7 de jun. de 2012

Assim nascem (e morrem) os heróis...


Se por um lado todos estavam aliviados por estarem de volta à Evereska, por outro lado o cenário dantesco que os aguardava não era dos mais reconfortantes. Eles podiam ver o arquimago Rhange Hesysthance Sorrowleaf que terminava de selar a passagem entre este plano e o plano de Sildeyuir. O arquimago tinha as órbitas oculares queimadas como que pelo fogo, mas não parecia ocupado com isso. Todos os outros vinte homens em volta encontravam-se no mesmo estado, muito embora dessem vazão a toda a dor e horror gritando súplicas para os céus, postados de joelhos. Todo o restante de homens, cerca de uma centena, jazia morta e espalhada pela praça diante da Alta Academia Arcana. Apenas a rainha Querdalla permanecia como antes de atravessarem o portal, ainda que a aflição povoasse seus olhos. Ela buscava manter o controle e transparecer tranquilidade com uma feição serena. As poucas mulheres, como Sparrow Eagle, estavam paralisadas, congeladas no ato de surpreender-se.
- Rainha.. rainha.. onde está Annia? - disse Sirius Black, o primeiro a se levantar, ainda incrédulo do que Marissa havia dito sobre a ama da rainha.
- Ela desapareceu, Sirius Black. Ela explodiu em luz.. ela.. causou tudo isso, que vocês vêem. Foi algo terrível.. eu preciso cuidar de meu povo, mas fico feliz que vocês tenham tido sucesso... mas onde está Gabriel? - Adiantou-se a rainha, enquanto todos os demais se levantavam.
- Ele não voltou, mas nós precisamos tomar providências.. acho que vocês ainda não estão entendendo a gravidade da situação.. tudo vai acabar.. essa cidade, todo o resto.. ó Annia, minha Annia.. - desesperou-se Sirius.
- Meu irmão... meu pobre irmão está morto! - gritou o patriarca Sorrowleaf ao perceber a morte do capitão Maedros. Mesmo ainda sem os olhos, que pareciam regenerar-se lentamente, o arquimago caminhou até o corpo do irmão, erguendo-o com certa dificuldade devido ao peso da armadura negra. - Porcos malditos! Não me servem para nada! Eu juro pelas forças primordiais da existência que essa mulher irá sentir a força de toda minha ira. Ela pagará por isso. Aquela prostituta perniciosa pagará por seus crimes e suas escolhas sórdidas.
- Ele morreu como um herói.. - comentou Yorgói, mas foi a rainha Querdalla quem pareceu acalmar um pouco o acesso de fúria de Rhange.
- Acalme-se, Rhange. Nossos clérigos, com a benção de nossos deuses, irão ressuscitá-lo para liderar nosso exército como antes.
- Não creio que os deuses sejam tão benévolos uma vez mais, majestade. - disse Sorrowleaf partindo com o corpo do irmão. Sirius achou aquilo muito estranho e exagerado. Chamou Arnoux para acompanhá-lo e seguiram o elfo.
Enquanto isso, Marissa se pôs de pé e demandou a atenção da rainha.
- Majestade, meu povo precisa de cuidados. Estão vivos, mas devemos buscar recuperá-los.. tenho certeza que posso lhes devolver seus poderes e isso pode ser a salvação de Evereska. Há muito o que ser feito, mas eu acredito que podemos ter esperanças.
- Os templos ficarão sobrecarregados e toda a cidade precisará colaborar, embora estejam temerosos e assustados em seus lares. Arquimago Tolkien.. reúna quantos arquimagos precisar e leve todos os que pereceram para o templo de Corellion Larethian.. que o Senhor dos Elfos nos diga quantas boas almas pode nos devolver.. arquimago Martthin, faça o mesmo e leve todos os feridos para o templo de Angharradh e que a Grande Mãe seja rápida em recuperar-lhes as chagas. Os demais venham comigo, devemos levar os elfos das estrelas para o palácio. Sinto que vocês, meus amigos, terão de procurar abrigo no palácio dos Inglorium, pois o palácio estará tomado. Conversem com o patriarca Feanor Inglorium, tenho certeza que ele os receberá.
Todos concordaram e foi assim que eles se dividiram. 


Sirius e Arnoux seguiram o arquimago com a máxima cautela possível e acabaram por perdê-lo de vista em uma esquina. Resolveram apertar o passo e correram, apenas para deparar-se com ruas vazias e nenhum sinal dele. Puderam, no entanto, avistar a sombria e sinistra torre negra que destacava-se do restante da cidade naquela direção. Escolheram essa direção.




Os demais aventureiros chegaram à morada dos Inglorium, onde encontraram um Feanor transtornado. Debruçado sobre um mapa, ele apenas pensava sobre a vingança do assassinato de Gildor Inglorium. Haviam vários pontos marcados em vermelho, que denunciavam possíveis células do Eldreth Veluuthra.
- Nós lamentamos sua dor e prometemos ajudá-lo, Feanor Inglorium - disse Ehtur tentando estabelecer um entendimento com o nobre elfo.
- Eu agradeço, guardião. Minha existência agora conta com um único objetivo. Irei alcançar todos aqueles que se envolveram nessa ignóbil trama. Essa seita que considera vocês humanos piores do que orcs matou seu último bom elfo. Eles sentirão o fio frio de minha espada.
- Nós entendemos, patriarca. - disse a jovem druida em seu tom mais doce. - Entretanto, precisamos salvar esta cidade. Se Evereska não se aprumar, não haverá lugar para se dar sua vingança. Os phaerimms chegarão logo, seu exército foi dizimado, seus arquimagos são inúteis contra eles e a única esperança, os elfos das estrelas, são um povo de enfermos. Rogo que busque o equilíbrio e a serenidade que são os caminhos da natureza, isso lhe permitirá enxergar a profundidade desse lago chamado vida. Sei que sou uma simples serva da natureza, pedindo não mais que meu quinhão, enquanto perpetuo as sementes que me são dadas. Abra seus olhos além do sangue de seu irmão e semeie as sementes que ele lhe deixou.
- Você tem razão, Daphne. Palavras muito sábias para alguém tão jovem. Isso tudo me lembra que não fui o devido anfitrião até agora.. meu irmão não perdoaria meus modos.. se iremos salvar tudo, que o façamos com comida nos estômagos. Vocês precisam de um banho e hidromel. 


Sirius Black e Arnoux não tiveram dificuldades para encontrar a entrada da torre, que revelou-se a base de um pequeno palácio, onde a torre se destacava. A entrada era guardada por dois elfos, enquanto dois outros vigiavam o perímetro do alto. O gnomo permaneceu invisível, enquanto Sirius retirou o anel e caminhou abertamente até o portão.
- Com licença, eu tenho um recado para o arquimago Sorrowleaf e gostaria de saber se ele já chegou. Você poderia dizer a ele que eu fiquei muito impressionado com a morte do capitão Maedros e gostaria de esclarecer alguns por menores com ele e...
- Não sou um garoto de recados, humano. Entre você mesmo e diga.. - disse o guarda abrindo o portão.
- Queria eu contar com algum aliado que alertasse meus amigos do meu destino, pois sou homem incauto e destemido, que não consegue fugir da própria natureza. Que assim seja.. - disse Sirius entrando, mas dando um jeito de alertar Arnoux do que acontecera.

Rock solicitou a Feanor um favor. O patriarca indicou a ele um jovem mago que poderia transmitir uma mensagem mágica para o principal servo de Morpheus. Rock relatou da maneira mais sucinta possível o cumprimento da missão de alertar a cidade, o problema com a arrogância do elfos e o surgimentos dos elfos das estrelas. Após alguns minutos, duvidou que a resposta viria, mas ela veio.

- Estamos enfrentando os yuan-ti nas selvas do sul. Estamos à volta com um deus serpente ancestral disposto a oblitera a existência. Boa sorte. - Foi tudo que disse a voz oracular de Lord Byron antes de desfazer-se no ar.



Enquanto Arnoux buscava a morada dos Inglorium, Sirius Black foi conduzido pelo interior do palácio por um mordomo muito similar ao que imaginava ser uma múmia. Apesar de arrogante como os seus, o mordomo Oriel levou-o diretamente ao que parecia um laboratório. Haviam grandes mesas cobertas de frascos e poções. Uma claraboia deixava entrar a luz do mundo lá fora. Sob ela havia uma grande bancada onde jazia o corpo ainda armadurado de Maedros Sorrowleaf. Rhange ordenou a saída do criado e logo desmereceu a presença do humano.
- Eu gostaria de conversar, arquimago Sorrowleaf.. afinal de contas, meus amigos Arnoux e Úrsula me contaram sobre os pequenos presentes mágicos que você ofereceu para suborná-los.
- Eu agraciei o jovem casal de gnomos com um singelo presente, o qual apenas os ajudaria a permanecerem vivos em Sildeyuir. Você, no entanto, Sirius Black, carrega culpas legítimas e perpétuas em seu comportamento inconsequente.
- Eu e meus comandados estamos apenas tentando salvar vocês desde que chegamos aqui. Infelizmente, suas grandes orelhas preferem não entender que mais do que essa cidade, essas montanhas ou essa região.. O MUNDO TODO corre perigo.. TUDO está ameaçado.. os phaerimms são uma ameaça além da compreensão, mas vocês não me dão a devida atenção.
- Pois saiba que aquela meretriz explosiva se perdeu através dos teus meandros, humano. Sua lascívia e viciosidade a corromperam deixando-a na trilha da desrazão. Seus assuntos aqui estão encerrados.. vá para o lado dos seus e deixe-me prestar o devido respeito ao meu falecido irmão...


Sirius foi o último a se juntar ao grupo sob a proteção da família Inglorium, ainda desconfiado do comportamento do patriarca Sorrowleaf. Ainda assim, como os demais, sob o conforto dos lençóis élficos, ele deixou-se abraçar pelo sono.. e com o sono, vieram os sonhos. Todos sonharam com um phaerimm incomensuravelmente grande, cuja boca era capaz de engolir toda Evereska e as montanhas circundantes num único movimento. Quando o monstro assim o fez, todos acordaram em simultâneo desespero. 
O senhor Black, por sua vez, teve sonho distinto. Ele continuou a sonhar com Alustriel, filha de Mystra. Dessa vez, no entanto, ele viu a arquimaga sucumbir em definitivo. Seu corpo desfez-se em uma cintilante energia prateada que foi absorvida com êxtase pelos phaerimms. As criaturas transbordavam o poder e Sirius acordou num grito mudo, consumido pelo suor.


O processo de avisar o patriarca Inglorium e, uma vez mais, tomarem o rumo do castelo real foi ligeiro. Ainda assim, ficaram surpresos ao encontrar todo o conselho reunido sem a presença deles e de Feanor. A rainha apresentava a todos uma mulher ao seu lado, onde antes estava Gabriel, sem parar por conta dos recém chegados.
-... nossos clérigos vem fazendo todo o possível com a graça dos Seldarine. Ainda assim, como é devido, dentro de 3 dias, sepultaremos com a devida honra nossos mortos nas criptas sobre as quais vivemos. Como sempre foi e sempre será, os mortos sedimentarão o solo para que sigam os vivos. Desse modo, permitam-me apresentar-vos nossa nova capitã das tropas, Villya Loong. Como sabem, ela também é a líder de nossos Trovadores da Espada, estando mais do que preparada para essa missão em momento de tantas dificuldades.
- Eu agradeço pela confiança da rainha Querdalla e de todos os súditos de nosso grandioso povo. Nossas tropas estão firmes nas montanhas e continuamos seguros de que tudo ficará sob controle. Estamos mobilizando a população e todos irão colaborar.
- Temos providências por tomar e não cargos por ocupar.. - disse o arquimago Rhange Hesysthance nitidamente contrariado com a cerimônia
- Nada está sob controle.. - interviu Ehtur calando a discussão, mas sendo arrogantemente ignorado. Sem paciência para mais joguetes, o guardião retirou-se abertamente. Da mesma maneira procedeu o arquimago.
Daphne, Yorgói juntaram-se a Feanor na tentativa de dar alguma utilidade àquilo tudo. Eles contaram sobre os dois sonhos..
- Os phaerimms estão chegando... - disse Daphne no justo instante que todos ali sentiram a magia deixando de existir. Qualquer um com conhecimento mágico, logo via que não era um efeito de supressão mágica, mas sim um desaparecimento do tecido mágico que compunha toda a magia. Yorgói e Rock informaram os colegas, que buscaram Marissa, ainda indiferente ao problema. Houve um princípio de desespero, mesmo entre as figuras tão destacadas que ali estavam, que logo sucumbiu com o retorno da magia. A normalidade faltara por menos de um minuto. A discussão caótica que se seguiu, só parou quando toda a terra chacoalhou. 
Ehtur que já se encontrava nos portões do palácio viu os phaerimms que emergia das criptas sob a cidade. Exatamente, como eles haviam alertado. Ele pegou a lança e preparou-se pra lutar. Quando os demais a ele se reuniram, souberam que o alvo seria o mythal.
- Mas onde fica o maldito mythal? - praguejou Rock ficando nervoso.
- Sob o palácio... - respondeu Marissa após uma rápida inspeção telepática. Precisamos contê-los.


Estando reunidos, nossos heróis puseram-se a defender Marissa, que lhes parecia a única esperança. Ehtur, Daphne (como um grande urso polar), David e Sirius protegiam a elfa das estrelas de todos os lados. Os phaerimm devoravam a magia que permeava o próprio ar da cidade, ficando mais fortes a cada instante. As flechas mágicas que os atingiam sequer os arranhava, além de alimentá-los com mais magia. Yorgói cantou para animar os camaradas, ainda do portão do palácio, enquanto lá dentro pareciam todos mais ocupados em salvaguardar a rainha. Os soldados se quedavam imóveis como que prestes a virar geleia ante monstros tão terríveis. Das montanhas vinha o som de trombetas que certamente não eram élficas.
Sem mais o que fazer, Marissa Stardust libertou uma explosão mental que lançou vários phaerimms paralisados ao chão. Isso trouxe algum alento, mantendo a confiança do grupo em protegê-la e ganhar algum tempo. Os phaerimms, no entanto, eram cada vez mais numerosos e a resistência imprecisa e ineficiente. Um segundo ataque de Marissa, ainda mais feroz, lançou outros monstros ao chão, mas os efeitos já se faziam sentir na garota, além de atrair toda a atenção sobre eles em definitivo.
Arnoux optou por avançar invisível e tentar finalizar um dos phaerimms paralisado. O golpe, todavia, teve um efeito aquém do desejado, além do gnomo ver toda a sua magia sugada pelo monstro. Atrás de todos eles, outro phaerimm surgiu agarrado Yorgói e engolindo-o prontamente para o terror de todos. Arnoux não teve melhor sorte. Um enorme phaerimm agarrou-o e antes que o gnomo pudesse esquivar-se, todos viram sua alma ser arrancada de seu pequeno corpo e alimentar a força do monstro. As lágrimas de Úrsula já corriam quando o corpo de seu marido tombou ao solo. 








4 comentários:

  1. Lutarei até o fim, e meu fim não será aqui!

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  2. Esses monstros que destruiram a minha floresta e pretendem destruir toda a nossa realidade nao merecem nem as minhas lágrimas, nem o meu medo, somente a minha fúria!! Irei lutar enquanto ainda tiver vida em meu corpo!

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  3. Fudeu.
    Agora a porra ficou séria!!!
    Vou ter salvar mais de um por vez se eu quiser ter um grupo vivo no final do Dia.

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  4. Não! Nossos companheiros cairam!
    Devemos honrar seu sacrifício derrotando os phaerimms se queremos ter alguma chance de sobrevivermos e ressucitarmos nossos amigos.
    ATÉ A MORTE!

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