30 de mai. de 2015

A cidade dos elfos ou As duas torres...

- A criatura de trevas não foi destruída... ele está muito ferido, mas vai se levantar... - alertou a killorien Mari'bel para os colegas pelo elo mental. Então, ela encheu seu arco de flechas e as atirou contra o dragão, que tinha rachaduras em sua carapaça de couro tenebroso.
As setas, porém, não surtiram qualquer efeito como antes. Derdeil Óphodda também não teve sorte em vencer a resistência a magias do monstro. Foi Kaliandra Boaventura quem sacou nova arma, conjurou um ataque verdadeiro e atingiu a besta inimiga com toda a fúria de um ataque poderoso, que serviu para ampliar a rachadura na cabeça, onde Dasboa explodira anteriormente.
- Ataquem neste ponto.. - ela avisou aos demais, enquanto o corvo Edgar voava para recolher algumas das setas de prata que Volcana Boaventura disparara anteriormente, mas não estavam cravadas no dragão.
O monge Braad também disparou velozmente, mas no rumo do inimigo tentando acertar com uma carga. Sentiu a escama gélida e cheia de energia negativa do monstro, capaz de cortar os benévolos efeitos do álcool, mas sem conseguir êxito em ferir o inimigo. Volcana Boaventura sacou mais um broche de prata em forma de harpa de sua pequena bolsa mágica e concentrou-se, de modo que este tornou-se uma flecha de prata. Ela disparou esta com toda a precisão e talento daqueles que harpeiam, atingindo o mesmo ponto que sua sobrinha, escancarando a carne de trevas do dragão.
Porém, tudo isso apenas enfureceu ainda mais o dragão de trevas. O monstro colossal se ergueu e esticou suas asas, quase derrubando todo o palácio, que tremeu como num terremoto. Kaliandra e Braad atacaram oportunamente, mas sem sucesso dessa vez. O dragão soprou uma enxurrada de trevas que cobriu todos os mais próximos, drenando suas forças vitais e enfraquecendo-os muito. 
Sérgio Reis, da janela do grande salão, ordenou que Pena Branca deixasse a menina meio-elfa Lilinea e disparasse, mesmo que suas setas pouco adiantassem. O bardo cantou uma antiga cantiga élfica do tempo das Guerras das Coroas e viu que aquilo não só recuperou parte do poder dos amigos, elevando-lhes a moral, como trouxe terrível dor ao dragão, que perdeu a concentração e trombou entre as pilastras.
Com essa música de fundo, um portal se abriu e dele emergiram cinco elfos. À frente vinha uma elfa de beleza única, a rainha Amídalas Ancalimon, seguida por duas cortesãs e dois conselheiros. Ela reconheceu sua embaixadora Kaliandra, bem como o corpo caído de Katniss Everdoom e de Cameron Noites caídos por ali.
Na mente de Kaliandra Boaventura, no entanto, soou não a voz melódica do bardo Sérgio Reis ou as palavras da rainha recém-chegada, mas sim a voz de sua falecida espada Dasboa:
- O poder não estava em mim, Kaliandra Boaventura, a matadora de dragões e das trevas. O poder sempre esteve em você...
A elfa trovadora da espada clamou por todo o poder que a habitava. Com um salto decidido, como se pudesse voar, ela cravou a espada na ferida do dragão de trevas e explodiu a energia mágica que formava sua espada. Dessa vez, a energia percorreu todo o interior do monstro, fazendo com que esse implodisse e lançasse todos que ali estavam ao chão. Um instante depois, a ameaça estava eliminada.
- Eu alertei que não seria seguro avançar à frente e.. - foi dizendo um dos conselheiros, que Kaliandra sabia ser o arquimago Haldalel Evalandriel.
- Graças a Bibiana, minha rainha, nosso poder sempre vencerá as trevas para protegê-la.. - disse Kaliandra erguendo-se, mas pondo-se de joelhos diante da majestade.
- Levante-se, embaixadora Boaventura.. és minha campeã... mereces agora ser chamada capitã Boaventura.
- Mais elfos para dar trabalho.. - falou Sérgio Reis deixando de cantar. Braad preferiu beber para recuperar-se da negatividade que o afetava ainda. Derdeil manteve-se indiferente, enquanto Mari'bel correu para recolher as setas de prata que podia.
- O mal ainda não foi de todo debelado.. - alertou o sacerdote Zoristro Glorien, que trazia os símbolos de Bibiana. - E bem deves saber que Bibiana nada pode ter feito, pois já não responde as preces de nosso povo.
- Não perca sua fé, Zoristro - levantou-se Kaliandra decidida. - Bibiana pode ser prisioneira da senhora das aranhas, mas ela sempre está no meio de nós. Onde dois ou mais elfos estiverem, ali ela estará. Eu tenho fé... isso nos salvará e isso salvará Bibiana.
- Onde está o mythal, minha capitã? - Disse a rainha que só então reconheceu Volcana Boaventura, que mantivera-se discreta junto a uma das pilastras. - Você? O que essa criminosa banida faz aqui?
- Estava tentando salvar o mundo, consertar as coisas e tomar uns gorós... - retrucou Volcana com deboche.
- Yo tengo lo goró... - interviu Braad.
- Minha tia foi fundamental para derrotarmos as ameaças de trevas, minha rainha. Sem ela não teríamos vencido... nem salvado o poder do mythal que agora habita entranhado na própria cidade de Myth Drannor.
- Pois ela é uma traidora.. traiu o povo quando da partida da corte... traiu sua família Boaventura, Kaliandra.. - disse a rainha com rancor. - Por causa dela sua mãe está morta...
- Eu.. não.. não devemos discutir isso.. - disse Kaliandra tentando não perder o momento. - Devemos cuidar de conectar vocês ao Mythal, minha senhora...
- Se isso for possível... - preveniu Derdeil.
- Xiii... - disse Rufus voltando a se esconder, enquanto o corvo Edgar devorava os olhos de um par de anões caídos mortos no canto do aposento.
- Como assim? - Questinou o arquimago Haldalel com ar de superioridade.
- Esses elfos não conhecem nada? Não entendem nem de conectar com um mythal.. dos elfos? - Escandalizou-se Sérgio comunicando-se pelo elo mental.
- Ainda existe muita energia nefasta da maldição que estava sobre a Grande Floresta, rainha dos elfos... - avisou Mari'bel.
- Eu irei cuidar disso, majestade... - disse a trovadora da espada saindo de perto do corpo caído de Cameron.
- Este não é o criminoso, Cameron Noites? - Indagou o clérigo Zoristro.
- Vejo que se cercastes de curiosas companhias para sua missão, capitã Boaventura... - observou a rainha Amídala, enquanto Kaliandra tentou dar início ao ritual.

Uma hora depois, todos haviam deixado o palácio. Como previsto, o ritual não pudera ser completado. Após Kaliandra Boaventura contar da batalha, a rainha Amídalas Ancalímon resolvera recolher o corpo de todos os que haviam tombado para recuperá-los. Os aliados da trovadora não gostaram de saber que os elfos teriam prioridade ante os demais. Mari'bel recolheu o corpo de Chuck Norris no caminho, enquanto Derdeil Óphodda cuidou do corpo de seu lacaio drow, mantendo-o à salvo do rancor dos elfos. Depois foi orar para o deus da magia. Eles reuniram-se nas torres arcanas a leste do palácio.
- Você conhece essas torres? - Disse Sérgio Reis provocativamente para o arquimago Evalandriel.
- São as torres arcanas da alta magia élfica. Quando estivermos com nossos irmãos recuperados e de pé, eu cuidarei de reativar seu poder, que irá nos proteger assim como o faz o mythal.. - disse Haldalel parecendo saber mais do que o bardo imaginava.
- Ouçam... - interrompeu Zoristro Glorien. - As trombetas de nosso povo... os elfos retornaram a Myth Drannor...
- Venha comigo, capitã Boaventura.. vamos recebê-los - disse a rainha dando ordens aos demais de que lhes preparassem as acomodações.
- Com todo o povo poderemos dar conta do ritual, minha senhora... - disse Kaliandra no caminho. - Mas se não for incômodo, gostaria de saber qual foi o pecado de minha tia? Assim como, qual foi a falta de meu amado Cameron?
Enquanto as duas caminhavam, a rainha explicava como Volcana Boaventura ficara contra a partida da corte para o oeste rumo a Encontro Eterno no passado. Ela preferira estar junto de seu marido Armil Arowleaf, apoiando os humanos de Cormyr, ao invés de seu próprio povo. Bateu de frente contra a própria família Boaventura na figura de sua líder Lucília, mãe de Kaliandra. Contou também como o antes famoso trovador da espada Cameron Noites fugira em meio a uma batalha contra uma horda de inimigos que ameaçava a migração dos elfos.
Kaliandra não quis crer naquilo e defendeu seus amados, mas silenciou quando viu a multidão de elfos despontar nas ruínas:
- Seja bem vindo, meu povo... - adiantou-se a rainha Amídalas. - Contemplem de novo nosso lar, que nunca deveria deixar de ter sido. Graças à capitão Boaventura, temos de novo uma capital para nosso império no coração de Faerun.
- Que a graça de Bibiana nos ilumine e receba, meu povo. Cumpri apenas minha obrigação.. - disse Kaliandra com humildade.
- Pois me permitam interromper... - disse Derdeil Óphodda surgindo do nada. - Quero que todos saibam que Rhange Hesysthance Sorrowleaf, deus da magia, arquimago élfico, também recebe o belo povo de volta à sua casa. Assim, como estende os braços aos elfos nesse momento difícil...
- Está cidade dos elfos, estará aberta a todos os povos de bem como outrora.. - retrucou a rainha sem se deixar surpreender. - Assim também será recebido o deus da magia se suas intenções forem boas...
- São as melhores.. - sorriu Derdeil.
- Então receberá um templo junto ao templo de Bibiana... - sorriu a rainha Amídalas, embora o semblante de Kaliandra fosse de desconfiança.
- Nós pedimos apenas as duas torres arcanas, rainha... - Derdeil fez uma reverência,

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