Carregando os druidas e elfos feridos, todos eles dirigiram-se para o âmago da Grande Floresta. Após pouco tempo, já não tinham a menor idéia de como fariam para sair dali. O caminho era tortuoso e as árvores antiquíssimas. Pouca era a luz do sol que conseguia escapar por entre as folhas e chegar lá embaixo, envolvendo tudo em uma penumbra esverdeada. Uma música formada pelo canto dos inúmeros pássaros e pelo farfalhar das folhas os acompanhava todo o tempo, como se o mundo de combates e conflitos lá de fora fosse apenas um sonho distante ante essa ladainha primordial. Os aromas também eram muitos e variados, desde o musgo nas cascas das árvores até a terra úmida sob as folhas que eles pisavam, tudo exalava odores frescos e intensos.
Daphne sentia-se tranquila acariciando o pêlo de David e sentindo-se novamente na paz de seu lar. Ehtur percebia os traços de semelhança que a druida Felícia tinha com Alissah, que era sua prima, não demorou a saber. Todos os demais sentiam-se um tanto desconfortáveis, inexperientes que eram na vida em florestas, ainda mais em uma que era a mais antiga das existentes. Gaios e os elfos verdes, ainda que guiando a todos, não tiravam os olhos de Syrius Black. Este, como um pão que cai com a manteiga para baixo, acabou por esbarrar uma vez mais em Rock, enquanto tentava evitar a atenção sobre si. Isso, uma vez mais, provocou efeitos negativos:
- Alissah.. a.. a elfa.. - gritou Rock com os olhos esbugalhados levando a mão à cabeça, enquanto Black não conseguia desgrudar a mão do rapaz, como se estivessem colados. - Eu estou vendo ela!!!
-Onde ela está? - desesperou-se Ehtur.
- Num lugar escuro.. presa.. atada... desacordada.. ferida. A.. a mulher.. a serva das trevas está lá.. e outro homem.. sinistro.. e.. ele.. eles vão matá-la. AHHHHHHH!!!!! - junto com o grito do bárbaro Rock escaparam de seu corpo os espíritos urrantes de seus ancestrais. Essas almas aterrorizantes pareciam atormentadas por um mau terrível e isso congelou a alma de todos ali. Voando desordenadamente, elas acabaram por atravessar a todos os heróis arrastando-os para as mesmas visões que atormentavam Rock.
Eles quase podiam sentir as energias negativas que povoavam o ambiente. A sinistra serva de Shar conduzia alguma espécie de ritual. Além de Alissah, haviam outras pessoas presas ali. O homem ao lado dela era um paladino.. Syrius o conhecia bem.. Lucrécio Barrabrava.. servo de Torm, deus da honra.. um homem tão dedicado ao trabalho que costumava deixar a esposa muito desamparada. Além deles dois, haviam quatro outros indivíduos: um orc e três humanos, todos de aparência suja e decadente. Estavam atados ao redor dos dois em pontos equidistantes. Além dos cativos para o ritual, haviam também três outros homens juntos à serva de Shar. Ehtur reconheceu dois deles, os dois que vira quando encontrou a pedra.
A mulher que entoava um cântico satânico e profano cortou horizontalmente os próprios pulsos deixando o sangue dela escorrer pela lâmina curva e negra que usava. Deu ordens aos três homens, que posicionaram-se próximos aos homens, enquanto ela seguiu para o orc. Todos
juntos, degolaram os quatro com um corte rápido. Nesse momento, Syrius conseguiu escapar de Rock.. todos despertaram atônitos e atordoados. E foi assim que seguiram.
Depois de algum tempo, os elfos fizeram sinal de que aguardassem. Deram três assovios que soaram como o de um pássaro estridente. Ouviu-se um pio de resposta e seguiram. Alguns metros depois, encontraram uma escada feita de cipó presa junto a uma árvore. Olhando pra cima, não viam nada além da árvore. Tártaro, Ataulfo e David acomodaram-se já sabendo que aguardariam ali, enquanto Felícia e Ariadne subiram pela própria árvore.
- Nós teremos que escalar, senhor Gaios? Parece uma subida grande demais para nós...
- Creio que posso ajudá-lo, mestre Yorgói.. - respondeu Gaios com um sorriso, transformando-se em uma águia gigante. - Creio que isso resolve o problema dos pequeninos. Venha você também Daphne. - O velho druida fez questão de carregar Syrius em suas garras. Assim, rapidamente eles chegaram à região da copa das árvores. Ehtur, Ryolith e Rock, por sua vez, tiveram um pouco mais de trabalho, acompanhando os elfos verdes na escada rústica. Demoraram alguns minutos, mas sem correr qualquer risco na verdade.
Lá em cima, não puderam deixar de ficar surpresos. Entre os galhos grossos e as largas folhas, havia uma pequena vila. Nada, no entanto, havia ali que não tivesse sido fruto do crescimento natural da vegetação, à exceção de escadas e passarelas feitas de cipó ligando um ponto a outro. Macacos, pássaros e outros animais passeavam por ali em profusão, enquanto as crianças élficas brincavam sem temer a distância para o chão. Haviam muitas crianças, mas poucos adultos. Uma música triste pairava no ar como um lamento coletivo. Os sorrisos eram poucos.
Os dois elfos logo foram abraçados ao chegar, festejados. Um elfo cujo olhar impunha muito respeito chegou fazendo uma reverência a Gaios que o saudou em élfico:
- Meu respeito, mestre Falcon. Sinto trazer problemas para o interior de seu lar.
- Quem trás os problemas é a vida, não você, velho amigo. - lamentou seriamente o elfo verde, que tinha um pássaro pousado no ombro. Um falcão verde que parecia vigilante todo tempo, encarando todos no fundo dos olhos como uma serpente prestes a dar o bote.
- Foram muitas as perdas. Mais três boas almas...
- A terra receberá com satisfação a carne de guerreiros que derramaram seu sangue por uma boa causa. Lamento apenas ser eu a ter de testemunhar a morte de meus sobrinhos, netos e primos.. nossos números são cada vez menores.. não só aqui, mas também nas outras kaniers.
- São muitos os que precisam ser curados e alimentados. Todos precisam de água limpa e um bom descanço. Este homem, deve ser mantido preso e sob atenta vigilância..
- Opa, opa.. peraí.. que que é isso? Como assim.. preso? Quero dizer.. eu vim por minha livre e espontânea vontade.. isso não é necessário..
- Você pode descer e esperar lá embaixo.. - cortou-o Falcon.
- Eu irei remover a essência de Shar que o acompanha.. nem que tenha que espremê-lo como um limão.
- Tenho certeza que um chá seria melhor. Ou talvez vocês tenham algum pozinho que tire isso.. uma poção seria ótimo.. - dessa vez bastou a encarada de Falcon e de seu falcão verda para calar Syrius.
- Acalme-se Pardal.. - disse o mestre élfico para o pássaro, entes de fazer sinal para que levassem o humano. Yorgói sentindo-se responsável foi com eles, assim como Arnoux, Úrsula e Rock. Apesar da maneira firme, os elfos verdes acomodaram a todos da melhor forma possível, enquanto buscavam tratar de seus feridos e sepultar os seus mortos. A melodia que já era entristecida tornou-se um lamento melancólico, parecendo vibrar nas próprias folhas das árvores.
No dia seguinte, todos foram acordados com frutos, cereais e alguns insetos cristalizados no orvalho, algo incrivelmente saboroso, surpreenderam-se alguns. Syrius recebeu apenas água . Houve o enterro do três mortos, cada um ao pé de uma árvore e sob as preces conjuntas de todos os presentes, entregando não apenas sua vida, mas seu corpo ao lugar de onde viera, retornando a um ciclo sem fim. Após isso, foram todos convidados a tomar parte no ritual de purificação de Syrius. Gaios solicitou a todos os presentes que dessem as mãos em um círculo. Ao centro deste, os outros druidas, Felícia, Kyotto e Daphne formavam um triângulo ao redor de Gaios e de Syrius, posto de joelhos e aparentando pouco ânimo com tudo aquilo.
Gaios retirou-lhe os panos das costas cortando-os com uma faca de osso. Os cotocos negros mexeram-se saboreando a liberdade, pequenos dardos negros como penas sombrias já haviam começado a nascer.
- Um senescal.. - disse Gaios preocupado e até assustado, diriam alguns. - Um senescal de Shar. Qual será o terror que te cabe anunciar...
- Senescal? Não.. não.. veja bem, meu velho druida.. isso é coisa mais de bardo.. não que eu não quebre o galho, sabe como é.. não é assim um senescal, aqueeele senescal, mas dá pra agradar..
- Você não tem idéia de como sua alma está cada vez mais próxima de ser levada pelo abismo das trevas, não é mesmo? Ouçam-me bem todos aqui. Peço que comunguem comigo em um nível ainda mais profundo. Este homem.. este tolo.. este devoto da devassidão.. do mal feito.. da perfídia.. ele conspurcou o próprio espírito tornando sua carne uma chaga cada vez mais aberta no mundo. Através dele a energia de Shar corrói a própria vida. - Syrius já se preparava pra falar, quando Gaios colocou a mão espalmada sobre sua cabeça. Ao invés de palavras, escapou-lhe um grito de terror profundo. - Silvanus move essa chaga, Lathander transforme essa sombra, Mielikki molde a vida, Chauntea cure qualquer dor. Que a força dos quatro elementos, as forças vitais primeiras contra o caos que apenas deseja a si mesmo. Ante a vastidão do nada, que se imponha a invencibilidade da existência. Que cada uma das menores coisas ajude a compor o mais colossal das formas de vida. Que o equilíbrio seja perpétuo e que em todo fim haja sempre um começo. - Conforme Gaios falava, uma energia esmeralda ia envolvendo o corpo de Syrius Black. Seu berro silenciou, mas os apêndices negros em suas costas debatiam-se loucamente. Por fim, pareceram derreter, embora continuassem às costas presos como um piche negro. O velho druida insistiu, enquanto todos os circundantes repetiam o que haviam aprendido da prece. Os três druida o faziam com perfeição, assim como alguns dos elfos verdes e Ehtur.
Todos se surpreenderam quando as trevas atacaram Gaios atirando-se sobre ele como uma gosma viva. O druida agarrou a ameba tenebrosa e a fez explodir numa energia luminosa, enquanto Syrius caiu inconsciente. Gaios caiu de joelhos, exaurido, ao lado dele. Todos sentiam-se fatigados.. parecia que o ritual tomara horas.. mas para satisfação de todos, estava ali um homem sem qualquer mácula em suas costas.
Antes tivesse a chance de entregar meu coração à tão bela jóia, linda como a mais pura esmeralda. Não sei o que há nela que abre meu peito e dele arranca o medo. Só uma parte de mim compreende que a voz dos teus olhos é mais profunda que todas as flores. Assim me recordo de Alissah, como tão breve contato pode significar tanto para mim?
ResponderExcluirAterradora a visão que tivemos! Queria antes mantê-la só com minhas lembranças e não ver seu sofrimento.
Ver seus traços em sua família de certa forma me reconforta, mas parece deixa-la mais distante.
Preciso encontrá-la!
Por onde começar? Quanto tempo tenho?
No mais, eu, Ehtur, vou ser útil no que for possível, podendo ajudar na cura dos feridos, defesa, rondas, etc enquanto o grupo se recompõe. Se possível também tentarei me aproximar da família de Alissah, para conhece-la melhor, bem como o resto do clã Eagle.
Pensamento de Fox:"Um senescal... um senescal de Shar no corpo vil desse ser que tanto desconfio!!! Será mesmo que, como Gaios disse, Syrius é um tolo?!? Ou será que isso não é mais um motivo para que eu tenha uma seria restrição a ele?!? Ainda não sei. Mas o certo, é que estou longe de minha terra, longe dos meus, sem meus pertences, sem meu nobre cavalo, meu companheiro. Mas Tyr, ah Tyr, a justiça e a glória es o teu cajado. Colocaste me perante esse desafio e meus nobres companheiros tem se mostrados dignos de tua glória. Tenho uma dívida com eles e continuarei a auxilia-los no que for possível. E agora mais motivos tenho. Tenho que observar bem de perto esse Syrius. Todo esse enigma que cerca a formação desse grupo passa por esse vil ser.
ResponderExcluirTyr me dê forças para manter a conduta sempre mais justa e correta. Me determinação para combater todo o mal existente nesse mundo. Agora é a hora da minha provação."
… ora, ora, ora… a julgar pela dor de cabeça, duas coisas me ocorrem. A primeira, é que ela ainda está aí, o que nestes tempos interessantes já considero uma proeza. Ato contínuo, a segunda é a de que minhas ressacas estão cada dia piores. Ou estou ficando velho ou meu sonho sobre cidades voadoras e elfos verdes deve... Fudeu... era tudo verdade. Bem, ao menos não irei me transformar num urubu de Shar ou qualquer coisa que o valha. De qualquer maneira, o que farei neste mato sem cachorro... Sem cachorro, sem bebida, e nenhuma atividade em que meu inegável talento pudesse ser minimamente aproveitado. Acho que não daria muitos orgulhos aos meus progenitores, caso os tivesse conhecido, claro. Acho que esta missão está me saindo mais cara do que de costume. Primeiro, vou em cana por conta de incompetentes que, ocasionalmente, são mais poderosos que eu. Depois, me chega a prostituta das trevas e me fode o lombo. E agora, estou preso a este grupo atrapalhado que não duraria uma noite nos subterrâneos de Waterdeep... às vezes acho que estou amolecendo. Tempos atrás, teria vendido as carcaças desses sujeitos aos vermelhos do leste. E incrivelmente, como se houvesse uma consciência superior, como se houvesse uma voz onisciente na cabeça de cada um deles, eles parecem saber de coisas que eu faço que ninguém mais, além de mim, sabe ou vê... deve ser bruxaria da Shar. Enfim, se eu cobrasse 1000 peças de ouro todas as vezes que eu salvei cada um deles poderia comprar meu próprio feudo... aliás, bem pensado, Siryus Black, farei exatamente isso. Claro que eles não saberão que estou cobrando pelos meus préstimos... a menos que a onisciência haja mais uma vez neste sentido. Ah, quer saber, voltarei a dormir que é o que eu faço de melhor!
ResponderExcluirAgora que Siryus está liberto da maldição, nada mais nos impede de ir salvar meu povo e minha amada. O bom druida Gaios preveniu-me dos riscos, mas não podemos nos demorar mais... se libertarmos Déborah e meu povo, isso vai ser bom pra todo mundo.. espero que Ehtur e Daphne sigam conosco...
ResponderExcluirNa noite que chegamos lá na floresta, fui procurar todos meus companheiros do meu círculo, principalmente o Sting.
ResponderExcluirpra todos eu conto o que passei até agora, mas exagerando em todos os detalhes... a tal serva de Shar era enorme, super hiper poderosa, e ela estava atrás de mim especificamente, me olhou com olhos de "muahaha, im gonna kill you"....... aí falo do Syrius, que ficou com aquelas coisas nas costas na casa dos meus pais, eles obviamente estao envolvidos, devem até ser adoradores de Shar, uma das meninas na orgia que ele participou era até minha irmã (eu tenho irmãs??? devo ter né?)........... aí a batalha na floresta, o gárgola huge ficou brincando comigo no ar, aí qnd o Syrius matou ele, eu caí duma altura altíssima, que pessoas normais teriam morrido, mas eu nao só obrevivi mas me levantei já batalhando contra os servos de Shar......... fiz super amizade com os clérigos de Ilmatter.... que eu fui a principal responsável por derrubar o Mindflayer.......
especificamente pro Sting, digo que estou há dias preocupada com ele!! que quase nao tenho conseguido dormir por tê-lo deixado naquele dia, que nao sabia como salvá-lo e acabei capturada, but my main concern was with his safety and not mine, bla bla bla..........
[rolando dadinhos de bluff e diplomacy, viu!?!]
Depois do descarrego do Syrius, vou conversar com o Gaios (nao em seguida, mas assim, num momento oportuno). Falo pra ele que eu acho que esse grupo tem um link especial, que eu acho que devo continuar com eles, que para o bem da nossa floresta e do mundo temos que ir atrás do porquê essas coisas estao acontecendo, "como vc sabe eu tenho um sexto sentido forte e minha intuiçao está dizendo para seguir caminho com eles, pelo menos por enquanto" ... ahhh, e minha família está envolvida nisso, e eu tenho que fazê-los pagar pelos evils que eles cometeram/estao cometendo.....
Basicamente, eu passei esse tempo tentando mandar uma mensagem pra minha tribo, pra saber como estavam as coisas e procurando descobrir com os druidas significados para os meus sonhos, algo que eu ainda nao pudesse ter entendido.
ResponderExcluirPassei um bom tempo estudando os efeitos da magia sob aspectos e consciencias diferentes (sob o efeito de alucinogenos, debaio de agua, sob o efeito de furia, etc) e via de regra tentando dormir o minimo possivel e me mantendo longe de Sirius Black.
Passei a treinar taticas de flanqueamento com o blink dog e recolhendo ervas para temperos e fumos.
Acho q é so isso, se eu fiz algo errado, queria um aviso, pq eu levei um tempo pra sacar tudo que me acontece e nao sei se entendi direito.