Eles viajaram por mais um dia inteiro para o norte até avistarem ruínas. Era Yulash, alertou Rafael. Ele sugeriu que ele e Leopoldo se aproximassem furtivamente e observassem. Quando retornaram, os dois contaram sobre a ponte que cruzava o rio em direção ao Forte Zentil. Muitas caravanas vinham do oeste, traziam escravos em profusão, principalmente do Anauroch. Havia um destacamento de seis soldados nas ruínas.
Ryolith, John, Palas, Leopoldo e Rafael marcharam sobre eles. Usaram as capas dos inimigos anteriores para que os zentarianos não os reconhecessem de pronto. A tática deu certo e conseguiram dar conta de todos, inclusive do clérigo, sem chamar muita atenção. Ainda recolhiam qualquer coisa que pudesse ser de ajuda, quando uma mulher surgiu das ruínas.
- Muito bem.. muito bem.. belo trabalho, heróis.. - disse com satisfação a bela mulher. Era ruiva e usava um vestido preto e elegante. Tinha ares aristocráticos e sedutores.
- Quem sois vós? - bradou prontamente Ryolith Fox, que antes da resposta já detectou o mal naquela falsa dama.
- Meu nome é Desmonda.. eu posso ajudá-los a entrar em Forte...
- Nós não queremos nada que você tenha a oferecer! - cortou-a Palas Atenas.
- Diga suas palavras finais, serva do mal.. - ergueu a espada o paladino.
- Nós temos inimigos em comum.. se querem chegar a Aldebaran.. bem.. ele não é senão um auxiliar de Fzoul Chembril, o sumo sacerdote de Bane. Eu posso colocá-los lá dentro. Podem vir como meus acompanhantes.. meus seguranças.. como servos de Tymora, a única divindade do sul aceita...
- Penso que ela fale a verdade.. - ponderou Falkiner. - Pode ser nossa única chance... mas por que você estaria nos ajudando?
- Não estou ajudando. Nós temos inimigos em comum. Fzoul Chembril matou meu marido para se tornar o senhor do Forte Zentil. Ele pagará por toda a ruína que trouxe à minha família...
Longe dali, no espaço e no tempo, o grupo preferiu passar ao largo da cidade. Daphne sobrevoava o caminho como uma águia. Enquanto tentava acostumar-se a essa nova vida, a essa imensa falta que a habitava todo o tempo, ela avistou as tropas mobilizadas na entrada da cidade. Parece que as notícias corriam rápido. Eram mais de 150 homens prontos a sair em busca deles. A estrada à frente estava repleta de caravanas que traziam seus rebanhos de rothés, bovinos de carne macia e farta, além de bom couro.
Os guardas deixaram a cidade e atravessaram o portão quando eles cruzavam a estrada mais à frente. Já preparados para aquilo, o grupo apenas esperou a druida das infindáveis formas, que se transformou em um rothé em meio aos demais. Ela começou a correr e pular levando os demais animais ao desespero e causando um estouro na manada em direção aos soldados.
No entanto, isso não significou a salvação. À frente deles surgiram três magos vermelhos. Um dos rostos era muito familiar. Ao centro do trio estava Leila Diniz.. ou o que quer que ela tivesse se tornado. Além das vestes rubras de Thay, a feiticeira da fortaleza da vela emanava as nefastas energias necromânticas que a comandavam. Seus olhos agora eram fundos e vermelho sangue. Sua carne estava seca e murcha, como se fosse se desprender dos ossos. De cada lado estavam dois magos que Úrsula se lembrava de ter vencido antes de serem aprisionados. Gêmeos: um do fogo e um dos raios.
Eles conjuraram bestas infernais e lançaram magias. O medo mágico afetou Ehtur e fez o guardião abandonar o combate. Os demais atacaram com tudo que tinham, mas logo viram que os magos estavam melhor preparados dessa vez. As flechas de Úrsula não causavam qualquer dano. Os ataques de Rock e Sirius também tinham pouco efeito. Apenas os reflexos ligeiros os mantinham vivos, mas por quanto tempo?
Daphne retornou na forma de uma estranha fada, feita de tentáculos e garras. Ela e os camaradas apenas conseguiam tombar os cães infernais. Arcando com a maior parte do dano causado pelos inimigos, o bárbaro Rock entendeu que precisava vencer as proteções mágicas dos três.
O último da tribo dos Lobos concentrou todo seu poder mágico e confrontou o poder dos outros arcanos. Com perseverança, ele desfez a magia de pele de pedra que protegia os gêmeos e a morta-viva. À mercê dos novos ataques, os magos vermelhos se viram acuados. Sirius e Úrsula tombaram os dois, enquanto os demais investiram contra Leila Diniz.
A feiticeira não se perturbou.. pelo contrário. Com uma certeza fria, uma arrogância tremenda, ela transbordou a energia prateada devastadora que eles já haviam visto antes. Desta vez, no entanto. era como um tsunami de caos mágico queimando tudo em todas as direções. Rock, sempre o mais penalizado, acabou tombando, enquanto os demais viram-se levados ao limite de suas forças. Parecia que tudo estava acabado.
Quando os olhos recuperaram-se da ofuscação causada pela explosão, eles puderam ver, surpresos, que para piorar tudo, não só Leila também estava curada dos ataques, como havia curado os dois magos caídos. Sirius e Úrsula se apressaram a derrubá-los antes que pudessem se levantar, mas Leila "a morta viva" Diniz já voltara a emanar energia arcana bruta. Ao contrário de quando a conheciam, ela não estava esgotada e sem forças. Ela brilhava como se houvessem muitos mais tsunamis por vir...
Nessa hora, para surpresa de todos os presentes, Sirius "o que ressuscitou duas vezes" Black começou a emitir uma energia luminosa celestial que avolumou-se enquanto cortava o espaço entre ele e Leila. Aquele luz foi paulatinamente transformando-se num homem, enquanto crescia e se definia. Ao fim, de braços estendidos e todo feito de luz, estava sobre Leila Diniz, imobilizando-a e dominando-a, nenhum outro se não Francisco "o necromante branco" Xavier. Os olhares deles se encararam e a bondade que ele trazia expulsou as forças nefastas que a controlavam.
- Xavier?.. - ela disse vendo a forma cada vez mais material do colega.
- Minha missão era protegê-la, não é mesmo?
Além da imensa felicidade que sentiram, após recolher o que pudiam e ver Ehtur retornar carregando o corpo do líder da guarda, que ele derrotara, não desfrutaram de muito tempo. Curaram Rock e partiram o quanto antes, enquanto o bárbaro resmungava com Sirius que ele devia se dar a bater um pouco mais.
Como ser um ser imaterial e material ao mesmo tempo é complicado. Sinto falta de uma definição em minha vida. Passo para lá? Fica como está?
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