Rufus Lightfoot havia se separado dos companheiros que ficaram orando para Bibiana Crommiel. Já passara pelas ruínas do templo de Tyr, destruído pelos raios da tormenta, quando o inesperado amanhecer chegou. No local encontrara um bom número de pergaminhos e uma espada valiosa repleta de pequenas balanças encrustadas feitas de pedras preciosas. Já estava chegando ao mercado, esmagado em boa parte por um dos rochedos que despencara das nuvens tempestuosas e lá recolheu alguns livros de magia, pergaminhos e poções. Mesmo curioso com aquele sol súbito e brilhante àquela hora da madrugada, o pequeno ladino preferiu dirigir-se para o templo de Sune, onde recolheu outros pormenores e um belo bastão cravejado de rubis com ajuda do faro de Azuzu II.
Ao contrário de seu pequenino aliado, o restante do grupo, que estava na muralha da cidade, viu o recém-chegado e portador do sol, que salvara a todos com aquela luz pura e positiva ser repelido pelo santo paladino Ryolith Fox, servo de Tyr:
- Você não é bem vindo aqui, servo de Amaunthor.
- Se eu não viesse resgatá-lo, servo de Tyr, você e sua cidade teriam perecido. Seriam mais uma vítima da deusa dos drows.
- Não precisamos da servidão que impõe aos seus, Daelegoth Orndeir. Preferimos morrer livres, do que viver de joelhos! - O santo paladino se levantou ainda fraco apoiando-se na espada que um dia pertencera à sua finada esposa Palas Atenas.
- Será que é isso mesmo que prefere o seu povo? Os pobres filhos de Forte Arsheben? Creio que nós temos que conversar, meu caro... em particular. A graça de Amaunthor manterá o teu povo seguro.
- Certamente ninguém aqui deseja a morte, filho do sol - interviu o arquimago Eurípedes do alto da muralha. - Permita-me participar dessa tomada de decisão, pois há muito em jogo aqui. Devemos nos reunir na torre da guilda arcana.
- Esse assunto não é para você, pequeno arquimago. Apenas os verdadeiros comandantes do destino tem voz e ouvidos aqui... - disse Daelegoth alcançando Ryolith e se teleportando com ele.
Dessa forma, enquanto Eurípedes se remoía de raiva, Mari'bel, Kaliandra, Cameron, Derdeil, Braad, Sérgio Reis e Pena Branca optaram por retornar ao que restara do templo de Bibiana, onde permaneciam a própria deusa, seus seguidores elfos e o druida Chuck. O corvo Edgar foi enviado por sua mestra para a torre dos magos a fim de saber o que estava sendo discutido por lá.
No templo de Bibiana, onde a energia do mythal parecia engrandecida com a chegada da força positiva daquela súbita manhã, todos puseram-se a invocar mais energias que pudessem ser consagradas à senhora dos elfos. Bibiana cada vez mais recuperava os traços divinos enchendo o coração de todos com esperança.
No entanto, o escolhido do deus da magia Derdeil Óphodda sabia que faltava a energia do mythal da Grande Floresta que estava contida no pequeno hobbit para ativar a totalidade do poder do mythal de Myth Drannor. Graças à comunicação telepática, eles invocaram Rufus, que se apressou.
Porém, quem chegou logo foi o arquimago Eurípedes, determinado que estava a levar o mythal com ele:
- Deem-me logo o artefato. Essa cidade está condenada e não posso deixar que o mythal se perca com ela. Venham comigo ou saiam do meu caminho!
- Nada disso, humano tolo - disse Kaliandra sacando sua arma e se pondo no caminho, assim como seu amado Cameron Noites. - O mythal não sairá daqui!
- O mythal está restaurando a divindade da deusa dos elfos - protestou Mari'bel retesando seu arco.
- Da mesma forma que o salvamos... nós podemos destruí-lo, arquimago Ésquilo... - debochou Sérgio Reis fazendo sinal para Pena Branca se preparar e já elevando a moral de seus aliados.
- O arquimago tem razão amigos... - protestou Derdeil, justamente quando a mente de Kaliandra era tomada por mensagens de seu familiar Edgar.
- Mestra, escute só...
- E se eu disser que Palas Atenas não morreu Ryolith... se eu disser que sei onde ela está e que você ainda pode salvá-la? Vale a pena morrer aqui sabendo disso? - Questionou Daelegoth. Edgar não os via, mas apenas os ouvia do outro lado da janela fechada da torre arcana.
- Se ficarmos vamos entregar o mythal de bandeja... - continuou Derdeil. - Melhor voltarmos para Myth Drannor com o mythal pleno.
- Merror seguirmos el mago... - ponderou Braad, mas os demais se mostraram irredutíveis.
- Ele não é o líder do grupo... - gritou Chuck.
- Eu não tenho tempo para isso... - Eurípedes avançou, invocando uma telecinésia para carregar o artefato e explodindo energia mágica bruta, mas Mari'bel o agarrou mesmo assim, enquanto Pena Branca disparou suas setas. Cameron se adiantou com a espada, mas Braad o derrubou, o que o tornou alvo da fúria de Kaliandra. A elfa o atingiu com sua espada longa, enquanto ordenava para que Edgar retornasse.
Rufus Lightfoot avistou a batalha nas ruínas da igreja de Bibiana, quando Derdeil Óphodda invocou uma torrente de água que derrubou Mari'bel e Kaliandra Boaventura, mas não impediu Cameron Noites de transformar o arquimago Eurípedes em gás antes que este tocasse o mythal. O arquimago perdeu mais tempo dispelando a magia, o que fez todos se interporem entre ele e o mythal novamente.
- Vocês pagarão por isso, seus tolos - ele disse antes de partir com um teleporte.
O hobbit chegou sorrateiro e célere, resgatando a energia mágica de seus itens e consagrando-a a Bibiana, enquanto derramava a magia no mythal flutuante. A senhora dos elfos se pôs de pé recebendo as forças plenas do mythal. Mas foi quando surgiram também dois visitantes inesperados. Lolth, senhora dos drows, agarrou Bibiana pelos cabelos como uma boneca:
- Olá, criança... me dará o prazer que Corellon não me deu...
- Tire as mãos dela, demônia maldita! Nada aqui lhe pertence... - disse Daelegoth se interpondo entre o mythal e Lolth.
- Seus truques não são capazes de me deter.. com mais este sacrifício tudo será meu.. tudo será uma parte de minha teia!!!
- Não hoje... - murmurou Bibiana, que mesmo aturdida lançou os heróis e o mythal para longe dali.
Abrindo os olhos, Derdeil Óphodda reconheceu seus aliados, os elfos servos de Bibiana e o mythal. Estavam novamente nas ruínas de Myth Drannor como ele tanto desejara.