18 de dez. de 2011

Problemas maiores para devorar sua mente...


Uma vez vencido o último diabo barbudo, que explodiu em chamas mal-cheirosas, todos se entreolharam preocupados.

- E.. eles es.. estavam a.. atrás de mim.. - disse o jovem Rock, muito abalado com tudo aquilo e os sonhos, as visões que tivera. - E.. eu ti.. tive um sonho de.. deles destruindo mi.. minha vila.. ma.. matando meu pai.. e.. e.. eles e.. es..estavam a..atrás de mim...
- Parece que seus sonhos são mais do que sonhos, rapaz. - disse Yorgói tentando aplacar os temores de Rock. - São divinações premonitórias.. talvez seja a magia aflorando por caminhos pouco usuais.. talvez sejam os espíritos de seus ancestrais buscando um canal de comunicação.. mas seja o que for, é algo que precisamos estudar melhor.. pois demônios não viriam dos 9 Infernos para capturá-lo à toa.
- De.. Demô.. demônios vem do Abismo.. di.. diabos vem.. do.. dos.. 9 In.. Infernos.. - foram as últimas palavras de Rock antes de desmaiar.
Todos cuidaram dos ferimentos que os diabos haviam causado. Daphne e Ehtur perceberam que se os malditos seres infernais não haviam conseguido levar o jovem bárbaro, conseguiram infectá-lo com uma febre diabólica: mesmo curadas as chagas externas, por dentro, um mal terrível o consumia. Durante a noite, tendo resolvido descançar, eles viram a situação do jovem piorar progressivamente. Vômitos, uma febre inclemente e uma tremenda fraqueza iam deixando-o inutilizado. Ehtur, que permanecera vigilante no último turno de descanço, aproveitou para recolher as últimas pistas do ataque anterior, quando a serva das sombras roubou-lhe Alissah e a pedra celeste. Ele despertou todos, não perderam muito mais tempo e partiram tão logo amanheceu.
Com a luminosidade diurna, a estrada tornou a ficar movimentada. No entanto, logo perceberam que os viajantes que passavam em caravanas vinham majoritariamente do norte, muitos buscando ajudar a Cidade dos Explendores após o ataque. A ausência de gente do leste significava que os problemas na Grande Floresta eram sérios a ponto de impedir a passagem das caravanas. Foi vendo alguns clérigos que vinham em uma bela carroça rósea e salmão, que Ehtur
buscou ajuda:
- Ei vocês, servos dos deuses. Temos aqui um jovem muito doente. Fomos atacados por diabos e ele foi infectado por uma febre diabólica.. ele está cada vez pior e tememos que não aguente até a cidade..
- Que a graça de Sune, senhora da graça e da beleza, afaste de vossos corações o temor, guardião. Sou Páris Alexander, amoroso servo da deusa do afeto. Meu coração se compadece de vossas mazelas, mas nosso tempo urge. Temos pressa de auxiliar Waterdeep.
- Gracioso Páris, permita que eu cure o desafortunado. Minhas preces hão de mitigar esse mal demoniaco..
- Diabólico.. - corrigiu Ehtur.
- Qualquer que seja, a graça de Sune é maior, mais bela, incomensuravelmente resplandescente. - disse o outro clérigo, que já desceu da carroça conjurando uma prece. - Ó Senhora de tudo que é belo e maravilhoso, atenda ao chamado de seu fiel e apaixonado servo Enéias. Que suas energias puras, límpidas e magníficas expulsem a corrupção desse corpo másculo e torneado. - as mãos dele envolvidas em um brilho carmim percorreram o peitoral de Rock. O suor logo sumiu-lhe da testa e uma expressão de alívio tomou o lugar da dor e do sofrimento. - Em troca desta graça concedida, quando lhes for possível, ajudem o templo de Sune em Lua Prateada, a gema do Norte. Cento e cinquenta moedas bastarão.. - e com essas palavras, os clérigos de Sune despediram-se seguindo com uma cantoria alegre.

Algumas horas após cruzarem o rio Dessarin, chegaram até a pequena cidade de Beliard. A cidade estava apinhada de gente, estando muito além de sua capacidade normal. Graças às habilidades de Black, logo descobriram que muitas eram as caravanas que aguardavam para seguir rumo ao leste. As notícias davam conta de ataques de orcs, trolls e outras criaturas na floresta, já bastante próxima, e eram terríveis. Poucos eram os que ousavam contar com as graças de Tymora para avançar. Com isso, as ruas fervilhavam e facilitavam trabalhos escusos como os de Syrius. Este, por sinal, sentia suas chagas negras crescerem nas costas como um par de asas se desenvolvendo, tendo de fazer uso de um manto para esconder o mal.
Em Beliard, puderam comprar mais provisões e poções para cura. Arnoux e Úrsula as adquiriram em grande quantidade, dando-as a Yorgói para que potencializasse suas
propriedades mágicas com seus conhecimentos alquímicos. O casal de gnomos começava a ter problemas, pois Arnoux se ocupava em defender Úrsula todo o tempo, de uma maneira tão exagerada, que isso impedia a interação dela com o restante do grupo. Além disso, o professor Yorgói e a druida Daphne sentiam-se impelidos a seguir rumo às suas ameaçadas moradas, chamando os demais para seguirem sem demora.
Pouco depois de deixarem Beliard, já avistavam a fumaça. Mais algumas horas de jornada e eles puderam ver os causadores da mesma: orcs e trolls.. um verdadeiro exército deles. Na linha limitrofe entre a Grande Floresta e as campinas circundantes, no ponto mais próximo à estrada, travava-se um sangrento combate. Incontáveis corpos de orcs e elfos verdes jaziam espalhados pelo chão, bem como um par de trolls, além de uma carroça virada na estrada. Avançando por sobre os cadáveres iam três trolls, derrubando árvores e o que mais aparecesse no caminho. Ao redor deles ia a dezena de orcs restante. Poucos elfos verdes haviam e estes atiravam suas flechas do alto das árvores, enquanto os druidas representavam a derradeira defesa.



Daphne reconheceu Gaios, um dos líderes de seu círculo druídico, acompanhado de Tártaro, seu valente urso negro. Junto deles, combatiam ali Felícia Eagle e Ariadne, sua imensa companheira aracnídea, além de Ataulfo, o lobo selvagem de Kyotto Purito, um outro druida que não parecia estar por ali. Eles usavam da magia da floresta para repelir os invasores, mas não parecia que poderiam resistir por muito mais tempo, principalmente porque à uma distância segura, haviam dois outros atores nesse conflito. Um elfo negro sentinela guardava um ser abominável. Esguio e com braços muito compridos, a criatura homínidea possuia uma cabeça similar à de um polvo, possuindo quatro grande tentáculos no lugar da boca..

- Um devorador de mentes.. - avisou Ehtur temendo o pior e preparando a si mesmo e aos camaradas para algo além do imaginável. - Ele está controlando os demais. Essas criaturas vivem nas profundezas sob a terra e possuem poderes mentais capazes de fazer um filho matar o pai.. um mago coachar como um sapo.. ou uma horda de criaturas acéfalas atacar de maneira coordenada. Vejam como estão todos agindo de maneira alheia e repetitiva. É nele que devemos focar nossos ataques.. - e quase como resposta às palavras do guardião, o devorador de mentes virou-se dando sinais de tê-los percebido.
O verdadeiro sinal foi a explosão atordoante que se deu na mente de todos a seguir. Foi preciso toda a força de vontade dos heróis para resistir, ficando apenas David paralisado. Eles avançaram.. alguns em carga: Ehtur, Ryolith, Rock, Syrius.. outros preferiram a furtividade: Úrsula, Arnoux e Yorgói, que deixou-os invisíveis. Daphne invocou o poder da natureza, enquanto protegia seu lobo. Entretanto, quando estavam próximos, uma escuridão mágicainvocada pelo drow os envolveu.
Se por um lado, os ataques sagrados de Ryolith Fox, Ehtur e do urso conjurado por Daphne derrubaram o elfo negro, por outro, o Illithid conseguiu dominar as mentes de Ehtur e Arnoux jogando-os contra seus próprios camaradas. Além disso, ele dobrou a convicção do paladino, fazendo-o tremer, duvidar da própria capacidade e mitigando seu poder divino. Tudo parecia perdido. Syrius preferira um caminho mais tranquilo, indo atacar de surpresa os trolls que combatiam os druidas mais à frente.
Nesse momento, Rock aproveitou-se para irromper em fúria, envolto em um feitiço do ataque verdadeiro, para acertar decisivamente o devorador de mente. O ataque abriu caminho para Daphne convocar um novo urso que atacou o monstro das profundezas, já que o urso anterior fora morto pelo dominado Ehtur. Mesmo combalido, Ryolith persistiu e investiu contra a abominação psiônica, enquanto Úrsula e Yorgói, escapando do dominado Arnoux, dispararam flechas e dardos mágicos que venceram as últimas forças da criatura. Uma vez morto o Illithid, todos os nossos heróis dominados se viram livres novamente, mas o mesmo não se deu com os orcs e o troll que ainda restava.
A essa altura do embate, apenas Gaios e um par de arqueiros elfos permaneciam de pé lutando. O druida estava metamorfoseado em um imenso urso polar, estraçalhando os orcs com suas garras. Todos juntos, logo livraram-se do troll e dos poucos orcs remanescentes, mas isso não o impediu de expulsar Syrius do interior da floresta, quando este disse:



- Aí druidão, tô aqui colado contigo e salvando a tua pele.. ou pêlo.. enfim, certo truta.. ou urso.. enfim..- disse Black retirando a adaga das costas de um orc.
- Tire sua carcaça pútrida de Shar da minha floresta, ser das trevas. Suas chagas negras ferem o equilíbrio natural desse lugar sagrado ainda mais do que estas bestas destruidoras. - disse o velho druida retornando à sua forma normal. Os elfos verdes zombaram da pretensão de Syrius.
Gaios só se acalmou ao ver Daphne e David. - Abençoadas sejam as forças do equilíbrio e o Grande Silvanus, senhor de tudo que é natural, aqui está você Daphne Amkathra. Temi que não a veríamos mais depois do ataque em que foste sequestrada. David nos alertou, mas quando chegamos, encontramos apenas Sting desfalecido e as corujas atordoadas.
- Ó grande Gaios, eu fui levada por uma terrível e sombria mulher. Quando acordei, estava em Waterdeep, minha cidade natal, onde era cativa juntamente com outras pessoas na mão desse malandro...
- Opa, opa, peraí.. é sempre a mesma coisa. É preciso explicar melhor as coisas pessoal. Ela quis dizer, seu druida, que eu os libertei lá em Waterdeep, quando a cidade das sombras estava
atacando...
- A maldição que você carrega desmente tudo que você inventa, sujeito.
- Ele diz que isso foi feito contra a vontade dele. Clérigos de Ilmatter tentaram remover a maldição, mas não tiveram sucesso. - tornou a falar Daphne - Nós voltamos a lutar contra essa mulher que havia me levado, grande druida, mas dessa segunda vez, ela levou consigo Alissah Eagle, que viajava junto com esse guardião, servo de Miellikki.
- Ehtur Telcontar.. outro dos nossos já havia me avisado sobre a sua presença. Homens como tu são sempre bem vindos aqui.. e o que foi feito de Alissah?
- Não sabemos.. - disse Ehtur com pesar, não conseguindo esconder de ninguém o sentimento que o unia à elfa verde. - Havia um portal de trevas, gárgulas sombrios. No desespero
provocamos uma explosão. Ao acordarmos, estávamos num entreposto e não havia sinais do destino deles.
- Entendo.. - ponderou o druida. - Sendo assim, o melhor a fazer é recuperar os ferimentos de todos e expulsar as energias de Shar desse vilão que vos acompanha.
- Vilão não.. eu prefiro anti-herói.. assim como o famoso Wolverine, gladiador lá do sul e.. - acrescentava Syrius, antes de ser interrompido pelo professor.
- Queira perdoar-me, servo da natureza. Meu nome é Yorgói Auturius, servo de Gael Glittergold. Minha vila de Barrasíllians fica a poucas horas daqui e tenho notícias de que também está sob ataque dos orcs..
- Pior do que isso, mestre gnomo. Sinto informar-lhe que sua vila é a base de onde vem os ataques..
- Por todos os deuses, devemos então seguir.. não posso perder mais tempo..
- Investir contra a vila e milhares de inimigos seria suicídio, mestre Yorgói. É melhor que venha conosco e siga melhor preparado. Não ajudará os seus entregando-se aos braços de Kelemvor.
- Mas.. eu.. tem razão. - resignou-se Yorgói.


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