- Nós iremos partir e atrair os inimigos, ó grande Sérgio Reis - disse Xororó fazendo uma última reverência.
- Não é preciso que se arrisquem muito... - disse o bardo, enquanto seus colegas sumiam entre as ruínas mais à frente. - Levem os outros em segurança até o oeste em Evereska com o inigualável John Falkiner.
O trio de elfos diabólicos saiu voando e fazendo algum estardalhaço para atrair a atenção das inimigas drows. Apenas Pena Branca permaneceu com o líder que eles buscaram.
Derdeil Óphodda observava mal escondido o avançar de Braad e Chuck Norris, sem ter certeza se Rufus Lightfoot ia com eles, uma vez que agora que o hobbit encolhia de tamanho, era ainda mais difícil vê-lo. O monge e o druida em forma de tigre iam bem escondidos, mas o mago e a guardiã Mari'bel os percebiam. A fada também cuidava de identificar os muitos rastros que circulavam por ali, chegando e saindo das ruínas. Eram todos de drows do sexo masculino, bem equipados com armaduras mais pesadas e equipamento de batalha do que as clérigas vampiras, todas mulheres. Ela sabia que havia uma forma cruel e hierarquizada de domínio feminista entre os elfos negros como lhe explicara o bardo anteriormente. Os rastros pareciam de patrulhas que iam e vinham pelas cercanias de Myth Drannor.
O trio mais adiantado percebeu que a estranha criatura rósea e esfumaçada avançou e invadiu a janela da mesma torre por onde seguira o arquimago Eurípedes. Houve uma explosão, o brilho fugaz de uma bola de fogo intensa e nada mais. Enquanto isso, os três avançaram para os fundos do palácio, a construção certamente mais íntegra daquelas ruínas seculares. Ele era esmeralda como as árvores que o integravam, estas sim vivas e esplendorosas como se pudessem permanecer ali pela eternidade. Cipós, musgo e a poeira tentavam camuflar parte de sua beleza. Haviam pelo menos oito janelas no térreo pelos fundos, todas elas livres passagens atualmente. Eles se dirigiram para a primeira delas, mas logo viram que haviam humanoides escondidos lá dentro. Pelo estado, pareciam mortos-vivos. Carniçais provavelmente.
Derdeil, Mari'bel e Sérgio passaram a avançar escondidos. Quando eles alcançaram o castelo, seus amigos já tinham dado conta dos seis wights, embora Braad tenha perdido alguma energia vital que logo recuperou fazendo uma batida de rum com a água do mythal. Rufus Lightfoot, por sua vez, estava abrindo um velho baú, quando uma das portas tombou revelando mais inimigos.
Dessa vez, eles depararam-se com um sexteto de diabos barbudos que caíram sobre eles com garras e causando medo. Eram escarlates e tinham números treze cicatrizados pelos corpos. Chuck e Sérgio correram afetados pelo medo mágico dos gritos de "koc hin ha" na língua infernal. Pena Branca deu algum dano em um deles, assim como Braad que mantinha a linha de frente, sendo atingido pelas garras dos inimigos. Mari'bel também disparou suas setas, mas elas não surtiam nenhum efeito. Sérgio Reis cantou para seus males espantar e animar os demais:
- O medo que esse inferno petralha... por aqui espalha... logo falha... somos os heróis dessa batalha...
O hobbit desmontou o baú e encontrou uma roupa antiga com um símbolo élfico ancestral, que parecia que se desfaria com um toque. Havia ainda um pequeno diário e uma varinha. Isso chamou a atenção de Derdeil que buscou identificar o item mágico com seus conhecimentos, enquanto Rufus inspecionava o diário.
- Quem és tu? - Soou a voz da varinha num elfo rebuscado na mente do mago.
- Eu sou o grande Derdeil Óphodda, escolhido de Azuth. Em que você pode ser útil?
- Eu sou a varinha das visões além do alcance. Apenas os capazes de terem o verdadeiro olhar podem me empunhar com os corretos auspícios.
- Eu sou desses! - Afirmou o mago.
- Eu sinto que há verdadeira magia em ti, arcano Óphodda. Mas vejo também sua índole desviante.
- Não há nada de errado com a minha índole... - disse Derdeil sacrificando seu próprio vigor para banhar o item novamente com energia suficiente para que o reconectasse ao tecido mágico de Faerun. O objeto sentiu o reviver de suas forças como não experimentava desde que as regras da magia mudaram, mesmo esquecido há séculos em um velho baú.
- Seu poder é verdadeiro.. disso eu sei. - Aceitou a varinha. - Seguirei contigo até que me devolvas à minha verdadeira dona.
Nesse momento, porém, o pensamento do mago foi interrompido não pelos enormes problemas que seus camaradas estavam tendo contra os diabos barbudos, uma vez que Azuzu também sucumbira ao medo e dois deles haviam circundado para cercar o grupo. Foi a voz de Edgar, seu familiar, que arriscando-se demais, havia sido agarrado pela névoa rósea, que passou a drenar as energias mágicas do pequeno corvo.
- Eu vou devorá-lo, mago!!! - Foi o pensamento alienígena da criatura expressando-se em dracônico. - Suuugá-lo. - E como veio, foi-se a voz, enquanto Rufus tentava explicar algo sobre o símbolo da família Starym que encontrara no livreto.
Edgar conseguiu escapar para o interior da torre, onde viu o arquimago caído inerte como uma pedra. Além do monstro sugador de magia que voava lá fora e ia na direção do servo de Azuth, havia outra, que descia pela escadaria da torre, deixando o mago para trás. Edgar sentia que perdera a energia que Derdeil depositara nele, mas ainda tinha as forças de Kaliandra Boaventura.
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