30 de jan. de 2014

As divinas escolhas

Ainda aturdidos, vários deles enfraquecidos pela energia drenada por Shar, os heróis passaram a tentar entender tudo que havia ocorrido, em especial, o que havia acontecido com a magia. John Falkiner conjurou uma simples magia de luz e isso custou parte de sua energia vital. Ele invocou uma benção para curar-se e mesmo recuperando a vitalidade, sentiu seu vigor esvair-se cobrando um preço ainda maior.
- A nossa energia vital é consumida para a realização das magias - alertou o clérigo de Bibiana.
- Então a magia não deixou de funcionar? - Quis saber Úrsula, que percebia que todos os seus itens mágicos continuavam sem funcionar. Apenas Avenger continuava ativo.
- Isso é culpa dos malditos magos... vamos buscar vingança! - Bradou o arco.
- Melhor nos escondermos até tudo passar... - ponderou a adaga Negativa, enquanto Sirius Black estava concentrado em orar para a deusa Selune.
- Meu bem, a treta tá grave aqui com a magia e a gente tá precisando daquela ajudinha esperta.
- Você e seus colegas devem seguir para a Grande Floresta onde estarão em segurança. As forças que se reunem por lá devem garantir seu bem estar, meu amado. Haverá uma grande reunião dos deuses onde se discutirá sobre o novo deus da magia. Isso concentrará minha atenção por hora e não estarei a zelar por ti. - A voz doce da deusa da lua soava na mente de Sirius, que repetia tudo para seus aliados.
- E quem é o novo deus, querida?
- Rhange Hesysthance Sorrowleaf. O arquimago élfico de Evereska.
- E então, pessoal? - Ele acrescentou após concordar como alerta da senhora da esperança.
- Tyr disse que devo seguir para o Vale das Batalhas para salvar a semente de Cormyr. Meu reino está devastado e o senhor da justiça me convoca. - Avisou Ryolith Fox assim que as palavras de seu deus deixaram sua mente.
- Bibiana precisa de mim em Everska por conta da reunião dos deuses, devo garantir a segurança da cidade. Ela teme pela alta magia élfica.

- E você, Rock? O que Malkizid lhe disse? - Quis saber Daphne da Grande Floresta, que havia percebido o silêncio do feiticeiro bárbaro, enquanto Jacke começava a conjurar uma benção de grande restauração para recuperar a energia vital de sua líder.

- Nada! - Disse abruptamente aquele que era a chave dos planos.
- Diga a verdade, Rock! - Insistiu Daphne num tom diplomático, enquanto Ryolith Fox concentrou-se e gastou sua energia vital, pois preferiu invocar uma zona de verdade para garantir que a verdade fosse ouvida. Rock dos Lobos resistiu ao poder do santo paladino, mas mudou seu discurso.
- Ele não disse nada que mude nosso caminho...
- Rock da tribo dos Lobos e escolhido de Malkizid, não me tome por uma tola. Nesse momento em que todos os deuses buscam seus principais servos, diga logo o que lhe disse seu lorde abissal! - Disse a druida de todos os deuses no limite de sua diplomacia.
- Malkizid completou seu ritual. Todos os demais lordes demoníacos foram destruídos e agora o Abismo é um lugar pacificado - ele disse ainda realçando o aspecto positivo do que escutara.
- Isso significa que o Abismo tem um único senhor? - Ponderou a druida das mil formas. - Isso não parece nada bom...
- Ainda assim, eu devo atender as orientações de Tyr, salvar minha esposa e meu reino.
- Eu sei o que é perder a pessoa amada, palada. Eu irei ajudar você a resgatar Palas como você me ajudou a salvar Arnoux. - Interviu Úrsula empunhando seu arco com convicção, que torcia por magos no Vale das Batalhas.
- Eu também devo seguir o pedido de Selune - acrescentou Sirius.
- Ainda precisamos nos recuperar. Melhor seguirmos até Evereska que dista pouco daqui e amanhã posso enviar cada um para o seu destino. Ainda que a Grande Floresta fique a um dia de viagem, o Vale das Batalhas está a semanas daqui.
Todos acabaram por concordar e eles partiram voando para o nordeste. Após algum tempo, avistaram ao longe um enorme dragão em patrulha com quatro humanóides dracônicos. Para evitarem revezes maiores, se teleportaram para frente do templo de Bibiana.
Lá, Juarez Cunnigham, sumo-sacerdote de Bibiana, os aguardava, assim como a ladina Linda Moon, o bardo Orlando Bloom e a druida Gota de Orvalho. A população havia retornado às ruas e a cidade parecia tentar oocupar-se de sua vida.


- Meu senhor - disse Juarez. - A magia não funciona mais como antes...
- Acalme-se, Juarez... - falou Falkiner. - Há um novo deus da magia e pelo que eu posso ver, a energia mágica do Mythal segue abastecendo o tecido mágico por aqui...
- Sinto que aqui não é preciso a nossa energia para os itens mágicos ou para nossas magias, apenas nossa concentração - acrescentou Rock. - É como se algo substituísse nossa energia vital...
- O Mythal - insitiu John Falkiner. - Assim como nossa energia vital que mantém nossas armas inteligentes operando. 
- Seu retorno ontem serviu para tranquilizar um pouco a população, senhor... - ia dizendo Juarez, quando Linda o interrompeu.
- Espera um pouco, carola.. chefão.. andei descobrindo que aquela tal Annia Evalandriel, que você me mandou espiar, tá de conchavo com um ser supremo e poderosíssissimo.
- O que? Do que você está falando, meio-elfa? - Quis saber Sirius Black.
- Ela tá de conversinhas com alguém.. com Rhange Hesysthance. - Acresentou Linda contente com a atenção.
- Bem, a população está mais tranquila e... - ia dizendo novamente Juarez, apenas para ser interrompido mais uma vez, agora pelo bardo Orlando Bloom.
- Eu devo acrescentar, magnânimo John Falkiner, escolhido de Bibiana, criador do cetro redimido, que o regente da cidade, Aspirah Ébrius, antigo sumo-sacerdote de Corellon Larethian, pai de todos os elfos, ao contrário do dedicado Juarez Cunningham, sumo sacerto da deusa dos elfos, a grande Bibiana Crommiel, a mãe do belo povo, não vem sendo efetivo no sentido de assegurar a garantia da segurança dos cordiais habitantes de Evereska, o lar fortaleza, antiga capital do vasto reino de Aryvandaar.
- Como eu dizia... - tentou novamente Juarez - há uma certa paz de volta e...
- Eu quero ser uma Guardiã da Natureza, John Falkiner - finalizou secamente Gota de Orvalho. - Tenho pré-requisitos.
- O que há de errado com a segurança? - Quis saber o escolhido de Bibiana. - Mas sem firulas e adjetivações.
- Aspirah Ébrius está removendo os guardas e guardiões das colinas e concentrando-os no mythal - disse o bardo Orlando parecendo decepcionado.
- Isso não parece de todo errado... - pensou a gnoma Jacke Linne.
- Se me permite acrescentar, chegaram notícias que a cidade humana de Invernunca declaru-se a nova capital do Reino Livre do Norte, uma federação de cidades humanas, anãs e élficas sob a proteção de Tyr e da Tríade - completou o elfo. - Estão aliados a um consórcio e aos servos de Waukeen para reconstruir as cidades e proteger as estradas.
- E o que eles falaram? Foi só conversa.. você não viu nada mais? - Sirius disse falando com Linda, mas foi outra mulher que o respondeu.

- Eu estou aqui, Sirius Black, pai do meu filho. Eu e o seu filho que carrego em meu ventre. Espero que dessa vez não hajam dracolichs ou outras catástrofes que o impeçam de lidar com sua responsabilidade como ontem.

- Eu estou aqui para assumir toda a responsabilidade sobre meu filho, Annia - disse o escolhido de Selune com segurança.
- Pois eu vim aqui para anunciar diante do povo de Evereska, que seu antigo regente, Rhange Hesysthance Sorrowleaf, é o novo deus da magia. Assim sendo, não há mais a via única da deusa Bibiana, mas sim a diversidade que sempre foi própria do povo élfico. Um deus de braços abertos para o povo artesão da magia. Eu, Annia Evalandriel Black, sou sua magistrada, a voz do novo deus, a expressão no mundo material de sua vontade! Quanto a você, meu amado Sirius...
- Suas palavras não serão capazes de iludir o bom povo de Evereska, magistrada Evalandriel! - Proclamou John Falkiner.
Cansada dos infindáveis debates dos seguidores das divindades élficas, Daphne tranformou-se em águia e passou a voar vigiando o perímetro acima das montanhas, mas mantendo os ouvidos atento às palavras exaltadas de todos.
- Espero que não abandone a mulher que jurou amar - insistiu Annia com seus olhos sobre Sirius, que lamentava a situação.
- Olha.. Annia.. eu tenho um novo compromisso... é uma coisa maior do que você possa imaginar...
- Espero que essa meretriz destruidora de lares esteja orgulhosa de acabar com uma família. Sua palavra não vale nada, Sirius Black. Ela verá! - Praguejou a mais bela das elfas acariciando a barriga ainda pequena.
- Olha, será que não podemos conversar em particular. Não irei deixar faltar nada para a criança... - os dois deixaram a praça do templo e seguiram em direção ao palácio dos Sorrowleaf, onde minutos depois, Sirius Black se viu cego e paralizado por Annia Evalandriel. Negativa apelava por socorro por costume, mas ninguém para respondê-la. Sirius orava em sua mente, mas Selune não respondia nem a ele, nem à adaga.
Enquanto isso, John Falkiner resolveu ter com o regente Aspirah Ebrius, sendo acompanhado por Jacke Linne. Ele encontrou o regente Ebrius na saída das criptas, cobrando dele ajuda para remediar os problemas de seus colegas. O antigo sumo-sacerdote de Corellon Larethian pode recuperar a gnoma, mas disse que só no dia seguinte poderia interceder pelos demais. Quanto às defesas da cidade, estava tomando as medidas necessárias.
Úrsula e Ehtur preferiram passear e recuperar seus equipamentos, uma vez que já sabiam como mantê-los ativos fora do raio mágico do mythal da cidade. O santo paladino Ryolith Fox havia pedido que separassem sua parte para a reconstrução de Cormyr, ficando no templo de Bibiana para orar por justiça. 
Por fim, todos dormiram bem acomodados no templo de Bibiana, sem que Sirius Black, o escolhido de Selune, houvesse retornado ou que percebessem que Rock dos Lobos, escolhido de Malkizid, havia sumido. Dormiram e sonharam.

22 de jan. de 2014

Em busca do cetro de Bibiana

John Falkiner percebeu que não havia mais o que esperar por ali, após as palavras do dracolich e sua partida. Não estando mais Evereska sitiada, o escolhido de Bibiana, resolveu ir atrás do cetro redimido por sua deusa. A benção de achar o caminho lhe dizia que o cetro, que ele vira nas mãos de um dracolich em seu sonho, estava a sudeste dali. Ele buscou teleportar-se de imediato, mas sem sucesso.
Jacke Linne interviu e levou a todos para o plano etéreo com uma benção de viagem planar. Dessa vez, um novo teleporte os carregou para uma planície árida e vasta, onde milhares de almas degladiavam-se tormentosamente. Eles voaram e evitaram o contato com aqueles espíritos atormentados. As energias carregadas e negativas indicavam que ali havia sido o sítio de uma grande e sangrenta batalha no passado.
Ehtur Telcontar e Daphne inspecionaram a região da melhor forma possível, com sua percepção limitada pela presença no plano etéreo. Os guardiões da natureza identificaram que a montanha do vulcão do Culto do Dragão que buscavam estava a nordeste. Bastou pouco mais de uma hora para que chegassem até ela voando o mais rápido possível.
Rock dos Lobos usou dos seus poderes de chave dos planos para fundir-se com a forma etérea da montanha como já fizera antes. Ele percebeu que ainda havia um resquício da atividade vulcânica que fizera o vulcão cuspir cinzas e lava alguns dias atrás. No plano material, a superfície ainda estava coberta pela lava em processo de resfriamento, ainda pastosa e fumegante sob uma tênue camada de poeira e cinzas. Mas o que chamou sua atenção, além dos seres dracônicos, humanos, dragões e dracolichs, foi a densa e nefasta escuridão no coração da montanha, no mesmo lugar onde estava Selune antes. Dessa vez, as trevas eram mais tenebrosas e ameaçadoras, não eram meras magias de escuridão, mas a própria escuridão em si. O bárbaro dos planos entendeu que as fronteiras para o reino de Shar estavam se abrindo sob a montanha, como um imenso portal a derramar energia negativa. Era nessa direção que indicava a benção de John Falkiner e na mesma direção de um mal supremo sentido pelo santo paladino Ryolith Fox.
Eles perceberam que havia movimento no alto da montanha, mas antes de qualquer coisa, um andarilho noturno surgiu atacando de surpresa. Além de ferir Ryolith, Ehtur e Sirius, o morto-vivo arrancou a adaga Negativa da mão do ladino. Daphne da Grande Floresta se transformou em uma besta da lua, uma enorme aberração com dezenas de braços, enquanto Jacke se refugiou sobre ela. Todos concentraram seus ataques sobre o morto-vivo de trevas, enquanto Sirius afanou sua adaga de volta. Para evitar novos ataques, o escolhido de Selune fundiu-se com as sombras, mas isso serviu apenas para que ele sentisse a força de Shar que dominava a montanha dominar sua mente.
Com um ataque retumbante de Gungnir, Ehtur Telcontar tombou o monstro que se dissipou imediatamente. Rock dos Lobos retomou sua forma para alertar os camaradas sobre o que sentira.Enquanto isso, seu familiar dragão deu magia de luz do dia para clarear as coisas. John Falkiner invocou uma benção de paraíso sublime para libertar a mente de Sirius Black e defendê-los de ataques vindouros.
Foi então que outros quatro andarilhos da noite surgiram cercando-os dessa vez. Eles tomaram as armas de Ryolith, Rock, Ehtur e Úrsula, além de ferí-los. O paladino de Tyr e o guardião de Mielikki sacaram novas armas descarregando seus ataques. Daphne também atacou usando de sua luz e seus poderes contra mortos-vivos. Úrsula tentou desarmar seu nêmesis com uma adaga para recuperar seu arco Avenger. Com a ajuda de Sirius no flanco, um dos enormes mortos-vivos tombou se desfazendo, o que devolveu a espada Dekeioo ao paladino.


Numa nova investida, os três andarilhos da noite mudaram para forma de dragão e atingiram todos os heróis com baforadas que drenaram suas forças. Apenas o clérigo de Bibiana e a gnoma matadora de magos, protegidos magicamente, resistiram. Daphne virou uma hidra de doze cabeças, tendo perdido parte de sua essência vital. Sem se abalar, John Falkiner invocou suas bençãos mais destrutivas e implosivas sobre os inimigos tenebrosos conseguindo acabar com dois deles ao superar suas resistência mágicas. Isso permitiu a Ehtur e Úrsula retomarem a lança Gungnir e o arco Avenger.
Quando o problema novamente parecia diminuir, surgiram quatro novos seres de escuridão. Os conhecedores dos assuntos religiosos logo entenderam que aqueles não eram mais quatro meros mortos-vivos, mas sim parte da essência da própria deusa da escuridão Shar. Eles estavam cercados por quatro avatares da Senhora da Escuridão e ainda restava o último andarilho, que estava com o machado de Rock:
- Graças a vocês, um novo caminho se apresenta para a destruição da existência. Eu pude absorver o poder da falsa deusa dos dragões Tiamat e finalmente irei obliterar a realidade nociva. - Às palavras que partiam em uníssono dos quatro avatares, seguiu-se uma hecatombe como nenhuma outra jamais vista por eles. Era como a teia de sombras de Shar se tornasse tudo que existia. Aquilo parecia estar para o fogomágico, assim como a teia das sombras estava para a teia mágica de Faerun. Ao fim, todos os heróis foram levados ao limite de suas forças, enquanto que Jacque e Sirius tombaram à porta da morte.
O santo paladino Ryolith Fox invocou uma prece a Tyr, desejando ser o instrumento do poder da justiça sobre a escuridão. O ataque do paladino atingiu um dos avatares, mas boa parte do golpe foi absorvido. Ehtur Telcontar partiu com fé em si mesmo e Gungnir, ultrapassado as defesas das forças de Shar. A lança uma vez mais confrontou a energia divina e venceu-a, tornando-se uma arma épica e sem igual, capaz de ferir a mais antiga das deusas. Daphne usou suas magias para levantar Jacke, enquanto Úrsula sacou a espada mágica onde estava depositada a benção de cura em massa. No entanto, enquanto a gnoma ainda corria, Rock dos Lobos percebeu que havia algo de errado com a teia mágica. Todos perceberam a seguir que a magia arcana cessou de funcionar, mas as bençãos divinas ainda persistiam na mente dos devotos. Úrsula Suarzineguer golpeou o ladino e disparou a benção que curou a todos, além de perturbar a concentração dos avatares de Shar, que pareciam tentar entender o que se dera.


- Um novo deus da magia foi escolhido. O maldito conseguiu... - e sem mais tempo a perder, ela usou da teia das sombras para excojurá-los dali. Sem resistir ao avassalador poder divino, os heróis viram-se surgir próximo a um plano, a quilômetros dali no plano material.

19 de jan. de 2014

O preço de um milagre


- Nós precisamo achá-lo... destruir o depositório de seu espírito.. Bibiana, minha senhora, mãe do belo povo, nos conceda o milagre de dizer onde está o filactério de Szaas Tam! - Orou John Falkiner, o escolhido da divindade élfica. Na mente do clérigo da senhora dos elfos surgiram várias imagens mentais. Ele viu que Daphne e Jacke estavam em segurança na Grande Floresta. Viu dracolichs cercando Evereska. Viu Palas Atenas subjugada por Bane no Forte de Zhentill. Viu drows esgueirando-se entre as ruínas élficas em uma floresta. Viu uma luz ofuscante sobre Cormyr. Uma sombra escura a sul do Anauroch. Viu exércitos marchando no sul. Parte da onisciência de Bibiana Crommiel passou aos olhos do seu escolhido, fazendo com que o mortal John Falkiner experimentasse o tormento de saber demais. Ele ouvia cada sílaba do que era dito:
-... Não tenho certeza se entendi realmente alguma coisa de tudo que se passou... 
- É Jacke, amore... isso é o conhecimento dos planos que te falta. Mas de fato a parada é muito doida mesmo e não é pra ser entendida completamente... é com dúvidas e não certezas que se joga o jogo da vida.
- Minha vontade é tão firme quanto minha fé na justiça de Tyr!
- Antes do fim você irá implorar para morrer, colibri. Eu terei o império que esmagará tudo e colocará todos de joelhos.
- Sintam a ira de Lolth, falsos - ele entendeu na língua dos drows.
- Receba esse sangue impuro, mãe - também em drow.
- Que a graça de Bibiana nos proteja... drows e demônios...
- Bibiana, Senhora do Belo Povo, proteja seus filhos...
- Fujam... fujam... luz da manhã!!!
- Corram para o Vale da Batalha. Por Bibiana.
John Falkiner sentiu a dor dos elfos atingidos pelas lâminas e setas drows. Sentiu o veneno paralizante como se fosse em suas veias. Sentiu o medo que a escuridão mágica dos drows trazia. Ele também sentia o medo nos corações da população de Evereska, que rezava pela proteção de sua deusa. Trinta mil vozes pediam orientação para aquele novo tempo, falavam sobre a ameaça dos dracolichs sobrevoando a cidade. Chamavam pela deusa e por ele para protegê-los nesse momento difícil.
Ainda um tanto aturdido, o clérigo elfo tentou explicar aos demais:
- Não é possível achar o lugar. Eu.. eu preciso ir para Evereska.
- Como assim? - Protestou Úrsula. - Nós temos uma missão aqui! Ou não temos?
- A areia mágica impede que até mesmo Bibiana ache o item, Úrsula. Eu vi que Evereska está cercada por dracolichs. Também vi Palas prisioneira no Forte de Zhentil e muitas outras coisas. Vi que Daphne está na Grande Floresta. Eu preciso salvar meu povo.
- Todo mundo aqui tá trabalhando por uma causa até agora e temos que decidir isso em grupo.. eu preciso salvar minha esposa.. se aquela é minha esposa e não a que morreu em batalha.. e estou aqui disposto a mantermos nossa aliança - interviu Ryolith Fox, com a voz mais cansada e pausada que a idade avançada lhe trouxera..  
- Nós não temos chance contra o deus da tirania e... está bem. O que querem fazer? - Aceitou o clérigo de Bibiana ainda inquieto.
- Envie uma mensagem mágica para Daphne, Rock - decidiu Ehtur Telcontar, que até então estivera ocupado assando o alimento.
- Daphne, estamos indo para Evereska.. - começou o feiticeiro bárbaro.
- Diga para nos encontrar diante do templo de Bibiana em Evereska - completou Falkiner.
- Nos encontre em frente ao templo de Bibiana, estamos indo enfrentar dracolichs. Se prepare.
Todos se prepararam com suas melhores magias e poderes. Cerca de um minuto depois, John Falkiner conjurou o teleporte preciso que os tirou das imediações Zindalankh.. 
Chegando à cidade élfica, já de todo reconstruída em seu magnífico explendor, puderam perceber como o templo dos Seldarine, agora de Bibiana, parecera crescer, como se as cinco torres, agora todas iguais subissem quase na mesma altura das colinas que cercavam a cidade. Não havia movimento pelas ruas e eles encontraram Juarez Cunnigham, sumo sacerdote de Bibiana e seguidor de Falkiner a esperá-los. Ao lado dele, já estavam Daphne da Grande Floresta e Jaque Linne. 



- Que a graça de Bibiana esteja convosco, agora que o grande John Falkiner está de volta não temos mais problemas - adiantou-se o sumosacerdote.
- Onde estão os dracolichs, Juarez?
- Eles ainda não conseguiram passar as proteções mágicas do novo mythal, mas estão nos limites delas. Ninguém pode deixar a cidade e temo que suas forças nefastas estejam tentando minar nossas defesas. Mas o povo tem fé, grande líder. E está unido... - disse o clérigo com devoção.
- Mas alguns esperam por seus companheiros... - surgiu a voz de Annia Evalandriel. - Esqueceu do seu compromisso comigo Sirius Black?
- Oi Annia.. - disse Sirius um tanto escondido atrás de Ehtur. - A gente tá no meio de uma coisinha aqui.. vamos pessoal.. temos uns dracolichs pra enfrentar...
Saíram voando atrás dos dragões mortos-vivos sem mais demora para não desperdiçarem toda a preparação. Ao passarem das colinas, os heróis viram que haviam dois monstros, um colossal e um enorme, que partiam em direções distintas, O dracolich colossal rumava para sul e tinha as características de um dragão vermelho, já o outro ia para norte e parecia ser azul. Sem exitar, optaram pelo maior desafio e com um teleporte impediram seu caminho:
-  Finalmente encontro os responsáveis por esssa cidade! - Disse o dragão em um dracônico rebuscado e antigo que nem todos entenderam. - Devem receber as notícias e ordens dos novos senhores do mundo, mortais e lacaios dos deuses. Agora que a profecia foi cumprida, todos devem pagar os tributos por nos servirem, por servirem ao Culto do Dragão.
- Evereska não serve ao mal! - Disse Falkiner já invocando seus poderes.
- Nós não reconhecemos você ou seus senhores.. - disse Daphne com mais diplomacia. - Somos guardiões do equilíbrio que acompanha esse mundo. O senhor se declara um ser desse mundo?
- Em meus 36 mil anos, druida, eu testemunhei que o equilíbrio é uma ilusão e que apenas os mais fortes tem vez. Eu fui o primeiro dracolich do cullto do dragão. Não há opção quanto a servir ou não. Aqueles que resistirem simplesmente serão feitos de exemplo.
- Chega de conversa! Você será destruído.. - cortou-o o escolhido de Bibiana, menos preocupado do que a clériga gnoma de todos os deuses com o fato de o mundo ter 30 mil anos. O dracolich, no entanto, não pareceu se perturbar e simplesmente se teleportou.


16 de jan. de 2014

O cogumelo de Byron


- Fique tranquilo, Paulo.. - disse Lorde Byron aproximando-se para curá-lo. - Coma isso e vai se sentir melhor...
Realmente, quando Paulo de Tarso ingeriu aquilo, sentiu um gosto amargo na boca, mas as forças voltavam após o ataque do poder combinado dos dois artefatos, o Cetro de Lathander e o Olho de Set. Era como se as camadas mais ínfimas do seu ser se desfizessem, mas agora se recuperassem e se reproduzissem. No instante seguinte, ele começava a perceber padrões repetitivos em tudo e não era mais apenas Lorde Byron que estava ali, nem a cidade de Mezro ou as Selvas de Chult. Era todo o tecido do universo, que arrastava-se e contorcia-se como uma imensa serpente sem fim, dando voltas sobre si mesma, tendendo sempre ao infinito. Ela pareceu-lhe tão majestosa quanto infindável. Começou a ver em cada uma de suas escamas incontáveis universos, realidades, planos, como quer que quisesse chamá-lo.. ele viu deuses.. ele viu seres além dos deuses.. entidades cósmicas que transitavam entre os planos. Reconhece Morpheus entre elas, atuando como um vigia.
De repente, pareceu a Paulo que aquele cosmos ia muito tempo além do tempo, como se sua maior impressão fosse de que sempre estivera ali a observar, a observar a si mesmo jogando o jogo da guerra sem poder vencer. Cada um de seus personagens parecia-lhe agora uma faceta de seu eu tão fugidio, mas repetindo suas necessidades. Foi então que ele viu os artefatos, os cinco artefatos primordias que existiam em todas as realidades. O cetro, o livro, o olho, a pedra e o cálice. Ele os via sempre reclamados por este e aquele que no mais das vezes se aproveitavam dos itens para seus próprios interesses. Haveriam interesses que não são próprios ou é apenas mais um padrão repetitivo? Paulo percebeu o caos e a ordem em sua dança astral e seu papel nessa festa. Viu-se ali sentado, onde nada é perdoado, viu o fim chamando o princípio e a elipse que se formava disso tudo.
Daí que abriu os olhos. Estavam em algum outro lugar quente e confortável. Sentia-se bem, mas cansado.
- Onde estamos?
- Em Halaraa, capital da arcanocracia de Halruaa.
- Byron.. eu vi e...
- Eu sei, Paulo. Eu sei.. - disse Byron com um olhar compreensivo.
- Paulo Mota, servo de Morpheus...

14 de jan. de 2014

Daphne no país das maravilhas ou O plano dos Sonhos


(Daphne abriu os olhos sentindo tudo rodar dentro e fora dela. A última coisa de que se lembrava era de estar lutando contra o assassino etéreo, tentando salvar Sirius e Jacke que haviam sido engolidos. Apesar de suas esforços a criatura gargântica continuava agarrando-a, atacando-a e pulando aleatoriamente de um plano para outro. Num desses saltos temporais, Ryolith Fox, o santo paladino de Tyr e a ajuda que lhe restava, perdeu-se.
A druida da Grande Floresta resolveu que permanecer naquilo era inútil. Ela precisava alcançar os dois antes que fosse tarde demais e escolheu um plano arriscado. A druida das muitas formas transformoou-se em um pequeno elemental da água. Com isso, o assassino etéreo a engoliu com facilidade, enquanto ela, por sua vez, não teve qualquer dificuldade para seguir até o estômago do monstro.
Uma vez lá, Daphne encontrou Jacke desacordada e no limite último entre a vida e a morte. Ela concentrou-se em uma magia para minimizar os efeitos dos ácidos estomacais, ao mesmo tempo que assumiu uma nova forma. Transformando-se no maior elemental da terra possível, Daphne da Grande Floresta irrompeu como uma montanha na barrigada do assassino etéreo. 
O monstro, aturdido e estuporado, só teve tempo de mais uma vez piscar para outro plano, deixando a druida e a clériga naquele estranho ambiente, em que o ar era escuro e frio como as profundezas da terra. Tudo em que encostava estava coberta por uma grossa e pegajosa camada de teias. Havia aranhas de todos os tamanhos e tipos por toda a parte, algumas das quais já se moviam sobre sua forma montanhosa na direção do corpo da clériga gnoma. Daphne também percebeu outros seres, que pareciam meio humanóides, meio aranhas.
Daphne moldou sua forma para absorver Jacke em seu interior em segurança e moveu-se, embora não parecesse haver direção segura. Mesclou-se ao solo e só descobriu corredores e galerias que pareciam não ter fim. Mesmo surpresa que os deuses lá de cima permitissem que ela se tornasse um elemental, coisa que nunca havia conseguido fazer, agora que era necessário, sentia como se sua fé também fosse em si mesma. Ela se lembrou que da outra vez que estava em outro plano, com os elfos das estrelas,  ela também virou um urso selvagem antes dela conseguir de fato se transformar naquele animal no plano material.
A druida da Grande Floresta curou sua seguidora gnoma e procurou pelo melhor caminho. Ela se lembra duma história muito doida que sua avó contava sobre elfos, halfings, anães e humanos, que tinha um mago muito doido que dizia que, na dúvida, você deve sempre seguir seu nariz
- Da.. Daphne? O que houve? On.. Onde estamos?.. Só me lembro de ter sido levada por Rock dos Lobos para o plano etéreo com Sirius Black. Ele nos deixou e foi buscar vocês e então não me lembro de nada. - Enquanto a gnoma falava, a druida percebia que havia um certo padrão na distribuição das galerias. Seguiu por um longo tempo para certificar-se e teve certeza que tinham o formato de uma teia de aranha. Isso bastou para ter certeza de onde estava: os Penhascos Demoníacos de Teia, o reino de Lolth, senhora dos drows.
Desde que Bibiana ascendera como divindade única de todos os elfos, nada se sabia sobre os elfos negros que viviam sobre a terra. Se os Seldarine haviam resolvido partir, o que teria feito Lolth?
- É Jaque, você e Sirius foram engolidos por um assassino etéreo, mas ao derrotá-lo só vc estava dentro dele... suponho q Selune deve ter resgatado seu amado. Agora, se eu bem entendi, estamos no reino de Lolth no plano astral... nao sei bem como voltar pro nosso plano, mas acho uma boa ideia sair daqui. Isso parece uma grande teia de aranha... vamos seguir em direção à borda dela, em direçao oposta ao centro.
- Já estou quase sem magias.. - disse a gnoma ainda abatida. - Se puder descansar, posso dar uma benção de mudança de planos para voltarmos ao plano material ou posso tentar o reino de Bibiana, o que só conseguiria com a autorização dela. - Daphne sabia que não podia demorar muito até que Lolth tomasse uma providência. Na verdade, a druida das muitas formas lembrou que o reino da deusa dos drows era a totalidade do plano, mas também haviam áreas de outras divindades menores dos drows como Vaehrun, Selventarm, Kiaransalee e Elistraee. De qualquer forma, esperava conseguir passar desapercebida.
No rumo que seguiam, depois de algum tempo, ao invés de cruzarem os corredores paralelos, acabaram convergindo para um largo túnel de sentido diagonal ao anterior.
Por ele passavam numerosas criaturas aracnídeas de todos os tamanhos, que pareciam predar uma multidão de humanóides aterrorizados. Os gritos eram terríveis e ecoavam por todo o túnel misturados ao som das correntes. Daphne também percebeu que alguns demônios voavam acima das monstruosas aranhas e quando havia brecha, desciam em razantes para pilhar alguma alma mal protegida.


As almas atormentadas e torturadas pareciam de drows aos olhos que tentavam permanecer indiferentes de Daphne. Mesmo sabendo que eles buscaram por aquilo em suas vidas, o que poderia ela fazer agora que estavam mortos? Daphne percebeu, que além de atacados e coonsumidos pelas aranhas monstruosas, eles também atacam uns aos outros, parecendo competir em todos os níveis. Haviam muitas mulheres, maiores e mais fortes que os homens, mas também consumidas em maior número. A druida viu um demônio calcular mal a investida e ser partido ao meio por uma das aranhas. As almas que ele já pegara antes foram atiradas em várias direções e uma bateu contra a parede do túnel próxima a você na junção com o teto. Era uma menino de não mais do que 8 ou 9 anos... 25 ou 30 para um drow.
- Matar... ou morrer.. matar.. ou morrer.. - ele repetia na língua élfica corrompida dos drows. Outros demônios para panhar as outras almas e um vrock veio na direção dele.
A terra e pedras que eram Daphne discretamente desmoronaram com o impacto do menino, caindo um monte de terra e pedras em cima do menino, mas sem esmagá-lo ou machucá-lo, apenas o suficiente para escondê-lo do vrock. Ela esperou ver que ele recupere seu fôlego, antes de seguir seu caminho. Enquanto escorria sobre aquele espírito, que não era imaterial, mas sim pegajoso e gelatinoso como as teias que haviam por toda parte. Isso não a impediu de formar uma caverna para a alma, deixando-o além do alcance do vrock ou de outro demônio. O vrock, no entanto, prestava atenção na massa de terra que se movia e afastou-se. Daphne preferiu deixar o contato com o espaço aberto e seguir toda mergulhada no teto, alheia ao que havia embaixo. Ao fazer isso, você teve consciência de um vazio. A druida das muitas formas emergiu em um vasto espaço vazio, como se o céu e o abismo fossem uma só coisa.. ao longe ela via pequenos filetes brancos, como pequeninos fios de teia estelares cortando de uma ponta a outra.
Enquanto vagava naquele lugar limítrofe e difícil de ser entendido, Daphne via enorme o cintilar do brilho acima dela em meio à vastidão escura. Talvez estivesse chegando ao limite do plano, pensou consigo mesma. No entanto, ela viu surgir diante de si uma enorme elfa de pele escura. Os olhos dela eram cor de ametista e os longos cabelos brancos desciam como um manto pelas costas. Com um gesto, uma esfera de força arrancou a forma elemental de Daphne do chão e a conteve.
- O que temos aqui? - Ela disse na língua dos drows. - Um lobo em pele de cordeiro? - Ela sorriu e a druida voltou à sua forma e tamanho normal, deixando Jacke visível. A gnoma reconheceu o mesmo que Daphne.. que aquele era Lolth, Senhora dos Drows.
- Rainha das Aranhas, Senhora deste reino, como o caos parece ser aquilo que sempre é supremo em nossas vidas, eu nao sei como viemos parar aqui em Seu reino... - disse Daphne com a máxima diplomacia possível. - A forma que estava usando era para atrapalhar o menos possível o andamento das coisas aqui, mas eu sabia que não havia forma que eu pudesse usar que me esconderia da Senhora em Seu reino. Estavamos tentando sair discretamente justamente para não incomodá-la.
- Talvez tenha sido o destino quem a trouxe até aqui, pequena druida... - sorriu Lolth sem disfarçar segundas intenções naquelas palavras. - Não fossem essas tantas mudanças e eu teria percebido sua presença imediatamente, mas os universos estão um caos.. um verdadeiro caos. -  E ela riu como se aquilo fosse uma piada muito engraçada. - Duas mulheres tão cheias de bondade e energia positiva eram justamente o que eu precisava para terminar meu ritual...
Daphne e Jacke se entreolharam sabendo que espécie de ritual nefasto poderia advir daquilo.
- Com a chegada dessa tal Bibiana, com a partida dos Seldarine, também precisei mudar as coisas por aqui. Matar meu próprio filho foi um pouco difícil, reconheço. Mas matar Elistraee foi um pequeno prazer. Agora seremos apenas duas deusas para os elfos.. eu, a mãe verdadeira nutrida por essa terra... ela, uma infanta tola, que trará os elfos à ruína... 
Enquanto seu coração orava para Bibiana, Selune e outras divindades do bem, deu um suspiro, sorriu, deu um olhar passivo e disse diplomaticamente:
- Sabe, eu acho graça quando bem aqueles que se dizem deleitar com o caos, seguem regras fixas, tipo receita de bolo... "pegue dois seres bondosos, faça um ritual"... "mate seus inimigos"... uma baita falta de criatividade! Eu acho que seria bem mais caótico ter mais jogadores em campo... matar seus filhos, me parece uma ação desesperada, de medo do que eles poderiam fazer se tivessem tido mais tempo. Sinto lhe informar, Rainha das Aranhas, mas nós nao somos títeres seus pra você nos usar.
- Fico feliz em que mostre melhor suas motivações, mortal. Houve um tempo em que eu tinha outro nome e servia sob a égide de Corellon Larethian. Fui sua consorte, a Senhora do Destino dos Elfos, mas nunca sua igual. Ele era o rei e eu apenas uma dama ao seu lado. Quando resolvi clamar pela igualdade, ter meu devido espaço no plano divino, ele me expulsou para o abismo e para a escuridão. Para a ordem dele poder se perpetuar, ele me aprisionou no caos. E agora ele partiu... partiu deixando seus filhos para trás sob a tutela de uma babá desinformada. Pois é hora de os elfos cumprirem seu verdadeiro destino.  Eu guiarei meus filhos para seu lugar de direito.. os melhores dentre todas as raças.. os mais próximos dos deuses dentre as raças mortais.. - ela falava aquilo num tom alucinado.
- Isso é apenas parte da verdade, Araunshee... - disse uma outra voz misteriosa, mas que Daphne conhecia de seus sonhos.
- Eu não permiti sua entrada em meu reino, criatura! - Vociferou Lolth fitando a figura encapuzada que se aproximava. - E nunca me chame por esse nome!!!
- Esse é seu verdadeiro nome, senhora das aranhas... - disse Morpheus aproximando-se mais. - Era seu nome quando você traiu os Seldarine e a si mesma.
- Eu fui forçada a isso... - ela cerrou os punhos e aprisionou Morpheus da mesma maneira que fizera com Daphne e Jacke antes dele.
- Sabe, minha mãe e a senhora se assemelham em um aspecto... - disse Daphne enquanto se refugiavam atrás do senhor dos sonhos. - Têm lembranças deturpadas do passado, sem nenhuma alteridade... parece que preferem viver amarguradas do que encarar a realidade de como as foram e são.
Morpheus lembrava muito Lorde Byron, Daphne percebeu refugiada atrás dele. Ainda assim, havia mais nele do que no clérigo que ela já conhecera. A druida das muitas formas e a clériga viam entre os poros do vasto manto, pontos brilhantes como estrelas. Em suas mentes, passeavam lembranças de bons momentos, uma certa nostalgia que afastava o medo da deusa dos drows.
- Você vai pagar junto com elas, Senhor dos Sonhos. Você não tem poder contra mim em meu reino.. aqui eu sou suprema e serei capaz de fazer o que quiser com você...
- Assim seria, minha cara, se você pudesse me impedir de partir já que não pode me impedir de chegar - disse Morpheus envolvendo-as em seu manto.


Aquele gesto mergulhou Daphne e Jaque no universo de Morpheus. Daphne viu grande entidades sentadas em uma mesa rolando os dados do caos e da ordem. Ela viu Dendar correndo a frente deles, envolvendo-os sem os prender. Jac não conseguia abarcar a compreensão daquilo tudo e sentia o temor da insanidade invadir seu peito, mas Daphne sabia que aquilo era apenas um olhar mais amplo do que os vislumbres que tivera. Ela via o padrão, os cinco artefatos que coexistiam em todas as realidades, os pontos nodais da ordem no emaranhado de caos. Ela via as entidades que transitavam entre as realidades: Morpheus era uma delas.. mas haviam tantas outras.. uma pálida mulher vestida de negro que a druida entendeu ser a morte, não a morte transitória, mas sim a morte absoluta. Uma mulher gorda e horrenda com o corpo cheio de anzóis. Um demônio com o corpo coberto de marcas e cicatrizes.. Malkizid, o anjo caído. Os lordes abissais, os anjos celestes, os diabos infernais, os lordes dos campos elíseos, os elementais supremos.
Daphne viu então os deuses, que lhe pareceram tão pequenos diante de tudo, apenas grãos de areias de um deserto sem fim. Alguns piscavam, como se mudassem sempre, mesmo que voltando sempre a ser os mesmos, presos a ser o que deveriam, ideias, portifólios, doutrinas, dogmas. 
Ela viu a força da vida em toda parte. Por mais densas que fossem as trevas ou mais negativas que fossem as energias, a vida sempre perseverava e encontrava um jeito de continuar. A dança cósmica não lhe parecia estranha, mas uma grande sinfonia que ela cantarolara sem perceber, mas que agora ela via em cada movimento por menor que fosse...)
- Sejam bem vindas ao reino dos sonhos, minhas caras.. - disse Morpheus retirando-as de seu manto.
- Muito obrigada por nos resgatar, Senhor dos Sonhos. Quando eu pedi auxílio nem me passou pela cabeça que seria você quem viria nos resgatar. Fico feliz em saber q recuperou suas forças! Posso te contar uma coisa?? Outro dia, ou noite, nao sei direito, foi como em um sonho, ou outra realidade, minha amiga Jaque me passou um texto interessante, dizendo que nós não estamos no universo, nós somos o universo. Somos uma parte intrínsica dele. Que na verdade nós não somos uma pessoa, mas um ponto focal onde o universo torna-se consciente de si mesmo. No que eu li aquilo, eu soube que era verdade. Ver essas cenas, desses seres, dessa realidade muito acima de nossas cabeças, desse padrão que permeia tudo, me dá certeza de que absolutamente tudo está ligado e funciona num equilíbrio, num jogo eterno... - ia dizendo a druida numa eloquência de quem precisava materializar pensamentos. - Mas eu me pergunto, qual é nosso papel agora? Sinto que temos acertado mais pela sorte, momentos de estar no lugar certo na hora certa, mas sem entender o que estavamos fazendo. Eu sei que não vou receber uma resposta clara, afinal, aqui em seu reino nada é claro... e pior ainda, eu nem sei se essa é a pergunta certa! Mas sinto que estamos entrando em situaçoes épicas mas sem uma sabedoria épica para nos guiar... Qual é o nosso papel nesta história? Nesse "novo" tabuleiro???
- Não é meu papel intervir, Daphne da Grande Floresta, mas é minha escolha. Por isso, fui julgado e destruído antes e provavelmente o serei novamente - Daphne sentia a convicção resignada naquela voz, que realmente lembrava-a da voz de Lorde Byron. Foi aí que a druida se deu conta de que aquele era Lorde Byron, que assumira o papel de Senhor dos Sonhos. - Sempre faremos o que temos de fazer, mas isso não significa não fazer o que queremos fazer. O mundo mudou, o universo mudou, a existência mudou e fomos os agentes e o terreno dessa mudança. Uma nova ordem se instaura, o velho caos se perpetua. Dessa vez, como você mesma disse, não podemos mais vagar ao sabor do vento, mas devemos soprá-lo na direção certa...
- Sou grata pelas escolhas que tem feito... mas não respondeu minha pergunta - disse Daphne sorrindo.
- É difícil que algo lhe escape. - O senhor dos sonhos pensou por um instante, enquanto seu manto se agitava. Ao redor de Daphne, qualquer que fosse a direção que olhasse, via uma cena de sua vida. Viu-se criança desamparada por uma família gananciosa e sem escrúpulos. Viu-se escrava torturada e amaldiçoada por Szaas Tam. As cenas dançavam como quimeras oníricas ininterruptas dificultando sua concentração. Ela viu David com um jovem lobo sendo escolhido por ela. Ela viu as trevas que devoraram Águas Profundas. - Somos os mantenedores do equilíbrio... os agentes da mudança que voam de costas para o futuro e de fitando o passado que se desfaz. Somos artífices da realidade e suas possibilidades. Somos isso e muito mais. Vocês devem retornar para a Grande Floresta. 
Com essas palavras, Daphne viu-se uma vez mais em meio às amadas árvores de sua floresta. Jacke parecia confusa e aturdida.



10 de jan. de 2014

Termina 1375, o ano da Ascenção dos Elfos. Que venha 1376, o ano da Lâmina Torta


Tendo aprisionado a alma de Szaas Tam, os heróis resolveram que deveriam buscar pela peça que poderia resguardar sua alma caso escapasse da gema de sangue em que o milagre de Selune o havia aprisionado. De posse da alma do arquimago morto-vivo que governara Thay, foi fácil para John Falkiner, o escolhido de Bibiana, invocar uma benção de achar o caminho até o objeto, o que quer que ele fosse.
- Ele está para sudeste... muito longe daqui. Se estiverem prontos, posso nos teleportar para as proximidades.
- Nós devemos retornar para meu reino, meu amado e escolhido.. - disse Selune para Sirius Black. - Há muito o que fazer lá. Já auxiliamos seus camaradas, mas não podemos mais perder tempo.
- Se é o que deseja, minha deusa. Eu os verei depois, pessoal.
O dançarino das sombras partiu para o reino de Selune com a deusa da lua. Uma vez a sós, embora ele percebesse que já haviam almas dos seguidores que iam chegando ao reino da dama da esperança, Sirius Black recebeu parte da essência divina da mulher que já fora a mortal Kiriani, mas que agora era a deusa da lua Selune. Ele tornou-se seu escolhido, um mortal com uma parte da essência da deusa da lua dentro de si. Depois disso, ele pediu à deusa que o devolvesse à companhia de seus aliados, de modo a poder a levar ao mundo a esperança que ela representava. Selune concordou, desde que ele descansasse ali antes de partir.
Assim como seus colegas, Sirius Black ao dormir, sonhou. Ele viu Annia Evalandriel, a elfa a quem jurara amor em Evereska. Era lá que ela estava, nos aposentos de Rhange Hesystance Sorrowleaf, onde eles haviam consumado a volúpia da paixão. A elfa conversava com nenhum outro se não o estranho arquimago elfo, que Sirius julgava morto.
Ryolith Fox também sonhou com uma mulher, a mesma mulher com quem sonhava desde a batalha diante dos muros de Suzail. Palas Atenas. Mas dessa vez, a paladina cormyriana não estava diante de Fzoul Chembril, escolhido do deus da tirania, mas sim diante do próprio Bane, que a torturava com sua manopla negra.
Ehtur Telcontar sonhou com Alissah Eagle. Ela pegava a mão grande e desajeitada do guardião de Miellikki para junto de sua barriga. Ehtur sentia o sabor salgado das lágrimas ante a alegria de sentir que um filho seu crescia ali.
John Falkiner sonhou com o cetro de Bibiana. O artefato redimido por sua deusa estava nas mãos de um colossal dracolich deitado sobre um mar de ouro e gemas preciosas. A energia negativa parecia intensa naquele lugar profano e o dragão morto-vivo parecia interessado em perturbar a benção que redimira o artefato.
Rock dos Lobos sonhou mais uma vez com o abismo. Ele via Malkizid, seu senhor e mártir, comandando um grande ritual, onde milhares de almas eram reunidas e onde infindáveis demônios entregavam-se a uma orgia de matança e devassidão. Aquilo parecia concentrar todas as hordas abissais num único esforço.
Úrsula Suarzineguer sonhou com um velho gnomo sozinho e abandonado. Lhe pareceu que aquele era um ancião que esperava pela morte. Foi então que ela reconheceu Gaerl Ourobrilhante, pai de todos os gnomos. Assim, como ele, os demais deuses dos gnomos pareciam a ela desesperançados e senis.
Quando Sirius retornou, os outros já haviam terminado de recolher os espólios da batalha e preparavam-se para partir. Rock dos Lobos teleportou a todos para sudeste conforme a indicação de John Falkiner. Eles surgiram em um deserto de areia fina e amarelada. Não havia nenhum ponto de referência entre a dunas douradas sob o sol escaldante. O clérigo de Bibiana sentia que ainda faltava uma certa distância até o local correto. No entanto o que mais lhes chamou a atenção, foi que toda a areia daquele lugar parecia mágica perturbando suas detecções mágicas. Para piorar, do solo abaixo deles, emergiu um verme púrpura colossal, a maior criatura que seus olhos jamais haviam visto. Conseguiram matar o mega verme púrpura, percebendo que ali só podia ser o Deserto Púrpura, famoso por seus vermes gigantes.
Sem perder mais tempo, optaram por um novo teleporte em direção a montanhas que avistaram para o sul ao voarem na batalha com o verme. Surgiram na periferia do deserto e John Falkiner soube que o deserto perturbava realmente sua detecção, pois agora sentia que o item deveria estar para o noroeste, mas estaria muito longe dali. Antes que soubessem o que fazer, uma colossal sombra os cobriu e eles viram o dragão dourado que desceu das montanhas.


Ele os alertou para os perigos do Culto do Dragão e seus dracolichs, mas não sabia nada sobre o filactério de Szaas Tam. Despediram-se com alertas mútuos de prudência. Os heróis perceberam que o arquimago da necromancia de Thay se preparara bem para a eventualidade de sua destruição. Usaram de um novo teleporte para uma cidade próxima a norte dali onde poderiam comercializar alguns itens antes de voltar pra casa.
Ao chegarem em Zindalankh, uma cidade próspera do extremo leste de Faerun, voltada para as ricas terras do oriente de Kara Tur, encontraram um mundo que não parecia conhecer as perturbações rotineiras das outras terras de Faerun. Encontraram bons itens, assim como compradores interessados, muito embora, quando retiraram as gemas de sangue da bolsa mágica, tenham percebido que todas estavam contaminadas por almas, como se Szaas Tam tivesse as corrompido também com sua essência maligna. Ehtur Telcontar as devolveu à bolsa e optaram por manter todas guardadas.