John Falkiner e Ryolith Fox não tiveram muito tempo para sofrer com a perda do cálice de Amaunthor e de Bibiana. Restava ainda um dos servos da cidade voadora e seu dragão de sombras, além dos trolls e orcs que continuavam vindo. O sombrio tentou ganhar os ares mas a investida dos servos dos deuses somadas às setas certeiras de Volcana Boaventura significaram a ruína para ele, que acabou não passando de um morto levado por sua montaria. Precisaram apenas terminar com o troll mais próximo para que os invasores já combalidos desistissem e recuassem na direção das montanhas.
Haviam muitos mortos por velar, feridos para curar e poucas mãos para fazê-lo. A governadora Boaventura começou a dar ordens aos soldados e cidadãos que restavam, conduzindo com racionalidade o emprego das forças restantes. Os dois servos dos deuses com a ajuda de Leopoldo dos Távios recolheram os pertences malignos dos neonetheres e os guardaram em segurança, além de amparar todos os necessitados que ali haviam.
- Parece que foi inútil.. não conseguimos chegar a tempo.. - lamentou Ryolith olhando toda a destruição em volta.
- Não diga isso, paladino. - interferiu a governadora Boaventura. - Isso é tudo culpa daquele maldito traidor Aldebaran Atenas. Sempre desconfiei daquela víbora, mesmo se passando por certinho e bom moço. Um servo de Bane bem no meio de nós.. bem embaixo do meu nariz. Vocês nos trouxeram um sopro de esperança...
- Mas perdemos a guerra.. - lamentou o servo de Tyr.
- Graças a vocês revertemos um revés no instante derradeiro. - corrigiu-o Boaventura - Graças à chegada de vocês tudo mudou e pudemos matar os quatro capitães dos malditos e debelar a invasão. Claro que não é possível que fiquemos aqui. Arabel está destruída.. pela manhã guiarei o povo até Suzail. Ao menos as fronteiras são menores para defender e... - a eloquente elfa parou de falar subitamente ao ver Palas Atenas que trazia como podia o moribundo e ferido Miguel.
- ACUDAM!!! - gritava a capitã dos Dragões Púrpuras. Todos acorreram a ajudá-la, deitando o corpanzil do monge de Tyr no chão. Além de extremamente ferido, Miguel parecia acometido de algum mal ainda maior...
- Me.. me pe.. perdoe, Palas... - ele murmurava.
- Que a benção de Kelemvor alivie seu sofrimento, monge. - disse John Falkiner debruçando-se sobre o enfermo. Mas para a surpresa de todos ali, a cura espiritual não melhorou em nada o estado de Miguel. - Há algo errado...
- Aldebaran, além de feri-lo por tentar me defender, o amaldiçoou com a terrível manopla negra que carregava. Nada é capaz de remover essa maldição que o está devorando... é tudo minha culpa.. me perdoe, Miguel.
- Eu.. eu.. jurei.. jurei por Tyr.. p.. protegê-la.. eu não.. não sabia... eu.. sempre... eu sempre amei.. você... - e com essas palavras, Miguel Arcanjo, monge de Tyr perdeu a vida ali no meio da destruída Arabel. A capitã Palas Atenas não conteve mais as lágrimas que pingavam sobre o corpo de seu amigo e protetor. Ela olhou para o céu sem lua ou estrelas e cerrou o punho.
- Eu juro agora, por tudo que é mais justo nesse mundo que você será vingado, Miguel. Não haverá dia ou noite, deserto ou oceano, demônio ou deus que me impeça de fazer com que Aldebaran Atenas ou como for que ele se chame, aquele que um dia eu chamei de pai, pague pela sua morte com a vida.
Todos buscaram consolar a paladina e a noite findou entre lágrimas, sangue e tristeza.
Longe dali, uma aarakocra, um bárbaro do norte de uma terra que aqui é chamada de oeste e um guardião de muitos lugares tentavam fugir de aparições mortas-vivas. A druida das mil formas, Daphne, carregava Leila Diniz com suas garras e voava invisível o mais rápido que podia na forma do povo pássaro das longínquas selvas de Cuult. Ehtur Telcontar levava Úrsula "a última dos gnomos" Suarzineguer. No entanto, os seres de trevas eram muito rápidos e eles acabaram sendo alcançados. Antes que fossem todos vencidos, chegaram a avistar mais um dos magos vermelhos de Thay, que surgiu ao longe e levantou seus aliados e inimigos. Quando apenas a experiente druida restou, ele aproximou-se dela, cercado por ainda mais aparições, todas as quais de alguma forma ligadas ligadas ao estranho e sinistro cajado que ele portava. Daphne tentou uma vez mais iludir o perigo transformando-se em mosca, mas dessa vez viu-se aprisionada em uma esfera invisível. Ordenando aos seus lacaios que pegassem a todos, o poderoso mago os teleportou.
Surgiram em um imenso castelo. No amplo salão havia todos os tipos de magos vermelhos, além de serviçais menores e mortos-vivos. Tudo parecia cheirar a sangue e era como se o próprio lugar perturbasse os laços profundos entre Daphne e a natureza. Colocaram grilhões em seus companheiros, que perturbavam seus pensamentos e sentidos, deixando-os desnorteados e confusos. Ela assistiu impotente como uma mosca às ordens que o arcano proferia, mesmo sem as entender. Percebeu que ele tinha muita autoridade, que era temido e que chamava-se Cumulus Nimbus.
Viu levarem Rock e Ehtur. Francisco e Samwise passeavam por ali como dois reles zumbis. De Sirius nada sabia, desintegrado mais uma vez. Foi a vez de Cumulus Nimbus levá-la juntamente com Leila Diniz. As duas foram conduzidas por labirínticos corredores e infindável escadaria até verem-se em uma espécie de laboratório. De trás de uma bancada replete de papéis e objetos, surgiu aquele ser tão cadavérico e terrível, quanto imponente e temível. Os dois pontos vermelhos brilhantes que lhe serviam de olhos eram certamente os mais cruéis e intimidadores já vistos por Daphne. Ele vestia uma robe vermelho, que parecia prestes a converter-se em um mar de sangue a qualquer instante. Os braços e os dedos (ou garras..) eram mais compridos que o normal. Ainda restava cabelo circundando-lhe o crânio exposto na maior parte. Ossos distorcidos saiam-lhe do pescoço e do peito. Era pouca a carne que havia por ali, embora o arquimago fosse bastante expressivo.
Com um gesto da mão, ele fez sumir a esfera e lançou a druida ao chão, devolvendo-a à forma humana.
- Eu sou Szass Tam, zulkir da necromancia e senhor de Thay - ele disse na língua do oeste. - Você e seus amigos perturbaram demais o meu tempo, mas acabaram vindo em boa hora.
- Nós viemos recuperar o Livro de Mystra, não queremos guerra.. - interviu Daphne.
- Livro de Mystra? Pelos nove infernos, criança da floresta, o que eu iria fazer com um livro da Deusa da Magia?
- Eu não entendo...
- Não existe Livro de Mystra, neófita. Ainda que meu poder prescinda da Senhora da Rede, não me beneficiaria de nenhum dos brinquedos especiais dela. Melhor será o dia em que a magia se libertar de um invólucro tão simplista. Não me curvei aos dois deuses da magia anteriores e não me curvarei a ela. Sua causa foi perdida.. mas ela me servirá bem. Vocês me trouxeram algo precioso.. algo que eu nem vislumbrava alcançar. - Enquanto Cumulus Nimbus colocava grilhões em Daphne turvando-lhe os pensamentos, Szass Tam alcançou Leila Diniz e correu uma garra sobre ela. - Talvez isso deva preocupar a deusa da magia afinal de contas. Parece que o destino escreve certo por linhas tortas. Você poderá entreter meus momentos de folga com algumas pesquisas, metamorfa. Servirá para quando eu quiser descansar do poder que sua amiguinha irá me proporcionar. Seus amigos serão boa força para as minas nas montanhas. Enquanto isso, minhas tropas já se preparam para invadir Aglarond...
Na manhã seguinte, após suas preces e um pouco do pão, que conjurara magicamente juntamente aos outros alimentos para saciar uma parca parte da fome dos viventes, John "morte justa" Falkiner encontrou-se com a governadora Boaventura. Enquanto todos se preparavam para partir rumo ao sul, a elfa reservou algumas palavras para os servos dos deuses.- Vocês não devem vir conosco.. vocês devem buscar o artefato!
- Mas onde?
- Aquele crápula certamente o levou para Forte Zenthil, a capital dos servos de Bane, senhor da tirania. Uma chaga imperialista ao norte da Terra dos Vales e da floresta de Cormathor. Desde o retorno de Bane, o poder deles vem crescendo.. eles ainda enfrentavam a resistência dos servos de Cyric, mas acho que isso já não é mais um problema para eles. Essa conquista deve fazê-los investir contra os povos livres novamente.. e nós precisamos daquele poder benigno ao nosso lado contra os servos das sombras.
- Mas que chance teríamos.. - ia dizendo Falkiner, antes de ser interrompido abruptamente por Palas "sede de vingança" Atenas:
- Pouco me importa o cálice de Amaunthor.. agora a única coisa que me move é a vingança. Eu irei fazer justiça e vingar Miguel enquanto força em mim houver. Nada mais importa.
- Palas.. - interviu Ryolith Fox - Acalme-se.. a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena, já diz o grande jurista Siheu Madrugah. Eu sei a dor que sentes em teu peito por esse protetor que sempre foi como um.. irmão para ti. Ainda assim, não pode deixar esse veneno consumir o seu corpo e a sua vontade. Não é isso que Miguel ou Tyr querem para o teu destino. A justiça precisa ser feita.. mas não uma justiça qualquer.. não a imposição de uma vontade, mas sim da verdade. Daquilo que é certo!
- Você pode tentar aplacar minha ira, Ryolith, mas eu sei muito bem o que devo fazer. Eu seguirei com vocês, mas não para ser juíza e sim carrasca! - mesmo nesse tom mais ameno, ela ainda agarrava-se ao ódio.
- Eu sei que na hora certa você fará o que é certo.. - Ryolith buscou a mão dela, mas a capitã Atenas recusou-lhe o toque.
- Bem.. creio que devamos nos teleportar então.. - desconversou Falkiner.
- Vocês devem seguir para Vale da Sombra. É uma pequena, mas famosa cidade ao norte da Terra dos Vales, próxima da fronteira com Forte Zenthil. Lá poderão se informar da situação e se equipar. Nessa pequena vila vivem vários antigos heróis como Tempestade Mão de Prata e até o arquimago Elminster Arunsun. Creio que seja um bom ponto de partida.. boa sorte, meus caros, que Tymora esteja convosco.. com todos nós.. e até breve. Agora se me dão licença, eu tenho um povo para guiar.. vamos, vamos meu povo.. abram algumas garrafas de vinho e hidromel.. cantem uma música e vamos marchar antes que eu tenha que atirar em alguém...
Sem mais demora, John Falkiner teleportou-se com Ryolith Fox, Palas Atenas e Leopoldo dos Távios para Vale da Sombra. Sentiram logo a mudança abrupta para o clima mais ameno e para o vento forte, que soprava do oeste em direção ao leste. A pequenina comunidade mal podia ser chamada de vila. Eram poucas as construções entre fazendas, moinhos, estalagens e templos. Logo informaram-se da casa de Mão de Prata e para lá seguiram.
Ao chegar, descobriram que a mulher não se encontrava, pois partira em uma missão. Quem lhes informou foi o marido da mesma, Falcão Mão de Prata. Ele cuidou de auxilia-los vendo que eram bons servos dos deuses vindos do bom reino de Cormyr. Se no sul sabia-se que tudo ia mal, no norte, de Forte Zenthil, soavam tambores de guerra.
Úrsula despertou em uma cama perfumada e confortável de lençóis vermelhos. Haviam grilhões em seus braços e tinha dificuldade para raciocinar. Haviam móveis pelo quarto, mas nenhuma janela e apenas uma porta. Ela usou de suas habilidades contorcionistas para escapar das correntes. Estava vestida como uma boneca de criança. Tentou em vão escapar dali até que viu o maldito mago vermelho que comandava as aparições aparecer. Úrsula "exterminadora de magos" Suarzineguer tentou atacá-lo, mas sem um arco, suas investidas não foram bem sucedidas. Cumulus Nimbus não teve dificuldade em subjugá-la e colocá-la sob ele. Foi então que a gnoma sentiu a luxúria violenta do maníaco invadi-la.. e essa foi apenas a primeira vez...
Durante um tempo que ela já não sabia ao certo quanto, Úrsula preferiu o torpor e o autismo à vivenciar tamanho tormento. Mas uma dor, distinta de todas as outras que vinha sentindo, despertou-a. A água que se espalhou no lençol denunciou o que as contrações confirmavam. Ela gritou e rapidamente a removeram dali, sendo carregada até um quarto que já parecia preparado para aquilo. Além de guardas, haviam parteiras que tentavam tranquilizá-la naquela língua estranha de Thay. Úrsula suou e chorou por horas a fio, enquanto o trabalho de parto estendia-se indefinidamente.
Quando todos estavam fatigados pela espera e cuidavam de minimizar o desconforto, Úrsula deu um grito longo que foi seguido por um choro. As parteiras, sem a proximidade opressiva dos guardas, envolveram o garoto nos panos rubros do sangue da mãe e entregaram a ela. Úrsula chorou.. dessa vez de alegria.. apertando o corpo do pequenino menino contra o dela. - Ele se chamará Arnoux.. como o pai.. - e sem vacilar pulou da maca e disparou a correr, pegando todos despreparados. Quando os armadurados guardas conseguiram começar a se movimentar, ela já estava no meio do corredor.
Para surpresa de Úrsula, um portal mágico surgiu no meio do caminho. Ela não pensou duas vezes e pulou.
Úrsula surgiu em uma plantação de trigo, no limite de suas forças, mas o bebê parecia tranquilo. A mãe apressou-se em retirar a coleira que lhe perturbava os pensamentos e arrancar um pedaço do vestido para embalar melhor o filho. Ela ouviu a voz de Sirius Black e quando ele se apresentou, a gnoma desconfiou. Temendo pela segurança do pequeno Arnoux, ela saiu dali escondida, lembrando-se que Sirius fora desintegrado e nunca falara a língua dos gnomos.
Depois de passar a noite em um celeiro, alimentando-se com a própria placenta e amamentando o filho, a aarqueira seguiu na direção das montanhas buscando algo que pudesse ajudar. Viu lá incontáveis minas e um sem número de escravos entregues a um trabalho árduo e chicotadas. Ela viu Ehtur e Rock, que como alguns outros, usavam os mesmos grilhões especiais que ela, enquanto orcs e gnolls simplesmente serviam como lhes era de costume.
Contando com toda a furtividade e o silêncio do filho, Úrsula infiltrou-se em uma das cavernas. Ela precisou apenas de pedras para eliminar um guarda em um canto de pouco movimento e conseguir as chaves para libertá-los. Mais alguns escravos soltos e um motim bastaram para camuflar a escapada deles, que levaram tudo que lhes pareceu útil...
Cumulus com a Barbie-Úrsula é a MELHOR foto!!!!!!! KKKK
ResponderExcluirAMEIessa foto tb! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Excluire quem q é a Boaventura?? nao consigo reconhecer a fotinha...
ResponderExcluir