24 de nov. de 2013

... caindo no Plano Etéreo


Os heróis avançaram mais uma vez escondidos sob a névoa mágica invocada pela clériga de todos os deuses Jacke Linne, que se misturava com as cinzas do vulcão. Isso facilitou o avançar deles, sem que fossem novamente percebidos, na direção que indicava a benção de John Falkiner, o escolhido de Bibiana. Os dois dragões de latão seguiam com eles. Quando a magia se encerrou minutos depois, eles puderam ver o movimento no pé da montanha do vulcão onde um vasto cortejo se dirigia para a colossal entrada. Eram inúmeros dragões, dos mais variados tamanhos e cores. Ao menos dois eram gargânticos, mais de meia dúzia de imensos, dezenas de grandes e médios, na maioria cromáticos, embora houvessem alguns de espécies secundárias como dragões das profundezas, dragões de sombras e dragões de areia. Também havia mais de uma centena de outras criaturas dracônicas, dos mais variados tipos, em especial alguns humanóides dracônicos que pareciam vigiar o perímetro como guardas.
Rock dos Lobos achou que havia um caminho mais simples e tentou levar todos para o plano etéreo para facilitar as coisas. Porém, ao invés disso, o furioso feiticeiro de Malkizid foi tomado por espasmos e convulsões, até que vomitou uma gosma ectoplasmática. De seu interior emergiu um espectro fantasmagórico que assumiu a forma de uma grande pustula pulsante. O estranho fantasma pairava à frente do bárbaro e passou a jorrar pus e secreções, explodindo em todas as direções e trazendo náuseas a todos, mesmo os dragões, e drenando seus atributos físicos com energia negativa, com exceção do santo Ryolith Fox. Depois de se dispersar, o fantasma assumiu a forma vagamente de um homem baixo e corcunda, enquanto sua voz soou aflita na mente de todos.
- Vocês me deixaram para morrer! Vocês me jogaram aos tubarões! Vocês destruíram a Fortaleza da Vela! - Gritava a voz atormentada. 
- Quem é você? - Disse Rock tentando se recuperar.
- Não há o que conversar, devemos destruir mais esse servo morto-vivo do mal! - Bradou Ryolith erguendo sua espada Dikaioo Ensis, a espada justa. Mas foi Ehtur quem primeiro partiu em carga e atingiu o espectro com a lança Gunghir, a certeira, que era capaz de atravessar a película do plano etéreo e atingir seres intangíveis. O golpe não pareceu abalar o fantasma.
- Não adianta atacar.. ele retornará... - alertou John Falkiner. Ele e a gnoma Jacke tentaram esconjurar o morto-vivo, mas mesmo suas fortes conexões com o plano de energia positiva não foram capazes de afugentar o inimigo. As auras de luz de Daphne e Zumbi também não chegavam a incomodá-lo. Úrsula preferiu se esconder, assim como os dois dragões.
O vingativo fantasma atormentado voou alheio aos ataques e possuiu o corpo de Daphne da Grande Floresta, transformando-a em uma criohidra e cuspindo uma dúzia de baforadas de gelo sobre o grupo. Somado às explosões de luz, o barulho chamou a atenção dos vigias dracônicos lá embaixo, que já voavam em direção a eles. Úrsula Suarzineguer disparou suas setas contra sua aliada, mas Ehtur interviu:


- Não somos seus inimigos, espírito - disse Ehtur Telcontar, que sabia que não adiantava atacar Daphne, pois isso não destruiria o fantasma, que apenas possuiria outra pessoa.
- Vocês me traíram! Vocês me abandonaram! - Aquela voz era cada vez mais familiar para todos, embora tivessem dificuldades de se lembrar das coisas naquele momento. 
- Francisco Xavier... - disse Rock dos Lobos pondo-se de pé.
- Esse não é você, Xavier. O que o atormenta? - Disse o guardião tentando entender o que prendia aquela alma, usando toda sua diplomacia para evitar ferir sua amiga druida.
O espírito não se convenceu e continuou a atacar, mudando de formas para um cronotyryn. Rock dos Lobos se concentrou novamente e dessa vez conseguiu acessar seus poderes de chave dos planos. Ele transportou a si mesmo, além de Jacke e Sirius para o plano etéreo. Enquanto isso, Ryolith investiu contra a líder possuída dos Guardiões da Natureza mais para ganhar tempo. John Falkiner clamou por seus poderes divinos, enquanto Úrsula alertou a todos que os inimigos dracônicos se aproximavam, havendo um dragão vermelho imenso com um homem de púrpura vindo também.
- Você está perdido, Xavier. Não somos nós os causadores de mal algum para você. Nós eramos seus aliados. Lutamos juntos contra o demilich de Netherill. Você já foi um ser de luz. Não se deixe consumir pelas trevas - disse Ehtur menos penalizado pelos ataques.
Foi então que eles viram os olhos de Daphne perderem o brilho vermelho e ela recuperar-se. - Eu voltarei... - Soou a voz de Xavier em suas mentes. O feiticeiro bárbaro Rock retornou e tornou a levar companheiros para o plano etéreo, pois os dragões já estavam na iminência de um ataque. O escolhido de Malkizid conseguiu levar com ele Ryolith Fox e Daphne, que assumira a forma de um gato para facilitar as coisas.
Ao chegarem novamente ao plano etéreo, eles encontraram Jacke Linne e Sirius Black tendo de combater um Assassino Etéreo. O monstro que habita o plano etéreo é como um gargântico verme com quatro braços, sendo dois terminados em pontas como foices. Nas outras mãos haviam garras, que entregavam a gnoma às pinças da enorme boca por onde foi tragada.
Rock deixou-os à própria sorte, enquanto do outro lado John Falkiner tentou levar a todos com uma benção de viagem planar. No entanto, algo desfez sua magia. Ele tentou uma vez mais e novamente foi impedido pelo homem vestido de púrpura sobre o dragão. Ürsula escondeu-se e retesou Avenger para atacar. Ehtur também estava pronto para a batalha e apenas Zumbi permanecia calmo. O dragão Alazphraxion parecia ver a chance de iniciar sua vingança, enquanto seu pequeno irmão Vultsubai se escondia.
Assim que Rock dos Lobos voltou, tentou levar a todos, mas não conseguiu nem levar nem a si mesmo. Isso deu tempo ao  homem de púrpura de lançar um efeito necromântico que drenou-lhes a água dos corpos e feriu a todos. John Falkiner aproveitou para uma nova invocação e, dessa vez, carregou todos os colegas graças à fé em Bibiana. Surgiram em algum ponto do plano etéreo, que parecia um deserto, além de haverem alguns escaravelhos etéreos, que explodiam com qualquer impacto. John Falkiner teleportou-os para o vulcão no plano etéreo. Chegaram lá, mas já não estavam lá nem os aliados nem o monstro.
Ehtur encontrou facilmente os rastros do assassino-etéreo, que iam montanha abaixo.
John Falkiner abandonou a benção para achar o caminho para Selune em favor de outra para achar Daphne. E isso indicou-lhe que ela estava na direção contrária, para sul, muito longe dali. Ainda assim, todos preferiram seguir os rastros etéreos do monstro e seguiram descendo a montanha pelo plano etéreo, já alheios aos fantasmagóricos dragões, que sequer podiam saber de sua presença naquele plano, que era como uma pelicula além do plano material, mas todo o tempo recostada sobre ele. Viam os dragões  e seus lacaios buscarem-nos incrédulos, enquanto eles avançaram velozmente.
Enquanto avançavam, Rock começou a fundir-se com a montanha do vulcao etéreo. Ele assustou-se a princípio, mas logo optou por seguir até acabar se mesclando totalmente a ela. Nesse momento, ele passou a ser um com a montanha e entendeu tudo que se dava ali. Como a atividade do Culto do Dragão estava acordando o vulcão. Percebeu onde estava cada criatura naquele lugar, por menor que ela fosse. Ele encontrou um salão, no entanto, o mais profundo de todos, que embora colossal, estava cercado por energia negativa como se houvesse ali um portal para esse plano ou até uma mescla dos dois planos.  Nào havia sinal de Daphne, Ryolith, Sirius ou Jack, nem do assassino-etéreo, mas ele sabia onde está Selune. Concentrando-se, ele conseguiu retornar aos colegas que estavam intrigados com tudo aquilo. Explicou-lhes o que ocorrera e optaram por seguir diretamente até o aposento, atravessando em linha reta o caminho.
Quando lá chegaram, perceberam o dragão de muitas cabeças no mar de trevas e diante dele o pequeno brilho como uma pequenina estrela.


- Você é um presente inesperado, pequena deusa da esperança - dizia uma das cabeças em dracônico, enquanto as outras murmuravam um cântico cruel e profano. - Com esse ritual, sua essência será profanada em minha honra e glória e meus alicerces nesse mundo estarão estabelecidos. Eu serei a nova deusa das trevas,a única senhora da escuridão, eu, Tiamat, e farei aquilo que outras falharam...
Ouvindo aquilos, eles entenderam que não havia mais tempo a perder. Rock dos Lobos usou seus poderes e carregou consigo Úrsula e Falkiner. Eles surgiram e imediatamente o clérigo de Bibiana tentou tirá-los dali, mas sua magia benigna não pareceu funcionar naquele local profano.
Todas as cabeças lançaram suas baforadas e a força tenebrosa da deusa Tiamat caiu sobre eles, que chegaram a sentir a vida afastar-se de seus corpos. Porém, uma outra enchurrada caudalosa de trevas os antecedeu e amparou o ataque, recebendo-o no lugar deles. Aquele mar de trevas tomou a forma de uma mulher.
- Eu sou Shar, a Senhora da Escuridão, pequena deusa dos dragões. Se há alguém aqui que cuidará do fim de minha irmã serei eu...
Os heróis preferiram não perder tempo, enquanto as duas deusas se degladiavam e tentaram novamente sair dali. Rock dos Lobos e John Falkiner combinaram seus poderes para reunir-se de novo aos seus aliados e sumirem dali.



15 de nov. de 2013

Pulando da frigideira...

A benção para achar o caminho de John Falkiner indicava que deviam descer o Vulcão semi-adormecido. Os heróis viam os enormes dragões vermelhos caírem  sobre eles cuspindo fogo. Úrsula buscou o corpo de Arnoux tirando o anel que viera de Rhange Hesysthance anos atrás. Ao invés de ficar invisível, no entanto, ela recebeu um tremendo choque que a derrubou catatônica. Sirius Black urgiu para ajudá-la, mas ao gastar uma de suas poções sem pensar duas vezes, percebeu que o estado da gnoma não se alterara.
Ehtur Telcontar partiu em carga, enquanto Ryolith Fox tornou a invocar seu pégaso celestial para carregá-lo para a batalha. Rock dos Lobos deixou-se tomar pela fúria, enquanto Daphne transformou-se em uma enorme criohidra de doze cabeças. A druida das muitas formas cuspiu doze baforadas gélidas contra os inimigos, deixando-os feridos. 
Quando a clériga Jack chegou para ajudar Úrsula, Sirius Black usou seu poder de fundir-se às sombras para flanquear os dragões vermelhos que o guardião de Miellikki atacara, fazendo valer o flanco de forma sangrenta. Percebeu que o poder de sua adaga de ferir mortos-vivos foi ativado, roubando seu sangue para tanto. A clériga gnoma invocou a fé em todas as divindades para remover a maldição sobre sua colega de raça, mas percebeu que o poder que a derrubara era forte. 
A proximidade permitiu a Ehtur Telcontar perceber que aqueles dragões, apesar de parecerem tão inteiros eram também mortos-vivos, provavelmente dracolichs recém-criados numa idade jovem. Zumbi dos Palimares golpeou uma das criaturas, enquanto John Falkiner usava sua fé para trazer a destruição às abominações mortas-vivas.
Ainda que fossem um tanto jovens e recém amaldiçoados, não se tratavam de inimigos quaisquer. Os dracolichs vermelhos investiram com fúria e fogo. Seus múltiplos ataques foram suficientes para tombar a criohidra Daphne antes que ela pudesse mudar de forma e se recuperar. Zumbi dos Palimares também foi vitimado. O restante do grupo intensificou os ataques para proteger seus aliados, enquanto Jacke Linne usou uma benção mais forte, expulsando o anel da mão de Úrsula e fazendo-a despertar.
O próximo passo da senescal de Daphne, foi curar sua orientadora. Enquanto isso, as cargas de Ehtur, as adagas de Sirius, a espada de Ryolith, o machado de Rock, as setas de Úrsula e as magias de Falkiner fizeram com que, um a um, os dracolichs fossem sendo derrotados pelo poder combinado.
Após recolherem os itens mágicos que os dracolichs traziam consigo, identificando um amuleto que servia para facilitar o controle sobre os mortos-vivos dracônicos, os heróis decidiram continuar seguindo o rumo indicado pela magia do servo de Bibiana. Enquanto avançavam, Ehtur Telcontar contou ao menos quatro grandes crateras, como se meteoritos recentes tivessem caído sobre a montanha do vulcão. Haviam fragmentos do que quer que tenha caído, parecendo serem as mesmas rochas firmes, uma forma de casca, mas que haviam sido recolhidas. Havia alguns rastros de dragões vermelhos e o guardião percebeu dois rastros diferentes, de dragões menores e que não eram do mesmo tipo.
Eles acompanharam esses rastros até uma caverna estreita, onde os maiores tiveram sérias dificuldades e algumas escoriações. Chegaram por fim a um túnel maior, mas que se tornava abruptamente vertical. A maioria voou, os outros foram ajudados e logo viram o que o cheiro já denunciava. Lá embaixo, ao menos seis grandes dragões jaziam mortos. Suas escamas eram de um tom de alaranjado claro. Haviam dois menores, um do tamanho de um cavalo e outro pequeno como um cachorro, que estavam cruxificados  no centro do salão. Os maiores traziam sinais de uma sangrenta batalha.
Uma rápida inspeção mostrou que os dois estavam vivos, que a sala fora pilhada e uma outra saída dali, que ia para o interior do vulcão. Os dragões de latão foram curados e soltos.


- Obrigado pela ajuda.. eu sou Alazphraxion.. esse é meu irmão Vultsubai. Seremos eternamente gratos por nos salvarem - ele disse na língua dos dragões.
- O que houve aqui? - Quis saber Ehtur.
- Nossa família.. estávamos tentando nos proteger da Estrela Vermelha.. da loucura dracônica, quando os servos do Culto do Dragão nos atacaram. Eles profanaram o vulcão.. tentamos nos esconder, mas eles nos acharam. Deixaram sua necromancia para que viessemos todos de volta como zumbis ou esqueletos para eles...
- Eu irei consagrar a área para que seus parentes descansem em paz! - Disse Jacke já tecendo uma prece para as divindades da morte e da proteção.
- Venha pequenino.. também sei o que é perder uma família... - disse Rock aproximando do pequenino Vultsubai.
- Temos de andar logo.. - lembrou Sirius.
- Há um outro caminho.. - disse Úrsula.
- O que há para lá? - Indagou Ehtur.
- O interior do vulcão... - respondeu o dragão Alazphraxion. - Muito quente, depois pequenos túneis...
- A magia indica que devemos sair.. - lembrou Falkiner. - Ela indica o caminho mais curto...
- Mas não o melhor.. - acrescentou o guardião inspecionando o caminho, que mesmo assim parecia arriscado.
- Nós precisamos chegar ao Culto do Dragão e libertar Selune.. - acrescentou Ryolith Fox.
 - Nós desejamos vingança! - Deixou o ódio transparecer Alazphraxion.
- O que são as crateras recentes lá fora? - Perguntou Ehtur retornando.
- São os ovos dos deuses dragões... foram enviados como uma benção... mas caíram nas mãos do Culto do Dragão. Que Bahamut tenha piedade de suas almas. Nós iremos com vocês... - disse o dragão de latão seguindo ao lado do paladino de Tyr.
Eles deixaram novamente a montanha, mas não demorou para serem novamente atacados. Dessa vez, não eram verdadeiros dragões, mas criaturas dracônicas sem asas, como grandes tiranossauros vermelhos, que exalavam calor e cospiam fogo.
Mais uma vez tiveram de se atirar à batalha, derrotando quase uma dezena de criaturas e tendo Jacke e Falkiner de recorrer a mais cura divina para restaurar a força de todos.

8 de nov. de 2013

Dia do Julgamento

Daphne explicara a todos do seu círculo druídico e a seus seguidores sobre seus planos. Era necessária uma força constante a zelar pela Grande Floresta. Algo maior que a constelação de círculos druídicos, vilas élficas e comunidades de outros seres e servos da natureza como centauros, treants e fadas. Essa organização não estaria ali para comandar ninguém, mas para interligar e engrandecer todos os esforços, atuando em harmonia com os deuses da natureza e todos aqueles que desejassem perpetuar o equilíbrio.
- Nós seremos os Guardiões da Natureza. Guardaremos a Grande Floresta e a vida que se espalha muito além dela. Assim como sou uma semente soprada pelo mar do litoral para florescer nesse interior, devemos ter nossos corações abertos e nossas vontades firmes. Devemos lembrar que até mesmo a escuridão e a destruição têm seu papel no grande ciclo. Todos os servos da natureza serão bem vindos se estiverem dispostos a contribuir. Temos Selune de volta, o que só pode ser uma benção e o sinal de um novo ciclo. Eu vi as escamas da serpente Dendar, um ser mais vasto do que poderia imaginar qualquer um aqui dentre nós...
Nem todos, em especial o velho druida Costeau, eram receptivos às suas palavras. Daphne já deixara a guardiã Ravena Eagle designada para acompanhar o servo de Istishia todo tempo e descobrir que segredos esconde. Ela já havia tomado o cuidado de pedir a Felícia Eagle que inspecionasse se algum dos que vieram com ela era uma cópia mágica, como ocorrera com a arquimaga Laeral. Tal tarefa foi auxiliada pela clériga Jacke Linne, uma clériga gnoma de todos os deuses que também ouvira os relatos sobre a benévola druida da Grande Floresta Daphne, serva de todos os deuses da natureza. Jack era mais experiente do que os demais seguidores que Daphne conhecera, trazendo a experiência de muitas andanças e aventuras.
Na reunião, ainda havia muito debate. Muito concordavam com Daphne, mas outros tinham receios daquela ideia. De repente, todos silenciaram ante o som de colossais asas, enquanto as folhas farfalhavam nos galhos. Logo seguiu-se o som da batalha, vindo da direção da Árvore do Grande Pai. Daphne resolveu não perder tempo e tomou nova forma como um cronotyryn, conclamando Jacke, Yorgoi, Debora e todos os demais a seguirem.  O servo de Morpheus Paulo sumiu da vista.
Mesmo com a partida do dracolich, muitas das árvores que haviam sido mortas pelas magias necromânticas deste ergueram-se como seres mortos-vivos. Foi nesse contexto que Daphne e seus Guardiões da Natureza encontraram seus aliados. Os heróis sentiam o poder nefasto emanado das criaturas, mas sem titubear lançaram-se à batalha, enquanto as árvores mortas-vivas se concentravam em atacar o treant Fangorn.
O escolhido de Bibiana Crommiel, John Falkiner, explodiu em energia positiva e implodiu um dos monstros. Ehtur Telcontar, Úrsula Suarzineguer, Rock dos Lobos e Zumbi Palimares usaram seus ataques, mas apenas o guardião conseguiu causar grandes danos com sua carga. O santo Ryolith Fox buscou esmagar aquele mal. Já Sirius Black esgueirou-se e chamou por sua amiga druida e os demais, enquanto seu coração sofria com a dor da nova perda de sua deusa. Alissah fez com que sua águia celestial a tirasse do coração do conflito.
As árvores revidaram com a força de seus troncos e com necromancia. Os heróis já não se sentiam resguardados pela proteção contra a morte de Falkiner e testemunharam o horror, quando Kavernan tombou sem vida do lombo do pégaso de Ryolith Fox. Apenas o paladino passou imune contra aquelas magias nefastas e buscou acudir o servo de Moradin que os ajudara para morrer longe de sua amada floresta. Com a ajuda de Daphne e dos recém-chegados, não tardaram as forças da natureza a eliminar aquele mal pela raiz e consagrar a área para purificá-la, evitando o retorno da ameaça 
Daphne felicitou seus companheiros e relatou a batalha com Laeral e o demilich, escutando, por sua vez, o relato de seus amigos. Sirius Black lembrava o quanto era urgente que partissem para resgatar Selune e pensando intensamente na deusa da lua, viu surgirem imagens desconexas em sua mente. Um vulcão. Homem vestindo púrpura. Um colossal dragão de ossos. Muitos dragões de ossos.
Enquanto ainda amparavam o ladino de Selune, o tempo-espaco pareceu estremecer e um rasgo cortou o ar como um portal dimensional. Lá de dentro surgiram quatro humanóides mecânicos, como golens extraplanares, quatro inevitáveis. Na verdade, os olhos dos heróis já haviam visto criaturas como aquela quando do julgamento de Rock dos Lobos, que já se agarrava a seus poderes de chave dos planos, temendo ser o alvo de uma nova busca. 
- Baixem suas armas e nos acompanhem para que sejam julgados, mortais de Abeir-Toril - disse o primeiro deles.
- Eu não fiz nada.. - saiu gritando Rock.
- Qual é a acusação? - Disse Ehtur Telcontar com resistência.
- Perturbar o tecido da existência através de viagens temporais - respondeu no mesmo tom mecânico e ritmado a criatura.
- Não sabemos nada sobre isso.. nós somos pessoas ocupadas que devem salvar uma deusa e.. - a voz de Sirius Black faltou após um simples piscar dos olhos vermelhos brilhantes da criatura.
- Não é dada voz aos que buscam rebuscar as palavras - disse o inevitável, um dos seres que viviam em Meccanus, o plano da ordem e da neutralidade.
- Não sabemos nada sobre isso.. - disse Daphne com diplomacia repetindo as palavras de Sirius.. - Nós somos pessoas como severas obrigações que devem salvar uma deusa.. a deusa da lua Selune em sua nova encarnação. Nada sabemos sobre viagens no tempo.
- Você, Daphne da Grande Floresta, de nada é acusada, assim como a maior parte dos que estão aqui: a acusação recaí sobre Ehtur Telcontar da Grande Floresta, Úrsula Suarzineguer de Brasillis, Sirius Black de Águas Profundas, Ryolith Fox de Cormyr, John Falkiner de Soubar, Rock da tribo dos Lobos e o arquimago Mun-ha de Netherill, pois carregam em si os riscos de uma existência alternativa e perturbadora desta.
- Nós realmente não sabemos nada sobre isso! - Afirmou Ryolith Fox com convicção.
- Permitam que eu inspecione vossas mentes sobre isso e se falam a verdade serão deixados em paz.
- Que assim seja.. - disse o santo paladino de Tyr.
O inevitável começou inspecionando a mente de Rock dos Lobos e novamente seus olhos tornaram a piscar.
- Você é um criminoso com contas a acertar com o universo. Aquela que paga por seus crimes logo terá a essência findada e você será convocado a responder por suas faltas! Mas hoje não é esta a razão dessa convocação e não há em sua mente lembranças do episódio.
O ser de outro plano inspecionou as mentes de John Falkiner, de Ryolith Fox, de Úrsula Suarzineguer e Sirius Black, mas não encontrou nada que fundamentasse suas palavras. Fazendo apenas comentários com sua percepção ampliada das memórias. Quando chegou a vez do guardião Ehtur Telcontar, ele encontrou o que procurava. A mente de todos os envolvidos foi assaltada pelas imagens de Ehtur lutando contra um orc imenso como um troll, no perímetro da Grande Floresta à vista do treant Turlang e de um belo unicórnio. Disso decorreu que suas mentes foram assaltadas por tudo que viveram nessa vida paralela, causada pelo desejo desvirtuado do arquimago demilich de Netherill.
- Há uma lembrança que os incrimina!
- Mas só nos lembramos dela, porque você nos fez lembrar... - protestou novamente Sirius para perder a voz novamente. 
- Pulsões de existências e reverberações cósmicas acabariam por trazer a todos vocês vislumbres daquilo que não foi, mas ao ter sido deslocou todo o tecido da existência. - O invitável fez sinal de que o seguissem.
- Eu não vi o que vocês viram.. - interviu Daphne. - Mas não podemos partir, pois as forças de nosso mundo dependem de nós.
Ehtur e Úrsula já impacientes pensavam em pegar suas armas. Num piscar de olhos, no entanto, como se o tempo tivesse parado, todos eles estavam envoltos por uma cela hermética de força.
- Não se preocupem com o tempo, pois em Meccanus ele não se dá na perspectiva deste vosso mundo. 
Alguns dos heróis como Sirius e Falkiner mostraram que podiam escapar daquela prisão mágica, mas mesmo assim, por fim, todos concordaram em acompanhar os arautos do julgamento. Eles seguiram pelo portal entre os planos, levando também Daphne como advogada. 
A perfeição artificial do plano de Meccanus, como antes, os surpreendeu. Tudo parecia estar em seu devido lugar e nenhum movimento era disperdiçado. Tudo e todos tinham a precisão de um relógio, atuando como um único mecanismo integrado. Eles foram conduzidos pelas avenidas amplas, cercadas de edifícios e construções plenas de movimento.

O destino deles foi uma enorme pirâmide de amplos degraus. O que parecera a entrada moveu-se e eles ouviram a mesma voz que partira do arauto.
- A acusação recaí sobre Ehtur Telcontar da Grande Floresta, Úrsula Suarzineguer de Brasillis, Sirius Black de Águas Profundas, Ryolith Fox de Cormyr, John Falkiner de Soubar, Rock da tribo dos Lobos e o arquimago Mun-ha de Netherill  pois carregam em si os riscos de uma existência alternativa e perturbadora desta. Como vocês se declaram?
- Esse julgamento é uma farsa... - protestou Ehtur. - Eu não reconheço essas acusações...
- Quem são nossos acusadores? - Gritou também Úrsula.
- Não há legitimidade nessa corte se não estão presentes todos os réus - acrescentou Ryolith.
- Creio que meus amigos querem mostrar que são inocentes, excelência - tentou melhorar as coisas Daphne.
- O arquimago de Netheril Mun-ha aqui não se encontra, pois sua situação é distinta, sendo considerado culpado e tendo pena mais severa a responder. Quem os acusa são as forças primordias que governam a existência. 
- Nós não fizemos nada... - insistiu Ehtur. 
- No dia 27 de uktar do ano dos dragões ladinos do calendário de Harptos de Abeir-Toril, vocês que aqui são acusados travaram batalha com o arquimago de Netheril Mun-ha nas ruínas da cidade litorânea da Costa da Espada Norte de nome Luskan, tomando parte nos efeitos de uma magia de Desejo Épico que acabou por transfigurar o tecido da realidade cósmica. A existência alterada de vocês foi transportada para um recorte temporal, criando um lócus alternativo a esta realidade, sendo resolvido pelo cetro primordial, em Abeir-Toril denominado Cetro de Lathander, que os enviou de volta, pondo ponto final ao problema.
- Eu não participei dessa batalha.. - questiionou Falkiner.
- Mas participou do efeito - respondeu prontamente a pirâmide inevitável. - Esteve ligado a ele por um artefato redimido denominado Cetro de Bibiana, anteriormente Cetro de Orcus. Assim como cabe sanção a Francisco Xavier da Fortaleza da Vela, que pereceu e cuja alma se perdeu além do alcance do cetro.
- Como pode chamar isso de julgamento? Como podemos ser julgados se o principal responsável não está aqui? - Tornou a protestar o guardião de Miellikki.
- Eu acredito na justeza do julgamento, mas concordo com meu amigo de que há problemas aqui. - Concordou o santo paladino de Tyr.
- A sentença do arquimago de Netheril Mun-ha está decretada: ele será aprisionado no plano de Cárceres por 1200 anos sem qualquer direito. Poderá circular pelo Plano Prisão depois disso, mas como todos seus habitantes, nunca mais irá deixá-lo. Quanto a vocês, terão todas as suas lembranças obliteradas quanto ao acontecido e mesmo aquelas que possam vir a remeter a elas. Serão devolvidos a Abeir-Toril até que nosso próximo encontro deva acontecer. - Após aquelas palavras, todos eles, como exceção de Daphne, sentiram as testas queimarem no centro, onde surgiu um símbolo de um triângulo dentro de um círculo, que sumiu logo depois. - Esta marca os lembrará da missão que agora os guia como protetores do equilíbrio planar. Afastem-se do equilíbrio e sentirão tudo lhes faltar.
Depois dessa última palavra, como num piscar de olhos, eles estavam de volta à Grande Floresta. As memórias permaneciam em suas mentes e não sentiam nenhuma mudança, não havia sinal da marca, mas já não havia nada de Mecannus ou dos inevitáveis. Ehtur apressou-se em contar tudo para todos que por ali estavam, indo na direção de Alissah, que aguardava com a preocupação de sempre. Os olhos de Úrsula, no entanto, encontraram uma espiã nas sombras das árvores.
- Ei, quem é você? Vamos responda...
A mulher se moveu pelas sombras como Sirius Black costumava fazer. Ela sorriu com uma simpatia marota, baixando o capuz e deixando todos verem seus traços meio élficos, meio humanos. Era bela, com fartos cabelos cacheados e orelhas levemente pontudas. Os olhos azuis brilhavam contrastando com os cabelos negros.
- Meu nome é Siath Led Ocaith.. eu sou uma embaixatriz que vem lhes estender a mão... - ela disse na língua dos gnomos.
- A mão de quem? - Desconfiou Úrsula.
- Szaas Tam oferece ajuda contra o demilich de Netheril. Ele oferta ajuda.. e seu marido, Úrsula.. como prova de boa vontade...
- Não há nada de bom em Szaas Tam... - as palavras escaparam com rancor dos lábios de Daphne, que se lembrava do que sofrera nas mãos daquele monstro.
- Nós não negociamos com o mal! - Bradou Ryolith.
- Me parece que vocês precisam de ajuda para salvar a deusa da lua e para encontrar os inúmeros receptáculos do espírito do demilich, não é mesmo? - Siath sorria com certa arrogância charmosa, enquanto parecia paquerar Sirius com os olhos.
- E o que Szaas Tam quer em troca? - Disse Ehutr com sua lança Gungnir, a certeira, em mãos.
- Apenas o reconhecimento de sua supremacia sobre as terras do sul e do leste - disse a mulher se aproximando de Black, que parecia preferir evitá-la protegendo-se atrás de Daphne.
- Apenas o reconhecimento? - Questionou o ladino de Selune.
- Nào somos nós quem pode dar esse reconhecimento... - completou o escolhido de Bibiana.
- E de que vale nosso reconhecimento? - questionou o escolhido de Malkizid.
- Vocês devem buscar pelos grandes reis e regentes das principais cidades... - concordou Ryolith, que não sentia o mal na mulher.
- Águas Profundas não existe mais. Nova Netherill findou em ruínas. Cormyr foi invadida por Sembia com o apoio do Forte de Zhentil. Das maiores metrópoles aos menores vilarejos, restam apenas as ruínas após o vôo dos dragões. O leste já é de Thay. Quem responde por essas terras agora se não os destemidos servos da natureza da Grande Floresta?
- Não nos cabe nenhuma decisão desse tipo... - disse Daphne com diplomacia e calma.
- Me entregue meu marido como prova de boa vontade, como você diz... - interviu Úrsula.
- Aqui está... - Siath disse colocando a mão em uma bolsa mágica e atirando o cadáver multilado de um gnomo para Úrsula, que abraçou-o vendo ser seu marido. - E quanto à prova de boa vontade de vocês?
- Aqui está.. - disse Ehtur partindo em carga contra a embaixadora do lich de Thay. O golpe foi certeiro e teria custado a vida dela, se uma esquiva sobrenatural não a permitisse evitar a maior parte do dano, além das setas de Úrsula que seguiram-se.
- É assim que tratam os mensageiros? - Debochou Siath recuando.
- Calma, guardião Ehtur. - Gritou Zumbi aproximando-se e usando sua aura de paz para fazer todos baixarem as armas.
- A oferta está feita... - E Siath desapareceu mergulhando nas sombras.
- Chega de perder tempo.. temos de salvar Selune!!! - Gritou Sirius atraindo a atenção de todos.
- Partamos antes que algo mais nos retarde.. - disse John Falkiner usando um teleporte e levando alguns de seus camaradas para o lugar que Sirius descrevera, enquanto Jacke levou os demais.
Eles surgiram no alto de um vulcão e logo viram quatro dragões vermelhos voando em sua direção, cuspindo fogo e acabando com a paz que Zumbi lhes infundira.