1 de mar. de 2013

Tambores na iluminação...


Enquanto Ryolith Fox beijava sua esposa Palas Atenas com a incontida paixão que se derramava caudalosa, as palavras do sumo-sacerdote Daelegoth anunciaram o novo sol que chegava e surgia diante do povo uma vez mais atônito. A energia jorrava caudalosa e assomava aos céus de maneira ainda mais intensa que a anterior. Todos não só partilhavam uma mesma energia harmônica como antes, como vibravam retumbantes os ecos profundos daquela paixão ardente.
- Vejam o poder supremo da bondade prevalecer, meus irmãos. Com a graça de Amaunthor e a benção das forças benévolas da existência, o amor desses dois gera o incandescente terceiro sol que será o símbolo de nossa vitória. Graças a essas forças puras e purificadoras já não é mais preciso temermos a escuridão. Assim como o segundo sol nos ilumina, guia e protege, o terceiro sol será a investida que marcará a derrocada de nossos inimigos.. dos seres das trevas que anseiam pela obliteração total. A fonte primeva da vida transborda de nós para um único todo que levará a luz para todos os cantos do mundo. Não haverá mais escuridão.. nem sombra.. nem noite. Se no princípio dos tempos eram as trevas, irmãos, no tempo da eternidade só luz haverá. E aqueles que se opuserem a nós e desejarem privar o mundo dessa graça.. estes nos servirão de joelhos!
Com o fim retumbante daquelas palavras, que ecoaram no coro da multidão, Daelegoth Orndeir comandou a colossal bola de energia positiva. Aquele novo sol tomou o rumo do noroeste na velocidade da luz. Seguiu-se o silêncio aturdido e a satisfação muda de que aquele era o começo de uma nova era. Os dois arautos daquela benção se afagaram mais e receberam permissão para terem as núpcias merecidas. Aquela união foi capaz de alimentar um novo sol e geraria os filhos desse novo tempo.

Enquanto o paladino de Tyr vivia seu sonho, seus colegas adentravam mais uma vez a cidade de Suzail com o auxílio do mago Francisco Xavier. Mesmo abalado com tudo que se dera com Leila Diniz, ele sabia que o mundo não poderia esperar e era mais uma que dependia do sucesso deles para poder ser libertada. Dessa vez, um campo de antimagia garantia que Sirius Black e sua companheira Daniela não sofressem as penalidades da luz, transformando-os numa esfera de escuridão ambulante. Sem muito custo chegaram ao prédio dos Dragões Púrpuras. Adentraram graças a uma magia de arrombamento e puderam se refugiar na passagem subterrânea, que Ryolith havia lhes mostrado. Muadib constatou que não haviam outros rastros que não os deles mesmos. Era ali que iriam recuperar as forças além do alcance da luz e aguardar a chegada de Ehtur Telcontar. Apenas John Falkiner preferiu ir sozinho até a pequenina igreja de Kelemvor, que ele mesmo construíra na cidade ao invés de recuperar as forças.
Xavier usou de divinações para aumentar os conhecimentos sobre o que se passava. Por fim, dormiram. O clérigo,por sua vez, que não tinha mais suas preces atendidas, preferiu entregar-se a fervorosas orações por horas a fio. Ele encontrou no altar um espelho quebrado. Isso o lembrou da recente face espelhada do Deus da Morte com seu próprio rosto refletido. Tomou aquilo como um reflexo das mudanças nas esferas superiores. Mudanças profundas. Usou do manto para esconder seus traços élficos e apenas orou ininterruptamente para Kelemvor.
Mesmo quando o movimento da cidade voltou, tanto no prédio da guarda quanto nos templos, isso não desviou a atenção dele. Um sacristão encarregado da manutenção do templo chegou e sem reconhecê-lo trocou cumprimentos satisfeito pela presença de alguém. Naqueles tempos parece que a todos só interessava o templo de Amaunthor. John Falkiner desconversou e orou.
Escondidos sob a terra, aconchegados no leito ou refugiado em um pequenino templo, todos eles ouviram. O som era ritmado e firme como uma chuva de rochedos. Todos ouviram os tambores.. tambores na iluminação sem fim de Suzail.


Palas e Ryolith deixaram o calor do leito, onde seus corpos ávidos haviam consumado o amor que os unia para a eternidade. Vestiram seus trajes de batalha e cruzaram as ruas em direção às muralhas, enquanto os civis corriam para refugiar-se no palácio. Quando os dois paladinos de Tyr chegaram às muralhas, avistaram a imensa horda de milhares de orcs. Palas enquanto líder da guarda, estava ali como comandante da defesa de Suzail. A maior parte dos servos de Tyr e também dos Dragões Púrpuras estava postada sobre os muros iluminados da cidade.
Os orcs bestiais pareciam tomados por um frenesi insano, espumando e vociferando como loucos varridos. Eles cobriam a colina como uma mancha negra e agourenta. Vinham como uma turba descontrolada, sedentos por sangue e morte. Ao centro havia um grande orc, que se destacava entre os demais, carregando um enorme machado e cercado por fêmeas semi-nuas, algumas acorrentadas. Ele impulsionava os demais gritando por sangue e destruição. Parecia contaminá-los com sua própria fúria. Os tambores pararam, mas trazendo um silêncio súbito, onde ecoaram as palavras do líder dos orcs, grande como um ogro. Ele abriu caminho com seu instrumento e vociferou:
- Hoje a luz será apagada! A era dos homens vai chegar ao fim! Eu vou penetrar entre suas pernas e fazê-los gritar de dor! O tempo dos orcs irá começar e para isso, o sol deixará de existir. Esse seu pequeno sol fajuto vai apagar com a minha urina. Eu vou esporrar na cara de vocês, seus filhas da puta de merda! Hoje nós vamos matar, pilhar e estuprar, meu povo! Hoje os deuses da guerra e da destruição se dobram a Gruumsh-um-Olho. Long Dong Silver está lhes prometendo a vitória!!!
- Sua vontade animalesca não será capaz de vencer nossas defesas, besta imunda. Assim como, sua índole nefasta sucumbirá ante o peso de minha espada, instrumento da verdade de Tyr. - gritou Palas Atenas afastando o medo dos corações dos defensores de Suzail e inspirando-lhes um passo além do que já fazia a luz de Amaunthor.
- Meu instrumento fará você gritar, enquanto seu povo de feitores de escravos lamberá minhas botas, vagabunda rampeira!!!
O frenesi explodiu ainda mais e como um tsunami, a horda se atirou contra as muralhas em carga. As setas dos arqueiros da cidade voaram eclipsando a luz, mas pareciam incapazes de derrubar os bárbaros orcs, que seguiam seu avanço. Palas "espada de Tyr" Atenas voou como um anjo vingador dos céus sobre o monstro Long Dong Silver. Eles se digladiaram, arrancando sangue a cada golpe, enquanto outros tantos orcs tentavam em vão atingir a paladina de Tyr.
Ryolith planou até a massa de maldade diante dos muros, enquanto as defesas tentavam fustigar os orcs. Enquanto o martelo de Tyr abria caminha ceifando orc após orc com o poder da justiça, via que os orcs que seguiam de alguma maneira tenebrosa conseguiam escalar as muralhas sem dificuldades. Ryolith Fox ignorava os ataques que recebia impulsionado pelo anseio de defender sua amada e líder. Por amor, ele seguia.

Longe dali, o grupo esgueirou-se pela passagem até o templo de Tyr. Encontraram o templo sendo abandonado por seus últimos ocupantes. Perceberam o movimento em direção ao oeste da cidade. Aproximando-se furtivamente, Muadib e Sirius souberam  que a regente Caladnei recebia o povo e tentava tranquilizá-los como se fosse apenas mais uma das amas. Encontraram Falkiner no caminho, chamando-o a deixar suas preces, que seguiam sem respostas. Foram para a pirâmide do templo de Lathander.
Antes de entrar, Francisco Xavier recebeu uma mensagem da Fortaleza da Vela. Os reforços estavam prontos e iriam seguir para onde fosse indicado. O mago os convocou a se juntarem a eles e logo estavam ali dezenas de magos e monges prontos para a batalha.
Isso mudou a ação, somando-se ao fato de que ouviam cânticos ritualísticos advindos do interior do templo. Sem perder tempo, venceram a entrada e acabaram por encontrar um corredor onde oito estátuas estavam posicionadas junto às paredes. Eram corpos humanos com cabeças de animais, mas não lembravam-lhes entidades específicas.
John Falkiner buscou nos cantos mais profundos de sua memória, de seus estudos sobre as religiões da antiguidade. Lembrara-se de um desenho de deuses antigos, representados de forma primitiva com cabeças de animais associados a eles. Era uma forma dos ancestrais primeiros de Netherill representarem sua fé. As oito estátuas de deuses representavam Mystra, Amaunthor, Chauntea, Silvanus, Tyr, Gond, Oghma, Shar.


Não houve muito tempo para explicações, pois o que quer que se dava lá dentro parecia seguir num crescendo. Eles mesmo já sentiam a influência das forças do cálice de Amaunthor começar a se assanhar em suas vontades. Abriram a porta dupla e chegaram ao salão onde haviam encontrado o cálice da vez anterior. Dessa vez, no entanto, o artefato do sol não estava no altar, mas sim nas mãos de Daelegoth Orndeir. O sumo-sacerdote de Amaunthor comandava os demais sumosacerdotes de seis outros deuses: Tyr, Mystra, Chauntea, Silvanus, Gond e Oghma. Apenas um representante de Shar parecia faltar.
A chegada e investida deles foi respondida com uma magia que se mostrou capaz de desfazer o campo mágico, apesar das expectativas deles. Com isso, a bondade luminosa os envolveu e viram-se mudando de interesses. Apenas Sirius e Daniela não foram tomados por aquela benevolência, sentindo a dor física daquela suposta benção. A meio-orc tombou, enquanto que Black buscou uma maneira de manter-se inteiro, pois atraía de todos olhares de reprovação.
- Finalmente chegaram as forças da trevas que faltavam para completarmos o ritual que consagrará o Quarto Sol, meus irmãos. Com a sabedoria antiga de nossos ancestrais conseguiremos erguer a força que espantará para sempre nossos inimigos. - os olhos dele se voltaram para Sirius Black, sobre quem ele investiu de cálice em punho. O golpe certeiro atingiu o ladino e o desintegrou em pó brilhante.
Diante daquilo, Úrsula acabou por disparar suas flechas certeiras arrancou o cálice das mãos de Daelegoth, enquanto Muadib correu para apanhá-lo. Embora o guardião bárbaro tenha sido rápido, sua vontade não resistiu a devolver o artefato ao sumosacerdote quando ele falou:
- Sem o cálice, eu não poderei trazer Sirius Black de volta purificado pela luz do sol. Este ritual será o início de uma nova era que cobrirá todo o mundo em uma luz eterna.
Já com o artefato, ele ergueu o cálice de Amaunthor no ar e derramou dele um líquido brilhante, que aglomerou-se e ergueu-se até tomar forma humana, até tornar-se um novo Sirius Black.

2 comentários:

  1. Estamos lutando contra o mesmo inimigo, não quero o seu mal. Trazendo de volta Sirius podemos ser aliados, basta não tentar me atacar uma segunda vez.

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    1. Humberto, não fique chateado... eu te amo...

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