuck. O corvo Edgar foi enviado por sua mestra para a torre dos magos a fim de saber o que estava sendo discutido por lá.
No templo de Bibiana, onde a energia do mythal parecia engrandecida com a chegada da força positiva daquela súbita manhã, todos puseram-se a invocar mais energias que pudessem ser consagradas à senhora dos elfos. Bibiana cada vez mais recuperava os traços divinos enchendo o coração de todos com esperança.
No entanto, o escolhido do deus da magia Derdeil Óphodda sabia que faltava a energia do mythal da Grande Floresta que estava contida no pequeno hobbit para ativar a totalidade do poder do mythal de Myth Drannor. Graças à comunicação telepática, eles invocaram Rufus, que se apressou.
Porém, quem chegou logo foi o arquimago Eurípedes, determinado que estava a levar o mythal com ele:
- Deem-me logo o artefato. Essa cidade está condenada e não posso deixar que o mythal se perca com ela. Venham comigo ou saiam do meu caminho!
- Nada disso, humano tolo - disse Kaliandra sacando sua arma e se pondo no caminho, assim como seu amado Cameron Noites. - O mythal não sairá daqui!
- O mythal está restaurando a divindade da deusa dos elfos - protestou Mari'bel retesando seu arco.
- Da mesma forma que o salvamos... nós podemos destruí-lo, arquimago Ésquilo... - debochou Sérgio Reis fazendo sinal para Pena Branca se preparar e já elevando a moral de seus aliados.
- O arquimago tem razão amigos... - protestou Derdeil, justamente quando a mente de Kaliandra era tomada por mensagens de seu familiar Edgar. 
- Mestra, escute só...
- Eu não irei abandonar Forte Arsheben!!! - Urrou Ryolith.
- E se eu disser que Palas Atenas não morreu Ryolith... se eu disser que sei onde ela está e que você ainda pode salvá-la? Vale a pena morrer aqui sabendo disso? - Questionou Daelegoth. Edgar não os via, mas apenas os ouvia do outro lado da janela fechada da torre arcana.
- Se ficarmos vamos entregar o mythal de bandeja... - continuou Derdeil. - Melhor voltarmos para Myth Drannor com o mythal pleno.
- Merror seguirmos el mago... - ponderou Braad, mas os demais se mostraram irredutíveis.
- Ele não é o líder do grupo... - gritou Chuck.
- Eu não tenho tempo para isso... - Eurípedes avançou, invocando uma telecinésia para carregar o artefato e explodindo energia mágica bruta, mas Mari'bel o agarrou mesmo assim, enquanto Pena Branca disparou suas setas. Cameron se adiantou com a espada, mas Braad o derrubou, o que o tornou alvo da fúria de Kaliandra. A elfa o atingiu com sua espada longa, enquanto ordenava para que Edgar retornasse.
Rufus Lightfoot avistou a batalha nas ruínas da igreja de Bibiana, quando Derdeil Óphodda invocou uma torrente de água que derrubou Mari'bel e Kaliandra Boaventura, mas não impediu Cameron Noites de transformar o arquimago Eurípedes em gás antes que este tocasse o mythal. O arquimago perdeu mais tempo dispelando a magia, o que fez todos se interporem entre ele e o mythal novamente.
- Vocês pagarão por isso, seus tolos - ele disse antes de partir com um teleporte.
O hobbit chegou sorrateiro e célere, resgatando a energia mágica de seus itens e consagrando-a a Bibiana, enquanto derramava a magia no mythal flutuante. A senhora dos elfos se pôs de pé recebendo as forças plenas do mythal. Mas foi quando surgiram também dois visitantes inesperados. Lolth, senhora dos drows, agarrou Bibiana pelos cabelos como uma boneca:
- Olá, criança... me dará o prazer que Corellon não me deu...
- Tire as mãos dela, demônia maldita! Nada aqui lhe pertence... - disse Daelegoth se interpondo entre o mythal e Lolth.
- Seus truques não são capazes de me deter.. com mais este sacrifício tudo será meu.. tudo será uma parte de minha teia!!!
- Não hoje... - murmurou Bibiana, que mesmo aturdida lançou os heróis e o mythal para longe dali.


Abrindo os olhos, Derdeil Óphodda reconheceu seus aliados, os elfos servos de Bibiana e o mythal. Estavam novamente nas ruínas de Myth Drannor como ele tanto desejara.

13 de dez. de 2014

De Araunshee a Lolth...

Ela já teve dois nomes e muitos epítetos. Ela surgiu no princípio. Sentiu aquele toque ajudando-a a se levantar. Ela o olhou pela primeira vez como o olhou todas as outras vezes. A sinfonia criadora ainda tocava quando eles começaram a bailar pela primeira vez. Ao mesmo que se enamorava e seus cabelos se embaraçavam, ela percebia aquele povo, aquelas vidas, aqueles interesses longínquos que conformavam sua existência: uma mulher que envolvia seu recém-nascido; uma menina que se admirava com uma borboleta pousando na ponta de sua orelha; uma anciã que contava histórias enquanto bordava. Tantas delas, que despertavam do sono desde antes da viagem. Um novo conformar.
Com a dança e a música veio a prosperidade nesse mundo novo. Esse mundo não conhecia nada como o belo povo que chegava. Era um mundo bruto, rústico, mas ainda assim magnífico. Seu consorte anunciou a todos que aquela seria a nova morada dos elfos. Assim como os Seldarine se entenderiam com as divindades desse mundo, também os elfos deviam se aproximar e se apresentaram àquele mundo e seus habitantes.
Araunshee viu seus filhos povoarem as florestas daquele mundo. Eles não eram seus verdadeiros filhos. Seu amor por Corellon Larethian, pai de todos os elfos,
lhe dera dois filhos: o jovem Vhaeraun, deus da esperteza e da juventude e a pequenina Elistraee, a deusa do nascimento. Ele representava a jovialidade e o espírito da mudança próprio dos jovens, que seu pai já não
podia mais inspirar. Ela representava esses tantos nascimentos que se apresentavam aos elfos. Ambos tinham a bela pele negra de sua mãe, mas os olhos azuis do pai. Os que adoravam a senhora dos elfos acima de tudo eram chamados Illythir, filhos da mãe na primeira língua.
Mas entre os outros elfos, outra era a mãe do belo povo. Sehanine fora a primeira esposa de Corellon, mas nunca aceitara o pai dos elfos como o primeiro, mas sim como seu igual. Era ele também seu filhos afinal de contas. Eles brincaram e competiram no princípio. O êxtase dos começos mascarava as frustrações das brigas que iam surgindo. O filho que eles tiveram, Solonor Larethian, ao invés de unir seus pais, jogou-os de vez um contra o outro. Assim, o jovem deus da guerra viu seus pais destoarem nos versos e aconchegou-se ao peito da mãe. Ao rei dos elfos restou o trono e a solidão.
Mas isso durou pouco, pois Araunshee logo o encantou com sua doçura e admiração eloquente. Isso foi antes dos servos do mal corromperem e macularem a essência da existência. Antes dos elfos precisarem partir pelos portais para outra existência,
Nesse novo mundo, Corellon entendeu-se bem com Silvanus, senhor do que vive, Chauntea, aquela que era o próprio mundo, Selune, a primeira filha, Jergal, senhor dos mortos, Morpheus, senhor dos sonhos, e Bahamut, senhor dos dragões. Mas também inimizades surgiram com Shar, o caos, Talos, a destruição, Tiamat, senhora dos dragões, e seu inimigo supremo, Gruumsh, senhor dos orcs, cujo olho arrancou na primeira batalha.
Os elfos mostraram aos outros povos sua magia, mas apenas os dragões a compreenderam e a melhoraram enquanto ainda existiam como um povo, antes dos próprios elfos os amaldiçoarem por isso. Os outros preferiam a magia simples de manipular a força tênues do mundo e não os pontos nodais em si mesmos. A alta magia élfica ancorada na energia comum do belo povo ergueu impérios e mythais capazes de protegê-los e potencializá-los.
Porém, entre os deuses e entre o povo élfico, pequenas fissuras começavam a comprometer a estrutura que se expandia. O jovem deus da guerra cada vez mais alimentava seu povo a combater e levar a batalha aos inimigos com impetuosidade e destemor. Tinha sempre ao seu lado seu jovem irmão Vhaeraun, muitas vezes se entregando os dois às batalhas contra as hordas de orcs em meio aos mortais.
Corellon tinha muita satisfação com aquela amizade, mas Sehanine e Araunshee não a viam com bons olhos. Sehanine, deusa do amor, deusa da fertilidade, deusa da experiência, entendia que um conflito entre os dois herdeiros era inevitável, alertando seu filho, mas sem intervir diretamente. Araunshee temia o que a antiga esposa de seu marido pudesse fazer contra seu filho. Ela temia a atenção que seu marido dedicava a ela e ao filho dela. 
Foi nessa época que Araunshee conheceu o anjo Malkizid. Ele veio como embaixador de Zaphkiel, senhor dos Sete Céus, que alguns chamava de Deus Uno, para ter com Corellon. Ela percebeu que o anjo se encantou por ela, deusa da paixão, do interesse, do prazer. Embora adorasse seu marido mais do que tudo, Araunshee não deixou de dar atenção aos olhares do anjo.
Quando foi a hora de Corellon Larethian enviar alguém de sua confiança na embaixada aos Sete Céus, Solonor recusou a missão. A discussão foi áspera. No mundo, reinos élficos lutavam entre si. Até mesmo pactos satânicos eram celebrados entre alguns do belo povo.
Foi Vhaeraun quem aceitou a missão e foi com Malkizid, mas eles nunca chegaram aos Sete Céus. Malkizid aceitou a oferta do amor de Araunshee em troca do poder para derrotar Corellon, enfraquecido que estava pelas disputas com o próprio filho. Ele seu uniu à deusa nas cavernas sombrias do Abismo e desejou-a ainda mais.
As famosas Guerras da Coroa se seguiram. Cinco ao todo, onde os Illythir foram expulsos para baixo da terra. Passaram a ser chamados drows. Araunshee passou a ser Lolth. Junto com ela, seus filhos e Vaehrun foram expulsos dos Seldarine por Corellon, que ainda chorava o assassinato de seu filho Solonor. Não fosse a união de Sehanine a outra duas deusas elfas, Aerdri e Hanali, para formar Angahard, a senhora de tudo, e ele também teria sido morto.
Lolth cooptou demônios para seu ninho de teia no Abismo. Seu amante, no entanto, foi aprisionado na limite do caos absoluto. Uma prisão de onde nunca poderia ter sido libertado, enquanto algo ainda existisse. Uma prisão feita de nada, onde apenas o vazio o acompanhava. 
A senhora dos drows jurou que se vingaria daquela derrota. Ela teria sua vitória qualquer que fosse o sacrifício.

Quando Malkizid retornou após ser libertado pela chave dos planos, ela sabia que a hora de sua vitória chegara. A partida dos deuses elfos para o mundo de onde haviam vindo, apenas facilitou isso. Ela sabia que assim poderia facilmente destruir a tola mortal promovida a deusa, todos os filhos de Corellon e Sehanine, e governar sobre as ruínas que restassem. Então ela envolveria tudo em sua teia, podendo até mesmo descartar aquele velho mundo como uma casca seca de serpente.
Primeiro, a deusa dos drows sumiu completamente, silenciando até para seus filhos mais devotos. Depois, um a um, ela sacrificou seus filhos e aliados. Vhaeraun, seu primogênito, foi o último, e isso a banhou com um poder tão incomensurável, que a própria tessitura da existência tremeu. Foram tantos dentre os drows mortais que haviam sido sacrificados em sua glória, que ela abraçou as energias negativas para trazê-los de volta como um cortejo de mortos-vivos. 
Quando o ignóbil mortal Rhange Hesysthance Sorrowleaf acendeu a deusa da magia e mudou seu funcionamento, foi como se escancarassem as portas para sua vitória. Era agora o momento de sacrificar seus inimigos...

11 de dez. de 2014

Evereska (introdução do jogo...)

Daphne da Grande Floresta orava para as forças da natureza, enquanto a clériga Jacke cuidava da ressurreição de sua sobrinha Viviane. Os drows haviam levado o corpo da jovem druida, mas não teriam a alma dela, isso ela podia garantir. 
Próximo dali, Ehtur Telcontar, seu fiel amigo, conversava com Fangorn, Falcon Eagle e Timothy Hunter acertando os detalhes da salvaguarda do mythal como desejara o poderoso dragão Imvaernarhro. O grupo de aventureiros partira há algumas horas e tinham um druida de seu círculo e uma fada com eles, eles iam averiguar até onde ia aquela ameaça drow. Foi quando o primeiro lampejo surgiu em sua mente.
Ela ainda ouvia Jacke a pronunciar as palavras, assim como o campo de força com o qual o mythal abastecia de magia élfica toda a Grande Floresta. Mas em sua mente só havia uma imagem. A serpente sem fim. Dendar. Daphne a via imobilizada, presa a uma teia fina. O desespero tomou conta dela, mas ela já não podia fazer mais nada. A magia da clériga gnoma , serva de todos os deuses, não conseguiu resgatar a alma de Viviane, pois esta estava já profanada por uma força muito superior à de Jacke. Além disso, a pequenina sentiu a força abissal que correu por ela e alcançou sua guru Daphne. 
Daphne ouviu o desespero de seus colegas. Ela ouviu Jacke, que resistira à maldição milagrosamente, gritar seu nome sacudi-la, invocar inúteis bençãos e proteções contra o mal. Ouviu Ehtur enviar mensagem mágica ao dragão milenar, sem obter respostas. Por fim, o guardião e adepto da lança reuniu seus antigos companheiros de aventuras e rumou para Evereska. Lá estava o também catatônico John Falkiner, escolhido de Bibiana, assim como o poderoso cetro da deusa dos elfos. O bardo Yorgoi dizia que aquilo poderia quebrar a maldição sobre a mestra das muitas formas. 


6 de dez. de 2014

Sol da meia-noite


Derdeil Ophodda seguiu disparado pela escuridão sobre Chuck Norris em forma de veloz cavalo. Quando as aparições começaram a surgir e atacá-los, não fosse a energia do fragmento do mythal ao qual se conectaram e teriam perecido. Derdeil conjurou uma luz da manhã antes mesmo de ver luz brilhar em Forte Arsheben, além da súbita tormenta de relâmpagos que se formou. As nuvens negras e crivadas de relâmpagos cobria toda a cidade como um anúncio do armagedom.
Em seus pensamentos, o mago de Halruaa chamou pelo deus dos magos. Ele concentrou-se como pode, mas não havia resposta. Mas ao pensar em outras possibilidades ouviu:
- Diga Derdeil Óphodda, escolhido da magia...
- Quem está por trás disso?
- A senhora das aranhas...
Dentro dos muros da cidade, Mari'bel, entre os arqueiros da defesa, via os inimigos despontarem e sentiu as gotas ácidas pingarem das nuvens. A horda era ainda mais vasta que a anterior. Foi quando as aparições começaram a emergir do solo.
No templo de Bibiana, os elfos que se reuniam ao redor de sua deusa sem poderes e os aventureiros buscavam preces. A fé de todos pareceu reunir-se na deusa sem poderes dos elfos, fazendo Bibiana Crommiel brilhar. Aquela luz se não era quente, ao menos cintilava e se expandia esconjurando as aparições sombrias que também chegavam por ali. A senhora dos elfos ia recuperando os traços divinos.
Mesmo envolto em luz, Forte Arsheben estava banhado em ácido e isso servia para quebrar a confiança das tropas. Quando seis relâmpagos deixaram as nuvens e explodiram o templo de Tyr, toda a moral que Ryolith Fox mantinha de pé tombou por terra junto com as pedras da casa da justiça.
O efeito mostrou a Derdeil Óphodda que aquele era um efeito, no mínimo, épico se não uma intervenção divina. Chuck Norris intensificou o galopar. Evitando ao máximo as gotas ácidas, Edgar subiu à máxima velocidade, cruzou as nuvens nefastas e do alto conseguiu ver o ponto brilhante que se aprozimava a galope.
- Mestre Óphodda...
Mari'bel e Braad, assim como alguns dentre os demais defensores da cidade buscaram a proteção de alguma cobertura física contra a chuva ácida. A iniciada do arco encontrou uma janela de onde conseguia vitimar ao menos um morto-vivo drow, quando não dois por ivestida. O monge bêbado se pôs a defendê-la enquanto bebia. Lá fora, o arquimago Eurípedes conseguiu proteger ele e mais alguns com magia contra o ácido, mas foi o santo Ryolith Fox quem devolveu ânimo aos vivos.
- Nós não viemos aqui para viver, defensores de Forte Arsheben. Nós viemos aqui para fazer justiça! Nós viemos para morrer lutando contra o mal sem fim!!! Nós viemos fazer a morte temer por ter de nos levar!!! - E com essas palavras, ele saltou sobre a massa avassaladora de mortos-vivos drows. 
Como se o próprio Tyr envolvesse o santo paladino, cada golpe de Ryolith Fox era como o de dez homens como ele. A cada volteio de sua espada, várias aberrações mortas-vivas tombavam ao solo, enquanto o triplo tomava seu lugar e continuava subindo. O arquimago lançou meteoros de fogo sobre a horda. Reanimada com a proeza épica de seu líder, as tropas de Forte Arsheben se reposicionaram e conseguiram conter o avanço da horda sobre as muralhas da cidade. Braad tombou nessa leva de ataques protegendo a fada.
Kaliandra Boaventura tinha dificuldade em manter a concentração com as imagens mentais e comunicações de Edgar, mesmo assim, Cameron Noites segurou a mão dela instigando-a a entregar sua vontade a Bibiana. A elfa soube que Derdeil estava chegando.
Quando Edgar pousou no ombro do escolhido de Azuth, faltavam poucas centenas de metros até a cidade:
- Mestre Óphodda... ó meu grande senhor... tá tudo fodido.. Kaliandra está no templo de Bibiana...
- Então é para lá que nós vamos! - Com um gesto, Derdeil Óphodda usou de seu poderes de escolhido e se teleportou para o templo da deusa dos elfos.
Derdeil, Chuck e Edgar viram os elfos, além de Sergio Reis reunidos em oração para Bibiana no exato momento que um rochedo caiu sobre a metade do pequeno templo. Pela cidade outros desses pedregulhos celestes destruiu parte do muro da cidade e construções espalhando o caos e a morte. 
Sem demora, um a um, os heróis e elfos foram se conectando ao mythal.
- Devemos depositar toda a energia no mythal - alertou Derdeil para seus aliados. - Passem até mesmo a energia depositada nos itens mágicos.
Com a força que recebeu de Sérgio Reis, os fragmentos que Derdeil lançara entre eles passaram a flutuar e se fundirem em uma só esfera. Isso também fez com que em toda cidade, seus cidadãos fossem tocados pela energia positiva. Isso levantou vários dos que haviam tombado e até mesmo o monge Braad. Foi quando Mari'bel e Braad resolveram procurar o restante do grupo. O monge correu carregando a arqueira para o templo de Bibiana.
O bardo teve sua mente invadida por imagens ininterruptas da glória do povo élfico e mais de trinta mil anos da história do belo povo, como se as lembranças de milhares de vidas fossem depositadas em sua mente. De seus lábios começou a escapar uma balada que trazia paz ao coração de todos, mesmo em meio à tanta desolação. Era uma cantiga sobre como cada vida era uma vibração de uma longa canção. Por isso mesmo, não havia morte, mas apenas silêncio e som.
As palavras de Sérgio Reis facilitaram que Kaliandra Boaventura e Chuck Norris conseguissem entregar suas energias também. Este esforço fez com que o mythal se reintegrasse em sua plenitude. Toda a cidade e sua população foi envolvida pela benção de positividade, que dessa vez repeliu os mortos-vivos para longe de seu campo, assim como trouxe incômodo a seres de sangue extraplanar e malignos. Os sentidos de todos ficaram mais apurados e até conseguiam conversar e perceber as coisas uns pelas mentes dos outros. Foi quando perceberam Rufus Lightfoot revirando as ruínas do templo de Tyr.
Ainda assim, a tormenta seguia acima de Forte Arsheben. Seis novos relâmpagos deixaram as nuvens negras e destruíram o templo de Sune. Mesmo repelidos, a horda morta-viva ainda cercava a cidade. Ryolith Fox, o único combatente fora dos muros, seguia seu combate sem trégua, enquanto Eurípedes lançava bolas de fogo do muro e os arqueiros disparavam.
O bardo seguia em seu contato profundo com visões transcendentes e percebeu como num sonho, seu tio John Falkiner. Além do escolhido de Bibiana, ele reconheceu a cidade de Evereska, assim como a Basílica de Bibiana. Os demais aliados de Falkiner lá estavam também e eram ameaçados por um ser angelical marcado pela pura maldade. Aquilo parecia para ele um ponto nodal da existência, como se varias camadas de realidade se sobrepusessem num único ponto. Cada possibilidade como uma escama de serpente.
- Malkizid... - ele pensou movendo os lábios, mas sem pronunciar, enquanto a imagem chegava até seus camaradas. Foi quando Braad e Mari'bel chegaram ao que restara do templo de Bibiana, o mestre da bebedeira foi o último a entregar seus poderes para o artefato élfico. O poder se intensificou e eles logo se deslocaram com portais dimensionais de Derdeil e Cameron para o muro. Bibiana e os elfos do templos ficaram entregues às orações e à proteção do mythal.


Tão logo surgiram, eles viam o caminho que se abriu entre a horda e a pequena menina drow vestida de negro que vinha entre eles. Era ao mesmo tempo delicada e profana. Tinha os traços ingênuos de uma pequena garotinha junto a enfeites de pura devassidão. 
- Nem mesmo o Deus da Justiça em pessoa arrancaria minha vitória, pequeno paladino! - Disse Lolth olhando o santo Ryolith Fox nos olhos que eram incapazes de ter medo.
- O bem sempre vence. A justiça a esmagará como uma aranha!!! - Gritou Ryolith Fox erguendo a espada que um dia fora de Palas Atenas e partindo para a carga.
O chão sob seus pés, no entanto, viu surgir uma imensa garra feita de trevas e teias, que o agarrou, enquanto parecia drenar suas forças. No alto dos muros, todos sentiram a energia divina e moral de Ryolith que impulsionava a todos se esvair. As luzes que haviam crescido de Bibiana para o povo e para a cidade sumiu como uma chama de vela em um vendaval. A escuridão foi total. Apenas os cabelos da criança deusa drow e a armadura prateada do paladino pareciam se destacar. O corvo Edgar usou um dos anéis que pegara de Eurípedes, o arquimago, e ficou invisível. 
- Peça justiça ao seu deus cego e maneta quando meus servos demoníacos ceifarem sua alma nos campos cinzentos, pequeno paladino... - Debochou Lolth levitando para destruir definitivamente a existência de Ryolith Fox.
- Hoje não, filha das trevas... - disse uma voz límpida e firme. Subitamente, vindo do horizonte a leste um colossal sol se ergueu derramando a energia da manhã, muito embora faltassem muitas horas para o amanhecer. Ainda assim, dia se fez. Muitos dos mortos-vivos foram imediatamente destruídos. Os que restaram fugiram caoticamente buscando a proteção das árvores. A mão que continha Ryolith se desfez e o paladino caiu exaurido de joelho sobre a terra. Lolth se fora com uma praga em seus lábios e chegava um belo homem moreno vestido de dourado.


15 de nov. de 2014

À espera de um milagre ou o partido dos trabalhadores...


Mal tinha reativado o fragmento do mythal que seus dedos alcançaram, Derdeil Óphodda viu o mundo acima dele ser coberta pela monstruosidade rósea devoradora de magia. A criatura sugara o que restara de magia nos itens que Mari'bel tomara dos drows e vinha agora saciar seu desejo pelo escolhido de Azuth. O corpo da fada permaneceu catatônico na beirada do fosso. Chuck Norris, o druida da Grande Floresta, ainda tinha uma pata encostada no mago após curá-lo. Braad preparava-se para o combate, uma vez o diabo que segurava desaparecera. O monge golpeou a forma enevoada do monstro sem temer o que lhe pudesse acontecer. Algo foi atingido como uma mandíbula que perdesse os dentes, mas também uma mente alienígena tentou dominá-lo.
- Merror no enconstar nesso, camaradas... - alertou o mestre da bebedeira.
- Não vamos, meu velho... - disse o mago e clérigo usando seus poderes de escolhido e tirando os três dali com uma porta dimensional. Ele invocou a passagem sob seus pés de modo que as pedras do mythal fossem carregadas com eles para muito longe dali.
Rufus viu os companheiros partirem e esgueirou-se para dar fim nos wights presos à teia. Pena Branca voou rapidamente e recolheu a desacordada Mari'bel, carregando a fada para fora do palácio, onde Sérgio Reis aguardava e para onde se dirigiu o corvo Edgar. Todos torceram para que o monstro não resolvesse se ocupar deles.
O bardo aguardava olhando para janela e viu o nishruu seguir de volta para o corredor por onde todos chegaram ao salão principal. Sérgo curou a fada arqueira imediatamente e ela logo disparou algumas setas para ajudar o hobbit, embora quem precisasse de ajuda fossem os mortos-vivos.
- O arquimago... o arquimago... livro de magia.. - gritava Edgar entregando o pesado livro que carregava para o bardo.
- Onde ele está? - Disse o bardo pegando o tomo.
- Caído na torre... tem outra fumaça rosa vindo de lá... - alertou o corvo.
- Pena Branca... vá com ele resgatar o arquimago Eurípedes para podermos curá-lo - comandou Sérgio.
- Sim, escolhido.. - falou o elfo diabólico voador.
Derdeil surgiu com seus companheiros na floresta de Cormanthor a poucos metros das ruínas. Ele ainda via pelos olhos de Edgar, apesar de não sentir o pequeno corvo como seu familiar.
- Precisamos sair daqui... os outros estão vindo... aquela porcaria rosa também - alertou o mago.
- E lo mythal? - Questionou Braad catando já alguns fragmentos.
- Use minha capa... - entregou-a Derdeil.
- Posso virar uma montaria... - Chuck Norris assumiu a forma de um grande cavalo. - E ter movimentos livres mesmo entre as árvores - ele conjurou uma magia de liberdade de movimentos.
- Andem... vou esperar por lossotros... ban... ban... - despediu-se Braad voltando furtivamente e bebendo um pouco de rum.
Enquanto Chuck Norris cavalgava velozmente, Derdeil acrescentou uma magia de rapidez, que deixou o druida velocíssimo. O monge, por sua vez, logo encontrou um cão trêmulo de medo que logo veio cheirar sua garrafa.
- Rufus... venga rapaz... aqui... calma... lo perigo se foe... beba esso... bamos... venga Rufus... - bastou um gole de rum e a companhia para o cão ficar tranquilo.
Dentro do palácio arruinado, Rufus se ocupava de recolher o que havia nos cadáveres ambulantes que destruira. Mari'bel e Sérgio já se escondiam para sair dali, quando viram o grande grupo de drows que chegou. Abrindo a antiga entrada principal do saguão, as duas principais clérigas vampiras de Lolth passaram ordens para as outras, que foram até o fosso do mythal. Os dois guardas lidaram com o sugador de magia. Rufus viu que eles lançaram um par de itens mágicos que atraiu a atenção do monstro, enquanto as mulheres elfas negras de trajes mais leves conduziram uma inspeção da área do mythal. Elas não demoraram em sair dali e quando ninguém mais havia, o hobbit percebeu que o monstro vinha atrás dele e correu por onde foram Mari'bel e Sérgio Reis.
Enquanto isso, Pena Branca chegou ao alto da torre, onde encontrou o arquimago Eurípedes caído como dito pelo corvo Edgar. Recolheu-o e voou em direção às árvores para onde via seu metre Reis ir, mas isso fez com que fosse visto pelos drows. As clérigas preferiram se teleportar dali, mas deixaram seus guardas para atacar o elfo alado. Quando este se reuniu ao grupo, que também via o imenso nishruu seguindo pelas árvores no mesmo rumo de Derdeil Óphodda, os guardas drows preferiram recuar. Foi quando alguém surgiu entre as árvores à frente do monge...


As palavras de Cameron Noites fizeram Kaliandra Boaventura ter certeza de que precisava de ajuda maior.
- Nós precisamos tirá-la de lá... - disse a elfa.
- Nós precisaríamos de um clérigo muito poderoso para abrir um portal entre os dois planos... - disse Cameron.
- Devemos retornar até Ryolith Fox então. Se há alguém que pode nos ajudar nesse sentido é ele... - falou a serva de Bibiana levando seu consorte consigo, além de Dhyon, o responsável pelo templo.
Eles voltaram a cruzar Forte Arsheben, vendo que pela tarde já não era hora de dar conta dos mortos e feridos, mas de se preparar para a nova batalha que se avizinhava, talvez a derradeira para aquelas pobres almas. Os que não eram da luta se recolhiam em seus casarões com portas e janelas fechadas e reforçadas. Todos os que podiam empunhar uma arma, fossem homens ou mulheres, se preparavam para uma batalha que parecia perdida.
Kalliandra e Cameron chegaram ao templo de Tyr e dali aos aposentos do santo paladino Ryolith Fox, que lidava com seus capitães para fazer o que ainda fosse possível para salvar a cidade e o povo. 
- Perdoe incomodá-lo uma vez mais, caro Fox. Mas ainda mais grave que a ameaça morta-viva, devo dizer que a deusa dos elfos encontra-se à beira da destruição drenada por um ser extraplanar que suga magia... - não perdeu tempo Kaliandra tão logo teve a chance.
- Como disse aos teus companheiros... - interrompeu-a Ryolith. - Não irei abandonar minha cidade e meu povo! Não partirei em missão alguma!
- Faltam poucas horas pro anoitecer, santo Ryolith... - disse um dos clérigos de Tyr.
- Está bem... mas nos ajude... - acrescentou Cameron. - Temos de alcançar Bibiana.
- Nós precisamos de um clérigo que possa nos ajudar... que nos leve até lá... - disse Kaliandra.
- Mas isso teria de ser feito por um clérigo da sua deusa... ou alguém realmente poderoso... - discordou o paladino.
- Há alguém aqui assim? - Pressionou Cameron.
- Imagine o que acontecerá se a deusa dos elfos foi destruída, Ryolith Fox. É o que Tyr deixaria acontecer?!? - Protestou Kaliandra.
- Está bem... o clérigo Aspásio irá levá-los até os pergaminhos que temos disponíveis... o que puder lhes ser útil sem mitigar nossas defesas lhes será dado... - garantiu o servo de Tyr voltando a dedicar-se aos seus capitães. - Nossos equipamentos e recurso são poucos e estão sucateados, pois os desgovernos de Faerun nunca olharam além de seus próprios interesses oligárquicos e mesquinhos. Ainda assim, eu resolvi mudar as coisas por dentro... não como os radicais do partido do sol que tomaram Suzail, mas aqui entre o partido dos trabalhadores, aqui eu tentei mudar as coisas de dentro. Essa será a minha justiça
- Eu sempre soube que eras do partido dos trabalhadores, santo Ryolith Fox - comentou Kaliandra com um sorriso. Kaliandra Boaventura e Cameron Noites conseguiram dois pergaminhos divinos de viagem planar. Dhyon leu o primeiro deles e a elfa viu sua visão tornar-se realidade. Eles lutaram até encontrarem o corpo de Bibiana Crommiel, senhora dos elfos, sentido a magia que havia neles ser drenada. Mesmo no limite de suas possibilidades, o trio conseguiu partir com a deusa, que parecia uma simples e comum elfa. Surgiram no perímetro de uma outra floresta diante de um surpreso mestre da bebedeira tatuado e um cachorro.


Enquanto Derdeil Óphodda e Chuck Norris seguiam disparados entre as árvores da floresta de Cormanthor rumo a Forte Arsheben, aumentando sempre a distância em relação às ruínas de Myth Dranor, os que ficaram e o nishruu, seus aliados se reuniam já sem ver a criatura maior que seguira em busca do escolhido de Azuth. Kaliandra lhes mostrou o corpo inerte de Bibiana. Pena Branca também mostrou o corpo catatônico do arquimago Eurípedes.
- Parecem sofrer do mesmo mal... - disse Mari'bel.
- Estão sugados de toda a magia... - analisou Cameron Noites.
- Azuuuuuzuuuuu... - disse Rufus abraçando sua montaria. - Aliás... tem outra fumaça rosa sugadora de magia vindo aí...
- Mestra Kaliandra... - disse  Edgar aproximando-se dela.
- Precisamos dar energia para ela... - Boaventura ficou concentrada em sua deusa.
- A água do mythal... - disse Mari'bel pegando seu barril e derramando-o sobre a deusa. No entanto, a água nada fez. - O poder foi sugado pela criatura... perdi toda a energia mágica que estava em mim...
- Eu resolvo isso.. - disse Sérgio Reis derramando seu barril. Apesar de planejar apenas um trago para a tal deusa dos elfos, o bardo viu toda a energia derramar-se caudalosa e envolver Bibiana Crommiel, que piscou os olhos e despertou.
- Kaliandra... Cameron... pela graça dos elfos... devo lhes agradecer, meus filhos.. - disse a senhora dos elfos Bibiana Crommiel com a voz um tanto fraca.
- A deusa está salva... - comemorou o clérigo Dhyon, que também deu primeiros-socorros em todos.
- Prazer, Sérgio Reis... acho que você lembra de mim..
- Claro.. o sobrinho de meu escolhido.. John Falkiner...
- O escolhido John Falkiner... o escolhido Sérgio Reis... - gritou Pena Branca.
- Somos todos um só... - disse Bibiana pondo-se de pé com a ajuda de Boaventura.
- Nossotros temos de levantar el arquimaguito... - lembrou Braad abrindo um barril de rum.
- Use a água do mythal nele... - indicou Mari'bel. O monge foi mais cauteloso e usou um copo de madeira para entregar cinco doses para enfim levantar Eurípedes. Ainda foi necessária mais uma para fazê-lo conseguir por-se de pé e conversar com todos.
Chegaram ao consenso que era necessário um teleporte, uma vez que o segundo Nishruu já vinha bem próximo. Eurípedes, no entanto, possuía apenas mais um teleporte que poderia invocar, graças aos seus poderes especiais de arquimago e eram muitas as pessoas.
- Leve Bibiana... o mais importante é a deusa dos elfos estar em segurança! - Afirmou Kaliandra.
- Em segurança em Forte Arsheben? - Ponderou Sérgio. - Não é pra lá que vai a horda de mortos-vivos? Enfim... por que você não usa a página do seu livro de magia como pergaminho. Alguém lê e leva o restante...
- Isso estragará meu livro de magia, bardo. - Desdenhou Eurípedes.
- O que será mais importante nessa hora derradeira, ó grande arquimago que deseja como eu salvar essa cidade? - Disparou Sérgio sua diplomacia.
- Essaaa cidadeeee - repetiu Pena Branca, enquanto seu mestre prosseguiu:
- Preservar a integridade desse livro tão belo e importante, mas que o seu poder e recursos podem logo substituir por uma outra peça ainda mais digna da sua magnânima pessoa... ou dar a chance que algumas pessoas com capacidade de transformar situações adversas em possibilidades de vitória e salvação da massa campesina que continuará sofrendo no cotidiano injusto de uma sociedade desigual?
- Está bem... que seja... - concordou o arquimago a contragosto rasgando a página de seu tomo e entregando a Cameron.
- Aqui é o time do povo... - comemorou Sérgio Reis com Pena Branca.
Com dois teleportes, eles surgiram em Forte Arsheben. O crepúsculo se aproximava, mas não havia ainda sinal de Derdeil Óphodda, Chuck Norris ou do mythal. Procurar Ryolith Fox foi a primeira coisa que pensaram. Encontraram-no reunido com os demais servos de Tyr e capitães já a caminho da muralha para guiar a luta pelo amanhã. Ao longe todos escutavam os ruídos da morte ambulante.
- Espere Ryolith - chamou Kaliandra. - O mythal, a única esperança da cidade, está a caminho...
- Por que não o trouxeram? - Resmungou o santo paladino sem parar.
- Fomos atacados por nishruus, dragões e drows... perdemos Shun... - respondeu Eurípedes.
- Precisamos de teleportes para buscar Derdeil, Chuck e o mythal... - demandou Mari'bel.
- E otras cossitas más... - acrescentou Braad bebendo mais rum.
- Não temos nada assim disponível... - disse Ryolith simplesmente. - O pouco que temos será concentrado na defesa, não em vãs esperanças utópicas...
- Ao menos uma magia de divinação... uma magia de vidência para vermos onde estão! - Protestou Kaliandra.
- O clérigo Aspásio cuidará disso... mas ele precisa de uma hora. - Ryolith Fox subiu a escadaria rumo ao alto do muro sendo seguido pelos demais oficiais de Tyr. Havia agitação entre os defensores de Forte Arshben como entre o grupo de aventureiros.
- Vamos para o meu templo, meus filhos... - disse Bibiana Crommiel sendo seguida pela maioria deles. Mari'bel e Eurípedes subiram atrás de Ryolith Fox, quando os últimos raios de sol começavam a se despedir em tons multicoloridos do céu. Braad abriu mais um barril de rum, sentou na praça e se pôs a beber.


Enquanto cavalgava sobre Chuckk Norris em forma de cavalo, Derdeil Óphodda permitiu-se examinar e estudar as pedras. Ele percebeu que a energia que ele depositara no fragmento do artefato e que fora capaz de expulsar todos aqueles diabos, estava agora se espalhando para os outros fragmentos. Aquilo parecia estar aumentando a intensidade do poder que ele trouxera e doara. O escolhido de Azuth concentrou-se e conectou-se ao campo do mythal, o que fez sentir a energia do tecido mágico de Faerun através do mythal, mesmo que a energia não estivesse concentrada nele, mas sim nas pedras. Ele pensou que Chuck Norris deveria fazer o mesmo quando parassem.
Em mais alguns minutos eles chegaram à estrada e sabiam que faltava ainda um par de horas até a cidade. Mas no céu, o sol já se fora.


Com a escuridão daquela noite sem luar que acabava de começar, a killoren Mari'bel via os mortos-vivos despontarem. Uma horda. Uma horda duas vezes mais vasta que a da noite anterior. Os arautos da destruição cuspindo ácido e marchando vindos principalmente do sul e das árvores a oeste.

No templo de Bibiana, reunidos aos outros elfos ainda entorpecidos pelos cogumelos, Bibiana conclamou todos os seus filhos a uma oração.
- Orar irá nos salvar, Bibiana? - Quis saber Dhyon.
- Não é a luta que irá salvar essa cidade.. - ponderou Cameron Noites.
- Temos de restaurar o poder de Bibiana... - concordou Kaliandra Boaventura.
- Rezem, meus filhos... - disse a deusa. - À espera de um milagre.



8 de nov. de 2014

Dois ângulos do mesmo problema

Em forte Asherben, depois que o grupo se teleportou, Kaliandra viu-se no aposento de Ryolith Fox no templo de Tyr. Cameron Noites a olhava com certa piedade amorosa.
- Você nunca devia ter se prendido àquele pássaro agourento de discurso histriônico... ele sempre me pareceu uma companhia apropriada para o bardo pouco dotado.
- Eu irei cuidar de posicionar e orientar todos os homens e mulheres em condição de lutar que ainda temos - falou Péricles, o chefe da guarda fazendo uma reverência ao santo paladino de Tyr.
- Agora que eles partiram, tenho coisas a tratar com meu deus e esse povo que depende de mim. Temos poucas horas até a horda morta-viva voltar... - Ryolith despediu-se sem parecer importa-se com a elfa ainda um tanto aturdida com a atitude infamiliar de seu familiar.
Cameron os levou de volta às ruas de Forte Asherben, onde tudo parecia o presságio do apocalipse. Carrinhos apinhados de corpos iam sendo carregados para a cremação. Feridos e mutilados eram amparados, enquanto tropas desmoralizadas vagavam sem vontade para os muros.
Encontraram o templo de Bibiana ainda largado como antes. Havia uma grande marola de cheiro forte, não como a erva dos hobbits, mas como cogumelos das profundezas.
Dhyon levantou-se cambaleante ao vê-los entrar e ofereceu o cigarro de cogumelos.
- Com a graça de Bibiana. Sejam bem vindos de volta, meus irmãos de Encontro Eterno. Depois do que aconteceu com a elfa demoníaca Sarya Dlardrageth é melhor deixar pra lá essa ideia de contactar Bibiana.
- Vamos só fumar ae... disse o outro dos elfos Xoge.
Não diga tal coisa - respondeu Kaliandra rispidamente a Dhyon. - Nos momentos de maior necessidade não temos que perguntar o que nossa deusa pode fazer por nós, mas sim o que nós podemos fazer por nossa deusa! Conclamo a todos em oração à Bibiana. Nossa fé inabalável dará a ela as forças para combater o mal.
No altar, ela tocou o chão com o joelho direito e levantou o punho aos céus. - Óh Bibiana, aquela que nos uniu a todos, flagelo das aranhas na escuridão, esperança do belo povo, faço a ti uma reverência, tenha em mim um pilar de sua força e graça, pela união dos elfos, venceremos!

Kaliandra repitiu a oração como um mantra por longos minutos. - Peço a ti, óh deusa de todos os elfos, que me ajude a escolher um famíliar digno de tua glória e poder. Se é da escolha do anterior alçar outros vôos, que assim seja. Tendo repudiado a vida inteira tidas as forças de escravidão, liberto Edgar do fardo de ser meu seguidor e companheiro. Com essas palavras, e pesar no coração, desfaço o elo familiar que nos unia.

No, entanto, Kaliandra sentiu que nada mudou.
- Você precisa tomar sua energia vital de volta... a que depositou no pássaro agourento - disse Cameron. - Só assim poderá ter outro familiar...
- E cuidado... - disse Dhyon um pouco acanhado depois do tom que usara com ele, mesmo que todos tivessem orado em uníssono com você. - Se você acabar vendo o que a outra viu, pode-se ficar catatônica como ela.
- Pô, mas essa oração aí foi muito massa aí... - disse o elfo Rinkho.
- A união não resolveu nada... somos diferentes... estamos unidos.. mas vamos morrer... - disse o elfo Powl.
- Senhores, o temor não pode se apoderar de vossos corações. O que ocorreu foi uma tragédia ainda não esclarecida. Mas nossa confiança não pode se abalar afirmou Kaliandra. Ela pensou e sabia que poderia depositar sua energia vital em outro familiar, mas sem recuperar a energia que depositara em Edgar, isso a enfraqueceria muito, além de exigir muito tempo que ela não tinha.

- O meio mais fácil é recuperarmos o pássaro quando ele voltar e tirar a energia dele. - Concluiu Cameron como se fosse óbvio. - Isso, claro, se aquele mago vil não tiver sugado a energia para ele usar em algum ritual malévolo maligno do mal...
A mente da guerreira-maga elfa, no entanto, já estava entregue às orações e sentia com se lhe viesse agora os vislumbres de um outro lugar.
Talvez fosse o cheiro forte da fumaça dos cogumelos, mas Kaliandra sentiu um pouco como se sonhasse acordada. Não havia mais a voz de Cameron ou dos outros elfos, havia apenas uma bela floresta como em Encontro Eterno. Mas o belo lugar parecia coberto uma névoa rósea e tudo além da beleza física, parecia perdido. Não havia magia, não havia alma, não havia positividade naquele ambiente. Era como uma cópia de cera ou uma bela pintura de um lugar realmente único. O nevoeiro róseo a incomodava e parecia sugar suas forças também, suas magias.
Foi então que seus olhos viram que a névoa se fazia mais densa no centro das árvores. Ali parecia um verdadeiro âmago de toda aquela neblina, mas não conseguia sequer discernir as arvores naquela direção.
Cada árvore que Kaliandra tocava enquanto caminhava parecia pedir socorro em sua mente. Era como se fossem tão antigas quanto o universo e pudessem se expressar pelo farfalhar de suas folhas. Mas a névoa não tinha interesse nelas.. não mais. Cada vez mais próxima do centro, a destemida Boaventura apertava os olhos tentando ver melhor.
Sua forças também iam se exaurindo. Ainda que sua energia vital continuasse sua, assim como a floresta, a perda da magia tirava o que tinha de mais especial. Era como se sua experiência, seu conhecimento e suas potencialidades fossem se esvaindo a cada passo rumo ao âmago da mata. Ainda assim, a elfa perseverou. Seus olhos iam vendo o vulto de uma mulher deitada na relva entre as árvores. Ela já reconhecia Bibiana caída inerte sendo sugada pela fumaça rosa. Kaliandra soltou um brado brandindo sua espada: 
- Nefasto ser de névoa, afaste-se de minha deusa ou sentirá minha ira!!! - Então, partiu na direção de Bibiana, golpeando ao redor, para tentar levantá-la. - Oh deusa de todos os elfos, salvarei a ti nem que seja para entregar minha vida!
Os golpes de Kaliandra Boaventura cortavam o ar e a névoa como se nada houvesse para cortar. Suas palavras ecoavam entre aquelas árvores ancestrais sem resposta. Quando alcançou a deusa que tocara seu coração, ela viu o corpo inerte de uma simples elfa. Não era muito diferente dela. A beleza era mediana. Os cabelos pretos curtos na altura dos ombros. Parecia uma simples pessoa qualquer, que caminhava pelo mundo, amava e sentia fome. Não uma deusa.
Quando Kaliandra se abaixou para levantá-la, sentiu faltar a força para se por de pé. A névoa era densa ali e sugava-a com mais intensidade. Seus conhecimentos arcanos lhe diziam que a criatura não poderia matá-la assim, mas podia deixá-la inerte com sua deusa Bibiana Cromiel.
Em um canto de sua mente, ela teve a impressão de ver as coisas como Edgar mais uma vez, o que não se dava desde que ele havia partido. O pequeno pássaro preto também estava envolto pela fumaça rosa que o devorava.
- Edgar, pequeno e agourento companheiro, tente me perdoar... Mas nem tu, nem eu, somos merecedores de poder enquanto nossa deusa perece. - Kaliandra tentou canalizar toda a minha energia mágica, inclusive a de Edgar, para dar à Bibiana um último suspiro mágico.
Sacrificando o que lhe restava de energia, Kaliandra ergueu-se com Bibiana em seu colo. Ela também sentiu Edgar escapar da prisão da névoa, mas sumir de sua mente. A deusa dos elfos não mudou em nada, enquanto o guerreira maga sentia as pernas tremerem. Conseguiu dar mais um passo e as duas caíram rolando na relva.
- Kaliandra!!! - Cameron a chamava e a tinha nos braços, enquanto ela despertava como de um pesadelo terrível. Sentia o corpo fraco e o desalento se apossar do seu peito.
- Cameron, precisamos reunir urgentemente a maior quantidade de elfos. Temos de fazer rapidamente um ritual mágico. É imperioso que nossa energia seja passada para Bibiana. Uma névoa rosa está sugando todos os seus poderes. Estive com ela em sonho, mas não posso dizer se se trata de uma premonição ou de algo que se passou.
Cameron olhava-a fixamente no fundo dos olhos:
- Mas é claro, meu amor... vocês, descansados...
- Parece sério... a nossa energia é de Bibiana - disse Dhyon se colocando de joelhos ao lado do casal.
- Somos todos um só... - repetiram os outros três elfos do templo colocando-se em um círculo de elfos. Cameron também se colocou de joelhos:
- Isso não impedirá que ela continue sendo sugada... precisamos de mais do que isso...

O grupo viu-se cercado pelo diabos barbudos escarlates. Apenas Braad mantinha a linha de frente, mas não duraria muito contra meia dúzia de extraplanares infernais como aqueles. Ainda que Rufus Lightfoot tentasse ajudar com ataques sorrateiros, mantinha-se pequeno e escondido. Ele deixara Azuzu II, que assim como Chuck Norris e Sérgio Reis havia sido tomado pelo medo mágico. Mari'bel e Pena Branca disparavam suas setas, mas os esforços concentrados ainda não haviam vitimado sequer um dos inimigos.
- Derdeil, meu mestre... - tentava comunicar-se Edgar para alertar que a nefasta nuvem rosa sugadora de magia ia em direção de seu mestre. No entanto, o escolhido de Azuth apenas via que o pequeno corvo tomara dois anéis e o livro de magia do catatônico arquimago Eurípedes e os conduzia com dificuldade, voando por fora do palácio.
Derdeil Óphoda estava mais ocupado, no entanto, em que a varinha lhe indicasse onde estava o mythal:
- Qual é o caminho mais curto até o mythal. 
- Basta chegar ao corredor e passar ao salão principal do palácio. É lá que sempre este o mythal de Myth Drannor - respondeu o item mágico.
Os diabos barbudos cortavam com suas garras, mas também lançavam magias sobre o monge, queimando-o e tentando deixá-lo imóvel, mas ele resistiu à paralisia. Chuck Norris investiu contra o inimigo que chegou pela porta que ainda restava fechada, já que não era esse que lhe causava o medo mágico. Derdeil Óphodda invocou um turbilhão de água que derrubou alguns diabos, o que abriu caminho e permitiu que a veloz e forte Mari'bel o carregasse para longe da confusão. Pena Branca seguiu disparando suas setas para tentar ajudar o monge, que já estava no limite de suas forças e desferia sequências de golpes. Só então mataram o primeiro inimigo, que se desfez em uma nuvem de enxofre ao tombar. 


Rufus preferiu manter-se escondido e seguiu a fada arqueira e o mago de Halruaa até a porta ao final do corredor. Ele abriu a porta antiga, mas que ao contrário das demais não desmoronou. O salão que se abriu diante deles era vastíssimo, com muitas colunas alongadas que faziam-no parecer ainda mais colossal. Porém, não conseguiam ter uma ideia clara das ameaças que poderiam haver ali, uma vez que nada escutavam. Os diabos petralhas conseguiram vitimar o monge Braad. Pena Branca já começava a ser acoçado, colocando Sérgio Reis em dificuldades. O druida Chuck precisou assumir uma nova forma, dessa vez, de um urso selvagem para enfrentar os inimigos e contornar todo o dano que lhe causavam.
Continuaram a luta contra diabos barbudos como podiam. Mari'bel, Derdeil e Rufus adentraram o salão, mas descobriram no centro dele um grande foço, onde haviam apenas os fragmentos estraçalhados do grande mythal de Myth Drannor. Quatro diabretes lêmures cercavam-no e esfregavam-se nele. Aqueles grandes cacos já não pareciam ter qualquer magia, percebeu o mago, quando bolas de fogo vindas não se sabe de onde começaram a cair sobre eles. Rufus conseguiu ver o diabo chifrudo escondido no final do aposento que as lançava, assim como os wights que enviou para reforçar o ataque dos diabos barbudos.


Enquanto isso, na mesma janela por onde haviam entrado, a criatura sugadora de magia voltava a entrar no palácio sendo atraída pela energia que sentira em Derdeil ao saborear a força de seu familiar. Ela espremeu-se pelo espaço, enquanto Edgar preferiu circundar por outra janela e passou a grita para alertar os aliados de seu mestre.
Mari'bel acabou tombando ante a bola de fogo, enquanto que Derdeil só teve tempo de invocar a energia de mythal que animava seus itens mágicos de volta para seu íntimo. No entanto, os diabos o alcançaram antes e também o derrotaram, fazendo-o cair sobre os fragmentos do mythal no poço. Rufus usou da magia de sua capa para prender os mortos-vivos que se avizinhavam numa teia.
Ainda nos primeiros aposentos, Sérgio Reis contou com o apoio de Chuck Norris para darem conta do diabo que os ameaçava, escapando para o corredor e tentando manter-se o mais longe possível da nebulosa ameaça rósea. Pena Branca, no entanto, acabou cercado pelos diabos no aposento, enquanto os três foram alvos de explosões profanas que custavam um tanto de suas vitalidades. Ainda assim, o druida optou por curar o ferido Braad trazendo-o de volta para o combate.
Próximos do mythal, Rufus tentou em vão impedir que um dos diabos barbados terminasse o serviço com Derdeil e Mari'bel, mas seus ataques seguiam pouco impactantes, além de ver que o diabo chifrudo mor vinha voando para lançar algo pior do que as bolas de fogo. O diabo barbudo escarlate coberto de trezes agarrou Derdeil, sorriu como todo caçador diante de sua presa e estava prestes a eliminá-lo para sempre, quando Chuck Norris surgiu em carga carregando Braad aposento adentro. O monge conseguiu agarrar o diabo com maestria, mesmo sendo ferido pelos espinhos peçonhentos. O bardo Sérgio Reis ficou para trás tentando recuperar o caído Pena Branca, detonado pela energia profana infernal, vendo Edgar passar fugindo da fumaça rosa sugadora de magia. A criatura, porém, tinha outro alvo.
O nishruu chegou próximo de Derdeil, que ainda estava inerte no foço cercado pelo quarteto de lêmure e ladeado pelo druida em forma de urso e pelo monge agarrado ao diabo. Ele parou sobre o corpo da fada Mari'bel e em um instante, sugou dela toda a energia do mythal que tinha. Isso pareceu dar nova densidade ao monstro, que expandiu-se em todos os sentidos.
Sem perder tempo, Chuck Norris curou Derdeil, que sem pensar duas vezes transferiu a energia que tinha em si para o maior fragmento do mythal. Isso reativou um pouco do campo mágico do artefato e banhou as ruínas do palácio com as forças protetoras contra extraplanares malignos, banindo dali imediatamente os diabos. O alívio, porém, foi muito curto. No mesmo momento, viram que o nishruu já estava a absorver aquele delicioso campo mágico que também o envolvera.


31 de out. de 2014

Desgoverno petralha ou a maldita fumaça rosa que suga magia...


- Nós iremos partir e atrair os inimigos, ó grande Sérgio Reis - disse Xororó fazendo uma última reverência.
- Não é preciso que se arrisquem muito... - disse o bardo, enquanto seus colegas sumiam entre as ruínas mais à frente. - Levem os outros em segurança até o oeste em Evereska com o inigualável John Falkiner. 
O trio de elfos diabólicos saiu voando e fazendo algum estardalhaço para atrair a atenção das inimigas drows. Apenas Pena Branca permaneceu com o líder que eles buscaram.
Derdeil Óphodda observava mal escondido o avançar de Braad e Chuck Norris, sem ter certeza se Rufus Lightfoot ia com eles, uma vez que agora que o hobbit encolhia de tamanho, era ainda mais difícil vê-lo. O monge e o druida em forma de tigre iam bem escondidos, mas o mago e a guardiã Mari'bel os percebiam. A fada também cuidava de identificar os muitos rastros que circulavam por ali, chegando e saindo das ruínas. Eram todos de drows do sexo masculino, bem equipados com armaduras mais pesadas e equipamento de batalha do que as clérigas vampiras, todas mulheres. Ela sabia que havia uma forma cruel e hierarquizada de domínio feminista entre os elfos negros como lhe explicara o bardo anteriormente. Os rastros pareciam de patrulhas que iam e vinham pelas cercanias de Myth Drannor.
O trio mais adiantado percebeu que a estranha criatura rósea e esfumaçada avançou e invadiu a janela da mesma torre por onde seguira o arquimago Eurípedes. Houve uma explosão, o brilho fugaz de uma bola de fogo intensa e nada mais. Enquanto isso, os três avançaram para os fundos do palácio, a construção certamente mais íntegra daquelas ruínas seculares. Ele era esmeralda como as árvores que o integravam, estas sim vivas e esplendorosas como se pudessem permanecer ali pela eternidade.  Cipós, musgo e a poeira tentavam camuflar parte de sua beleza. Haviam pelo menos oito janelas no térreo pelos fundos, todas elas livres passagens atualmente. Eles se dirigiram para a primeira delas, mas logo viram que haviam humanoides escondidos lá dentro. Pelo estado, pareciam mortos-vivos. Carniçais provavelmente.
Derdeil, Mari'bel e Sérgio passaram a avançar escondidos. Quando eles alcançaram o castelo, seus amigos já tinham dado conta dos seis wights, embora Braad tenha perdido alguma energia vital que logo recuperou fazendo uma batida de rum com a água do mythal. Rufus Lightfoot, por sua vez, estava abrindo um velho baú, quando uma das portas tombou revelando mais inimigos. 


Dessa vez, eles depararam-se com um sexteto de diabos barbudos que caíram sobre eles com garras e causando medo. Eram escarlates e tinham números treze cicatrizados pelos corpos. Chuck e Sérgio correram afetados pelo medo mágico dos gritos de "koc hin ha" na língua infernal. Pena Branca deu algum dano em um deles, assim como Braad que mantinha a linha de frente, sendo atingido pelas garras dos inimigos. Mari'bel também disparou suas setas, mas elas não surtiam nenhum efeito. Sérgio Reis cantou para seus males espantar e animar os demais:
- O medo que esse inferno petralha... por aqui espalha... logo falha... somos os heróis dessa batalha...
O hobbit desmontou o baú e encontrou uma roupa antiga com um símbolo élfico ancestral, que parecia que se desfaria com um toque. Havia ainda um pequeno diário e uma varinha. Isso chamou a atenção de Derdeil que buscou identificar o item mágico com seus conhecimentos, enquanto Rufus inspecionava o diário.
- Quem és tu? - Soou a voz da varinha num elfo rebuscado na mente do mago.
- Eu sou o grande Derdeil Óphodda, escolhido de Azuth. Em que você pode ser útil?
- Eu sou a varinha das visões além do alcance. Apenas os capazes de terem o verdadeiro olhar podem me empunhar com os corretos auspícios.
- Eu sou desses! - Afirmou o mago.
- Eu sinto que há verdadeira magia em ti, arcano Óphodda. Mas vejo também sua índole desviante.
- Não há nada de errado com a minha índole... - disse Derdeil sacrificando seu próprio vigor para banhar o item novamente com energia suficiente para que o reconectasse ao tecido mágico de Faerun. O objeto sentiu o reviver de suas forças como não experimentava desde que as regras da magia mudaram, mesmo esquecido há séculos em um velho baú.
- Seu poder é verdadeiro.. disso eu sei. - Aceitou a varinha. - Seguirei contigo até que me devolvas à minha verdadeira dona. 
Nesse momento, porém, o pensamento do mago foi interrompido não pelos enormes problemas que seus camaradas estavam tendo contra os diabos barbudos, uma vez que Azuzu também sucumbira ao medo e dois deles haviam circundado para cercar o grupo. Foi a voz de Edgar, seu familiar, que arriscando-se demais, havia sido agarrado pela névoa rósea, que passou a drenar as energias mágicas do pequeno corvo.
- Eu vou devorá-lo, mago!!! - Foi o pensamento alienígena da criatura expressando-se em dracônico. - Suuugá-lo. - E como veio, foi-se a voz, enquanto Rufus tentava explicar algo sobre o símbolo da família Starym que encontrara no livreto. 
Edgar conseguiu escapar para o interior da torre, onde viu o arquimago caído inerte como uma pedra. Além do monstro sugador de magia que voava lá fora e ia na direção do servo de Azuth, havia outra, que descia pela escadaria da torre, deixando o mago para trás. Edgar sentia que perdera a energia que Derdeil depositara nele, mas ainda tinha as forças de Kaliandra Boaventura.


23 de out. de 2014

As ruínas de Myth Drannor


- Sim, eu sou Sérgio Reis, o cãozinho do berrante... - respondeu o bardo, enquanto os demais preocupavam-se mais com a centena de clérigas drows vampiras que vinha se aproximando pelas ruínas de Myth Drannor.
- Eu sou um dos que escutou sobre sua fama, arauto e sobrinho do grande John Falkiner. Me chamo Pena Branca e sei que és aquele que nos guiara rumo à redenção, meu senhooor... - disse com devoção e falsetes o elfo de traços extraplanares baixando as asas diabólicas. - Existem outros como eu, grande Reis, que estão derrubando os capangas dos drows entre as árvores.
- No momento estamos com alguns problemas... - recuou o bardo vendo os colegas fazerem o mesmo, enquanto as inimigas drows lançavam dezenas de magias de cegueira e paralisia. Shun Iksea e Chuck Norris perderam a visão, assim como o próprio Sérgio Reis e o arquimago Eurípedes acabaram perdendo os movimentos. 
- Derdeil, estou voltando... três elfos demoníacos derrubaram um sentinela drow e tô voltando com uma poção que peguei... - avisou o familiar Edgar que vinha voando acima das árvores de Cormanthor em direção ao seu novo mestre.
- Nossotros temos de fugir para junto de la ajuda... - disse Braad saltando da árvore onde se refugiara para próximo de Derdeil Óphodda. O mago de Halruaa arriscou uma bola de fogo no meio das servas de Lolth, mas não conseguiu vencer a resistência mágica das vampiras drows. Mari'bel também disparou suas setas, mas causando apenas alguns ferimentos que logo regeneravam.
O druida Chuck Norris comandou o arconte que havia convocado para carregá-lo dali junto com o paladino de Sune. Rufus Lightfoot encolheu de tamanho e manteve-se escondido, enquanto esgueirava-se para longe. Pena Branca agarrou Sérgio e carregou-o para longe dali justamente quando explosões profanas começaram a cair sobre eles. 
Foram tantas as maldições das servas de Lolth sobre Shun Iksea, que o paladino de Sune explodiu numa nuvem de purpurina. O arconte também foi destruído, embora tenha conseguido proteger Chuck e Mar'bel o suficiente para que os dois tenham caído à beira da morte e não perecido imediatamente.
Enquanto o monge, o mago e o ladino ajudavam seus amigos como podiam, o arquimago conseguiu se libertar da imobilização contra monstros que o detinha. Imediatamente invocou uma reversão de gravidade que atirou as clérigas vampiras drows para o ar como plumas, para devolvê-las ao chão como meteoros. No entanto, as mortas-vivas se transformaram em névoa para evitar os danos.
O grupo aproveitou a situação para escapar e curar os dois colegas moribundos. Eles recuaram para a proteção no âmago de Cormanthor. Lá se reuniram ao trio de novos seguidores de Sérgio Reis, assim como ao corvo Edgar.
- Só queremos servi-lo, sô - disse o chamado Xororó.
- Suas virrrtude é famosa.. - acrescentou o que se chamava Leonarrrdo.
- Ajudem a tomar conta da fada que ainda está ferida... - comandou Sérgio Reis para os devotos seguidores.
- Acredito que aquele palácio seja o que procuramos - indicou Derdeil.
- Está bien de pié... - disse Braad terminando uma garrafa de rum.
Enquanto isso, o arquimago também escapou e se juntou a eles no esconderijo entre as árvores, de onde viam que as servas de Lolth dispersaram-se com a névoa, ainda protegidas no interior da penumbra que guardava as ruínas de Myth Drannor. Chuck Norris conjurou e enviou uma águia iluminada com a luz do dia para desviar a atenção das inimigas, enquanto Rufus, Braad e ele mesmo avançavam escondidos por outro ponto das ruínas. Os demais mantiveram-se escondidos. O trio almejavam o palácio, cuja estrutura parecia razoavelmente inteira se comparada ao rstante das ruínas. O arquimago Eurípedes se adiantou a eles, no entanto, e disparou na frente assumindo a forma de uma águia. Ele entrou por uma janela de uma torre do palácio.
Os três avistaram que isso atraíra a atenção de uma monstruosa e fantasmagórica névoa rósea, que logo se moveu em direção à mesma janela. Além disso, havia uma área de magia morta próxima à edificação. A centena de clérigas vampiras drows, no entanto, não estava mais à vista.