O servo de Kelemvor sentiu seus poderes voltarem, agora que estava fora do Anauroch. Todos eles perceberam que o brilho do cálice de Amaunthor diminuíra, mesmo que ainda sentissem a benção sagrada que recaia sobre eles. Leopoldo empunhava o artefato assustado com todo aquele estranho mundo urbano. Bibiana mantinha-se vigilante.
- Onde fica o templo de Lathander? - ponderou Falkiner vendo apenas um templo de Tyr e outro de Mystra, além de avistar os dragões sombrios e seu cavaleiro tenebrosos pairando acima deles.
- Não há um templo de Lathander em Arabel. O templo do deus do sol fica em Suzail. - retrucou Fox já mapeando o combate.
- E por que cargas d`água fomos trazidos pra cá? - irritou-se o clérigo, muito embora seu colega paladino não tenha ouvido essa segunda questão, pois já se atirara em carga contra um dos trolls que acabara de romper o portão do castelo e invadido o prédio. Ryolith fustigou a criatura, mas percebeu que afastara-se demais do cálice, deixando de contar com o poder divino do sol do deserto. Falkiner optou por orar por poder divino para incinerar aquele mal, libertando um ataque flamejante. Esse mesmo poder divino incorporou-se aos músculos e ossos do servo da morte, fazendo dele um gigante e dando-lhe força sobre humana. Bibiana convenceu Leopoldo a entregar-lhe o cálice de Amaunthor e erguendo-o aos céus, potencializou seus poderes.
A luz jorrou como se um universo se formasse. Todos os seres malignos ficaram cegos e atordoados. O servo de Tyr sentiu aquele poder divino fortalecê-lo ainda mais e aproveitou para tombar os trolls. Mas se por um lado o artefato lhes deu tamanha vantagem sobre os inimigo que estavam no solo, por outro atraiu de vez a atenção dos que estavam no ar.
Os dragões caíram sobre eles com sopros de trevas negativas. John Falkiner sentiu o dreno de suas energias, apenas para sentir a luz abençoada do cálice devolver-lhe o que perdera. O brilho luminoso do artefato do antigo deus do sol manteve também aquela energia nefasta longe de Bibiana e Leopoldo. Dois dos dragões pousaram, enquanto o humano tenebroso sobre um deles multiplicou-os magicamente e o outro almejou tomar o cálice.
Todos entregaram-se de corpo e alma ao combate. Ryolith "matador de dragões" Fox clamou pelo que restava de poder divino para esmagar as escamas negras da maldade que rastejam diante de sua sede por justiça. John "defensor dos mortos" Falkiner atacou com suas espada bastarda larga flanqueando um dos dragões. Bibiana "mensageira do divino" Crommiel atirou o conteúdo do cálice, como vira o Khar Xeita fazer no deserto, e o jorro brilhante fulminou o dragão, desfazendo-o como se fosse uma mera ilusão e levando ao chão o capanga de Nova Netheril. Leopoldo dos Távios atacava como podia embora seus poderes estivessem aquém da força inimiga.
Uma nova revoada das setas dos defensores do palácio tombou os orcs e trolls que ainda restavam cegos por ali, além de castigar os dragões. Mais alguns minutos bastaram para transformar o que parecia uma suprema derrocada numa vitória eminente. Ryolith contou com a predestinação digna do heróis para atingir o inimigo verdadeiro entre as ilusões e tombá-lo. Bibiana golpeou o outro usando o cálice como se fosse uma maça. Banhados naquela luz divina, movidos pelo que havia de mais justo e verdadeiro, eles sentiram o doce sabor da mais árdua vitória.
- PAREM! - veio o grito estrondoso que paralisou todos ali com exceção de Falkiner. A sinistra voz não lhes era estranha e logo lembraram-se de Aldebaran Atenas, servo fiel de Tyr, senhor da justiça. Ele agora vestia uma armadura negra e o símbolo do deus da tirania, Bane, uma manopla negra de punho cerrado. O efeito mágico que se dera era por demais devastador preocupou-se John. Parecia ser algo épico, muito além de suas capacidades. Mesmo assim, ele era a única coisa que restava entre o traidor, os dragões e o cálice de Amaunthor. - Seu brinquedo lendário não irá salvá-los, papa defunto. O poder de Bane irá varrer e purificar Cormyr e logo esta será uma terra digna de um povo forjado a ferro e fogo.
- Mi mi mi... só se for por cima do meu cadáver.. eu sempre soube que você era um enrustido de uma figa - disse Volcana Boaventura surgindo na porta do palácio e disparando uma chuva de flechas sobre a armadura completa do servo do mal. Isso, entretanto, não foi suficiente para detê-lo. O servo do medo e da tirania passou por cima de quem estava à sua frente, gigante que estava pelo poder de Bane e por uma manopla negra misteriosa que tinha na mão direita. Essa manopla, ao tocar o cálice, fez cessar a luz. Num passe de mágica, Aldebaram, Bibiana e o cálice não estavam mais lá.
Durante 22 horas ininterruptas o grupo viajou velozmente sobre as montarias fantasmagóricas convocadas por Francisco "o necromante branco" Xavier. A incrível velocidade daqueles seres mágicos impedia até mesmo Daphne de voar, pois acabaria ficando para trás. Quando a segunda leva de conjurações terminou, no entanto, todos precisavam de descanso, em especial, o mago da Fortaleza da Vela.
Decidiram que Daphne e Ehtur cuidariam cada um de um turno, enquanto que Xavier, Leila Diniz e Rock dormiriam todo o tempo. Os demais se alternariam em períodos menores e iguais com um dos dois servos da natureza. Estavam próximos do segundo paredão de pedra tendo o vislumbre do segundo planalto, ao centro do qual assomava uma colossal montanha, cujo cume era coberto de neve e encoberto por nuvens. Vieram circundando o paredão e evitando estradas. A área ali era mais erma, embora tivessem avistado uma pequena cidade no caminho.
Em pouco tempo, os preparativos mostraram-se desnecessários, uma vez que logo depois dos primeiros se deitarem, a experiente druida percebeu a aproximação dos mortos vivos. Um grito bastou para levantar a todos, que deram-se conta de estarem cercados. Os mortos vivos pareciam guerreiros preparados para o combate, não tinham corpos mutilados e decompostos como os dos zumbis ou deformados como os dos carniçais que encontraram até aqui. Estes vestiam finas armaduras de batalha e portavam armas de fina qualidade. Além disso, eles eram resistentes aos ataques, absorvendo parte do dano que recaia em seus corpos sem vida.
Mesmo contra seres malignos de tal feitura, o grupo conseguiu resistir e defender-se, tombando-os aos poucos e evitando chamar atenção a princípio. Ehtur "empalador de cadáveres" Telcontar trespassava-os com toda a fúria sem precisar se conter. Os demais, mesmo não sendo tão efetivos, combinavam os ataques para um sucesso maior. Foi quando as magias começaram que o verdadeiro problema se revelou. O grupo viu-se fustigado por bolas de fogo e relâmpagos, que pareciam vir de muito longe. Mais devastador foi o efeito do murchar horrível, que evaporou a água dos corpos de todos da maneira mais agressiva possível de se imaginar. Vendo a vida escapar-lhes como vapor pelos poros, todos cuidaram de escapar como podiam. Daphne tomou a forma de uma mosca e voou. Sirius, Úrsula e Ehtur, invisíveis, julgaram ser mais prudente evadir do local. Rock conjurou uma magia para fugir mais rápido, enquanto restavam os caídos Francisco, Samwise e Leila.
Uma nova leva de magias seguiu-se. Novas bolas de fogo e relâmpagos derrubaram Ehtur e Rock. Daphne conseguiu passar desapercebida, enquanto Sirius e Úrsula restavam graças à esquiva sobrenatural que possuíam. Finalmente, um grupo de seis magos se manifestou no local com a arrogante certeza da vitória. Desdenhosos da real ameça que representava aquele grupo de heróis, pareciam mais interessados em levar a feiticeira da Fortaleza da Vela.
Dessa vez, dois outros magos vermelhos de Thay surgiram. Eles viram o guardião e o bárbaro se levantarem, ainda que muito feridos. Assim como a meia-dúzia de magos anterior, estes encontraram o mesmo destino sob as setas certeiras da arqueira gnoma. Longe dali, o líder deles não se deu por satisfeito e, dessa vez, enviou quatro grandes aparições para perseguí-los.
No limite de suas forças e muito combalido, o grupo não mais se demorou. Daphne se transformou em um aarackocra resgatou o corpo de Leila Diniz e voou o mais rápido que podia. Ehtur, por sua vez, apanhou Úrsula e correu junto com Rock seguindo o rumo da druida.
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