12 de out. de 2012

(Re)Encontros...


Desmonda guiou os servos dos deuses em segurança até o interior da imperialista cidade de Zhentil. Já da ponte eles podiam ver o grande movimento por trás das muralhas. O porto era muito movimentado e as ruas estavam tomadas de escravos e soldados, que chegavam e partiam das caravanas e navios. Uma grande quantidade deles era maligna quer fossem cativos ou captores, deixando os dois paladinos um tanto desnorteados. Quando chegaram à parte mais nobre da cidade, a aristocrata os conduziu em direção ao antigo palácio do governador da cidade, onde puderam enfim relaxar e baixar o disfarce de capangas dela e servos de Tymora.
- E agora? - arguiu John Falkiner.
- E agora vocês terão de esperar... - começou a falar Desmonda com malícia e doçura nas palavras.
- A justiça não pode esperar! - cortou-a Palas Atenas. - Onde está Aldebaran?
- Aldebaran.. e a real ameça, Fzoul Chembryl, estão no templo de Bane, a Manopla Negra. Vocês puderam vê-lo já que fica próximo daqui, A grande torre em forma de punho cerrado feita de ônix e obsidiana. As coisas andam movimentadas por aqui desde que ele retornou. Isso trouxe um impulso extra para a conquista das terras ao sul. Bane quer recuperar a grandeza de Zhentil, perdida enquanto ele esteve morto. Eu tenho uma reunião com Fzoul dentro de dois dias.. vocês irão me acompanhar e...
- E fazer o seu serviço sujo? Isso tudo parece muito conveniente. - protestou Ryolith Fox.
- Fzoul Chembryl e suas corja de Bane depuseram meu marido.. o legítimo governante dessa cidade. Eu jurei que o faria pagar. Eu desejo vingança! Nós voltaremos a nos falar no jantar. Vão descansar e tirar a poeira. Meu criado irá levá-los.


Dali os três servos dos deuses e Leopoldo foram conduzidos a um quarto por um velho senhor. Foi o mesmo que voltou para buscá-los e conduzi-los ao imenso salão de jantar pouco depois. Havia uma enorme mesa posta e na cabeceira estavam Desmonda e um jovem garoto com rosto angelical e um ar arrogante. Rapidamente, a malícia da mulher e a empáfia sem limites do pretenso herdeiro do governo local acabaram com a paciência de Ryolith "o inquisidor" Fox e Palas "a justiceira" Atenas. Apenas Leopoldo parecia estar se divertindo.
- Eu esmagarei todos os servos de Bane como vermes.. e esmagarei vocês também! - gritava o menino mimado antes de ser silenciado.
- Como lhes disse, tenho uma reunião amanhã no templo de Bane. Eu posso levá-los até Fzoul e Aldebaran, mas vocês precisarão usar estes anéis.. - Desmonda disse mostrando os pequenos anéis em formato de crânio.
- Mas são símbolos de Cyric, o deus das mentiras. - disse Falkiner preocupado ao ver que a mulher servia ninguém menos que o arqui-inimigo do deus da morte e antigo dono desse título. O Sol Negro.. o Príncipe das Mentiras.. aquele que quase lançara o reino dos mortos num apocalipse sem fim.
- Isso irá escondê-los das detecções mágicas e divinas. Isso protegerá seus pensamentos.. acreditem em mim, isso é importante! Sem isso não passarão sequer do portão.
- Estes itens são malignos.. eu me recuso a tocar nessas relíquias do mal. - protestou Ryolith com a concordância de Palas.
- Não podem recusar. Esse é o único meio de entrarem no templo de Bane. - essa afirmação não alterou a postura de nenhum deles. - É a única maneira de recuperarem o tal artefato que buscam.. - isso fez com que John e Leopoldo se aproximassem, enquanto ponderavam se deviam arriscar. - Só assim poderão ter sua vingança! - E dito isso, Pala Atenas tomou de Desmonda um dos anéis colocando-o no dedo sem exitar.
- Que assim seja! - e assim, os demais não puderam fazer outra coisa se não o mesmo. A viúva do governador despediu-se deles mas não sem antes convidar Leopoldo para ter com ela em particular, atiçando a luxúria do beduíno. No entanto, Falkiner o conteve e solicitou que todos fossem acomodados em um único quarto, preocupado com as manipulações da serva de Cyric. Ele alertou Leopoldo do risco que corria e em que colocava todos ali caso cedesse à tentação.O beduíno concordou a contragosto.
Recolheram-se, mas o ambiente era um tanto afetado. Sentiam-se vigiados todo o tempo.
No dia seguinte, John Falkiner aproveitou o tempo para preparar algumas magias. Ryolith Fox concentrou-se nas orações antevendo as agruras do mal pela frente. Palas Atenas preferiu circular no palácio, assim como Leopoldo dos Távios. A paladina de Tyr retornou depois de algum tempo com algumas opiniões ainda mais negativas de tudo ali. O beduíno não retornou e não demorou para que soubessem que ele estava com Desmonda.
O aliado só apareceu no dia seguinte, assim como a receptiva anfitriã. Ela apenas disse para que se aprontassem, enquanto Leopoldo não encontrou nenhuma boa justificativa para o que se dera. Eles partiram rumo ao templo de Bane. Realmente não encontraram maiores dificuldades para entrar por serem esperados. Mesmo assim, eles sentiam o peso profano das proteções contra o bem do local, que parecia entorpecer-lhes os músculos. Passaram pelo grande salão do altar e subiram até o aposento do sumo sacerdote. Antes de chegarem até Fzoul Chembril, já puderam escutar os gritos raivosos de Aldebaran Atenas:
- Parem! Eu sou o novo braço direito de Bane, Chembryl. Seu tempo passou e você não soube aproveitá-lo. A Mão Negra não mais o apoia. Sou eu quem empunha o artefato sagrado, a Manopla Negra de Bane. Sou eu quem lançará Cormyr de joelhos. Sou eu quem tomou o artefato que pode derrotar os recém-chegados da cidade voadora.
- Você não passa de um tolo, Aldebaran. Um velho tolo. Você viveu por tempo demais sob seu disfarce.. se tornou mole como eles no sul. Aqui as coisas não são justas...
- Eu já servia Bane antes mesmo de você ter barba.. esmaguei outros tolos arrogantes como você.. - os gritos e as ofensas seguiram, mas à essa altura, o grupo já não exitava e sim avançava, em especial Palas Atenas de espada em punho e com sede de sangue nos olhos.


Aldebaran Atenas trazia ao lado dele, subjugada e de joelhos, a clériga Bibiana em cujas mãos repousava o cálice de Amaunthor. Uma aura negra a mantinha paralisada e impedia o artefato de brilhar. Fzoul Chembril sentiu o peso da ira do velho clérigo e acabou expurgado dali. Sua protetora, uma paladina negra de ares insanos fustigou o portador da Manopla Negra de Bane. Ela e Palas Atenas flanqueavam-no como dois lados distorcidos de uma mesma força vingativa. Ryolith Fox e John Falkiner buscaram libertar Bibiana, conseguindo liberar as energias do cálice do antigo deus do sol, abençoando-os mesmo ali naquele local profano. Palas clamou por todo o poder de Tyr e esmagou o mal daquele que um dia chamara de pai.
Aldebaran voou longe mortalmente ferido. Ele os amalduçoou antes de se desfazer em cinzas. Só então Fzoul Chembril, sumo sacerdote de Bane retornou, mas não conseguiu por as mãos na Manopla Negra de Bane, pois o artefato da Mão Negra também desapareceu dali. John "saída rápida pela esquerda" Falkiner, sem perder tempo, aproveitou para teleportá-los de volta para Cormyr.

Na pilhagem dos corpos dos dois magos vermelhos, haviam nove pergaminhos. Dois eram de teleporte. Daphne se transformou em uma mosca. Leila Diniz e Francisco Xavier, que não precisavam mais respirar, foram guardados nas bolsas mágicas, permitindo que a magia levasse a todos dali. Rock leu o primeiro deles desejando o mais longe possível rumo ao oeste. Surgiram sobre o mar. Resistiram às ondas.. novo teleporte.
Dessa vez, eles surgiram nas areias de um deserto. Imaginaram que seria o Anauroch, o grande mar de areia, mas o que chamou a atenção foi o fato de nenhum poder mágico estar funcionando. Pareciam privados de qualquer força arcana. Resolveram seguir para oeste, desviando para o sul para desviar evitar algumas montanhas conforme as orientações de Ehtur. Acabaram se deparando com uma grande quantidade de dragões azuis voando vigilantes pelo céu em todas as direções. Seguiram mesmo assim, não vendo outra alternativa e acabaram topando com uma esfinge que fugia dos grandes lagartos azuis. Conversaram com diplomacia, confiando na inteligência e boas intenções da criatura, que os acompanhou depois de contar o que estava acontecendo no deserto. Toda magia havia sido banida com o domínio de Nova Netheril. Todos os habitantes haviam sido subjugados e escravizados. Os dragões azuis eram a tropa de elite dos sombrios humanos da cidade voadora.


Viram que não havia por que perder tempo ali. Se aquele era realmente o Anauroch como agora sabiam, o oeste era o caminho para a Grande Floresta, Soubar e a Cidade dos Explendores. Daphne se transformou com seus poderes naturais, dádiva dos deuses da natureza aos druidas, em uma grande toupeira selvagem para cavar um túnel em segurança. Isso os manteve à salvo até atingirem a área rochosa limítrofe ao deserto. Dali já puderam avistar a Grande Floresta, onde a experiente druida logo reencontrou seus camaradas. Reunida a Gaios e ao restante do círculo druídico, ela consolou-se com os demais da morte de Sting. Conheceu também o novo druida que o substituiria, o sobrinho do falecido druida, Police, um jovem e inexperiente druida como ela e Sting foram um dia, acompanhado de uma curiosa coruja. Ele aguardava o retorno de Daphne para poder ser oficialmente inserido no círculo druídico.
Através das palavras sábias do mais velho dos druidas daquele círculo, ela e os demais souberam de todo o mal que assolava o mundo. Uma grande área anti-mágica emanava do grande deserto. Nenhuma magia ligada ao tecido de Mystra tinha qualquer êxito. Apenas a magia sombria e nefasta do nethereses funcionava. Esse efeito se estendia por pelo menos sessenta quilômetros das areias do Anauroch em todas as direções. Eles haviam derretido a Grande Geleira e agora um grande lago existia ao norte do deserto, o que perturba todo o equilíbrio da região. A cidade de Soubar foi invadida e tomada pelos elfos de Evereska, que não eram mais do que marionetes favoráveis aos humanos da cidade voadora agora. A Terra dos Vales sofre com o avanço das tropas de Bane e de Forte Zhentil. Até mesmo Águas Profundas via-se isolada e ameaçada, pois um fratricida conflito se espalhava por suas ruas, expondo os lordes e complicando o comando de Khelben Arunsun. O reino de Cormyr estava de joelhos e apenas a capital Suzail resistia, dizia-se graças a um poderoso artefato encontrado no deserto contra o qual os sombrios nada podiam.


Gaios não evitou tratar da maldição que habitava Daphne. Com a presença de Francisco "nem vivo, nem morto, nem morto-vivo" Xavier, os druidas realizaram mais uma vez um ritual purificador no coração daquela floresta. Daphne sentiu-se como uma árvore podre que deixa cair o último fruto à terra, quando foi envolvida pelo purgação divina de seus colegas. Sentiu-se tragada pela terra calorosa e maternal conforme as energias nefastas escorriam por seus poros. Enfim, experimentou um renascimento pleno de sua pureza e de seus laços com a natureza, expurgando as forças negativas e necromânticas que Szaas Tam havia mergulhado em seu corpo. Ela estava livre, plenamente integrada àquele ecossistema e àquela família, ainda que em seu coração nunca pudesse esquecer tal aflição totalmente.
Enquanto se dava o ritual, todos os demais acabaram se vendo obrigados a defender os druidas e a floresta. Um grupo de quatro dragões azuis vindos do deserto derramou uma chuva de relâmpagos sobre as árvores ancestrais da Grande Floresta. Mesmo que pouco fosse o que pudessem fazer, ainda privados das melhores condições materiais, eles cuidaram de ganhar algum tempo. Contaram para isso com a ajuda dos treants locais, que surgiram arremessando pedras. Os dragões acabaram perdendo seu membro de menor poder, cercado e surpreendido pelas flechas de Úrsula. O restante deles escapou sendo repelido pela conclusão do ritual druídico. Quando chegou, Gaios lhes agradeceu o auxílio ainda que muito houvesse o que reparar do ataque. Ele prometeu-lhes mais algum auxílio, enquanto fez com que a terra tragasse a carcaça do grande lagarto voador.
No dia seguinte, depois de conferenciar, o grupo acreditou que o caminho para a solução dos problemas levaria a Águas Profundas. Apostando na grandiosidade da cidade do arquimago Khelben Cajado Negro Arunsun. A viagem, no entanto, os fez passar primeiro por Brasillis. Foi lá que reencontraram a clériga Déborah e informaram sobre morte do Yorgói.
- Ele.. assim como Arnoux.. deu a vida para salvar o mundo. - disse Sirius.
- Meu pobre Arnoux.. - lamentou Úrsula enquanto embalava o pequeno Arnoux.
- Salvar o mundo? Mas ele saiu daqui para salvar a namorada de Ehtur... - protestou Déborah
- Coisas maiores estão acontecendo e...
- E o mundo não está salvo, não é mesmo? Nem a namorada de Ehtur? E o gnomo que amo está morto.. morto...

Graças ao poder divino de Kelemvor, John Falkiner e seus aliados se materializaram nas ruínas de Arabel. A cidade estava ainda mais devastada do que quando estiveram anteriormente. Bibiana carregava o artefato aliviada de se ver livre do domínio do servo de Bane. Enquanto reconheciam o lugar e já pensavam em partir rumo a Suzail, um portal de fogo rasgou o ar e eles viram surgir três pessoas. Ryolith Fox prontamente reconheceu Lorde Byron de Soubar e Alissah Eagle, que acompanhava o guardião  Ehtur Telcontar e que ele tanto desejava salvar. O terceiro não lhe era de todo estranho. Estavam combalidos, desnutridos e esfolados. Seus corpos caíram ensanguentados e sem força no chão. A elfa parecia catatônica como se sob algum poderoso efeito.
- Louvados sejam os deuses.. - disse o servo de Morpheus. - Como é bom sair daquele abismo infernal...


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