16 de jun. de 2012

Teias...

- Força, Marissa. - incentivou Ehtur vendo que a elfa das estrelas começava a ficar sem forças, depois de ter paralisado os phaerimms.
- Nós estamos protegendo você.. - apressou-se a completar Rock, num tom devotado.
- Meus poderes estão se esgotando.. não posso contra tantos. Precisamos tentar outra coisa.. eu acho.. acho que talvez eu possa despertar o poder do meu povo.. acho que consigo despertá-los para nos ajudar. É nossa única esperança.
- Nós a levaremos pra lá.. - disse Ehtur posicionando-se para voltar ao palácio. Ele cuidou de lembrar quais eram os phaerimms que haviam tomado as vidas de Yorgói e Arnoux, enquanto trocava sua lança por uma não mágica. Úrsula, tentando se recuperar do choque, esgueirava-se invisível na direção do corpo do marido, enquanto sentia as lágrimas correrem pelo rosto.
- Eu mesma chegarei até eles.. será mais rápido.. posso levar alguém comi..
- Eu vou.. - disse Rock prontamente, sem que ninguém discordasse. Marissa e ele sumiram um instante depois de mãos dadas. Ehtur cerrou as mãos sobre a lança e investiu em sua melhor carga contra o phaerimm que engolira Yorgói. Daphne e David investiram contra o outro que tomara a alma de Arnoux, permitindo a Úrsula apanhar o corpo e tirá-lo dali.
Sirius Black recuou e pegou adagas não mágicas, enquanto estudava a forma mais eficaz de atacar. Viu surgirem de dentro do palácio Feanor Inglorium, que vinha de espada em punho pronto para o combate. A capitã Villya Loong veio a seguir gritando comandos que mal eram ouvidos. De várias direções chegaram também outros elfos melhor equipados para a batalha do que os pobres soldados que tombavam diante dos phaerimms. Os arquimagos posicionaram-se numa distância segura das criptas de onde os phaerimms emergiam. Por fim, o patriarca Tagore Ebrius escorou-se no portão e praguejou:
- Malditos phaerimms... - abriu uma garrafa e começou a beber assistindo todos os demais se lançarem à luta.

Marissa e Rock apareceram em um dos enormes quartos do palácio, onde dezenas de elfos das estrelas, ainda fracos e acanhados, procuravam se recuperar.
- Filhos das estrelas.. meu povo... - ela falou na mente de todos ali, inclusive de Rock - esse lugar está ameaçado. Evereska está sendo assaltada por monstros ainda mais terríveis do que os rakshasas. Muitos estão morrendo.. nós precisamos ajudá-los..
- Mas como, minha princesa, se não temos nossos poderes.. não temos forças para fazer nada. Sem nossos IDs somos incapazes e inúteis.. um peso morto.. os rakshasas não nos mataram, mas destruíram nossas almas.
- Os evereskines nos ajudaram, como era o dever deles.. agora é nossa vez de mostrar porque fomos abençoados pelos Seldarinne. Essa graça não é um apêndice, algo externo à nossa existência, mas sim uma materialização de nosso espírito divino tocado pelos deuses. Nossa alma não pode ser tirada de nós. Tenham fé.. unam-se a mim, Marissa Stardust.. despertem suas almas e nossas estrelas brilharão como uma só constelação.
Essas palavras da jovem princesa inflamaram os corações de todos ali. O elfo mais próximo, que a questionara antes, foi quem primeiro se ajoelhou diante dela. Marissa foi tocá-lo nos ombros para demovê-lo de tal ato, afinal aquilo não era necessário. Ao tocá-lo, a elfa das estrelas viu o brilho voltar ao elfo. Em um minuto, ele viu seu ID materializar-se ao seu lado.

Do lado de fora do palácio, os arquimagos tiveram o cuidado de resgatar quantos corpos foi possível sem suas magias entrarem em contato com os phaerimms. Isso salvou os corpos de perecidos, mas também de alguns soldados ainda moribundos, colocando-os o mais seguros possível.
Das montanhas ainda vinham o som de trombetas, que certamente não eram élficas. Orcs.
Os soldados seguiam combatendo, um tanto mais animados com os reforços. Suas investidas, no entanto, surtiam pouco efeito. Os trovadores da espada também viram suas habilidades especiais, em boa parte mágicas, apenas servirem de iguaria para o inimigo. Talvez alguns tenham sentido-se aliviados quando a capitã Loong, assumindo a linha de frente do conflito, ordenou que abandonassem suas posições e seguissem para a defesa do perímetro da cidade.
Os phaerimms pouco se importaram. Os mais adiantados seguiram dizimando os que ofereciam resistência e abrindo caminho. Um grupo de seis monstros rebentou pelas defesas e cruzou o caminho até o palácio. Tagore Ebrius pouco tempo teve para escapar, enquanto as criaturas chegaram aos salões.
Ehtur estuporara o phaerimm que vitimara Yorgói. Com o flanco aberto, Sirius terminou o serviço. O guardião passou a violar a carcaça dura do monstro. Sirius, por sua vez, preferiu seguir os phaerimms que invadiram o palácio.
Mais à frente, Daphne e David logo perceberam que seus ataques não eram absorvidos pelos inimigos, como era o caso dos demais. Somando-se ao flanco de Feanor, conseguiram acoçar os phaerimms que não paravam de chegar, bloqueando uma nova passagem. Isso impediu que Villya e seus homens fossem encurralados. Úrsula pode colocar o cinturão de força de gigante do marido para facilitar o trabalho de carregar o falecido.
O patriarca Ebrius cambaleou para a linha de frente, bebeu um longo gole, antes de cantarolar em élfico:
- Oih, voih bebier piá eskhieccer meos pobienmas.. oih voih bebier piá eskhieccer mias angústhrias...
Os arquimagos seguiram com um ataque desesperado. Comungando todos os poderes, eles lançaram um magia tão épica, que julgaram estar acima da capacidade de absorção dos inimigos. Os phaerimms viram-se engolidos pelo próprio chão, desaparecendo de vista. O alívio, entretanto, não durou sequer um segundo, pois um instante depois, os monstros estavam de volta, totalmente recuperados e ainda mais ameaçadores.
- Parem de atacar.. por todos os deuses.. PAREM DE ATACAR!!! A MAGIA APENAS OS FORTALECE.. ESTERCO!- gritou Daphne desesperada, dirigindo-se aos arquimagos. Ehtur, sem nem mais uma gota de paciência com os elfos, ficou feliz em encontrar um bracinho de gnomo escapando da carne fétida do monstro. Puxou-o, sentindo o pulso do camarada e satisfeito de que não precisaria dos deuses para trazê-lo de volta.

Dentro do palácio, Rock assistia a Marissa dar as mãos ao povo dela formando um grande círculo. Todos comungavam em uma mesma sintonia e o jovem bárbaro sentia por não poder ajudar, desconhecedor que era dessas coisas psiônicas. Permanecia, ao menos, vigilante. Viu que a energia se espalhou e todos os elfos das estrelas esmeraram-se para recuperar o âmago de seus seres. Porém, dessa vez, ao contrário da anterior, não houve sucesso. A energia não se espalhou.
- É melhor irmos um por um. Fiedro.. faça como eu fiz.. venham Khassandha e Domythilla...

Sirius Black julgou que poderia dar conta dos phaerimms, pegando-os inadvertidamente pelas costas. Quando atacou o primeiro, entretanto, não conseguiu derrubá-lo e a criatura só precisou de um pensamento para dominá-lo e fazer dele seu lacaio, levando-o junto para dentro do castelo. Curiosamente, não haviam guardas oferecendo qualquer resistência. Os phaerimms rapidamente chegaram à sala do trono. Quando Sirius Black chegou, acompanhando o último deles, viu que descobriam uma passagem secreta sob o assento real, que fora arrancado e atirado de lado.

Villya e os demais trovadores da espada se empenhavam, mas eram cada vez menos efetivos e tombavam mais rápido. O phaerimms já passavam de uma centena. Feanor era mais efetivo, lutando ao lado da druida e seu lobo, mas também já não conseguia deixar de ser acertado pelos inúmeros braços dos monstros. A situação era periclitante e a derrota era iminente. Os arquimagos resolveram agir para desespero de Daphne - Conjuraremos elementais. Não haverá o que absorver, pois a magia é o que os trás até aqui. - gritou um deles tentando tranquilizar a todos. Os vinte imensos elementais surgiram caindo como uma avalanche sobre os phaerimms.. mas foram absorvidos como uma saborosa brisa de verão pelos monstros, novamente fortalecidos pelo ataque.
Todos já pensavam se não seria melhor atacar os arquimagos, enquanto buscavam recuar. Foi Tagore Ebrius que surpreendeu, quando chegou, ainda que cambaleante à frente. Inchando as bochechas, ele soltou uma baforada gélida que atingiu vários phaerimms, ainda que tenha exigido uma ação evasiva dos próprios aliados. O sopro gélido castigou os inimigos, ganhando algum tempo.

Sirius descia ocupado em defender seu novo amo, embora tivesse consciência de tudo que acontecia. Com as adagas em mãos, viu os monstros descerem pelo túnel finamente trabalhado, que como as criptas, tinha uma arquitetura anã e não élfica. Os phaerimms flutuavam acima dos degraus e logo chegaram diante de uma pequena piscina em um aposento perfeitamente redondo. No centro do aposento, acima da piscina, havia uma grande esfera flutuante, que emanava uma luz prateada. A rainha Querdallla estava atrás da esfera e parecia orar.
- Está tudo acabado, rainha dos vermes.. - gabou-se o primeiro dos monstros falando na mentes de todos que ali estavam.
- Só está acabado, quando termina, besta irracional. - disse a rainha em um tom ríspido.
- Não se agarre a vãs esperanças, sua humanoide simplória. A magia de seu mythal é nossa.. ela irá nos alimentar por longo tempo.
- Isso é o que você pensa, monstro.. recebam esse presente, deuses de meu povo. - E como essas palavras, para surpresa dos phaerimms, toda a luz prateada se foi. A magia do mythal desfez-se, não deixando nenhum rastro. A esfera tombou sobre a água, enquanto a rainha sorria satisfeita.

Rock percebeu que algo aconteceu com o mythal.. a energia que alimentava a cidade cessara. Teriam os phaerimms cumprindo seu objetivo. Ainda havia mais da metade do elfos das estrelas a recuperar.

No campo de batalha que se tornara o centro da cidade, a surpresa dos phaerimms deixou todos a par de algo havia acontecido. Os gritos dos orcs e outros monstros que formavam os exércitos ao redor da cidade também mostraram que nada mais os mantinha do lado de fora. Os elfos investiram com fúria renovada aproveitando-se do fim do fluxo mágico que vinha alimentando os monstros. Os soldados em volta da cidade eram poucos para horda que invadia. Tagore Ebrius foi quem falou, antes de seguir bebendo:
- Eu adoro Evereska, o problema são só essas malditos phaerimms.
- O mythal caiu.. é hora de recuar.. - disse Yorgói, que mal acabara de despertar, sendo curado pelas ervas de Ehtur. O guardião concordou e comandou os demais a reagrupar. Feanor foi o único que resistiu à idéia, uma vez que Villya e a maior parte dos trovadores tombou. Os arquimagos, aparentemente animados com o novo curso dos eventos, uma vez lançaram um feitiço, dessa vez uma área de anti-magia, que abarcou toda a cidade. Os phaerimms tombaram ao chão agitando-se como trutas pescadas por uma rede e o patriarca Ebrius aproveitou para atingí-los mais uma vez com outro sopro gélido.

Na caverna, os outros phaerimms, que já tinham a rainha em suas garras e lançavam ameaças ininterruptas, sentiram o efeito da anti-magia, também sendo afetados e tombando. Sirius Black viu-se livre e prontamente atacou seu dominador. Ele conseguiu cortá-lo duas vezes, antes de se ver dominado novamente.

Assim como sob a sala do trono, lá fora, os phaerimms rapidamente se recuperaram, absorvendo a magia que impunha a área de anti-magia. Ehtur pegou Arnoux de Úrsula e Yorgói, rumando para o interior do palácio. Daphne e David vinham logo depois, ainda tentando convencer Feanor a acompanhá-los. A horda de monstros estava cada vez mais próxima e mesmo o patriarca Inglorium via que seria suicídio ficar ali sozinho. Os phaerimms, indiferentes aos heróis, concentraram-se nos arquimagos, abandonando tudo e voando em direção a eles.
Mesmo assim, os arquimagos voltaram-se para atacar a horda. Sem a mesma capacidade para absorver magia que os phaerimms, os orcs, trolls, gigantes e outras criaturas tombaram aos montes ante o poder épico dos arquimagos. Mas era justamente isso que atraia os phaerimms como lobos famintos para um rebanho.

O primeiro dos phaerimms já tinha a rainha em mãos novamente. Sem mais demora, furioso como estava, ele absorveu a alma da rainha, da mesma forma que Black vira o outro fazer com Arnoux. Foi nessa hora, ali na pequena sala secreta sob o trono, que Sirius Black ouviu uma arrogante voz familiar:
- Sua empreitada maléfica finda aqui, seres abissais. - disse Rhange Hesysthance, que bradava uma varinha e com um gesto e uma palavra, paralisou os seis monstros. Isso libertou Sirius Black, que não pode deixar de ficar surpreso com seu salvador.- Pegue a rainha, Sirius. Vamos acabar com a raça desses porcos malditos.
Sirius trouxe o corpo sem alma de Querdalla e lá em cima encontraram-se com Ehtur e os gnomos. Não houve muito tempo para explicação, mas souberam que deveriam retornar à batalha.
O patriarca Sorrowleaf ia na frente e chegou paralisando mais de uma dezena de phaerimms com o poder de sua varinha. As criaturas estavam se banqueteando entre os arquimagos, que sucumbiam como moscas. Se antes eram soldados que combatiam por ali, agora eles viam mulheres, velhos e crianças empunhando o que quer que tivessem em mãos contra a horda que varria a outrora gloriosa cidade de Evereska. Ao longe, um ponto negro se aproximava no céu. Sem mais demora, nossos heróis se lançaram uma vez mais àquele combate.
Para ampliar as esperanças, viram Marissa e Rock retornarem com trinta elfos das estrelas, plenamente recuperados. O ataque psiônico conjunto que se seguiu paralisou toda a horda, mas não afetou os gigantes, nem os phaerimms. Os monstros, no entanto, vendo em Rhange a nova fonte de energia mágica para alimentá-los, lançaram-se contra o arquimago, que uma vez mais fez uso da incrível varinha, cujo efeito parecia psiônico e não mágico.
Ehtur, Daphne, David, Sirius, Úrsula e Rock concentraram seus ataques nos gigantes, buscando derrubar o que ainda restava de força bruta nas tropas dos phaerimms. A cada investida, levavam dois deles ao chão.
Mesmo com o poder do patriarca Sorrowleaf e dos elfos das estrelas, os phaerimms ainda eram mais numerosos e estavam prestes a por fim àquela insistente resistência.
Foi quando o ponto negro distante, revelou-se uma sombria cidade voadora. A mesma sombria cidade voadora do eclipse. Tão logo ela se colocou acima de Evereska, numerosos homens negros materializaram-se no campo de batalha. Desferiam raios mágicos que pareciam feitos de trevas. Rock reconheceu as energias da Teia das Sombras naqueles efeitos.. aquilo estava para a magia, assim como o vazio estava para a existência, como a escuridão estava para a luz.. de certa forma uma não-magia. Aquilo não era algo que os phaerimms pudessem absorver e dessa vez, foram eles que tombaram como moscas. Os pouco mais de quarenta phaerimms restantes viram que era hora de uma retirada estratégica, teleportando-se para longe dali.
Um dos recém-chegados da sombria cidade bradou:
- Como embaixadores de Nova Netheril, nós viemos em socorro da grande cidade de Evereska, capital do grande império de Aryvandaar. Oferecemos nosso auxílio contra inimigos em comum.. nefastas e terríveis criaturas que são os phaerimms.
- Evereska os saúda, cavaleiros da salvação. Chegaram na devida hora para que não fosse a derradeira hora.. - disse Rhange Hesysthance Sorrowleaf, a única figura de destaque entre os elfos ainda de pé, indo cumprimentar o embaixador. - Nova Netheril e Evereska começam aqui uma grande amizade.


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