30 de ago. de 2014

Edgar, o corvo


- Temos de salvar Kaliandra. Temos de salvar Kaliandra. Andem! Temos de salvar Kaliandra. Temos de salvar Kaliandra - insistia o corvo Edgar batendo contra a porta e tentando apressar os companheiros de sua mestra. Mas eles pareciam se deter vestindo disfarces, lutando contra os inimigos mortos-vivos ou sumindo. Quando a porta subitamente se abriu, ele voou para dentro do que parecia ser uma cozinha velha, cheia de portas, mas ele sentiu que o caminho para Kaliandra Boaventura, a maga elfa estava na primeira porta à direita.
- Edgar, ela vai matar a todos nós. Chame meu ama... meu amigo Derdeil para me salvar. Ela está começando o ritual! Ela vai sacrificar todos nós.
O familiar corvo procurou pelo mago que vinha bem disfarçado e parecendo um drow grande e um tanto barrigudo. A fada, a águia e a cobra grande terminavam de lutar com os dois mortos-vivos, enquanto o druida foi para outra porta que não era a que Edgar indicara. Ali ao lado, outra porta que dava para uma dispensa também abriu-se sem que ninguém visse o responsável. Por fim, todos deram atenção aos gritos do corvo e foram para a porta indicada.
- Temos de salvar Kaliandra! Temos de salvar Kaliandra!! Kaliandra vai ser sacrificada no ritual pela drow dos infernos!!!
- Fale barro, cararro!!! - Alertou o monge, mas nada conteve a esperança misturada a desespero que movia o pequeno pássaro negro, quando viram o grande aposento. Ao centro, ele era dominado por uma plataforma, que emanava uma pálida energia mágica azulada.  Aquela força subia em direção a um grande abertura circular no teto do aposento. Também haviam muitas portas ali, mas Edgar sabia que Kaliandra estava para cima. Bem para cima.
- Edgar, ela vai matar Raven Eagle! - Foram as palavras da maga Boaventura que impeliram o corvo a sair voando, mas o monge o deteve, enquanto os demais preferiam explorar as portas, mesmo que escutassem vozes vindas de trás da maioria das portas.


A pequena ave tentava se desvencilhar, enquanto o bardo, que usara de magia para se parecer com um drow convencia os drows de um dos quarto a continuarem ali dormindo, que estava tudo bem.
- Vão matar Raven Eagle! Temos de salvar Kaliandra! Temos de salvar Kaliandra!
Enquanto o druida-cobra, a águia, o hobbit e o cachorro esperavam, o monge, o bardo, a fada e o mago subiram na plataforma, passando a ser afetados pelo efeito de levitação que os permitia subir para os níveis superiores. O druida e os demais vieram à seguir. Edgar tentava voar mais rápido, mas era limitado pela magia. Quando atingiram o terceiro andar, também chegou à mente de Edgar um novo alerta de Kaliandra:
- Ela está cortando a garganta de Raven. Abençoada Bibiana, senhora dos elfos, que seu poder nos alcance! Pela deusa... oh minha deusa! Eu não consigo olhar!
Antes que o familiar pudesse transmitir a mensagem, no entanto, todos foram surpreendidos pela forma espectral que surgiu. Ela era esférica, mas com uma dezena de tentáculos. Quando o fantasma observador abriu seu grande olho, toda a magia deixou de funcionar. Sem o efeito de levitação, Edgar disparou rumo aos andares superiores, gritando o alerta:
- Temos de salvar Kaliandra! Raven já era! Raven já era! Temos de salvar Kaliandra!
Os demais ouviram aquilo, enquanto se salvaguardaram no segundo andar. Uma magia de Derdeil os levou para longe dali, mas o corvo Edgar apenas se importava com a grade que encontrou no quinto andar, guardada por um grande golem de ferro, que começou a se mover ante sua chegada.
O pequeno corvo pousou sobre a grade, vendo que lá embaixo, haviam ficado para trás o druida-cobra, o hobbit e seu cão escondidos. O monstro fantasma que a fada chamara de beholder parecia se concentrar no druida e na águia. A criatura fechou seu olho central lançando raios de seus tentáculos com olhos menores. Isso permitiu que o hobbit subisse com discrição, enquanto o golem de ferro golpeava a grade, enquanto tentava atingir o pássaro.


Nenhum deles viu, quando o druida Chuck Norris, servo de Silvanus, perdeu suas últimas forças, morto pelo beholder, assim como sua águia Izabeau. Com a passagem aberta, Edgar acompanhou o hobbit para escaparem do guardião de ferro da passagem, mas logo chegaram a uma ponte que conduzia para outra torre, onde uma incomensurável aranha infernal parecia manter guarda esperando por alimento.
- Edgar, onde está Derdeil? Ela vai acabar com Ravena... - chegou novamente o pensamento de Kaliandra Boaventura.
- Temos que salvar Kaliandra! Temos que salvar Kaliandra... - disse o corvo subindo voando sozinho.
Pelas pequeninas janelas das torres, por onde mesmo alguém pequeno como um hobbit teria dificuldade de passar, Edgar avistou o restante do grupo que avançava.
O mago, a fada, o monge e o bardo confrontavam uma enorme aranha de pedra verde no sexto andar da segunda torre. O mago invocou um pônei, sobre o qual se deteve a atenção do constructo aracnídeo, permitindo a todos avançarem rapidamente para o sétimo andar, mesmo que não ilesos. Lá Edgar se juntou a eles, pousou no ombro de Derdeil e olhou no fundo de seus olhos com seus pequeninos olhos negros:
- Temos de salvar Kaliandra! Temos de salvar Kaliandra!

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