- É hora de partir.. - disse o fauno para Ehtur.
- Partir para onde? Eu quero ficar com a luz.
- Bom, sua esposa pediu ao senhor das fadas para a gente buscar você.. melhor não contrariar...
- Alissah.. sim, eu devo ir para trazer Alissah para a luz.. levem-me até ela..
- O que está havendo? - interviu Bibiana, que apesar de encantada, parecia confusa.
- Você que é gata e é do belo povo, então pode vir se quiser.. - acrescentou o fauno tocando os dois e levando-os para longe dali. Ryolith foi tomado por nova surpresa vendo mais de seus amigos serem levados. Eram tantas emoções se misturando naquele momento igualmente feliz e preocupante. As palavras lhe faltaram, enquanto viu o sumosacerdote de Amaunthor , ainda voando, se dirigir a todos:
- Eu alertei que isso aconteceria. Em nossa bondade inocente deixamos o mal espreitar. Eu os avisei de que eles viriam tentar tomar o nosso artefato.. levar o poder luminoso de Amaunthor para longe de nós. - Essas palavras renovaram os temores de todos. - Não estivesse aqui o Segundo Sol a nos defender e tudo poderia estar perdido e as trevas terem varrido a criação. Devemos iniciar logo nossa nova investida, unir ainda mais o poder da criação que nos habita, não há nada mais importante. Devemos criar novos sóis e espalhar pelo mundo a luz perpétua do grande Amaunthor, que banhará tudo com a glória eterna de uma luz perpétua. Eu, Daelegoth Orndeir, como arauto do eterno senhor do sol lhes afirmo e lhes convoco.
- Nós devemos ir em busca do cálice, senhor. Imediatamente, meu senhor. Envie-nos agora atrás desses larápios facínoras e reaveremos a fonte da bondade. - sugeriu Ryolith Fox ajoelhado ao lado de sua amada Palas Atenas.
- Fique tranquilo, bom e leal servo de Tyr, pois eles só levaram uma cópia do artefato -respondeu Daelegoth com orgulho, enquanto buscou uma de suas bolsas de onde surgiu o artefato. - Eu me precavi contra o mal maior e pude garantir que nossa paz não fosse ameaçada, que os dignos continuem salvos. - Todos os presentes, eméritos sumosacerdotes dos grandes templos de Suzail e Caladnei, a regente se ajoelharam em adoração inconteste à glória daquela luz. - Agora, nós devemos nos concentrar no casamento de vocês dois e...
O sumosacerdote de Amaunthor foi interrompido pelo rasgo na própria realidade. Como se o próprio ar não passasse de uma folha de papel nas mãos de uma criança, uma fenda se formou até ganhar o tamanho de um portal. Através dele, chegaram sete seres construídos. Se eram alguma espécie de golens mecânicos extraplanares ninguém ali saberia dizer, fato é que tinham forma humanoide. O menor deles, que vinha à frente envolto por uma capa vermelha foi quem falou com sua voz autômata.
- Nós viemos em busca de ti, chave dos planos. É hora de você pagar por seus crimes. Você rompeu as leis cósmicas que governam a morte e fez pactos profanos para retornar do fim de sua existência. - Eles se dirigiam para levar Rock.
- Deve haver algum engano.. vocês devem estar falando da minha sombra maligna.
- É verdade. - interviu Ryolith. - Posso dar-lhes minha palavra de que esse homem é uma boa pessoa e de que possui uma sombra maligna.
- Nossas ações são governadas pela justiça primordial do equilíbrio cósmico, paladino. É esse que caminha entre vocês que deve pagar. Seu crime será pior do que a morte. Você virá conosco para Mecannus. - afirmou a criatura.
- Mecannus? O plano sem vida da ordem?! - preocupou-se Rock recuando, mas sem ter como fugir.
- Se esse homem é culpado pelos crimes que lhe são imputados, Ryolith, não devemos fazê-lo escapar da justa punição. Deixe que levem-no! - intercedeu Daelegoth.
- Está bem... - concordou o paladino, mas foi Leila Diniz quem tomou a frente do companheiro.
- Vocês não podem levá-lo! - e ante as palavras dela, os homens-máquinas pararam o avanço surpresos por vê-la.
- Nos perdoe, senhora, mas nem mesmo a deusa da magia desse mundo pode interceder em favor desse criminoso.
- Vocês nem explicarem essa história de crime direito! - protestou Rock.
- Eu.. ah.. eu proíbo vocês.. proíbo enquanto deusa da magia.. vou.. vou fechar o portal e prendê-los aqui e..
- Essa decisão não é nossa e já foi tomado. Ainda que os deuses tenham sempre o direito de se fazerem ouvir, isso não mudará nada do que tem de ocorrer.
- Então, se é assim, eu exijo me fazer ouvir por quem tomou essa decisão...
- Se é assim, você também deve nos acompanhar, senhora da magia. - e tendo dito isto, os seis outros extraplanares caíram sobre os dois e carregando-os para o portal que se desfez com a saída deles.
Francisco Xavier, o mago da Fortaleza da Vela, sugeriu que fossem ter com o Primeiro Leitor, mas tão logo deixaram o quarto, foram impedidos de seguir por um dos monges guardiões. Tiveram que esperar algum tempo, que foi dedicado a preces sem resposta e ao estudo do cálice tão rico em ouro e pedrarias. Depois de uma hora, eles receberam as devidas autorizações e foram conduzidos até a sala do Primeiro Leitor.
Ao contrário da vez anterior, Xavier viu que estavam sozinhos com aquele homem que era o guardião máximo da maior concentração de saber existente. O Primeiro Leitor os recebeu sentado em sua grande mesa, depositando sobre eles um olhar questionador:
- Eu trouxe o cálice, meu senhor. Como nos foi pedido...
- Deixe-me vê-lo, Xavier. - disse o ancião estendendo a mão. Ele pegou o cálice das mãos de John Falkiner, vendo que o brilho cessou. Passou a observar com cuidado, aproximando o cálice dourado bastante dos olhos cansados. O Primeiro Leitor parecia querer ver muito além do próprio objeto, enquanto encarava minuciosamente o artefato. Foram alguns silenciosos minutos até que ele se erguesse e apanhasse uma garrafa que estava sobre uma mesa atrás dele. De posse dela, derramou um pouco de água no cálice, fez um movimento e bebeu. - Este não é o cálice do sol! É apenas um copo de ouro encantado.Vocês foram ludibriados por magia aqui postas para enganá-los. Ao que tudo indica, os servos da luz estavam preparados para tal investida.
- Senhor, nós precisávamos do cálice para trazer de volta Arnoux e Yorgói, aliados de noss...
- Nós queremos o cálice para atacar o coração de Nova Netherill! - interrompeu Falkiner.
- Não sei se devemos dar tantos ouvidos ao tal Byron.. - ponderou Muadib.
- Nós podíamos nos alias com Netherill para pegar o verdadeiro cálice de Suzail.. - propôs Xavier.
- Vocês devem voltar com ajuda para que consigam tomar o verdadeiro cálice do sol. - falou mais alto a voz cansada do Primeiro Leitor. - Eu enviarei magos e monges para ajudá-los.
- A proximidade com o cálice de Amaunthor pode desviar nossa vontade, senhor. Daí nos juntarmos ao inimigo por uma oportunidade de reaver o item. O senhor poderia usar suas magias para tentar vermos alguém lá. - sugeriu Xavier, mas as tentativas de divinação sobre Ehtur e Ryolith não funcionaram.
- Não podemos nos juntar com Netherill. - reafirmou Falkiner.
- Vocês podem usar um campo antimágico para evitar a influência. De qualquer forma, devem descansar, recuperar suas magias e se preparar. Em breve, os convocarei para que partam...
Ehtur Telcontar e Bibiana Crommiel surgiram uma floresta, que ele não reconheceu de imediato, mas era familiar. Perceberam logo que a influência do artefato esvanecia de suas mentes e corpos. O fauno que disse se chamar Teseu e as duas fadinhas voadoras, Chichi e Chong, os conduziram por uma trilha que se embrenhava cada vez mais na mata. Os dois pixies ficaram mais entretidos em prepara um cigarro de erva dos hobbits, enquanto Teseu foi explicando aos convidados a razão daquilo tudo. Depois de quase uma hora, chegaram a um pequeno riacho. Nele, os seres feéricos sumiram e quando o elfo e o humano o tocaram viram-se no mesmo lugar, porém percebendo em tudo um ar mais idílico.
Ehtur e Bibiana entenderam que haviam passado para o reino das fadas, uma cópia imaculado do que o mundo fora em outros tempos. O verde era mais verde, o ar era mais adocicado, o canto dos pássaros mais pungente e até os mosquitos mais simpáticos. Encantados por aquela beleza bucólica, eles foram guiados em direção a uma música frenética e delirante, que denunciava uma festa. O fauno e os pixies pareciam muito animados com o que os aguardava.
Às margens de uma área menos densa da floresta, o guardião e a clériga já puderam ver os muitos seres dedicados ao contato amoroso. Duplas, trios, quartetos e assim por diante de criaturas diversas expressavam apaixonadamente seus quereres uns pelos outros sem pudor ou limites morais quaisquer. Ehtur não deixou de se preocupar, enquanto Bibiana sentiu uma desaprovação se aninhar em seu peito. Após passarem pelas cercas vivas de amante, avistaram o trono que se destacava ao centro dos celebrantes.
Enquanto um grande grupo de fadas dançava ao som de uma banda de faunos e ninfas, um garoto entediado com um coroa estava sentado no grande trono. Ele não parecia ter mais do que doze anos. Era magro, usava óculos e tinha o cabelo preto escorrendo sob a coroa. Ao lado dele havia um trono menor onde um gato gordo, que quase na cabia no assento, chupava os dedos após comer gorduroso. Mais atrás, havia um único humano, que por isso mesmo chamava atenção. O sujeito era alto e forte, embora os anos já cobrassem seu preço por trás da barba branca, e tinha junto assim um garoto, um elfo negro ainda criança de cerca de 60 anos.
Ao avistar os recém-chegados, o garoto se aprumou, pigarreou e cutucou aquele que parecia guardá-lo. Ele cochichou uma ordem de canto de boca e voltou a se aprumar. Revirando os olhos, o grande homem tossiu primeiro e depois anunciou:
- Sejam bem vindos aqueles que chegam diante do grande e poderoso Tim..
- Grande, poderoso e magnânimo...
- Aqueles que chegam diante do grande, poderoso e magnânimo Timothy Hunter, senhor de Arcádia e de todas as fadas. - disse o homem novamente revirando os olhos.
- Está bem, Navarre. Parece que deu tudo certo, Teseu.. mas quem é essa?
- Sim, chefe. Como ela é do belo povo, nós a trouxemos também.
- Nós agradecemos pelo auxílio e convite, Timothy Hunter, deus das fadas. - disse Ehtur.
- Apesar da entrada dos humanos ser proibida em meu reino, Ehtur Telcontar, com exceção do meu amigo Etienne Navarre aqui, graças à sua esposa Alissah, você ganhou o direito de vir pra cá e ficar salvo do fim do mundo lá do outro lado. E você elfa, como os elfos são fadas que saíram daqui trinta mil anos atrás, tem salvo conduto.
- Nós agradecemos muito, senhor. Eu gostaria muito de ver Alissah, mas também gostaria de contar com sua ajuda para salvar nosso mundo e não abandoná-lo. - As palavras de Ehtur Telcontar foram interrompidas pela chegada de Alissah Eagle. A dríade de pele esmeralda vinha reslandecente vestida em seda esvoaçante e transparente acompanhada de cinco outras tão belas como ela. Ruborizado, o guardião viu saltar em seus braços e beijá-lo como se isso fosse apenas o que importava.
- Aqui vocês estão seguros - declarou Timothy Hunter. - E o grande Nojento os recebe com satisfação.. - ele apontou para o gato que soltou um arroto.
- Mas não podemos deixar nosso mundo ser destruído, senhor das fadas. - respondeu Bibiana.
- Existem outros mundos.. tantos mundos.. não é o fim do mundo.. quero dizer, de todos os mundo.. é o fim de um mundo só..
- Mas a escuridão está avançando. Ainda não achamos que é o fim...
- Você djá teve maix culhões, moleque. Quandjo eu ti conhexi você era corajoso.. agora tai.. todo almofadinha... - gritou uma voz feminina em elfo. - Vira homi, rapá.. ih, viadinhu, viadinhu, viadinhu...
- Volcana, componha-se, você está completamente bêbada. - repreendeu-a Navarre.
- Vejam bem.. há uma festa acontecendo e como anfitrião, eu tenho que cultivá-la.. tô cheio de responsabilidades aqui. Ninguém nunca entende meu lado. Tudo eu.. tudo eu por aqui. Quando tudo acabar, nós conversamos.. agora, como bons hóspedes, vocês tem o dever de ir se divertir.
Sem poder discutir, Ehtur se deixou levar por Alissah e suas novas irmãs. Bibiana acabou se deixando levar pela conversa da elfa Volcana Boaventura.
Do lado de fora de Suzail, Sirius Black já aguardava a chegada dos companheiros a várias horas sem ver nada de diferente. Apenas a barulheira lá dentro cessara. Tudo estava mais calmo naquele dia perpétuo, enquanto o novo sol que se erguera permanecia imutável acima. Foi então que ele avistou alguém se aproximando. Sabedor que a luz da cidade ofuscava a vista de quem descia pela estrada, ele aguardou o humanóide tornar-se mais discernível. Percebeu que era um orc, ou melhor, um meio-orc, ou melhor, uma meio-orc, que parecia acreditar estar devidamente escondida naquele descampado. Ela não parecia usar armaduras ou armas pesadas e cambaleava um pouco. Sirius se limitou a fazer um montinho de areia a alguns passos da cidade luz.
Quando ela estava a poucas dezenas de metros de distância, enfim avistou o vulto dele. Caiu então de joelhos suplicando por ajuda:
- Pur favur, mi ajudi.. istu firida.. - ela disse na língua dos humanos, sem ouvir resposta dele. - Tu fugindu dus urcs, iu sii du planu dilis di ataca, mas iu num quiru.. iu quiru a luz.
- Planos de atacar?
- Sim.. ilis vai invadi.. uma hurda.. uma grandi hurda de urcs.. o grandi Long Dong Silver juntu us urcs das muntanhas.. e juntu us urcs das prufundizas. Ilis vai invadir tudu!!! - Sirius percebeu que ela não estava mentindo, parecia realmente assustada e até violentada por tudo aquilo.
- Eles vão ser derrotados pela luz de Suzail...
- Naum.. dissa vez naum.. Long Dong Silver tim ajuda dus magus nigrus. Ilis vai atravissar a luz. Agura, ilis taum na grandi urgia prufana di istrupu e viulaçaum.
- Em quanto tempo eles estarão aqui?
- Duis dias.. iu axu... miu numi é Daniela...
- Venha.. faça o seguinte... entre na luz da cidade..
- Iu pussu? Ubrigada, iu simpri quis sir humana.. mais minha mai ira uma urc itrupada pur um humanu. Lá iu ira minus qui ginti, mas aqui vucis matam os mistiçus...
- Eu não sou desses.. - respondeu Sirius no justo momento em que Daniela adentrou a luz de Suzail. Assim como tinha acontecido ao ladino de Águas Profundas, a meio-orc foi fustigada pela luz solar da cidade, caindo inconsciente no chão. Siris acabou sendo lesado para resgatá-la e tendo de gastar uma carga de sua varinha de cura.
Daniela acordou muito agradecida e tentou se entregar a Sirius, mas ele recusou sem muitos pudores. Isso não a fez desistir e acabaram entretidos ali na conversação por algum tempo do lado de fora dos muros de Suzail.
Quando despertaram na Fortaleza da Vela, Muadib, Úrsula, Falkiner e Xavier não demoraram a ser convocados pelo Primeiro Leitor. Ele os alertou de que o auxílio que prometera estava sendo preparado e entregou ao mago dois pergaminhos, um de campo antimágico e um de teleporte maior. Enquanto Francisco copiava-os em seu livro de magias, seu superior invocou o poder da visão além do alcance, mostrando-lhes em um espelho a imagem do que buscavam. Dessa vez, eles buscaram por Sirius Black. A magia teve sucesso e resolveram não esperar. Francisco Xavier os teleportou imediatamente para fora dos muros de Suzail, fazendo-os surgir junto ao ladino e à meio-orc.
Após rápidas explicações, pensaram como proceder, incertos do quanto demoraria a chegar o auxílio vindo da grande biblioteca de Oghma. A ameaça da tal horda de Long Dong Silver soava tanto como mais uma ameaça como uma oportunidade.
Esse processo foi novamente interrompido pela chegada de Rock dos Lobos. O bárbaro lhes explicou que fora devolvido do plano de Mecannus porque Leila Diniz se oferecera em sacrifício para ficar em seu lugar e dar-lhe tempo de provar sua inocência. Ele ainda não estava de todo recuperado, corroído pelo remorso, com a imagem da esfinge azul que condenou sua defensora.
Ehtur despertou feliz como nunca antes. Ele estava abraçado com a mulher dos seus sonhos em um lugar longe das ameaças.
- Alissah, eu quero que você entenda que eu não posso ficar aqui com o mundo ameaçado pelas trevas. Eu preciso convencer o deus das fadas a nos ajudar.
- Ehtur, você é meu amado. Eu atravessaria os infinitos lares do Abismo para estar com você. Você me trouxe de volta de algo pior do que a morte. Você nunca desistiu de mim. Se você me diz que devemos voltar e salvar nosso mundo, eu vou com você.
Enquanto seguiam em direção à área da festa, viam os corpos entorpecidos dos celebrantes. Faunos, centauros, fadas, elfos, ninfas e todo o tipo de seres feéricos estavam espalhados entre e sobre as árvores, arbustos e afins. No centro de tudo, encontraram Timothy Hunter acompanhado apenas de Etienne Navarre, Tumling e do gato Nojento.
- Chegou a hora, garoto. Vamos salvar nosso mundo.. - bradou Volcana, que vinha acompanhada por Bibiana.
- Vocês precisam entender que eu não posso arriscar tudo isso aqui. Já falei que existem outros mundos... se quiserem são bem vindos para ficar desfrutando de nossa segurança... você é marido de Alissah e elfos são fadas que nos deixaram, não é mesmo?
- Mas ainda não é o fim desse mundo.. eu acredito nisso.. - acrescentou Ehtur.
- Não é o que minha mãe ia querer. Ela morreu no tempo dos problemas por coisas desse mundo. Eu mesmo nasci nele.. mas não posso por as fadas em risco por isso. Minhas obrigações como deus das fadas são grandes...
- Elfos são fadas? Nós? Moleque, eu andei com você antes de você ter espinhas. Quando eu vim pra cá fugida dos carolas de Lathander, achei que você ia nos ajudar. Aquele mundo é o seu mundo também.. você nasceu lá e não aqui, ou já se esqueceu disso também? - vociferou Volcana. - Aquele mundo é o mundo de todos nós. Meu querido Armil morreu por ele. É lá que está o corpo de Bahr Kokhba.. Nietzsche está lá!!!
- Vocês precisam entender que eu não posso arriscar tudo isso aqui. Já falei que existem outros mundos... se quiserem são bem vindos para ficar desfrutando de nossa segurança... você é marido de Alissah e elfos são fadas que nos deixaram, não é mesmo?
- Mas ainda não é o fim desse mundo.. eu acredito nisso.. - acrescentou Ehtur.
- Não é o que minha mãe ia querer. Ela morreu no tempo dos problemas por coisas desse mundo. Eu mesmo nasci nele.. mas não posso por as fadas em risco por isso. Minhas obrigações como deus das fadas são grandes...
- Elfos são fadas? Nós? Moleque, eu andei com você antes de você ter espinhas. Quando eu vim pra cá fugida dos carolas de Lathander, achei que você ia nos ajudar. Aquele mundo é o seu mundo também.. você nasceu lá e não aqui, ou já se esqueceu disso também? - vociferou Volcana. - Aquele mundo é o mundo de todos nós. Meu querido Armil morreu por ele. É lá que está o corpo de Bahr Kokhba.. Nietzsche está lá!!!
- Mas a escuridão tá correndo solta lá, tia Volcana.. digo.. Volcana.. nem lua tem mais lá! O oeste está sendo coberto pela escuridão.. o leste está sendo coberto pelas garras vermelhas de Thay.. o sul envenenado por serpentes e o norte nas garras dos zhentarianos.
- Eu acredito que existe motivo para esperança. Se você puder nos ajudar, nós ainda temos chance de salvar tudo por lá. Eu sei que a situação parece sem solução, mas nós podemos conseguir. Existem deuses que morreram, mas também deuses que retornaram... existe gente trabalhando pelo equilíbrio.. Mielliki está lá.. Oghma.. Silvanus...
O deus das fadas parecia sensibilizado pelos os pedidos, tão sinceros, tão sentidos, que ele dominou seus temores. Ele se aconselhou com o gato que estufou o peito e soltou um longo miado. Olhando para o seu guardião, Timothy Hunter reuniu a coragem para dizer:
- Está bem.. talvez eu possa enviar alguns súditos para ajudá-los.. aqueles que aceitarem ir, é claro.. vocês podem fazer o que for possível.. mas saibam que nem por isso, as portas desse plano se abrirão aos que não são fadas. Se algo acontecer, você só poderá retornar guiado por Alissah.
- Alissah ficará aqui! - disse Ehtur Telcontar sem pensar duas vezes.
- Então, só poderá entrar guiado por uma das fadas.. sem problema.. eu preciso avisar meus aliados. Se puder me levar até eles..
- Eu posso colocá-lo em contato com eles, mas você terá de sair por Cormanthor.
Dentro dos muros de Suzail, a população retornou horas depois a se aglomerar e todos se concentraram diante do templo de Amaunthor. No alto do púlpito da grande pirâmide estava Daelegoth Orndeir, além de outros sumosacerdotes. Diante deles, à frente da multidão, estava Ryolith Fox que em seu mais fino traje aguardava a chegada de sua prometida Palas Atenas. A multidão tinha os olhos concentrados no paladino de Tyr e abriu caminho para a mulher que surgiu voando um metro acima do chão.
Palas vinha linda e graciosa até pousar ao lado do amado. Para Ryolith, mesmo todo o brilho da cidade era ofuscado pela beleza dela. Quando ela chegou até ele, deram as mãos e se postaram de joelhos diante do servo de Amaunthor.
- Irmãos, filhos da luz, estamos reunidos aqui hoje para celebrar a união de duas almas puras e imaculadas. Diante de vós, dar-se-á uma união capaz de multiplicar a bondade que nos cerca. São dois amantes que aqui se entregam aos deveres recíprocos do casamento, mas é também todo um povo que abraça esse laço como se fossemos uma só vontade. Pela benevolência reconfortante do sol eterno, desse enlace nascerá um novo dia, um novo tempo, um novo sol.
A multidão foi ao delírio com essas palavras e ele prosseguiu:
- Ryolith Fox, martelo de Tyr, campeão da justiça e da verdade, arauto do correto e impoluto, tu aceitas como tuas obrigações amar e defender essa mulher, cuidá-la e ampará-la, gerar e criar bons filhos, inspirar e conduzir pelo caminho de uma harmônica família?
- Eu aceito.
- Palas Atenas, espada de Tyr, campeã da justiça e da verdade, dama da pureza e da perseverança, tu aceitas como tuas obrigações amar e defender esse homem, cuidá-lo e ampará-lo, gerar e criar bons filhos, inspirar e conduzir pelo caminho de uma harmônica família?
- Eu aceito. - com as aquelas palavras, Ryolith também sentiu o aperto reconfortante dos dedos enlaçados deles. A multidão observava fascinada a luz caudalosa que se derramava deles, que apreciam agora o centro de toda a energia da cidade do sol. Essa energia positiva e purificadora os envolvia e crescia.
- Então, pelos poderes investidos a mim por Amaunthor, o sol eterno deste e de todos os planos, senhor que governa a vida, a criação e o destino, eu os declaro um casal, homem e mulher, esposo e esposa. Onde antes haviam dois, agora é como se apenas um houvesse. O que a luz do sol iluminou com sua benção, treva alguma será capaz de tocar. Pode beijar a noiva.
Sem mais esperar, já com o coração pululante, Ryolith Fox tomou em seus braços a amada Palas Atenas e a beijou como sempre sonhara fazer. E toda aquela luz expandiu-se gloriosa.
O planejamento sobre o que fariam e sobre a tal horda invasora não se definira por um longo tempo.
- Nós devemos aproveitar a invasão e no momento certo, pegar o cálice. - afirmava Xavier.
- Se nós fizermos isso, a cidade vai cair.. ser varrida. - discordava Falkiner.
- Não dá pra convencer essas pessoas? - ponderou Muadib.
- Você viu como tava antes.. olha essa gritaria.. estão dominados como nós ficamos - constatou Rock.
- Eu continuo não podendo entrar... - lembrou Sirius, mas foi interrompido pelas palavras que chegavam do espelho guardado na bolsa mágica de Francisco Xavier. Quando sacou o espelho, o mago se deparou com a imagem e a voz de Ehtur Telcontar:
- Tô voltando.. e com reforços...
Muito boa postagem. Ficou enorme e nem por isso cansou a leitura.
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