Mesmo com o poder divino de Shun Iksea, não era simples investir contra o grupo de clérigas de Lolth. Coordenando os ataques, o grupo capturou uma delas inicialmente, arrastando-a para o plano do escolhido de Sune. Ela foi rapidamente derrotada, permitindo a todos perceberem que além de serva divinas da deusa dos drows, as elfas negras também eram vampiras.
Quando tornaram a atacar, no entanto, foram assaltados assim que retornaram às árvores de Cormanthor. Shun Iksea foi atingido por um banimento, que arrancou-o dali. Derdeil Óphodda, com seus vastos conhecimentos mágicos e arcanos, assim como Sérgio Reis, com seu conhecimento sobre o que acontece quando um escolhido de deus recebe uma magia de banimento, acreditaram que ele tornaria ao espaço dimensional, mas não foi o que se deu.
- Ele deve estar no plano de Sune... - ponderou Derdeil.
- Melhor... ele está no plano de Sune... - corrigiu Cameron Noites, enquanto os problemas prosseguiam. Mais clérigas vampiras drows de Lolth invadiram o espaço dimensional pela porta, atacando a todos. Rufus saiu de seu esconderijo e fechou a porta impedindo que aquilo continuasse. Ainda assim, mesmo que Mari'bel e Kaliandra tenham ferido as inimigas, as duas tombaram ante as magias de ataque de fogo divino e barreira de lâminas das mortas-vivas. Foi preciso que Chuck Norris deixasse a forma de tigre e se transformasse em um urso para manter-se de pé, ao lado de Braad que desferia uma chuva de golpes sobre as drows.
Derdeil não perdeu tempo após ver Kaliandra tombar sem que Cameron Noites conseguisse impedir. O escolhido de Azuth agarrou um dos pergaminhos de cura em massa que havia comprado. Ele leu as palavras arcanas em dracônico que consumiram o pergaminho e fizeram a energia positiva explodir por todo o aposento. Os vivos foram curados e três das cinco vampiras foram consumidas totalmente. As duas que restaram estavam feridas e foram prontamente destruídas. Porém, eles sabiam que o ataque seguia lá fora, mas nada podiam fazer, pois sem o retorno de Shun Iksea, não tinham como abrir o espaço dimensional.
Resolveram descansar e recuperar as magias, além de pilhar os itens mágicos que as servas de Lolth traziam consigo. Itens drows cuja magia funcionava normalmente. Do lado de fora, o familiar Edgar, que escapara antes da porta ser fechada pelo hobbit, assistia à massa de mortos-vivos que se avolumava como uma mar ante os muros da cidade. Escalando uns aos outros, os drows sem pele e ácidos venciam as defesas para encontrar as lâminas abençoadas dos servos de Tyr. O corvo viu muitos homens e mulheres corajosos perderem suas vidas nessa noite. Ainda assim, os servos de Tyr resistiram. Eles destruíram milhares de mortos-vivos, mesmo que o sacrifício dos mártires não tenha sido o que repeliu os invasores movidos por energia negativa. A alvorada que despontava no horizonte tirou o ímpeto da horda e os servos de Lolth partiram deixando para trás menos de dois mil cadáveres destruídos, o que era menos do que a perda dos defensores da cidade.
Os mortos-vivos partiram para o oeste, sumindo entre as árvores de Cormanthor. Edgar os acompanhou e os viu chegar até as cavernas escondidas no âmago da mata. Pousou em um lugar seguro e esperou por Kaliandra Boaventura, sua amada mestra...
Foi mais um repouso intranquilo e sem sonhos aquele.
Ao despertarem, enfim, o grupo viu o poderoso Shun Iksea voltar. O paladino estava esbaforido e sobressaltado.
- O que houve, Shun Iksea? Por quê essa demora? - Questionou Derdeil.
- Um ataque ao plano de Sune promovido pelo pérfido deus da magia... - disse Shun. - Está tudo um caos... um caos!!! A senhora dos drows está atacando os deuses com seu consorte, o solar caído Malkizid.
- Mas como isso é possível? - Empalideceu Kaliandra.
- Com a ajuda do deus da magia! - Apontou Shun. - Ele abriu os planos dos deuses para a Senhora das Aranhas.
- Mas apenas se os nomes dos deuses forem pronunciados nesses planos isso poderia acontecer... - problematizou Derdeil.
- Tenho certeza que ele deu alguma sórdida maneira... esse deus da magia maldito... - desdenhou Shun. - Mas eu tenho muita simpatia por seu vasto conhecimento, sábio Óphodda. Mas já é dia lá fora e o Forte de Arsheben precisa de nós.
Retornando à cidade, os heróis encontraram-se com Ryolith Fox, o santo paladino de Tyr. Estavam com ele o arquimago Eurípedes e o chefe da guarda Péricles. Relataram o que se passou, mas encontraram dificuldade em convencer os defensores da cidade.
- .. e foi isso que nos aconteceu. Não acho que a cidade vá resistir mais uma noite... - disse Sérgio Reis com toda a sua diplomacia.
- Não podemos abrir mão de nenhuma força na defesa... - disse o arquimago Eurípedes com impaciência.
- Todos estão cansados recolhendo os corpo e queimando-os, além de todo o esforço de recuperar os feridos - informou Péricles.
- Os drows rumam para Myth Drannor... - interrompeu Derdeil. - É para lá que temos de ir... se o poder do mythal cair nas mãos da senhora dos drows, ela ficará invencível.
- Nós cuidaremos disso... - cortou-o Eurípedes com desdém.
- O que ela poderá fazer com tal poder, maligno servo de Azuth? - Questinou Ryolith Fox em um tom respeitoso.
- Isso... - disse Derdeil drenando o poder do mythal que depositara em um de seus itens e trazendo-o para seu corpo. - Me dê seu anel de comandante, benigno Ryolith Fox.
Ao receber o anel do desconfiado paladino, o mago e clérigo transferiu a energia para o item. O anel recuperou seus poderes mágicos e por sinergia trouxe de volta o poder de mais de mil outros anéis ligados àquele.
- Impressionante, Óphodda. Mas eu não irei deixar essa cidade... eu não vou deixar o que resta de Cormyr - proclamou Ryolith Fox tomando a palavra. - Eu não pude salvar minha amada Palas Atenas. Eu não pude salvar meu amado reino. Esse povo nos recebeu e prosperou conosco desde que nos refugiamos aqui. Não irei deixá-los sozinhos e perdidos sem minha liderança e a justa benção de Tyr. Se tivermos que morrer, morreremos sem medo!
- Isso não é uma boa ideia... - questionou Derdeil. - Deixe que eu restaure o poder do seu cajado, arquimago.
- Merror bebermos... - disse Braad entornando mais um barril de bebida.
- Merror bebermos... - disse Braad entornando mais um barril de bebida.
- O mythal de Myth Drannor é o mais poderoso que já existiu... - interviu novamente Sérgio Reis. - Falem elfos...
- É realmente um artefato grandioso... - concordaram Cameron e Kaliandra.
- Muitas histórias se contam de lá na Grande Floresta... - acrescentou Mari'bel.
- Muitas histórias se contam de lá na Grande Floresta... - acrescentou Mari'bel.
- Vocês seguirão até Myth Drannor - disse o paladino de Tyr.
- Juntos venceremos a corrente do mal - disse Shun Iksea de forma aguda.
- Eu não posso levar todos vocês com meu teleporte... - conformou-se Eurípedes reconhecendo o poder diferenciado deles.
- Eu posso ocupar menos espaço - disse Rufus encolhendo um terço de seu tamanho e ficando ainda menor, como uma criança hobbit.
- Nós não iremos... - disse Kaliandra. - Eu irei cuidar de meu casa... treinamento aqui com Cameron e ajudar a cuidar do templo de Bibiana onde conversamos com aqueles desamparados clérigos da deusa dos elfos.
- Mas Kaliandra... - disse Derdeil.
- E o que você me falou sobre o mundo lá fora? - Protestou Edgar. - Deixe que eu vá e seja seus olhos.
- É longe demais... você vai ficar aqui comigo, Edgar - ordenou Kaliandra Boaventura, que desviou o olhar dos olhos de Derdeil e enlaçou o braço de Cameron Noites.
Derdeil resmungou algo inaudível e passou os olhos para a pequena ave. Todos se aprontaram para partir, reunindo-se ao redor do arquimago Euripedes, mas no último instante, o corvo Edgar deixou o ombro de sua mestra e partiu para junto de Derdeil Óphodda que parecia chamá-lo.
O grupo surgiu próximo às ruínas de uma natural metrópole élfica outrora mesclada ao coração de Cormanthor. Derdeil infundiu sua poderosa essência na pequena ave fazendo dela agora seu familiar, além de sentir o sabor da essência de Kaliandra que ali havia. Edgar sentia-se extasiado com o poder que o habitava agora, ainda mais consciente das possibilidades que se abriam para ele.
A atenção de todos, no entanto, concentrou-se no gargântico dragão verde sombrio que inspecionava as ruínas. Além dele, haviam drows espalhados por toda parte vasculhando o restante do lugar. Eles tiveram suas constituições abaladas pela baforada do dragão, mas usaram da água do mythal para recuperar-se, enquanto Shun investia contra o inimigo. A criatura acabou partindo voando, mas eles ainda viam as centenas de drows vampiros se aproximando. Sérgio Reis, no entanto, deparou-se com um estranho elfo demoníaco que pousou diante dele e se curvou.
- És tu o grande profeta Sérgio Reis?
Nenhum comentário:
Postar um comentário