24 de jun. de 2012
Lá e de volta outra vez...
- Cidadãos de Evereska.. - começou a falar com eloquência o arquimago Rhange Hesysthance Sorrowleaf - hoje nós fomos salvos e hoje nós lutamos como um povo que renasceu das cinzas. Outrora, Evereska foi a capital do reino de Aryvandaar e assim deve ser novamente. Hoje, vimos irmãos, filhos e maridos tombarem... hoje vimos nossa rainha entregar sua alma para privar nossos inimigos da força que buscavam.. hoje vimos estes humanos chegarem em nosso socorro, quando todos haviam nos esquecido.. quando nossos poder mostrou a impossibilidade de sermos auto-suficientes. Esse é o início de um novo tempo para nós.. Evereska não deve mais se esconder, mas sim se abrir para o mundo. É preciso receber a mão que nos é estendida, ao mesmo tempo que devemos cerrar os punhos para os que investem contra nós. Nossa bela cidade precisa ser reconstruída e estas vis criaturas, orcs, trolls e outros, que vieram nos atacar, agora arcarão com o ônus da reconstrução. Eles serão nossos escravos e nos servirão até pagarem seu débito para conosco. Podemos ter perdido nosso mythal, nosso exército, nossa rainha.. mas será isso que nos fará mais fortes. Eu, humildemente, como um regente, cuidarei de nossas chagas.. até o dia em que possamos recuperar a alma da rainha Querdalla e tê-la conosco em carne e espírito. - O corpo de Querdalla jazia inerte sob os olhares atentos de todos ali. - Devemos prantear nossos mortos, devemos curar nossos feridos e devemos nos preparar para um novo amanhã... - a aclamação popular foi unânime. Todos que ainda estavam de pé aplaudiram as palavras do arquimago, parecia haver um sentimento coletivo de alívio, mas também de fúria. Passaram a recolher os elfos caídos entre a horda de orcs, goblinoides e gigantes ainda paralisados pelo poder psiônico dos elfos da estrelas.
Nossos heróis viam que não tinham mais lugar ali. Ehtur deixou claro que deviam partir, Rock, no entanto, buscou por Marissa.
- Marissa, venha conosco. As coisas não vão bem e...
- Eu não posso partir, Rock.. meu povo.. eu tenho que protegê-los e guiá-los. Nosso lugar é aqui se queremos retornar a nosso lar.
- Mas o arquimago não é confiável.. esses recém-chegados são justamente quem viemos combater...
- Ainda assim, eu devo ficar. Meu lugar é aqui com meu povo. Além do mais, alguém sensata tem que ficar de olho nisso tudo, não é mesmo?
- Mas.. mas.. como eu posso falar com você?
- Use a sua magia.. e pense em mim.. pense sempre em mim e faça as coisas certas.. o que tiver que fazer.. e eu sempre estarei com você.. - Marissa disse com um sorriso, enquanto despedia-se com um carinho no rosto do grande bárbaro.
Talvez tendo ouvido essas palavras, Rhange acrescentou que todos os heróis desta guerra seriam condecorados, inclusive os heróicos anunciadores de toda aquela tragédia. Ainda assim, eles preferiram partir, assim como faziam os emissários da cidade voadora, à exceção de um embaixador que permanecia ao lado do arquimago Sorrowleaf. Humanos e gnomos seguiram, à exceção de Sirius Black, que surgiu apenas mais à frente, despindo-se da invisibilidade que o envolvia.
- Uma pena sairmos de mãos abanando.. - comentou Sirius como quem não quer nada.
Não tiveram maiores dificuldade para deixar Evereska. Ainda que as montanhas circundantes ainda estivessem apinhadas de monstros paralisados, guiados pelo guardião Telcontar conseguiram tomar o rumo sudoeste, que julgaram culminaria em Soubar. Viajaram todo um dia, com o cuidado de evitar o pântano de Cherllimber. Daphne voando em forma de águia avistou alguns homens-lagarto facilmente contornados.
Com a chegada da noite, resolveram buscar abrigo. Daphne avistou um monte solitário ao sul e dirigiram-se para lá. Antes de atingí-lo, no entanto, foram atacados por mortos-vivos que emergiam do chão amaldiçoado. Esqueletos e espectros de trevas caíram sobre eles, sem que houvesse quem os esconjurasse. A muito custo escaparam dos desmortos, perdendo muito da própria força vital apenas para dar conta do maior dos espectros. Aproveitaram-se do sumiço temporário das aparições menores para escapar.
Voltaram pelo caminho por mais algumas horas, temerosos de não estarem ainda seguros. Durante o percurso, todos escutaram a voz de Byron dirigindo-se a rock, que chegava pela magia de Morpheus.
- Retornei a Soubar. Quando terminarem em Evereska avisem para poder buscá-los. Como seguem as coisas?
Rock logo formulou a resposta a que tinha direito. - Pherimms atacaram. Partimos Evereska. Vencemos mas com intervenção cidade voadora Shar. Rhange regente, mythal destruído. Estamos a 3 horas ao sul pântano Cherllimber planície.
Poucos minutos depois da mensagem, Lorde Byron materializou-se próximo a eles. Todos se apressaram em contar os acontecidos de forma um tanto tumultuada. O principal servo de Morpheus os acalmou e teleportou todos dali de volta para Soubar, onde poderiam conversar com a devida calma.
- Os phaerimms sugaram a alma da rainha Querdalla...
- E do meu amor Arnoux...
- Rhange Hesysthance se proclamou regente de Everska...
- A cidade voadora de Shar apareceu..
- O mythal foi desfeito..
- Devolveram a energia pros deuses élficos...
- Usaram a teia das sombras...
- Escravizaram a horda de orcs e trolls... - todos falavam desorganizadamente. Lorde Byron precisou de calma para extrair todas as informações. Ele alertou-os de que agora haviam outros problemas também. Ainda que tivessem conseguido atrapalhar os planos dos yuan-ti e seu malévolo deus serpente, isso significou a perda do nobilíssimo Azrael Sulivan. Ele estava aprisionado em algum plano entregue a danações inimagináveis. Sua esposa Isabeau estava cuidando da cidade, mas abalada com tudo aquilo. Gengis Khan, o líder hobbit, fora orientar seus comandados. Assim sendo, eles deviam ter o merecido descanso, exaustos que estavam após uma viagem prolongada e a batalha contra os mortos-vivos.
Todos concordaram, com exceção de Sirius Black, que indiferente às questões do servo de Morpheus, achou melhor isolar-se num canto do aposento e tentar entrar em contato com a deusa da lua. Os demais seguiram para acomodações levados pelos servos do castelo.
- Fique Rock.. desejo tratar contigo de um ritual para resgatarmos o bom paladino Azrael Sulivan. Seus poderes planares com minha orientação são a chave que abrirá este ferrolho vil. Feche seus olhos e se concentre, meu rapaz...
Daphne aproveitou para solicitar a um clérigo do castelo que enviasse uma magia até a Grande Floresta. Conseguiu contactar Gaios que disse que as coisas estavam mais sob controle desde o ataque dos fey'ri, O pior parecia ter passado e os treants tiveram uma importante lição, mesmo que muito trabalho ainda houvesse. Com pesar, informou a morte de Sting. Apesar de já haver sentido a morte do companheiro em seus sonhos, Daphne não conteve as lágrimas.
Úrsula, ao ver-se só no quarto, abriu sua bolsa mágica e tirou o corpo sem alma de Arnoux. Ela deitou-o sobre a cama, tirou-lhe a armadura, as botas. Vestiu nele roupas boas para dormir.. ajeitou-lhe os cabelos. Depois, deitou-se abraçada com a cabeça sobre o peito de seu amado e adormeceu...
Yorgoi havia expresso suas saudades de casa durante a viagem. Ter quase morrido no estômago de um phaerimm parece tê-lo feito perceber que não era tão talhado para tudo aquilo como o resistente Ehtur ou o furtivo Sirius.. veja só Arnoux.. talvez gnomos não devam deixar seus condados. Mas pela alma condenada de seu camarada não podiam desistir.. o que poderia ser pior do que uma não morte eterna?
Sirius esteve tão concentrado em suas preces, que quando deu por si, o aposento estava quase vazio. Ele viu Lorde Byron manipulando energias que emanavam de Rock, como os fantasma assustadores que ele expelia. O servo de Morpheus canalizava essas energias em direção a um pequeno altar de Kelemvor que havia no aposento, alterando a realidade para formar uma espécie de passagem para um destino vermelho e repulsivo.
O ladino desesperou-se e não encontrou tranquilidade nas palavras "afáveis" de Byron. Vendo que Crufiel estava na porta dos fundos, optou por recuar dali de onde estava mesmo. Apressou-se e tão logo saiu, correu o máximo que pode gritando por seus aliados.
Acabou sendo severamente repreendido pelos guardas, furiosos com a confusão a uma hora daquela, e pelos camaradas, todos cientes do que se passava, ao contrário do desavisado Sirius Black. Ainda assim, ele insistiu que não era normal o que se passava lá... Mesmo a contragosto, todos acabaram indo com Sirius. Ao chegar à grande sala de reuniões. Os rastros de Byron e Rock desapareciam em pleno ar. Encontraram apenas um símbolo sagrado de Morpheus caído sobre o altar de Kelemvor. Foi então que ouviram a voz de Marissa em suas mentes:
- Algo aconteceu com Rock.. eu não o sinto mais...
Rock escutou algumas palavras de Byron antes de entrar numa espécie de transe, como se sonhasse acordado. Dessa vez, no entanto, ao invés de simplesmente se deixar levar, ele tentou controlar o que quer que fosse aquilo. Ao invés de preocupar-se com Azrael Sulivan, ele pensou em Alissah Eagle, a elfa buscada por Ehtur Telcontar. A imagem dela surgiu aos poucos. Estava ferida e desacordada sobre um chão pedregoso e escuro. Havia alguém ao seu lado e ambos estavam encarcerados em uma jaula de metal retorcido.
Um mero instante depois, ele já sentia o cheiro pestilento do ar. Toda sua pele sentia o calor extremo e desconfortável, ainda que seco como um deserto. Abrindo os olhos, ele viu o céu flamejante que vira tantas vezes em seus sonhos. Lorde Byron estava ali com ele e parecia animado, apesar de preocupado.
- Temos que encontrar logo Azrael.
- Acho que ele está lá.. - despistou Rock apontando a jaula que via ao longe. Quando chegaram nela, no entanto, Lorde Byron soube prontamente que fora ludibriado.
- Quem são esses dois? Onde está Azrael?.. Ro.. - antes que ele concluísse o nome do jovem bárbaro. O imenso diabo vermelho manifestou-se.
- Vocês se atrevem a invadir meu reino?!? Eu que tanto procurei por esse reles mortal, tenho a sorte de recebê-lo como um presente. - vangloriou-se Orcus bêbado de satisfação. - Todas as saídas de meu reino estão seladas e nem mesmo os deuses poderão salvá-los agora, humanos.
- Morpheus está além do que você chama de divindades, pobre diabo. - retrucou Byron tentando ganhar tempo. Ele teleportou-se com Rock para dentro da jaula e envolveu-os em uma escuridão mágica.
Foi então que Orcus demonstrou o que significava a extensão de seu poder naquele lugar. A escuridão se desfez, o metal que compunha a jaula moveu-se como serpentes liberando a passagem, as correntes que prendiam os dois prisioneiros arrastaram-nos para longe dali, muito além do alcance dos dois viajantes planares, enquanto outras tentaram agarrá-los e contê-los. O príncipe diabólico resolveu dominar suas mentes, além de paralisar os seus corpos. Rock e Byron resistiram, mas quanto tempo teriam?
Numa tentativa desesperada, Lorde Byron tocou em Rock e tentou uma viagem planar. Surgiram no castelo em Soubar. O mais poderoso servo de Morpheus estava furioso. Olhou fundo nos olhos de Rock e berrou:
- Você é um moleque. Moleque.. você não é quimera não... é um moleque. Poderia ter matado nós dois.. e graças a você, Azrael Sulivan pode estar perdido para sempre. - Dito isso, desferiu um tapa no neófito.
- O que houve? - disseram todos os demais que viram-nos surgir do nada, após já terem sido alertados por Marissa. Restou a Rock explicar, pois Lorde Byron retirou-se bufando e sem dar explicações. Ehtur ficou agitado com as notícias.
As explicações se estenderam a Isabeau Sulivan, que surgiu buscando esclarecimentos. Apesar de estar abatida, a serva de Kelemvor orientou todos a se recolherem. Que tudo se desse no dia seguinte...
Todos deitaram e sonharam.
Ehtur viu tudo que acontecera com Rock e Byron, mas soube, graças à sua atenção clínica, que foram as estranhas forças de Rock que os resgataram e não uma magia de Byron. Ainda assim, a imagem que lhe ficou foi a de Alissah...
Sirius sonhou com uma bela mulher sentada num vasto trono em um amplo aposento. Ela tinha uma vasta cabeleira branca e era muito parecida com Alustriel, embora de aparência mais jovem. Ela dirigiu-se a quem quer que perturbasse seu pensamento. Sirius pode falar pouco mais do que sua conexão com Alustriel, que julgava ser irmã desta que via, antes de despertar...
Daphne sonhou com as areias do deserto cobrindo a Grande Floresta. A areia vinha numa tempestade do leste, cujo horizonte era coberto por uma escuridão.
Úrsula sonhou com um campo repleto de almas. Todas gritavam, cantavam ou entoavam palavras de louvor ou de convocação. Ela não entendia a maior parte do que era dito e sentia-se perdida entre todos aqueles espíritos. Buscou Arnoux desesperadamente. Quando julgou encontrá-lo e puxou-o para si, despertou...
Rock sonhou que era uma árvore. Sentiu o vento arrancar-lhe as folhas até que ficasse com galhos secos. Os galhos por sua vez foram corroídos e devorados até que só restasse o tronco. O tronco foi pulverizado pelo fogo até que só ficassem as raízes. As raízes dissolveram-se na terra...
Yorgói sonhou com um trono onde havia uma rainha morta e um garoto chorando sobre seu cadáver. Ambos pareciam elfos muito delicados, mas estavam cercados por gatos de aspecto maligno.
Acordaram todos com nascer do sol...
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