Eles sequer podiam acreditar que estavam ainda vivos. A deusa Bibiana curava-os pela mera presença em seu reino, enquanto acolhia-os, agora à salvo do demilich. A criatura fora capaz de os perseguir pelos incontáveis planos que Rock dos Lobos os fez cruzar. Era como se aquele pequeno crânio flutuante simplesmente estivesse em todos aqueles lugares ao mesmo tempo. Bibiana Crommiel conseguiu excomungar o morto-vivo de seu reino, embora isso não o tenha intimidado. Eles viram o demilich destruir 2 solares com um só pensamento quando passaram pelos Sete Céus antes de aqui chegar. Ele partira, mas levara a alma de Ryolith Fox e Francisco Xavier. Eles teriam tido o mesmo destino, já estando Ehtur Telcontar paralisado, muito embora tenha conseguido causar grande dano à criatura com uma carga polimorfizado em um gigante de pedra. Os demais não haviam conseguido nada.
A deusa removeu as maldições e os curou como fizera quando era apenas uma clériga do antigo deus dos elfos. Ela colocou os quatro sobreviventes para descansar e disse que teria respostas quando despertassem.
Eles se recuperaram como nenhum outro sono que jamais tenham experimentado. Não sonharam. Bibiana Crommiel aguardava por eles com certas respostas.
- O demilich que vocês libertaram..
- Nós não libertamos ninguém! - Cortou-a Ehtur.
- Nós salvamos o povo.. - disse Sirius.
- Ele escapou da torre que foi destruída pelos dragões - acrescentou Rock.
- O paladino o atacou e tivemos que ir atrás - completou o guardião ainda sem paciência.
- De qualquer forma, ele é um antigo arquimago de Netherill. Ao que tudo indica, não pode ser realmente destruído..
- Temos de destruir a gema onde está a alma dele... - começou a dizer Ehtur, mas dessa vez, Bibiana continuou.
- Ele possui dez deles. Não temos a menor ideia de onde possam estar. Ele não pode ser destruído, apenas aprisionado. Khelbel e Laeral Arunsun o aprisionaram lá 700 anos atrás. Quando vocês chegaram a Luskan com a filha de Mystra, a corja de seguidores do demilich teve a chance de libertá-lo. Eles substituíram a verdadeira Laeral por um clone mágico, que está agora sob os serviços do monstro e atuando contra Daphne, Déborah, Yorgói e os refugiados. Ele já absorveu dezenas de almas e levantou uma horda de mortos-vivos, que marchará contra o sul. Em uma dia, ele absorverá a alma de Ryolith totalmente e depois será a vez de Xavier.
- Você tem que salvá-los! - Definiu Úrsula.
- Isso está além do meu alcance.. ainda estou me acostumando à burocracia divina.
- Diga para Mystra que eles mataram a filha dela.. - resolveu Sirius.
- Mystra sabe de toda essa conversa no momento em que você falou o nome dela, Sirius. Uma das coisas mais difíceis é aguentar esse exército de vozes na sua cabeça. São como pensamentos indesejados e insistentes quando se deseja dormir. Tenho certeza de que ela está mais a par da situação do que nós e meus informantes. Além disso, dragões atacaram várias grandes cidades do mundo e dracolichs estão se erguendo comandados pelo Culto do Dragão.
- Talvez seja melhor ficarmos por aqui... - pensou Sirius.
- Vamos salvar o corpo de Arnoux em Thay! - Propôs Úrsula.
- Nós temos que destruir o demilich! - Ehtur disse em um tom elevado. - Como libertamos as almas?
- Partindo as gemas que servem de prisão.. os olhos do demilich.
- Mal conseguímos acertá-lo.. não há uma segunda chance...
- Talvez você precise da ajuda e da arma certa, Ehtur!
- Quem?
- Khelben? - Interrompeu Úrsula.
- Khelben está morto, assim como Laeral, Alustriel, Symbul e Elminster. Vocês devem procurar por John Falkiner!
- Ele possui meu cetro.. o antigo cetro de Orcus, que meu poder e a fé dos elfos purificaram e redimiram como um instrumento da vida e da ressurreição. O cetro é um artefato que tem o poder para atingir até mesmo a essência difusa e escorregadia do demilich.
A deusa os enviou com sua benção para Evereska, onde seu escolhido John Falkiner os aguardava com Juarez e seus outros seguidores. O clérigo de Bibiana providenciara poções e pergaminhos para que levassem nessa difícil missão, muito embora a ele ainda coubesse a proteção de seu rebanho. Passou o cetro da deusa ao colega guardião como ela lhe indicara.
Rock aproveitou o tempo para ver Marissa. Apesar dos apelos dela, ele lhe repetiu que ainda havia o que fazer para salvar tudo e todos, mas que ele nunca se esquecia dela. O bárbaro beijou a elfa e retornou para junto dos colegas, que já estavam irritados com a demora. Partiram com um teleporte.
Surgiram diante das ruínas de Luskan. Naquele início de manhã, um dia após a destruição pelos dragões e o aparecimento do demilich era como se a cidade, antes um refúgio de normalidade ante os problemas do sul, fosse agora o lar da morte e das energias profanas. Incontáveis devoradores mortos-vivos grandes como um troll vagavam recolhendo outros cadáveres ainda totalmente mortos. Outros moviam os escombros como que liberando caminho. Um grupo estava concentrado na torre, que parecia começar a reerguer. Rock via a forma espectral da torre que não deixara de existir no plano etéreo, a mesma que ele viu antes do surgimento do arquimago morto-vivo.
O pequeno crânio humano apareceu diante deles flutuando à frente das ruínas. Os diamantes em seus olhos brilhavam com o fluxo rubro das almas atormentadas em seu interior.
- Eu sabia que você voltaria, Chave dos Planos. Sabia que não era preciso insistir com a débil divindade, que você cuidaria de voltar pra mim... Deixe de lado esses tolos mortais e venha comigo.. seja meu arauto.. eu posso torná-lo um lich imortal a meu serviço.
- Eu não estou procurando um senhor.. eu sirvo a Malkizid.
- O anjo caído não é uma má opção, mas não pode oferecer o que eu posso.. o domínio de tudo.
- Seu tempo acabou! - Disse Ehtur sem mais esperar e investindo contra o morto-vivo ancestral. Ele golpeou em carga de cetro em punhos. O ataque venceu as defesas do demilich como se puras energias positivas o envolvessem. As gemas que lhe serviam de olhos trincaram. O demilich, no entanto, não se deteve, ele absorveu Rock. Ao contrário dos demais, o bárbaro não deixou um corpo vazio para trás, sendo totalmente sugado para o interior da gema. Além disso, o demilich atacou o guardião com suas forças negativas necromânticas. O servo de Miellikki perdeu a maior parte de seu vigor, mas resistiu à paralisia dessa vez.
Sirius Black aproveitou para pegar o artefato e tentar a sorte. Porém seus ataques não tiveram o mesmo sucesso. A investida serviu apenas para atrair a atenção do morto-vivo. O demilich absorveu Sirius, aproveitando para recuperar-se dos ataques com a energia absorvida das novas almas coletadas. Ehtur Telcontar tomou o cetro de Bibiana das mãos do corpo sem vida de Sirius e atacou de novo. Dessa vez, a investida da qual dependiam a vida de todos ali, atingiu o monstro com uma violência épica. A energia positiva explodiu um dos olhos do demilich. Isso libertou Francisco Xavier e Sirius Black. A alma de Xavier pairou aturdida, enquanto a do ladino retornou ao corpo. Além deles, um dos solares e várias almas de gnomos e humanos buscavam entender o que acontecia.
A fúria do antigo arquimago de Netherill era terrível como o risco que ele corria. Talvez bastasse sugar a alma de Ehtur, mas como regenerar a essência destruída se não com mais almas. Percebendo o risco, Sirius Black se ergueu com um ardilosa "coragem":
- Parece que seu pífio poder é incapaz de resistir a um grupo de aventureiros e um artefato de uma deusa caloura. Já escapei de mortes mais complicadas na juventude. Talvez esses 700 anos aprisionado naquela torre tenham custado sua verdadeira capacidade de representar uma ameaça minimamente importante. Melhor irmos atrás dos dragões, que você deve ter esperado partir, porque eram demais para você, demi...
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