29 de ago. de 2012

Contatos, olhares e significados distintos...

Já viajavam escondidos nas plantações a quase dois dias quando avistaram aquela cena terrível. Úrsula foi a primeira a perceber que os quatro mortos-vivos devoravam os corpos de duas crianças. Levando as mãos à barriga onde crescia seu bebê, a gnoma não mais aceitou a indicação de Ehtur, de que seguissem sem chamar atenção. Rock e Daphne também não puderam mais conter o impeto de destruir as criaturas vis pelo ato abominável que haviam cometido. Numa ação rápida e coordenada, eles precisaram de pouco mais que 6 segundos para varrer os carneçais. Encontraram algumas peças de ouro com os mortos-vivos e uma carta nas carcaças das meninas escravas. Nada puderam entender, pois estava escrita na estranha língua de Thay.
Isso se deu na noite anterior ao dia da chegada à grande cidade que estava à frente e o grupo pensava tratar-se de Eltabbar, capital de Thay. Imaginando ser ali onde encontrariam finalmente o Tomo de Mystra e retornariam para salvar Alissah Eagle, eles avançavam escondidos e invisíveis, mantendo a tática da cautela. Ainda era difícil pra o jovem bárbaro, pois a manhã anterior havia sido marcada por um curiosos episódio. Uma luxuosa caravana que parara na beira da estrada viu saltar um nobre em finas vestes não rubras, que aliviou-se sem cerimônias na plantação mais próxima. Curiosamente, ele encarou com firmeza o grupo, Rock "o rochedo planar" dos Lobos, em especial. O jovem bárbaro sentiu um vazio em seu íntimo e a vitalidade lhe faltar conforme aquele olhar escrutinava sua alma. O homem virou-se e retornou à segurança de sua comitiva com carroças e cavaleiros como se não houvesse feito nada além de urinar. O grupo pode perceber como havia aumentado o número de tropas marchando rumo a oeste, como se uma invasão rumasse para Aglarond. Até que Rock conseguisse recompor-se e explicar aos colegas o que se passara, já era tarde para fazer outra coisa que não seguir em frente. Seguir em direção à cidade que julgavam ser Eltabbar.

No entanto, Amruthar, às margens do rio Laprendar, não era Eltabbar, ainda que fosse uma grande cidade. Além de possuir um nível mágico impressionante, a cidade era formada por camadas, como um bolo, em uma grande colina artificial esculpida magicamente. Isso permitia que as torres centrais atingissem uma altura desconcertante. Uma enorme ponte partia da cidade cruzando o rio larguíssimo a oeste. Havia bastante movimento no porto contíguo, bem como um certo tráfego aéreo.
Optando por manter a discrição, o grupo optou por permanecer afastado, deixando para Úrsula "das mil flechas" Suarzineguer e Ehtur Telcontar o encargo de adentrar a metrópole estrangeira. Ambos tomaram a precaução de seguirem escondidos e silenciosos mesmo sob o manto da invisibilidade. Sentiram-se seguros apenas na região portuária, onde encontraram uma taverna repleta de estrangeiros, em especial comerciantes, marinheiros e andarilhos. Lá entrando, sem sucesso em encontrar interlocutores em uma língua familiar, resolveram arriscar e abordaram o taverneiro na língua de Aglarond. Ainda que tenham conseguido bebida e pagado caro para aplacar a desconfiança do homem, foi isso que levou-os a serem abordados por um impaciente meio-elfo. O sujeito lhes pediu mais cuidado e orientou-os a encontrá-lo daqui a alguns minutos fora da cidade. Assim fizeram.
Algum tempo depois, Úrsula e Ehtur tornaram a se encontrar com Orimel Drudaryn, que revelou ser um espião da rainha Symbul em Thay. Ele os informou sobre o risco que corriam usando a língua de um reino inimigo aqui. Além disso, deu todas as informações de que o grupo necessitava sobre a situação do reino dos magos vermelhos ao saber dos entendimentos entre eles e a rainha de Aglarond. Foi assim que souberam que Thay os imaginava como uma tropa invasora e que a movimentação dos exércitos se devia a uma resposta a uma força invasora. Pelo visto, Aglarond pagaria o preço do avaçar deles. Ainda assim, haviam alguns dias e Orimel disse que daria um jeito de manter a rainha Symbul avisada.
O meio-elfo também orientou-os a permanecerem ali escondidos em segurança, enquanto ele providenciaria a venda de coisas que haviam coletado, a compra do que necessitavam e a adulteração dos documentos que possuíam. Por fim, Orimel também lhes trouxe um mapa e disse qual seria o melhor rumo a seguir até Eltabbar. Desejou-lhes sorte e orientou que poderiam encontrar ajuda com um certo Bilhar Sentolan, um agente daqueles que harpeiam, que poderia ajudá-los em caso de necessidade. O grupo, por sua vez, alertou o espião que outros aliados deles podiam ali chegar em busca de ajuda: um mago e uma feiticeira vindos da Fortaleza da Vela com um lobo a tira colo; um ladino, uma clériga elfa e um gnomo.

Depois de passarem um dia inteiro acompanhando em segredo e pelas profundezas o navio do pirata de Francis Drake, Francisco, Sirius, Leila e David enfim chegaram a uma cidade costeira. Aguardaram o amanhecer para arriscarem aproximar-se da cidade e ocuparam esse tempo com a análise dos tomos mágicos e a leitura de "Sobre a Queda de Netherill", escrito pelo escriba trêmulo de :Larloch. O livro narra-lhes as glórias de Netherill desde o surgimento até a ruína com o episódio conhecido como a tolice de Karsus. Naquelas páginas, os magos da Fortaleza da Vela ampliaram seus conhecimentos históricos e souberam como todo o poder arcano daquele reino antigo advinha de pergaminhos conhecidos como os Pergaminhos de Nether, que haviam sido encontrados nas ruínas de uma cidade chamada Oreme, a cidade das torres brancas. Aparentemente, um misterioso arquimago conhecido como Terrasser, que tomara posse da cidade, fora o primeiro a alertar sobre os riscos que Netherill corria, mas não lhe deram ouvidos. Fazia-se uso indiscriminado da magia e inimigos famintos e nefastos cresciam em poder: os phaerimms.


No dia seguinte, tendo preparado melhor suas magias, Francisco "o necromante branco" Xavier consumiu sua própria energia vital para tornar-se capaz de entender toda e qualquer língua de maneira permanente. Eles deixaram a baleia morta-viva e os tubarões, que retornaram ao mar, mas não se afastaram do navio do pirata Drake. Como é a sina dos corpos sem descanso eterno, estes passaram a amaldiçoar o navio pirata.
O trio aproveitou o tempo para adquirir itens mágicos com o dinheiro que haviam encontrado na baú. Sirius "começar de novo de novo" Black se reequipou, além de adquirir os pergaminhos e poções que os dois arcanos julgaram necessários inclusive para regenerar-lhe as chagas. Leila "meu foco é outro" Diniz evitou as palavras adocicadas do malandro, apesar das orientações dele que guiaram suas mensagens mágicas destinadas a um certo paladino de Tyr chamado Ryolith Fox, que estaria a oeste deles, no reino de Cormyr, e para os aliados que haviam abandonado em Thay. Apenas a primeira teve sucesso e a resposta do servo dos deuses não foi amistosa nem preocupada, deixando no ar um certo tom desconfiado e inquisitorial do servo do deus da justiça. Ryolith desdenhou de Sirius Black, muito embora tenha informado-os de que tinham um poderoso artefato para usar contra as forças dos Neo Nethereses, os invasores de Cormyr.
Passado mais um dia, com novas magias preparadas, o trio partiu rumo a Thay e em busca do Livro de Mystra com a benção de Oghma, que Francisco apresentava cada vez mais a Sirius.
Eles se teleportaram, tomando o cuidado de encolher David para facilitar as coisas e apareceram de novo à beira do lago que haviam deixado dias atrás, alguns dias após Sirius partir em busca de Bibiana e Yorgói. Dali conseguiram entrar em contato com Úrsula enviando novos ventos sussurrantes mágicos, que informou-os de que estavam a alguns dias de viagem à frente, após o lago e no planalto a oeste. Haviam acabado de deixar a cidade em que estavam, onde eles poderiam conseguir ajuda com um meio-elfo chamado Oriel. Eles estavam seguindo para Eltabbar.
Francisco conjurou dois cavalos fantasmagóricos para transportá-los por sobre o lago e partiram...


Adendo


Me chame Aang Liah. Alguns anos atrás - não importa quanto tempo precisamente - por ter pouco ou nenhum dinheiro em minha bolsa, e nada de especial a interessar-me em terra, eu pensei que poderia navegar um pouco e ver a parte aquosa do mundo. É uma forma que tenho de aprender com o que faço e regular a evolução de meus poderes elementais.
Sempre que encontro-me a amargar algo sombrio sobre a boca; sempre que me vem como um pano úmido a perpétua garoa novembril de minha alma; sempre que eu encontro-me assim, involuntariamente, como que pauso ante armazéns vazios, ante o caixão, na retaguarda de todos os funerais que encontrei para aqui chegar. Como explicar tudo isso na hora de chegar ao mar assim que eu puder? Este é o meu substituto para a dardos mágicos e as armaduras de ar.
Com um floreio filosófico, Portusss se lança com a sua espada. Callabis tece cantigas e sinais de fumaça. Hermione saboreia a brisa. Li'Ankh relembra terrores antigos. Eu calmamente levo o navio como me ensinou meu capitão e mentor. Não há nada de surpreendente nisso. Aprendi que quase todos os seres em algum grau, algum tempo ou outro, valorizam quase os mesmos sentimentos para com o oceano que eu.
Há agora a cidade insular de Procampur, que deixamos a pouco dias.
Desde nosso encontro com o terrível necromântico Francisco Xavier e suas aberrações mortas-vivas não temos paz ou descanso. O capitão Francis Drake caminha insone todo o tempo sobre o convés com o arpão em punho desejoso da carcaça da baleia e dos quatro tubarões. Ele a chama de My Dick. Por mais que trabalhem os canhões e nossas armas, nada parece capaz de dar o repouso final aos malditos zumbis. Dia e noite eles nos perseguem e golpeiam nosso casco. Uma maldição sem fim...


21 de ago. de 2012

Uma luz no fim do túnel...



Ryolith Fox e John Falkiner surgiram em um ponto do deserto de onde viam apenas as dunas dançantes ao sabor do vento. Elair e Thela logo se localizaram e puderam seguir em busca da tribo dos Távios. Eles caminharam por algumas horas, tornando a sentir as agruras impiedosas do deserto. O servo de Kelemvor foi quem avistou os vultos no céu. Alertou que eram dragões, mas Thela especificou que eram dragões azuis.
- Outros pretensos senhores dessas terras. Assim como os sombrios, eles ameaçam a todos pela força e terror. É melhor que sigamos com cautela, mas não devem nos importunar se mantivermos distância.
Passaram a caminhar mais atentos, mas os dragões mantinham-se afastados até que os quatros humanos avistassem as grandes montanhas ao oeste. Elas marcavam o fim do deserto disseram os beduínos. Passaram a seguir um roteiro paralelo às cordilheiras, evitando aproximar-se dos dragões, observando as imediações. Perceberam uma falha no encontro entre duas das montanhas da cordilheira.
- Naquele ponto ficam ruínas ancestrais.. talvez os Távios estejam lá. - falou Elair.
- É um ponto de passagem... - e dito isso, seguiram se aproximando, percebendo que os dragões azuis pareciam ser os senhores do picos das grandes montanhas, sem estarem concentrados ali naquela parte baixa de suas possessões. Se os senhores dracônicos estavam mais ocupados em vigiar outras partes, ao avistarem as ruínas, no entanto, o grupo percebeu que havia muito movimento por lá. Criaturas grandes e cobertas de escamas amarelas caminhavam entre os restos da cidade. Além delas, também havia uma enorme serpente com cabeça humana...
- Uma naga.. - explicou Fox. Depois de os beduínos chamarem as outras criaturas de Asabi. - Encontrei uma certa vez.. em um rio subterrâneo. Meu velho amigo Ehtur Telcontar me explicou como eram malignas e de seus poderes mágicos. Devemos avançar sobre eles...
- Pensei que devíamos buscar os Távios.. e o artefato... - resistiu Falkiner.
- Eles podem estar lá. E é nosso dever para com a justiça eliminar os servos do mal e suas atividades nocivas. - disse o paladino de Tyr sacando a espada e avançando, enquanto o clérigo de Kelemvor orou por proteção e poder para vencerem aquela incauta missão.
O ataque, no entanto, não foi bem sucedido. Apesar de terem a surpresa ao seu lado, os heróis encontraram seres mais poderosos do que imaginavam. Os asabis resistiam a mais golpes do que seria normal e as magias da naga eram potentes. Elair e Ryolith tombaram, obrigando John a teleportá-los, assim como Thela, para longe dali para salvá-los. Mesmo aparecendo a quase quinhentos metros das montanhas, descobriram não estarem a salvo.
Logo viram-se sob a sombra de um dragão azul, que identificou como servo do Marquês Iyrmith, senhor do nordeste do deserto e vassalo de Nova Netheril. Se Ryolith preocupou-se com a aliança dos dragões e dos neonethereses malignos, John conseguiu convencê-lo a ter cautela nas ações estando todos ali feridos. Para sorte deles, o dragão se satisfez com as informações sobre a ruína e o que se passava lá. Ele deixou-os ali para ir checá-las, dando a eles tempo para fugir.



Sirius, Francisco e Leila buscaram descansar da melhor forma possível, embora o sol e a maresia dificultassem isso. Tinham comida, mas não muita água, que precisavam racionar. Após um dia e uma noite, Francisco "o necromante branco" Xavier conseguiu atacar e vitimar quatro tubarões, que haviam sido atraídos pelo sangue de Sirius que ficara na água. O mago da Fortaleza da Vela transformou-os em mortos-vivos e logo deu ordens para que as criaturas lhe trouxessem uma baleia o mais inteira possível.
Enquanto os arcanos cuidavam dos rituais necromântico purificados, Sirius "se arrependimento matasse" Black lamentava não ter qualquer resposta de Selune. Olhava em volta e imaginava que talvez não tivesse feito a melhor escolha no fim das contas, afinal de contas a noite seguia sem luar ou estrelas, nenhum sinal de Bibiana e o vazio em seu íntimo retornara com a partida de Máscara. Francisco Xavier lhe falou sobre como a atitude desbravadora de Sirius poderia combinar bem com os desígnios de Oghma, o Senhor do Conhecimento.
Sirius "a sombra dentro da sombra" Black ponderava arrastando-se pela areia da pequena ilhota para ver se havia algo ali além de coqueiros e areia fofa.. Foi assim que encontrou o ponto onde a areia era ainda mais fofa. Um buraco tapado. Assoviou para David e o lobo cavou velozmente no local, onde encontrou dois grandes baús. Todos se juntaram para retirar os pesados baús com dificuldade, mas viram-se impossibilitados de abri-los.
No dia seguinte, quando os tubarões retornaram com a carcaça da grande baleia, eles carregaram os baús para dentro, enquanto Francisco cuidava do ritual para animar o gigantesco animal com o qual eles se lançariam ao mar. Antes de partirem, Leila conjurou um ser para quebrar os baús. Ao fim das contas, descobriram que um estava repleto de moedas e o outros com vários livros, o maior deles intitulado "Sobre a Queda de Netherill" escrito pelo Escriba Trêmulo de Larloch. A baleia ganhou o mar, enquanto Sirius e Leila seguiam protegidos em seu interior. Francisco Xavier foi em pé sobre ela acompanhado pelos tubarões em volta.
Eles pouco haviam se afastado quando avistaram um navio. Sem intencionar escapar a uma abordagem, à sua "embarcação" encostou o navio pirata. O capitão chamado Francis Drake requisitou os baús, que segundo ele era da propriedade deles. Mesmo sem recusar entregar o material, os três navegadores da baleia se recusaram a subir no navio seguir com os piratas. Não vendo outra solução, Francisco Xavier tentou destruir o navio com uma bola de fogo, que mostrou-se insuficiente para tal intento. Os piratas responderam com balas de seus canhões, capazes de causar grandes estragos na baleia morta-viva. Sem demora, o necromante branco buscou proteção em seu interior ordenando-a que afundasse. Para reparar o estrago, fez uso de dois dos tubarões que obstruíram com os próprios corpos os buracos causados e impedindo a água de entrar.



Nas áridas terras de Thay, Daphne, Rock, Samwise, Úrsula e Ehtur voavam sobre o vasto lago buscando o interior daquele reino. Todavia, eles avistaram magos vermelhos vindo sobre dragões. Tentaram ludibriá-los afastando-se, mas eles rapidamente descobriram o frágil disfarce do bárbaro e atacaram com bolas de fogo, matando o grifo, nocauteando Samwise e seu fiel cão, além de ferir Rock. Daphne, em forma de águia gigante, que carregava Úrsula e Ehtur invisíveis, seria o próximo alvo, como realmente aconteceu. Ferida gravemente e no limite de seus poderes, a druida não viu outra solução do que se transformar em um tubarão grande o suficiente para manter o guardião e a gnoma em seu interior, nadando para resgatar Rock e os outros. Como o jovem bárbaro estava consciente, Daphne conseguiu resgatá-lo e puxar a todos para o fundo, onde encontraram uma caverna subterrânea com alguns minutos de ar.
Ali puderam forjar um plano. Daphne, "a de mil formas", invocou um tubarão, que surgiu próximo à superfície e ludibriou os magos a persegui-lo. Contando com o fôlego e a resistência do jovem bárbaro, ela partiu velozmente o máximo que ele aguentasse em outra direção. Graças a isso, conseguiram atravessar o lago e atingir a margem leste. De lá podiam ver as numerosas fazendas com grandes plantações que cobriam esse lado. Avistavam escravos trabalhando por toda parte, assim como a patrulha área do magos vermelhos, além de capatazes vigilantes. Ao longe, mais ao norte, havia uma grande cidade de onde partia uma imponente estrada rumo ao leste e ao paredão que marcava o início do planalto de Thay. Os heróis recuperaram suas forças ali escondidos, camuflados e invisíveis, ganhando tempo para terem seus poderes e sua energia de volta.
Preferindo evitar novas confusões, dessa vez o grupo seguiu escondido, além de invisível ou disfarçado, em direção ao paredão sem intencionar contato com a aglomeração da estrada ou da cidade. A escalada era íngreme e difícil. Daphne ajudou os pequeninos como pode em sua forma alada, enquanto Ehtur e Rock viraram-se com a própria força e as cordas que tinham. Dedicaram todo o dia à perigosa escalada para enfim chegarem ao alto do planalto. Dali podia ver a árida planície que haviam cruzados desde as montanhas de Aglarond. Não fosse o lago e o rio, seria tudo ali uma casca seca e estéril. No alto, por outro lado, tudo era diferente. Eles avistavam ao longe o segundo planalto que se formava no centro deste, irrompendo num único e imenso pico coberto de gelo a nordeste de onde estavam. Todo o horizonte leste também era coberto por uma enorme cordilheira de picos com cumes cobertos de neve ao que pareciam meses de viagem dali. O solo era fértil e a temperatura mais fresca e amena.
Havia uma outra cidade, também de grande porte, no ponto onde a majestosa estrada chegava ao alto do planalto. A estrada que seguia dali também estava tomada pelo fluxo frenético do comércio, assim como as patrulhas aéreas também eram uma constante. Resolveram manter a discrição e seguir...


Bibiana abriu os olhos sem sentir a falta de ar que a acometeu quando cortaram sua garganta. Levou a mão instintivamente ao pescoço, mas já não havia qualquer problema. Estava em uma planície inóspita e diante dela, em todas as direções haviam almas clamando o nome de deuses. Ela buscou uma das almas para se certificar do que já imaginava, de que estava morta no reino dos mortos.
- Estas são as Planícies Cinzentas, elfa.. o além. - disse o espírito do humano que clamava por Chauntea, deusa da agricultura. Logo, a clériga meio-elfa viu um brilho róseo que levou algumas poucas almas ali próximas. No entanto, Bibiana "a sacerdotisa mestiça" Crommiel percebeu que havia uma verdadeira multidão de almas e um coro de cantorias por divindades distintas. Ela também percebia algum tumulto mais além. Resolveu clamar por Corellon Larethian.
Após alguns minutos de orações, para sua surpresa, quem a clériga viu surgir foi o gnomo Yorgói. Ele ficou feliz por vê-la, mas parecia preocupado.
- Demônios e diabos estão atacando e impedindo os deuses de buscarem as almas de seus devotos, Bibiana. Por algum motivo, o Deus dos Mortos nada faz.. eles enfiam as almas em sacos e estão capturando dezenas!
- Talvez sejam problemas maiores. - ponderou Bibiana ciente de que estes extra-planares malignos viviam do saque de almas. Tentou uma magia, que devolvesse ela e Yorgói para o plano material, porém nada aconteceu. Isso serviu, no entanto, para fazer surgir sobre eles o símbolo sagrada dos Senhor de todos os elfos. A lua crescente prateada surgiu resplandecente naquela vastidão trazendo esperanças ao coração da dupla.
- Você terá um bom lugar em meu reino Bibiana Crommiel. Sua atitude digna, honrada e corajosa significou a derrota de um Deus maligno e detestável. Você não temeu sacrificar sua vida pelo que é certo e melhor para todos. Sua alma descansará junto dos espíritos mais valorosos do belo povo. Haverá hidromel para se beber em sua honra e os trovadores cantarão baladas inspiradoras com seu nome. A cada ano ao menos uma criança terá seu nome e durante cem anos um dia para se lembrar de teus feitos. - Corellon ainda listava suas bençãos à finada clériga, quando ambos viram surgir uma entidade colossal, que parecia redefinir a própria realidade com sua mera presença.
- Corellon Larethian.. grande deus dos elfos, senhor menor da magia, mecenas das artes e músicas, general de guerras, aquele que cortou o olho de Gruumsh, você rompeu o artigo 6o da cláusula 5a dos parâmetros cósmicos universais, interrompendo ritual de divindade desassociada de antagonia direta em que se empunhava tomo mágico de 6a grandeza. Isso fere as possibilidades de seu portfólio ou de suas disputas.
- Isso é um absurdo.. - protestou o deus incrédulo. - Eu vim às Planícies Cinzentas resgatar a alma de minha fiel seguidora e irei levá-la ao meu reino. Se intervi em seu favor para que seu corpo não fosse conspurcado por demônios, isso não fere meus deveres. Não tenho que responder a tais absurdos e...
- Suas prerrogativas de divindade estão revogadas e sua capacidade de armazenar almas, distribuir poderes mágicos e demais qualidades divinas tornam-se nulas de imediato, devendo sua materialidade me acompanhar para um julgamento mais específico da questão. - e dito isso, a entidade fechou a mão, que parecia capaz de tornar-se tudo que ali estava, mas Corellon Larethian gritou com bravura.
- Pois eu tenho o direito perpétuo de lançar meus poderes e esperanças em um objeto ou indivíduo, num último gesto puro e desesperado de resgate futuro da desgraça que agora me acomete! Um direito da tradição primeira de tudo! - a entidade nada respondeu, mas Bibiana percebeu que uma torrente de energia divina derramou-se da lua que a cobria para ela, banhando seu corpo com uma graça além do que ela julgava ser possível. Isso também a lançou para longe dali.
A jovem clériga abriu os olhos sentindo-se ofuscada pelo sol. Ela estava caída sobre alguns humanos e muita areia. Tentou falar em elfo com eles, percebendo serem servos do deus da morte, Kelemvor, e da justiça, Tyr. Foram simpáticos com ela, parecendo percebê-la como algo divino. Ela mesma sentia-se incrivelmente bem, como se nada de ruim fosse capaz de acometê-la.
Ryolith Fox conversou bastante com a mulher durante o caminho, enquanto John Falkiner continuou mais concentrado na busca pela tribo dos Távios. Quando finalmente os encontraram, já no anoitecer, após mais algum tempo vagando pelo deserto, o paladino de Tyr já sabia muito sobre a misteriosa e celestial elfa do leste, enquanto o servo de Kelemvor interessara-se pela experiência transcendental dela no reino dos mortos. Eles foram logo levados ao líder daqueles beduínos, o Távio mor, Khar Xeita. Foi ele que lhes apresentou finalmente o artefato de Amaunthor que haviam encontrado e brilhava como o sol, após ser retirado de um saco. Aquele brilho recuperou-os de todo cansaço, fome, sede ou ferimentos, além de fazê-los sentirem-se abençoados.. capazes de triunfar sobre quaisquer trevas.



14 de ago. de 2012

Flechadas certeiras

Sirius "a sombra dentro da sombra" Black soltou-se dos subalternos que o seguravam, como um tigre que espanta moscas. Ele esbofetiou o imbecil mais próximo e olhou Radamanthys Notívago com arrogância, enquanto mapeava melhor o aposento. Viu Bibiana acoada à frente do bandido de Máscara, assim como o outro subalterno que havia degolado o pobre Yorgói "npc também morre" Dossantis.
- Não fossem seus capatazes me atrasando, eu já estaria aqui a mais tempo do que você é capaz de dizer "a sombra dentro da sombra", mas não nos percamos em amenidades, afinal de contas o que...
- Onde está o pequenino?
- Que pequenino?Como pequenino? Você já estragou meu outro funcionário e agora.. ei, você aí.. essas coisas me pertencem...
- Claro, claro.. irei guardá-las para você.. - esnobou o sujeito.
- Não tente me enganar, Black. Você devia trazer o hobbit, que você disse ser o companheiro dela. A clériga pura e bondosa, que reabrirá o portal capaz de trazer o poder de Máscara e fazer outros como nós. Cobrirmos o mundo com nossa sombra, meu camarada. Máscara o possui. Você é parte dele, ele está no seu íntimo mais profundo. Não sucumba a devaneios heroicos e aventureiros, temos que arrancar as palavras dela e para isso precisávamos do hobbit.
- O ritual que necessitava desse livro? - Sirius diz desviando-se do cerne da questão e apanhando o livreto caído no chão, que não parecia nada mais do que uma velha caderneta de anotações. Ele ainda chegou com ela até Bibiana apresentando o livro como uma arma.. - É isso que você tem que ler? Estão aqui as palavras sagradas que você tem que... - e antes mesmo de terminar a frase, Sirius tocou em Bibiana e usou dos seus poderes sombrios para aparecer o mais longe possível de onde estava.
Tão logo manifestaram-se a duas centenas de metros da fortaleza, Bibiana "a sacerdotisa mestiça" Crommiel tomou o livro de Máscara das mãos de Sirius e passou a rasgá-lo ferozmente. Para assegurar que aquelas páginas não iriam tornar a oferecer risco a quem quer que fosse, ela passou a ingerir os pedaços de papel. Sirius, por sua vez, olhou o céu escuro, sem lua ou estrelas e chamou por Selune, a deusa da lua, em seus pensamentos. Assim como não veio resposta alguma, ele sentiu o poder de Máscara deixar seu corpo, esvair-se de seu ser. Como após à ressurreição, Sirius sentiu como se algo em sua alma se perdesse, que não pudesse mais ser recuperado.
Um instante depois, eles viram Radamanthys e seus comparsas se manifestarem e atacá-los impiedosamente.
- Você realmente achou que fossem escapar.. - foi a última coisa que Sirius ouviu antes que perdessem os sentidos.
Ao sul dali, nas ermas terras no limite interno de Thay, os demais integrantes daquele intrépido grupo enfim reuniram-se. Leila conseguiu dissipar a magia que paralisava o jovem bárbaro, mas mal tiveram tempo para levantar os caídos com poções e Daphne já avistou os magos vermelhos em grifos a se aproximar. Ela buscou ganhar algum tempo, voando e atraindo os inimigos, mas percebeu também que uma grande tropa com cavaleiros e soldados vinha por terra. Tendo poucos recursos à disposição, os heróis se viram obrigados a medidas drásticas. Úrsula escondeu-se invisível em uma tocaia, enquanto Francisco "o necromante branco" Xavier lançava graxa mágica para dificultar a movimentação das tropas e poderem atear fogo. Samwise curou-se com uma poção e Rock cuidou de fortalecer os aliados com resistências de urso, enquanto Leila os cobria com o manto da invisibilidade.
O problema começou quando quatro dos magos vermelhos, deixando de perseguir Daphne, deram-se conta do ardil e fulminaram o grupo com incontáveis bolas de fogo, que deixaram no limiar de suas forças Ehtur Telcontar e Rock, além de tombar Xavier, em quem o ataque estava concentrado, e Samwise. Num último gesto, o guardião conseguiu curar Xavier, mas isso o fez tombar diante de mais uma leva de ataques. Francisco Xavier, por sua vez, temendo o pior, correu em direção a Leila Diniz, que estava protegida no lombo de David. Úrsula escapou das magias e manteve-se furtiva seguindo em direção às tropas inimigas. Daphne, tendo apenas um mago em seu encalço conseguiu virar a situação a seu favor, agarrando o arcano e atirando-o para fora do grifo, que seguiu seu caminho. O necromante branco não vendo outra opção,  arrancou uma das páginas de seu livro e teleportou-se dali levando Leila e David.
Úrsula aproveitou para alvejar os cavaleiros da tropa já bastante próxima. Ela conseguiu derrubar três cavaleiros antes que eles se dessem conta do que se passava. Isso acabou tumultuando o avanço da tropa, obrigando-os a perseguir um inimigo que não tinham certeza de onde estava. Enquanto eles perdiam tempo, a gnoma retornava esgueirando-se velozmente e ainda invisível graças ao anel que um dia ganhara de Rhange Hesystance.


Daphne deixou de sentir seu animal, mas sabia que ele ainda estava vivo. Ela retornou para encontrar seus aliados perdidos e condenados. Os quatros magos vermelhos já pousavam acreditando terem finalizado o problema e pretendendo pilhar os derrotados. Um deles tomou  o machado de Rock e suas luvas, enquanto o outro pego o manto e o amuleto. Mais à frente, um tomou a lança de Ehtur, mas o outro foi surpreendido ao tentar retirar o anel de invisibilidade do guardião, também presente de Rhange Hesystance. Um enorme descarga elétrica atravessou-o, quase matando-o. Úrsula "a matadora de magos" Suarzineguer aproveitou-se disso para derrubar o outro mago e apenas terminar o serviço com o eletrocutado. Rapidamente se apossou das varinhas de bola de fogo que os feiticeiros escarlates possuíam.
A druida da Grande Floresta conseguiu manter um dos grifos ali para carregar Samwise e sua montaria, enquanto Úrsula dividiu-se em fulminar os inimigos com bolas de fogo, que ela ativava por instinto, e curar Ehtur. As tropas perderam a coesão e não fosse o retorno do líder dos arcanos vermelhos, que não fora eliminado pela queda e teriam escapado dali com as águas celestiais conjuradas por Daphne. No entanto, sozinho, mesmo com magias poderosas, o mago tatuado de Thay não foi capaz de dar conta daquela ameaça e partiu, mas partiu prometendo voltar.

Muito longe dali, após um dia inteiro de viagem, John Falkiner e Ryolith Fox sentiam as agruras penosas do Grande Deserto. O calor era terrível em suas armaduras completas de metal, o peso era insuportável sobre a areia fofa, a sede era uma navalha constante em seus pensamentos, mas mesmo assim eles continuavam. Thela e Elair buscavam minimizar-lhes o infortúnio, mas não era tarefa fácil. Conseguiram avançar em segurança por todo o tempo duna após duna.
Após suas preces noturnas, John clamou pelo poder divino de Kelemvor, senhor dos mortos, podendo novamente se comunicar com seus guias. Solicitou que descrevessem a cidade em ruínas, pois poderia levá-los diretamente para lá com uma magia, o que não deixou de deixar os dois beduínos um tanto preocupados. Ainda assim, eles confiaram na convicção do clérigo. Falkiner orou ao deus dos mortos e eles partiram do sul rumo ao norte.
Ao invés de uma cidade em ruínas, no entanto, eles encontraram um grande acampamento. Barracas luxuosas, mas leves e facilmente levantadas dançavam ao sabor do vento. Ao redor as árvores e o verde denunciavam o oásis. Não tardaram a surgir beduínos com lanças e cimitarras ameaçando-os. Elair tranquilizou a todos e explicou quem eram os dois, prontamente deixados em paz. Dali, eles foram conduzidos até a tenda principal e ao líder daqueles nômades, o Khar Pereirão.
O guerreiro não se conteve indo abraçar o amigo Ryolith. Ambos conversaram sobre a escravidão que cruzara seus caminhos, lembrando os tempos terríveis que se sucedem desde então. Ambos haviam retornado para seus povos e buscavam libertá-los dos neonethereses ou sombrios, como os beduínos os chamavam. Agora era uma mesma esperança que colocava-os em contato.
- Uma tribo do norte encontrou um artefato. Um pedaço do sol dizem alguns.
- É um artefato dedicado a Amaunthor, um deus primitivo do sol.. - ponderou Falkiner cruzando todas as informações que tiveram até aqui.
- Os sombrios estão vasculhando todas as ruínas do deserto.. fizeram acordos com os monstros e dragões.. dizem que é o reino deles e somos súditos deles. Pois eu digo que Pereirão não é súdito de ninguém. O tal artefato está com os Távios. Vocês podem encontrá-los com sorte a três dias de viagem daqui. Descansem, comam, bebam e arranjem uma boa mulher para passar a noite entre minhas dançarinas.. amanhã Thela e Elair seguirão com vocês pelas obrigações da honra.
Ryolith logo recolheu-se, após suas preces. John Falkiner demorou-se um pouco mais, mas acabou bastante desgostoso quanto às dançarinas que julgou muito assanhadas e fora de forma. Acabou por orar por iluminação e deitou-se.
Na manhã seguinte, o despertar deles foi principiado pelo caos. Tão logo deixaram o interior de suas barracas, o par de servos dos deuses puderam ver a odiosa, mas também incrível da cidade voadora. Se Ryolith Fox já vira aquilo, John Falkiner prontamente percebeu o mal que sustentava tudo aquilo. Todos se agitavam e debandavam levando consigo suas móveis e preparadas moradas. Falkiner buscou seu colega e seus guias e sem mais demora, teleportou-se para o norte.


Sirius e Bibiana acordaram ao mesmo tempo pela água fria. Sentiam a dor terrível de estarem presos pelas mãos e pés. Não amarrados ou acorrentados, mas sim crucificados no aposento onde haviam estado antes e onde o corpo de Yorgói ainda jazia. Se a dor era terrível, o humor de seus algozes não parecia muito melhor.
- Você escolheu seu lado, Black. Se eu não posso mais completar o ritual.. - e Radamanthys trazia os restos do livreto nas mãos.. - ao menos eu vou poder sacrificar a alma de vocês dois em troca de alguma coisa. Tenho certeza que alguma entidade do além vai retribuir a alma de uma clériga elfa e um herói de merda. Ainda pode levar o gnomo de brinde. - ele colocou a lâmina da rapier na goela de Sirius. - Eu terei muito prazer em matar você, seu verme.. mas antes.. antes você irá assistir à morte dela. Verá que você fracassou em sua missão e não conseguiu nada bancando o herói.
- Bom, eu ganhei todo esse papo furado do tipo "eu posso fazer um discursinho" de você né... - disse Sirius com ironia, enquanto tentava ganhar tempo. - Mas se você pensar bem.. não há porque se prender a isso. Se não tem mais ritual.. acontece.. vida que segue e... - a rapier pressionou-lhe a garganta, impedindo Black de prosseguir.
- Eu não tenho medo de você, servo do mal. Eu destruí seu libelo nefasto e impedi os planos sórdidos de seu Deus das Sombras e dos Ladrões, que se esconde atrás de máscaras e servos incapazes. Minha tarefa foi um sucesso e tenho certeza que Corellon Larethian terá bom lugar para minha alma se for esse o meu destino ou que não permitirá que seus atos vis possam me alcançar. você é o único derrotado aq.. - o golpe de Radamanthys abriu a garganta da clériga, impedindo-a de terminar. A meio-elfa engasgou com o próprio sangue, sentindo a vida escapar como lhe faltavam as palavras.
Para a surpresa de todos, no entanto, tão logo as primeiras gotas de sangue tocaram o solo, um brilho prateado de um portal trouxe luz àquelas trevas e tragou Bibiana "a sacerdotisa mestiça" Crommiel. Ramanthys Notivago e seus homens não acreditavam no que viam, mas Sirius ficou tranquilo como se soubesse o que se passava.
- Onde ela está? - ameaçou Notívago.
- Bem.. eu posso lhe dizer o que está acontecendo...
- Você VAI me contar.. ande.. ou corto a sua garganta..
- E me ver partir? Vamos Radamanthys, que mal posso representar com mãos e pés multilados, nu e desarmado?
- Se tentar algo.. existe outros pedaços de você que eu posso cortar.. - ele arrancou uma das estacas que prendia Sirius, satisfazendo-se com a dor que isso causava. Uma vez livre e mal se mantendo em pé. Sirius via que não havia nenhum sinal de esperança. - E então?
- E então o que?
- O que se deu com a clériga?
- Ah.. é um ritual de proteção poderoso.. coisa fina.. e o ingrediente final é o sangue de um inocente...
- Sangue de um inocente?!? Ora.. e de que me serve isso agora? - enfureceu-se Radamanthys Notívago já frustrado com tantos revezes. Sem mais demora ele investiu contra Sirius, que conseguiu esquivar-se numa última manobra e arrancar um pergaminho que seu inimigo trazia na cintura. Ele torceu para que aquilo fosse o que ele julgava que alguém como Radamanthys teria, enquanto todos os outros servos de Mask já vinham atingi-lo. Ele leu o pergaminho, mesmo sem entender nada do que dizia.
Um instante depois, ao invés de escuridão e espadas, Sirius deparou-se com água salgada em todas as direções. Prendendo o ar, ele lutou para subir à superfície, vendo que estava próximo de algumas pequenas ilhotas de areia, onde conseguiu chegar, antes que os tubarões se aproximassem daquelas águas mais rasas. Ele chegou sôfrego à praia, arrastado e atirado pelas ondas, no limite entre a vida e a morte. Não morreu crucificado, não morreu afogado, não morreu comido, mas talvez morresse ali de fome. Ainda caído viu surgirem dois pares de pés.
- Veja o que a maré trouxe, Leila...
- Parece que os deuses realmente tem planos para você, Sirius Black...
- Quer ceviche?


9 de ago. de 2012

Mocinhos e bandidos...


Sirius Black acordou ainda acomodado atrás da caixas. A carroça estava parando. Já era fim do dia e havia muitas outras carroças lá fora. Pelo barulho dos arredores, estavam em uma cidade. Com a mesma discrição com que encontrara seu esconderijo, Sirius deixou a carroça disfarçado com as roupas que encontrara e improvisando um turbante. Ele circulou apenas ouvindo línguas estranhas e estrangeiras aos seus ouvidos. Demorou um bocado até encontrar um mercador com quem falar nas línguas do oeste. Soube que estava em uma cidade que não passava de um entreposto para as caravanas. Ali, com muita mímica e boa vontade do comerciante, ele conseguiu trocar uma das espadas élficas que coletara por um par de adagas mágicas, uma das quais parecia nefastamente poderosa.
Depois disso, o servo de Máscara retornou à estrada. Ele analisou as caravanas que chegavam vindas do norte. Não havia caravanas partindo com a chegada da noite, mais uma vez sem lua e estrelas. As que chegavam do norte traziam os escravos de pele escura. As caravanas que vinham do sul traziam caixotes de grãos, tecidos e manufaturas. Sirius usou de seus poderes para invadir o interior de uma das carroças. Lá dentro encontrou um guarda e cinco escravos, sendo uma senhora de idade e quatro crianças.
Todos ficaram surpresos com o inesperado visitante que emergiu da escuridão. Como o carcereiro não entendeu patavinas do que dizia Sirius "a sombra da sombra" Black, este viu-se obrigado a silenciar aquele, o que foi reverenciado com louvor pelos escravos, que rapidamente se puseram a agarrá-lo. Sirius repetiu o nome Thesk.. isso bastou para os garotos apontarem uma direção. Com isso, Sirius Black, juntamente com pobres escravos, que já lhe parecia rotineiro libertar, mergulharam no plano das sombras.



Ainda longe dali, Bibiana despertou sentindo-se fraca e dopada. Sua cabeça latejava e seus músculos estavam amolecidos como se estivesse envenenada. Demorou algum tempo até ela ver alguma coisa naquela penumbra. Tinha as mãos amarradas atrás do corpo e a boca amordaçada. Pode enxergar alguém caído alguns poucos metros à sua frente.. Yorgói, o bardo gnomo. Via também muitos pés, até que o dono de um par deles abaixou-se próximo ao seu rosto:
- Veja só quem acordou.. bom dia, flor do dia.. ou melhor.. boa noite, escrava pro açoite.. - disse o sujeito com uma risadinha, puxando-a e colocando-a de pé. A serva de Corellon Larethian logo reconheceu Radamanthys Notívago e seus comparsas sombrios. Eram cinco além do líder, um dos quais portava a única tocha que trazia alguma luz àquele ambiente familiar. Ela não demorou a perceber que estava de volta à fortaleza onde Guideon fora morto.
- Você deve imaginar porquê está aqui, clériga. - ele disse retirando-lhe a mordaça.
- Minha mente não se envolve na sordidez dos pensamentos vossos, assassino.
- Ora, ora, quanta fúria. Não precisamos ser tão agressivos, não é mesmo? Afinal de contas, nós fomos muito longe para recuperá-la. Não é sempre que colocamos nossas mãos numa elfa tão bonita. Sem você nós não poderíamos terminar o grande ritual em homenagem a Máscara que derramará seu poder sobre o mundo.
- Ritual para Máscara? E o que diabos eu tenho haver com isso? - como resposta, Radamanthys se aproximou e mexendo nas coisas da meio-elfa, retirou dela uma pequena caderneta de capa de couro cru, o diário do irmão de Guideon, que haviam encontrado quando estiveram aqui da primeira vez. Ela nem se lembrava o motivo de ter mantido aquilo, onde puderam ler as desventuras de Hamish McLought. Quando ele o abriu, no entanto, ela viu o brilho acinzentado que se derramou daquelas páginas como se fosse de um tomo mágico.
- Eu realmente fiquei preocupado quando vocês escaparam com isso aqui... - disse o bandido com um sorriso maquiavélico. - Obviamente, nós não precisamos apenas do livro. Essas palavras precisam ser lidas por uma pessoa de boa índole e intenções, para que o portal para o reino de Máscara se abra e sua graça sombria nos cubra de poderes. Eu adoraria poder ler isso aqui, deve ser uma experiência e tanto, mas me falta o estudo.. nunca fui um aluno muito aplicado. Mas tem coisas que não se aprende na escola, não é mesmo?
- E o que o faz pensar que eu ajudaria alguém como você? - indagou Bibiana com toda a confiança que as causas justas alimentam nos indivíduos. Radamanthys Notivago, no entanto, não respondeu com palavras. Ele fez um sinal para um de seus homens, que prontamente abaixou-se sobre o gnomo, tomou uma de suas mãos e com um só movimento, cortou fora o dedo mindinho, arrancando gritos agoniantes de dor de Yorgói. O pobre gnomo mesmo amarrado se contorcia como um peixe fora da água.
Bibiana não estava pronta para aquele grau de crueldade, mas teve que pensar rápido, pois não sabia nenhuma prece que não dependesse dos gestos e ainda tinha as mãos presas. - Tudo bem.. tudo bem. Eu.. eu ajudarei.. mas.. eu preciso ter as mãos soltas.. eu preciso segurar o livro...
- Você acha que eu sou idiota?.. Eu seguro o livro pra você.. - Radamanthys disse jogando-a no chão.
- Mas é um ritual complicado e...
- Nós cuidaremos do ritual.. e você da leitura...


Muito ao sul dali, o grupo que avançara para Thay acabou vendo-se obrigado a lutar contra os cadáveres dos gnolls que haviam derrotado. Perceberam que não poderia haver descanso naquelas terras macabras. Após derrubar o último zumbi partiram e mantiveram-se em movimento, contornando e desviando de todos os pequenos grupos que acabavam cruzando seu caminho. Apenas Francisco e Leila foram dormindo no lombo de David, que fez um esforço extra para garantir que os magos recuperassem seus poderes.
Junto com o novo dia, veio também uma cidade às margens do enorme lago e aos pés do colossal paredão de pedra que barrava uma visão do horizonte. Um enorme planalto se anunciava para além da vista com uma imponência desconhecida mesmo para exploradores da grandeza da natureza como Ehtur, Daphne e Samwise. Verdade é que todos sentiam falta das palavras amistosas de Yorgói e nem todos da confiança eloquente de Sirius.
Com o dia que começava, caravanas já deixavam a cidade e navios partiam do porto. Daphne avistou do alto a grande quantidade de escravos que iam em direção ao outro lado do lago. Nas carroças que seguiam viagem iam grandes quantidades de grãos, produtos manufaturados em grandes caixotes. O povo da cidade já ganhava as ruas, embora a localidade contasse com pouco mais do que 4 mil habitantes, protegidos por muros um tanto baixos, mas que limitavam a duas as entradas: uma por onde partiam as caravanas e o porto. Ela via guardas nas ruas, um grande número de escravos e alguns mortos vivos circulando no povoamento pouco expressivo. Não haviam pessoas de vermelho, ela apenas vira humano com manto escarlate sobre um grifo até agora.
Resolveram entrar com cuidado e discrição. Ehtur, Úrsula e Samwise se fizeram invisíveis com os anéis que portavam. Daphne metamorfoseou-se em um humano parecido com a etnia dominante local, ainda que com veste simples que puderam improvisar. Leila, Francisco e Rock seriam seus escravos. O jovem bárbaro inclusive fingia carregar a "carcaça" de um lobo morto. Com isso em mente, seguiram, tendo os colegas invisíveis um pouco mais atrás. Ehtur se posicionou atrás de Daphne para qualquer eventualidade.
Conseguiram passar do portão que guardava a entrada. Miravam o porto, mas logo perceberam que estavam chamando alguma atenção. Demorou muito pouco para que um guarda abordasse Daphne numa língua estranha, que nem mesmo o poliglota Ehtur conhecia. Seguiu-se uma discussão de surdos e o disfarce parecia prestes a desmoronar. Quando o guarda usou a língua do reino de Aglarond, foi um alívio. Mas ele insistia que deveriam acompanhá-los até o prédio da guarda local. A recusa e resistência acabou realçando a desconfiança dos guardas que começavam a escutar os cochichos próximos ao "dono de escravos".
Sem paciência para aquilo e temendo o pior, Rock, "o andarilho dos planos", clamou pelos espíritos de seus ancestrais. Isso paralisou os guardas e também seus aliados, criando enorme tumulto, como já acontecera antes. Se a população corria em pânico, os guardas logo se puseram a atacar a todos, mesmo estando baqueados. Como eram apenas cinco, não pareciam verdadeira ameaça.
A verdadeira ameaça foi a bola de fogo que explodiu sobre eles. Demoraram algum tempo para se recuperar até verem que a magia viera do céu, onde um mago de vermelho montado em um grifo pairava. Leila e Francisco tentaram escapar montados em David, vendo que mais guardas vinham da frente. Ehtur, Úrsula e Samwise tentaram seguir o mesmo caminho rumo ao porto, enquanto Daphne se transformava em uma águia gigante para ir contra o mago vermelho, que paralisou o bárbaro com uma magia. E mais magos vieram, mais magias se seguiram, suficientes para tombar Ehtur e Daphne.
Vendo que tudo parecia perdido, Francisco "o necromante branco" Xavier arriscou uma jogada desesperada. Enquanto Leila "em busca da memória perdida" Diniz conjurou um poderoso leão celestial, ela e seu protetor recuaram agarrando os corpos do bárbaro e da druida, teleportando-se em seguida com eles, mas deixando o lobo para trás. David correu o mais rápido que pode, agarrando o caído guardião como pode. Enquanto isso, Úrsula e Samwise aproveitaram para montar ainda invisíveis no lobo selvagem. que conseguiu escapar parecendo levar apenas um cadáver. Todos dirigiram-se para o ponto afastado onde haviam combatido os gnolls, esperando que lá tivessem a segurança necessária para pensar melhor no que fazer.


Em Cormyr, Ryolith Fox e John Falkiner viajaram por um dia rumo ao norte assistindo as mazelas que a guerra e a fome traziam ao reino: um povo aterrorizado, terras desoladas, uma nação em frangalhos. Ryolith despedira-se de Palas Atenas lamentando não poder contar o real motivo de sua partida. Pelo fim do dia já avistavam as trevas que cobriam a antiga cidadezinha de Tilverton. O paladino de Tyr já vira aquela cena em seus sonhos, mas isso não diminuía o impacto do momento. Ele sentia a maldade que emanava daquele lugar sem sequer recorrer aos poderes com que Tyr lhe abençoara. Falkiner disse que havia muita energia negativa e que deveriam haver muitos mortos-vivos por ali, era certamente um lugar amaldiçoado. Ambos teceram preces aos seus deuses e seguiram viagem com um certo pesar em seus corações.
No dia seguinte, após uma noite sem lua e estrelas, sem sonhos, eles tomaram a direção noroeste em busca do Anauroch, o grande deserto. Aos poucos o terreno e o clima foram se tornando cada vez mais áridos e inóspitos. O solo pedregoso revelava que chegavam as Terras de Pedra, região limítrofe entre o reino e o maior deserto do mundo. Haviam andado pouco ainda quando avistaram um grupo de gnolls atacando dois humanos, que pareciam cativos, presos e maltratados como escravos.
Um ataque rápido e esmagador deu conta dos monstros, derrubando uns e imobilizando outros. Ryolith e John viram que os homens era beduínos nômades do deserto, que ficaram extremamente gratos a eles.
- Eu também fui um escravo certa vez.. - disse Ryolith curando os ferimentos deles. - Um homem de seu povo foi escravo comigo.. chamava-se Pereirão. Fomos capturados por um bandido chamado Sirius Black.
- O grande khar Pereirão? Ele é um dos mais destemidos guias de nosso povo nesse momento terrível!
- O que houve? - interessou-se John, que dera as magias para que pudessem entender uns aos outros.
- O povo das trevas chegou. Primeiro roubaram nossas terras, depois roubaram nossos sonhos e, por fim, roubaram a lua e as estrelas. Escravizam nosso povo e alimentam os homens-hiena e orcs. Eu sou Elair e este é Thela. Seremos eternamente gratos por vossa ajuda.. pede a honra que lhes paguemos na mesma medida.
- Somos gratos, mas não nos devem nada. A justiça de Tyr busca consolar a todos..
- Assim como Kelemvor deseja um descanso eterno justo para cada um.
- Ainda assim, estamos em débito com vocês...
- Talvez possam nos orientar em nossa jornada.. nós estamos em busca de uma cidade.. - disse Ryolith.
- Uma cidade perdida no deserto... - acrescentou Falkiner.
- Então nós sabemos onde devemos levá-los. - disseram os beduínos satisfeitos em poder ajudar.


Quando Sirius Black emergiu das sombras, muitas horas depois, já avistava a fortaleza ao longe. Ao seu redor, no entanto, as crianças gritavam aterrorizadas enquanto arrastavam-se para longe daquele estranho sujeito. A mulher jazia caída e esparramada no chão. Sirius vendo a tensão da situação, tomou uma de suas adagas e deu na mão do menino mais velho.
- Agora você é um homem, garoto. Com essa arma, você será um homem. - ele encarava o garoto no fundo dos olhos lacrimejantes. O menino tremia e tão logo o servo de Máscara o soltou... o menino desembestou correndo sem parar. Vendo o pequeno erro que cometera, Sirius tomou outra adaga e agarrou o segundo mais velho dentre os garotos. - Agora você é um homem, garoto. Com essa arma.. você irá proteger os outros dois, entendido?
- Si.. si.. sim.. se.. senhor... - e assim ela partiu, deixando os meninos à própria sorte, mas armados, enquanto rumou para a fortaleza.
Sirius "a sombra da sombra" Black avistou um sentinela no alto da fortaleza e imaginando já ter sido visto, acenou, transportando-se em seguida para próximo do guarda. Este realmente já esperava por ele e após um rápida troca de gentilezas que beiravam à ameaça, Sirius mergulhou nas sombras para surgir dentro da fortaleza.
Lá dentro, numa sala mais reservada, Bibiana foi novamente levantada, quando todo o ritual parecia pronto. Ela havia conversado com Yorgói, que recuperado do choque e tentando racionalizar a situação, dissera para que ela nada fizesse, não colaborasse, mesmo que isso significasse a morte dele. Bibiana "a sacerdotisa mestiça" Crommiel concordou, mas ela tinha outros planos.
Quando Radamanthys Notívago aproximou-se com o livro brilhante, ela procedeu à leitura, muito embora reafirmando a dificuldade de lídar com aquele dracônico arcaico sem o uso das mãos. O homem das sombras concordou em deixar-lhe as mãos livres, mas estava alerta para qualquer gracinha. Ainda assim, Bibiana achou que não perceberiam o círculo de proteção contra o mal que ela conjurou. A resposta de Radamanthys foi a lâmina da rapier que perfurou o abdômen da clériga. O sangramento que se seguiu era contínuo, ininterrupto, roubando-lhe a vida..
- Tente outra gracinha dessa e meu próximo alvo será o seu pescoço..
- Chefe.. - disse um dos subalternos surgindo das sombras e fazendo estranhos sinais. Radamanthys pareceu entender e deu ordens para que três de seus homens seguissem, restando outro dois ali com ele.
- Continue lendo.. - ele colocou a lâmina no pescoço de Bibiana, assim como um de seus homens fez o mesmo com Yorgói.  Dessa vez, no entanto, a escolhida de Corellon Larethian não exitou. Tendo novamente uma ação, clamou pelos poderes purificadores de seu Deus para destruir e dissipar o mal que dava poderes ao artefato que tinha em mãos. Sem ligar para a própria vida, ela viu o poder divino arrancar a força mágica do diário, que caiu como um livreto qualquer no chão.
Radamanthys não tardou a entender o que se passava, sua lâmina uma vez mais cortou a carne da meio-elfa, arrancando mais sangue e deixando-lhe outro ferimento perpétuo. O subalterno das sombras também agiu abrindo a garganta de Yorgói como se fosse um animal no abatedouro. O sangue vermelho pintou o chão, enquanto o pobre gnomo engasgava no próprio sangue. A clériga desesperou-se e buscou defender-se, embora não parecesse ter muitas esperanças.
Mas foi nesse exato momento, que Sirius Black apareceu. - Aí está você, Sirius.. enfim chegou.. - disse Radamanthys recebendo-o com um sorriso.



1 de ago. de 2012

Redes...

Após eliminar os monstruosos trolls, o grupo não demorou a encontrar a entrada da caverna que servia de covil aos monstros. O lugar era enorme e estava tomado pelo cheiro de carne podre. A atenção do grupo foi atraída pela pilha de objetos num canto e pelos pedaços de corpos devorados na direção oposta. Ehtur identificou pelo menos sete indivíduos entre humanos, orcs e gnolls. Restava pouco além de pés, mãos e pedaços de crânio.. o resto estava devorado. Pelas manchas de sangue na pedra e a quantidade de larvas e moscas, haviam sido dúzias de vítimas nas últimas semanas.
Daphne foi a única que preferiu permanecer do lado de fora, em sua tradicional forma de águia, vigiando o perímetro. Enquanto ela avistava o chapadão de pedras que formava o horizonte leste, para além das águas vastas do lago de onde nascia o rio que haviam percorrido, seus companheiro reuniram todo as peças de cobre, prata e ouro que os monstros haviam acumulado.  Além disso, uma detecção revelou a presença de numerosos itens mágicos.
Yorgói se prontificou a identificá-los, o que demandaria muitas horas, enquanto os demais descansavam, pois poderia viajar em cima de David durante o dia. Quando Daphne retornou, contando sobre pequenos bandos de mortos-vivos e uma estrada, Ehtur e ela concordaram que poderiam dividir toda a vigília, deixando os demais recuperarem suas magias e poderes com descanso para que pudessem partir o mais rápido possível. Arranjaram como camuflar a entrada para evitar convidados desagradáveis e indesejados.
Assim passou a maior parte daquela noite, que ainda não assistira ao retorno da lua ou das estrelas ao céu. Quando Daphne despertou, Yorgói lhe informou que já havia identificado 5 dos itens, uma lança que dava choques e evitava quedas, luvas que aumentavam a perícia do arqueiro que as usasse, uma adaga que drenava a energia do inimigo em favor de quem a empunhava e botas capazes de aumentar a velocidade de quem as calçasse. A jovem druida achou graça da dedicação do mestre gnomo, ainda que não se importasse muito com nenhum daqueles objetos, lamentando muito mais as vidas que haviam sido perdidas por conta de tais materialismos mágicos.
Ela avisou Ehtur que deitou-se, enquanto ela, assumindo a forma de um humanoide-morcego, se pôs a vigiar escondida e atenta aos arredores sem despertar suspeitas. Lá dentro, no entanto, assim que o guardião enfim descansou, Sirius Black foi despertado.por um estranho, mas um estranho muito familiar. A mescla entre ele e as sombras denunciava sua origem, ainda que as estranhas roupas púrpuras não colaborassem com a furtividade.

- Olá, Sirius Black..

- Quem é você?
- É um prazer conhecê-lo, meu caro. Meu nome é Radamanthys Notivago. Fui enviado por Máscara para agradecer e parabenizá-lo pela execução de sua missão...
- Missão? Que missão?
- Nós precisávamos da clériga elfa e do pequenino.. graças ao seu auxílio, poderemos levá-los em segurança. - Pondo-se de pé e olhando em volta, Sirius deu pela falta de Bibiana, Yorgói e Daphne. Vendo Ehtur por ali, imaginou que Daphne estava de guarda do lado de fora.
- Claro, claro.. mas pra que você precisa deles?
- Precisamos completar um ritual que poderá permitir ao Senhor de Todos os Ladrões criar mais abençoados como nós.. você precisa vir a Telflaam qualquer dia desses, meu caro. Uma cidade com as riquezas do Oriente e sombras largas. Nós controlamos cada metro.. cada negócio.. cada lucro.
- Yorgói?!? - ambos ouviram Daphne chamar lá de fora, uma vez que não escutava mais o gnomo cantarolar a magia.
- Nos procure em Telflaam quando terminar sua viagem...
- Devo informá-lo que está levando o pequenino errado.. - interviu Sirius tentando ganhar tempo. - Vocês desejam o hobbit e não o gnomo - ele indicou Samwise.
- Não me tome por bobo, meu amigo.
- Eu garanto.. por Máscara.
- Que seja.. levemos os dois então..
- Vocês não devolverão o gnomo? Eu preciso dele em minha missão..
- Considere-o um bônus nosso.. - disse Radamanthys deslizando pela sombra e indo até o pequenino arqueiro. Antes que o tragasse para as sombras, ainda teve tempo de dizer.. - Saiba sempre o seu lado, Sirius Black, pois o mundo sempre está acabando e alguém sempre está "salvando" tudo. Enquanto isso, somos nós que faturamos... - ele já punha as mãos no hobbit, mas Sirius interviu.
- Deixe que eu mesmo levo este.. eu vou com vocês... - e dito isso, Radamanthys concordou e sorriu, sumindo simplesmente no plano das sombras. Sirius fez o mesmo, mas deixou para trás o hobbit Samwise, no mesmo momento em que Daphne entrava na caverna e despertava todos com um grito aflito ao ver a falta de tantos de seus amigos.

Ao mesmo tempo que muita coisa acontecia no plano material, muito também se passava em outros planos. Rock, tão logo cerrou os olhos, viu-se novamente no plano das sombras. Ele pode ver-se numa versão tenebrosa da caverna onde havia se deitado. Ele vagou por algum tempo até conseguir localizar-se e entender aquele ambiente alienígena. Tudo ali, por mais que existisse, não parecia passar de uma cópia distorcida do plano material. Uma sombra. Com o passar do tempo, ele percebeu alguns vultos que correspondiam aos seus companheiros deitados, mas o que realmente chamou sua atenção foi a grande criatura feita de trevas, que tinha olhos vermelhos brilhantes e vinha em sua direção. Não tardou a perceber que tratava-se de uma versão distorcida e corrompida dele mesmo.
- Eu sou Kcor! - gritou a criatura. O urro e a força negativa que vinha dele atingiram Rock simultaneamente ao grito de Daphne, trazendo a consciência do jovem Bárbaro de volta ao mundo material.
Leila "o segredo de Mystra" Diniz, por sua vez, sonhava outra vez, mesmo que ninguém mais no mundo o fizesse. Ela viu uma cena inusitada em seus pensamentos. Ela mesma era uma bela mulher em trajes de uma feiticeira, mas muito distintos dos seus. Seus cabelos também eram escuros e havia algo de arrojado em sua postura. Ela exalava uma confiança que a própria sonhadora desconhecia. Diante dela estava um belo homem, alto e forte, de cabelos escuros como o dela, mas vestindo uma bela armadura prateada. Ele a olhava com uma paixão devotada e profunda, como se pudesse morrer por ela. Por trás dele surgiu um homem franzino e furtivo, de aparência mesquinha e desagradável, portando uma grande espada que fincou nas costas do belo cavaleiro. Leila viu a vida esvair-se daquele olhar apaixonado, ao mesmo tempo que o som da voz de Daphne a tragou para a realidade.


No plano das Sombras, Sirius Black além de ver as formas sombrias dos servos de Máscara que zarpavam navegando as sombras, deparou-se também com a figura sinistra e musculosa de Rock. Sem entender a origem daquilo, o escolhido de Máscara teve apenas tempo de marcar a direção dos ladinos e retirar suas adagas antes da aproximação do monstro. Sirius com sua agilidade costumeira conseguiu cortar as trevas que compunham a criatura várias vezes, mas isso não pareceu causar-lhe verdadeiro mal. Enfurecido, o ser das trevas urrou como fazia o jovem bárbaro Rock, liberando espectros sombrios do plano das sombras. Quando estes atingiram Sirius Black, além de paralisado, ele foi assaltado pelas visões do passado. Sirius viu o momento em que carregou Rock e os demais para o plano das sombras.. ele viu quando a sombra de Rock descolou-se do bárbaro.. descolou-se e ganhou vida própria. O susto foi suficiente para Black escapulir e reaparecer em seu plano natal, ainda que desprevenido.

Todos levantaram-se com os clamores de Daphne, logo descobrindo que Sirius, Bibiana e Yorgói estavam desaparecidos. Sem demora sucederam-se duas linhas de pensamento, uma que definia Sirius como culpado pelo desaparecimento e outra que temia algo maligno que tivesse alcançado aos três aliados. Enquanto ainda discutiam, viram Sirius surgir do nada e cair no chão aturdido. Daphne e os outros acudiram em sua direção recebendo-o com cuidado, mas também com desconfiança.
- Cade a Bibiana e o Yorgói, Sirius? - adiantou-se Rock.
- Eles foram levados.. aparentemente a clériga e o pequenino não nos contaram tudo sobre o passado deles... - ele falou isso olhando diretamente para Samwise "olhos ligeiros", que parecia mais confuso do que qualquer outra coisa.
- Nós não escondemos nada de vocês...
- Pois os caras que pegaram a Bibiana e o Yorgói queriam levar você também e a treta deles com vocês era muito mais complexa do que qualquer coisa que vocês tenham nos contado. O que você tem a dizer sobre Telflaam?
- Nós viajamos até a froteira de Thesk com Thay para resgatar o irmão de Guideon.. achamos o lugar vazio e fomos atacados por uma tal Radamanthys Notivago e seus comparsas. Eles mataram Guideon e Willhelm, o druida que nos acompanhava. Segundo Bibiana, nós dois só escapamos graças a um milagre de Corellon Larethian. Os ataques e os inimigos.. bem.. eles vinham das trevas.. assim como você!
- Você conversou com eles, Sirius? - escandalizaram-se Rock e Ehtur.
- Claro.. ora.. como não? Não fosse minha intervenção abnegada e altruísta e teriam carregado também o pobre e indefeso Samwise. Não pude salvar Bibiana e Yorgoi, mas isso por culpa sua! - Sirius apontou para Rock - Ou melhor, conte para eles sobre a entidade de trevas malévolas malignas do mal que você deixou no plano das sombras...
- Isso foi culpa sua!.. - enfureceu-se Rock - Quando você nos arrastou para aquele lugar terrível..
- Arrastei?!? Eu salvei vocês!!!
- Amigos, vamos deixar disso.. nossos colegas são a nossa preocupação agora e.. - Daphne tentou acalmá-los, mas o jovem bárbaro já explodia em fúria e liberava seus espectros que acabaram por atingir e afetar todos, com exceção de Leila Diniz. Quando todos recuperaram-se, encontraram a feiticeira conversando com ele e mantendo-o mais calmo.
- Nós precisamos decidir como vamos salvar nossos amigos.. - disse Daphne ainda zonza, mas também interpondo-se entre os brigões. - Para onde eles foram, Sirius?
- Eles foram levados pra Telflaam, eu acho.. eu sei a direção.. posso alcançá-los com meus poderes e...
- Seus poderes? - disse Daphne receosa com a lembrança das piores horas de sua existência.
- Nós temos que ir para Eltabbar e encontrar o livro! - interviu Francisco Xavier.
- Eltabbar? A capital de Thay?
- Sim.. é lá que o livro está. Fui informado pela Fortaleza da Vela. É para lá que eu e Leila vamos.. é essa nossa missão.
- Podemos nos teleportar para lá depois.. - ponderou Rock.
- Não, as proteções mágicas nos impediriam. Não podemos perder mais tempo.
- É preciso salvar, Yorgói.. - interviu Ehtur.
- Eu posso ir atrás dele e da clériga.
- Eu vou com você. - falou Úrsula.
- Eu também - completou Samwise.
- Enquanto isso eu e Rock seguimos com os magos.. - disse Daphne buscando conciliar os interesses e mantendo-se atenta às intenções de Francisco Xavier.
- Eu irei com vocês também.. - disse Ehtur olhando para Daphne. Depois, voltou-se para Sirius e olhando-o no fundo dos olhos falou - Espero que eu não tenha que ir atrás de você por causa disso!
- Não me venha com essa conversinha, Ehtur.. - debochou o ladino, mas o guardião nem lhe dava mais atenção. Todos necessitavam de algum descanso ainda e acabaram esperando até o amanhecer. Quando o dia chegou e Sirius já se sentia minimamente recuperado, não esperou pelos demais, mergulhou no plano das sombras e partiu sozinho, deixando para trás apenas uma carta com doces palavras destinadas a Daphne.
Sirius viajou sozinho por várias horas e quando seus poderes acabaram retornou ao plano material próximo a uma estrada. Com agilidade e furtividade, usou o quinhão de poder que lhe restava para refugiar-se em segurança entre as carroças de uma caravana que seguia para o norte.
O restante do grupo não lamentou nem surpreendeu-se verdadeiramente com a atitude de Sirius, embora Samwise tenha ficado preocupado com a sorte da gentil Bibiana, a quem já considerava uma amiga. Eles partiram o mais cedo possível e caminharam por todo o dia, tomando o cuidado de evitar a estrada onde Daphne via as numerosas caravanas que passavam. A druida em forma de um abutre ficou horrorizada com a grande quantidade de escravos que avistava entre os humanos, gnolls e orcs, o que fez seu sangue ferver. Mesmo assim, ela manteve o autocontrole e continuou orientando seus amigos pelo rumo mais tranquilo. Ficou preocupada com o homem tatuado de manto vermelho montado em um grifo que sobrevoava vigilante a estrada, mas que não percebeu o grupo viajando sob a proteção da invisibilidade. Com a proximidade da noite, margeando já o grande lago e avistando ao longe as luzes de uma cidade, o grupo deparou-se com alguns gnolls desgarrados que não tiveram qualquer dificuldade em vencer.


Muitos dias antes, muito longe dali, Ryolith surgira próximo a Arabel, a segunda maior cidade de Cormyr. Trata-se de uma cidade grande e tradicional, que fica na porção nordeste do reino. O paladino não teve dificuldades para chegar à estrada, onde muita gente passava. Chegando aos portões da cidade, logo identificou-se e foi conduzido até o Templo de Tyr. Lá foi recebido por Palas Atenas e seu fiel acompanhante e protetor Miguel. Foi dela que recebeu notícias atualizadas de tudo que se passava em sua nação.
Os servos das trevas que habitavam a cidade voadora haviam aniquilado Tilverton, uma pequena cidade na fronteira de Cormyr, no extremo norte. Essa região ficava próxima ao Anauroch, o Grande Deserto, que agora era reclamada pelos malignos como uma Nova Netheril, seu reino. Além de atiçar os goblins, orcs e gnolls da região contra Cormyr, os sombrios inimigos tinham poder suficiente para levar o terror até o coração do pobre povo de Cormyr.
Os Dragões Púrpuras e a Ordem de Tyr estavam empenhadas em proteger o povo e as terras do reino, mas os poderes dos inimigos eram especialmente nocivos e estranhos ao conhecimento dos arcanos cormyrianos. A regente e o jovem rei estavam presos num emaranhado de intrigas políticas na capital do reino, Suzail, uma vez que além da pressão no norte, a confederação de Sembia, ao leste, vinha desestabilizando as linhas comerciais que abasteciam Cormyr. Os ventos vindos do norte também eram inesperadamente frios para aquela época, prejudicando as colheitas, que ficaram aquém do esperado. Na visão de algumas familias nobres oportunistas da capital, tudo isso era sinal da fraqueza e inoperância de Alusair Obarskyr, filha do falecido rei Azoun IV, e mãe do atual rei Azoun V, que ocupava o posto de regente. Tyr e a justiça estavam ao lado da regente, embora uma facção da ordem de Tyr começasse a questionar algumas das decisões dela, requisitando que se buscasse apoio em Waterdeep. Além de tudo isso, ainda haviam aumentado muito os casos de bandoleiros oportunistas sequestrando pessoas para serem vendidas como escravos em outras terras.
Palas afirmou sua confiança em Alusair e tentou mostrar ao querido Ryolith que ainda havia esperança. Ela apresentou Ryolith Fox a Volcana Boaventura, governante de Arabel. Tratava-se de uma elfa vivida e experiente, viuva do antigo governante, Armil Boaventura, e representante da aliança entre os elfos do norte e a dinastia humana que fundou o reino de Cormyr. Ela lidera toda a organização das tropas no norte do reino, com auxilio da capitã Palas, do monge Miguel e do capitão das tropas Friederich Nietzsche, um estranho homem de feições rústicas, que diziam ter sangue de elementais da terra e era grosseirão e pouco amistoso. A região do conflito se estendia principalmente das ruínas sombrias de Tilverton até a fronteira com o deserto do Anauroch, região conhecida como Terras de Pedra. Apesar da cordilheira de montanhas chamada de Picos da Tempestade formar uma barreira natural, ela é povoada por orcs e trolls que estão muito mais ousados e organizados desde a chegada dos neonethereses. Os goblins e gnolls das Terras de Pedra também se bandiaram para o lado inimigo.
O paladino sentiu-se deslocado no princípio, mas logo o frenesi dos problemas dominaram sua atenção. Nos dias que se sucederam, Ryolith entregou-se ao serviço de combater os novos nethereses e suas tropas de orcs, gnolls e goblins. Também havia muito serviço com o deslocamento populacional do norte para o sul e com a manutenção das rotas comerciais vindas das Terras dos Vales a noroeste, as únicas que abasteciam o reino agora de vários produtos essenciais.
Ainda se lembrava de seus colegas, mas tinha pouco tempo para se ocupar disso. O tempo em que não estava lutando ou se deslocando, dedicava às orações. Quase não comia e dormia muito pouco agora que os alimentos estavam sendo racionados. Esmagar o mal trazia algum ânimo, mas o sofrimento geral fazia-o sempre pensar sobre a sombra que se abatia sobre sua terra e seu povo.
Pela época atual, o paladino Ryolith Fox foi levado por Palas Atenas, na companhia de Miguel, para conhecer seu pai, Aldebaran Atenas, um dos mais importantes clérigos de Tyr em todo o reino. A fama da sabedoria e rigor do servo do deus da justiça já eram conhecidas do paladino, mas certamente ficou receoso em conhecer o pai de uma moça a quem queria tanto bem. O encontro, no entanto, foi interrompido pelo mensageiro da governadora que convocou-os até o palácio.
Lá foram informados por ela sobre o sequestro do rei Azroun V em Suzial. Além disso, os neonetheres atacaram e ameaçavam uma caravana vinda da Terra dos Vales. 
- Tudo está ameaçado... - lamentou Volcana.
- Temos de buscar ajuda em Águas Profundas! - afirmou Aldebaran. - É hora de reconhecer nossa impotência diante de tantas ameaças.
- Você sabe que isso não depende de mim, servo de Tyr.
- E de quem depende, serva de Tymora? Do rei sequestrado? De sua mãe, uma regente vacilante e ferida? Ou da conselheira bruxa do sul que ela aceitou? Estou farto de seus jogos políticos e sua pouca atitude.. 
- Com licença.. - disse outro mensageiro interrompendo a cena - Mas há um viajante, minha senhora.. um embaixador de Soubar...
- Mande-o entrar, Thiago. Nietzsche pegue as tropas e salve as caravanas, não posso continuar a ver meu povo morrer de fome.
- Mas é isso que eles querem.. a cidade ficará desprotegida! - protestou Aldebaran.
- Não temos opção. Friederich peça a Franz Kafka que cuida das defesas da cidade. Aldebaran, por favor.. nós precisamos..
O velho servo de Tyr não esperou as palavras da governante, saindo dali bufando de raiva, enquanto o clérigo de Kelemvor adentrava o salão. O homem de Soubar nada entendeu, mas a capitã Palas Atenas viu-se obrigada a seguir o pai. Ryolith Fox iria fazer o mesmo, mas o pedido de Volcana o interrompeu:
- Fique, paladino. Por favor..
- Eu não querida interromper..
- Não se preocupe, embaixador.. diga as notícias que trás.
- Meu nome é John Falkiner e neste pergaminho estão as palavras de amizade de Soubar para com Cormyr. Viemos em solidariedade nesse momento difícil e nos dispomos a fazer muito mais como símbolo de amizade entre nossas nações. Nossa governante, Isabeau Sullivan se dispõe a ser uma luz nesse momento de trevas para vós. - e entregou os documentos a Volcana.
- Você é muito bem vindo, embaixador Falkiner. Sinto que nos conheçamos em momento tão nefasto. Ainda assim, sua chegada é em boa hora.. nesse exato momento, senhores, vocês dois são as pessoas em quem mais confio no ninho de cobras que se tornou esse reino. Não há esperanças em vencer esses malditos no jogo deles. Eles nos sufocarão com nossas próprias intrigas.
- E o que você pensa em fazer, governadora Boaventura? - disse Ryolith aflito por se ver envolvido em uma trama além do seu controle mais uma vez.
- Chegaram-me notícias sobre um artefato.. um item que pode mudar nossa sorte nessa guerra. Um exército não teria chance de chegar até ele. Dizem que foi encontrado por beduínos no Anauroch.. um exército não poderia, mas talvez vocês dois possam...