Deu-se uma correria e por um curto instante o brilho ininterrupto diminuiu . Fox e Falkiner não demoraram a perceber que se Byron e Tarso haviam caído, isso estava relacionado com a convalescente Alissah Eagle. Quando chegaram ao quarto dela no interior do Templo de Lathander, Telcontar ofereceu uma resistência inicial tentando ganhar tempo para Xavier.
- Eu vou precisar de mais tempo.. uma hora, Ehtur.
- O que houve aqui, Ehtur? Você matou Alissah?! - Gritava o paladino em busca de respostas, enquanto tentava passar da porta.
- Eu apenas a envenenei para acabar com seu sofrimento dela. Ela estava definhando e agonizante. Eu fiz o que era preciso ser feito. Francisco Xavier irá trazê-la de volta..
- Ainda assim.. matar alguém é crime em Cormyr, guardião. Além de Alissah você assassinou Byron e Tarso, cujas vidas estavam ligadas a ela. Pelas leis de meu reino você deve me acompanhar e responder por seus crimes! - Afirmou Ryolith Fox fazendo valer sua autoridade de Dragão Púrpura e de Martelo de Tyr. Ehtur Telcontar preferiu seguir com ele, tentando com isso ganhar tempo para o mago da Fortaleza da Vela trabalhar. John Falkiner ficou por ali interessando nos rituais necromânticos que aquele ser que parecia feito de luz conduzia.
Lá fora, o restante do grupo soube do que se passava e uma vez passaram a protestar com Ryolith Fox. Apenas Sirius Black tomara providências de cuidar do falecido Lorde Byron. Daphne após acertar que Úrsula cuidaria de tudo, preferiu ficar a ajudar Sirius a cuidar dos caídos. Os demais seguiram para o prédio da guarda de Suzail. Lá encontraram a major do Dragões Púrpuras Palas Atenas. Ela os saudou com cordialidade como sempre, conseguindo manter o ar encantador mesmo em tempos terríveis. Esse encantamento derramava do olhos do paladino de Tyr. A luz extra da cidade parecia engrandecê-la ainda mais que aos demais. Ela despachava algumas ordens, mas parou tudo para tratar do problema que tratava para ouvir o que Ryolith tinha a dizer:
- Major Atenas,, Palas.. por incrível que pareça, eu trago Ehtur Telcontar por violar nossas leis e ser responsável pelo assassinato de três pessoas.. um de forma direta e dolosa e outros dois de forma indireta e culposa. Ele vitimou Alissah Eagle, Lorde Byron e o estranho Paulo de Tarso. Envenenou a elfa e isso deu conta dos outros dois.
- Se me ouvirem, eu...
- Em defesa de meu cliente - interviu Úrsula - não existe nenhuma prova material ou assinatura em qualquer documento que dê testemunho.. eu disse, tes te mu nho.. da presença de meu cliente no local do crime. Deixa comigo Ehtur. - cochichou Úrsula entrando no centro da debate.
- Silêncio, senhora Suarzineguer. Não é preciso uma defensora para os crimes de um réu confesso...
- Querida Atenas, um julgamento vai demorar.. - começou Úrsula, mas Ehtur a interrompeu:
- Eu não tenho tempo para julgamentos. Alissah será ressucitada por Xavier, logo nada disso faz sentido ou é necessário.
- Estes tempos de guerra, Ehtur Telcontar e por isso funciona aqui a lei marcial! - Palas Atenas silenciou a todos com suas palavras firmes e certeiras. - Em nenhuma outra época a lei e a justiça são tão necessárias. Quando o caos se espalha, a ordem se mantém firme e inabalável para tornar a conter o que parece a perdição. Sendo minha essa decisão, em nome do povo de Cormyr, do rei Azhoun V e de Tyr, eu sou a juiza que baterá o martelo cego da verdade. Assim sendo, decreto que deverá prestar 2 anos de serviços na defesa de Suzail, dedicando suas forças e sua vida a proteger esse povo e essas muralhas, sempre buscando os interesses de Cormyr.
- É uma justa decisão.. - disse Ehtur se curvando diante da pequena paladina.
- Agora vá ver Alissah retornar.. - disse Palas Atenas com um sorriso e dispensando-os todos para retornar às exigências de seu cargo.
Enquanto isso, no Templo do Cisne Rosa de Lathander, em um dos quartos de hóspedes guardados por alguns homens de Ryolith, Falkiner estudava o que imorrível Francisco Xavier executava. Ele foi praticamente a única testemunha do sucesso do necromântico branco. Quando todo o efeito positivo das conjurações do mago potencializadas pela luz do artefato do sol e aquele lugar sagrado atingiram o cadáver de Alissah Eagle, uma explosão ofuscante varreu tudo ali. Instantes depois, Falkiner e Xavier continuavam diante de uma falecida Alissah Eagle, porém, dessa vez, pairava acima da elfa verde da Grande Floresta uma mulher toda feita de trevas. Ela tinha olhos vermelhos de pura maldade e parecia prestes a se desfazer a qualquer momento. O poder benigno de tudo ali a assaltava dolorosamente.
- Shar! É o poder.. a parte de Shar que estava nela!!! - gritou Francisco já buscando uma de suas magias, que não foi capaz de acertá-la, pois ela fugiu atravessando o teto do aposento.
O clérigo de Kelemvor usou de uma porta dimensional para surgir voando acima do templo. Lá ele encontrou as sombras da noite de Shar e as fulminou com sua luz chamuscante também engrandecidas pelo poder do Cálice de Amaunthor. Isso deteve a criatura tempo suficiente para que Daphne ali chegasse voando como uma quimera imensa. Ela desferiu as mordidas de suas cabeças de leão e dragão, a chifrada da cabeça de bode e duas patadas, tudo sem nenhum efeito contras as trevas vis e frias de Shar. Um instante bastou para que a sombria e malevolente mulher invadisse o corpo da druida e a controlasse.
John Falkiner tentou conter o que se passava, agora auxiliado por Rock que lançava bolas de fogo lá de baixo, enquanto os demais se aproximavam vindos do prédio da guarda. A imensa quimera das trevas desapareceu em pleno ar e eles a perderam de vista.
Lá embaixo, descobriram todos que Lorde Byron e Paulo de Tarso foram tragos de volta pelo poder de Xavier e de alguma forma estavam mudados. Alissah Eagle, no entanto, não retornou.
- Só posso dizer diante do vasto conhecimento de Oghma, meu caro Ehtur, que era a hora dela morrer. Esse sacrifício é como os deuses escreveram o fim dela no grande livro da eternidade.
- Eu preciso enterrar Alissah.
- Temos um ótimo cemitério no templo de Kelemvor e..
- Eu preciso enterrá-la na Grande Floresta. Eu jurei que um dia iria levá-la para casa, assim farei e ninguém irá me impedir! Quando retornar cumprirei a pena.
- Eu entendo sua necessidade, Ehtur. Nós iremos acompanhá-lo como já teríamos de ir a Águas Profundas tratar com o tal Khelben Arunsun que os enviou. Iremos como os responsáveis por você.. não haverá problemas. Tenha certeza que minha ama.. amiga Palas Atenas não se oporia.
Quando eles surgiram em Águas Profundas, teleportados pelo pergaminho que Rock lera e por Falkiner, eles encontraram uma situação muito mais caótica do que haviam deixado. No caminho até a Torre de Khelben Cajado-Negro viram que a Cidade dos Esplendores era varrida pelo caos e medo. Ehtur os deixou e seguiu para a Grande Floresta. Os demais encontraram a Torre Negra cercada por mais gente do que seria possível atravessar. Sirius conseguiu descobrir que Khelban Arunsun não retornara, não havia sinal dele. Mais lordes haviam sido assassinatos e todos sentiam-se desorientados com a ausência de Khelben, que atuava como o Lorde Público da cidade. Mesmo assim, aquela massa de gente preferia se acotovelar ali, como se isso lhes trouxesse alguma segurança.
Sirius Black também descobriu que restavam poucos lordes vivos e operantes. O nome que lhe chegou aos ouvidos foi o do mestre burguês Mirt Lobo Velho. Rumaram para lá. Não encontraram muito melhor e apesar do grande número de guardas e soldados, não tiveram maiores dificuldades para chegar ao tal Mirt. Era um sujeito gordo e baixo, mas que conseguia manter mesmo a multidão que ocupava o salão atenta às orientações que passava. Ele parecia cansado e de saco cheio.
- Somos embaixadores de Cormyr.. - falava John Falkiner para abrir caminho. - Temos que tratar com o Lorde Público..
- É comigo mesmo, rapazes.. cheguem mais.. saiam da frente dos embaixadores, seu careca duma figa. Sejam bem vindos. Perdoem a bagunça, mas pelo que sei Cormyr não está melhor.. eu sou o Lorde Público.. ou melhor.. um dos 4 lordes que restam e dizem a mesma coisa. Ao menos boa parte da guarda está aqui comigo e mantendo as patrulhas como devem. Ei.. você não é o ladrão Sirius Black?...
- Grande Mirt, não é bem assim, não é?.. Como definir tanta vida numa palavrinha qualquer.
- Nós viemos ter com Lorde Arunsun, mas tudo indica que ele está desaparecido - pontuou Fox com um olhar de reprovação para o ladrão.
- Não temos notícias dele desde ontem.. não sei o que aconteceu, mas ele está simplesmente sumido e sabe como são esses magos e..
- Creio que nós temos a resposta para isso.. - disse o bárbaro da tribo dos Lobos do norte. - Nós avisamos o arquimago do que está se passando em outros planos da existência e ele partiu para avisar as entidades cósmicas que governam o universo.
- Garoto, eu não entendi porra nenhuma do que você disse, mas tenho certeza que é importante mesmo. Seja como for a cidade esta em frangalhos e os Ladrões das Sombras.. amigos desse aí que acompanha vocês.. estão assassinando lordes do café da manhã até a ceia. Como podem ver, não tem nada em que eu possa ajudar e não sei nada sobre os planos de vocês.
Eles deixaram o palacete ainda mais decepcionados e frustrados com mais aquela negativa. Negativa também foi a energia sombria que caiu sobre eles, poucas centenas de metros além do portão. A sacerdotisa sombria de Shar que tantos problemas lhes causara e seu assecla caíram com todos os poder sombrios de Shar sobre eles, vitimando Sirius Black de pronto e lesionou a todos. Paulo de Tarso os conhecia como Roberta e Torpinson. Roberta os aprisionou com seus tentáculos de trevas, enquanto o gigantesco Torpinson atacou Falkiner. O grupo respondeu à altura, mostrando o quanto haviam evoluído desde o último encontro. Enquanto Lorde Byron carregou Sirius Black para um lugar seguro, Paulo de Tarso se mantinha à margem dos eventos. John Falkiner revidou a investida do servo de Shar e Úrsula usou suas flechas para dar conta de alguns tentáculos. Ryolith Fox e Rock dos Lobos uma vez libertos investiram contra a serva das trevas.
Encurralados e vendo se aproximar a guarda e as estátuas colossais que protegiam a Cidade dos Esplendores, Roberta e Torpinson desapareceram nas sombras. Todos logo se deram conta de que Sirius Black também sumira. Francisco Xavier usou uma magia para localizar o predestinado que conversara com Oghma e sentiu que estava para baixo. Logo pensaram em Porto dos Crânios, o vil covil da bandidagem sob Águas Profundas onde haviam encontrados os dois servos do mal anteriormente. Foi Paulo de Tarso que os guiou até uma passagem para os esgotos e dali para as cavernas que levavam à cidadela do crime.
Se Águas Profundas estava à beira do precipício, aquele covil do crime prosperava como nunca. As ruas estavam apinhadas de todo tipo de gente. Foi fácil descobrirem onde encontrar Estevam Torpinson. Úrsula foi escondida a fim de descobrir o que se passava lá dentro, além de receber uma invisibilidade perfeita de Leila Diniz. A furtiva gnoma não teve dificuldade para entrar e passar pelos guardas que limitavam o acesso aos nível superior. Foi lá que ela viu Torpinson com o inconsciente Sirius Black. Sem pensar duas vezes, a matadora de magos disparou uma chuva de flechas sobre o inimigo, um clérigo de Shar. O ataque surtiu pouco efeito, além de alertar a todos ali para uma ameça. Úrsula aproveitou o tumulto para escapar e na escada aproveitou para matar os três guardas. Isso terminou por semear o tumulto e logo toda a taverna estava tomada pelo caos.
Todos os outros urgiram para socorrer a gnoma, mas junto com eles chegou uma das gigantes caveiras flutuantes amaldiçoadas que guardavam a cidade. Imediatamente, elas lançaram uma abjuração que desapareceu com Úrsula, fazendo-a ser tragada pela terra. Os aliados da mãe de Arnoux II investiram contra a monstruosidade morta-viva, sem qualquer resultado. A abominação da natureza, no entanto, precisou apenas de um pensamento para que cada um deles assistisse ao seu pior temor aparecer e lhes roubar a vida. Apenas Leila Diniz, já morta, e Francisco Xavier, um imorrível, não foram afetados, todos os demais caíram como frutas maduras no fim da estação. Sem mais demora, o crânio flamejante e voador partiu.
Francisco Xavier não perdeu tempo e avançou com Leila Diniz, sentindo que aquela era a direção de Sirius. Ao chegar ao fim do aposento, os dois arcanos da Fortaleza da Vela teleportaram-se e surgiram em uma aposento amaldiçoado pela energia profana de Shar. Torpinson e Roberta executavam ali outro ritual em que Sirius Black seria uma das vítimas. Havia, além dele, um paladino e quatro outros sujeitos. Atacados pelos servos de Shar e sem muita resistência para oferecer, a dupla preferiu agarrar o escolhido e teleportar-se para longe dali.
Eles surgiram no templo de Oghma em Águas Profundas.
Enquanto isso, Ehtur já avistava a Grande Floresta ao longe. Eles escolhera um caminho mais curto, deixando de lado a estrada e seguindo a planície.
Nas Planícies Cinzentas, John Falkiner, Ryolith Fox, Lorde Byron, Paulo de Tarso e Rock dos Lobos viam o que era o verdadeiro caos.
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