21 de jun. de 2013

Cuidado com o que se deseja ou voltando para o 1o nível...

Ehtur Telcontar e Úrsula Suarzineguer viram-se como os únicos sobreviventes após a partida do demilich. Além deles, havia um anjo solar e pairava o espectro de Francisco Xavier recém-libertado, mas sem um corpo para chamar de seu. Diante deles, avançando sobre os escombros, havia uma horda de devoradores mortos-vivos, que ainda desejavam destruí-los.
O guardião voou e Úrsula subiu nas costas do solar, que usou seus poderes celestiais para saber que o demilich havia se refugiado na torre da cidade. Rumaram para lá, mas os gigantes mortos-vivos, que eram capazes de capturar essências em seus ventres, dispararam magias que confundiram as mentes do trio. Eram tantas, que mesmo a vontade do solar enfim cedeu. Confusos pelo poder, eles passaram a se atacar. Úrsula fuzilou o solar, que a golpeou, enquanto Ehtur apenas babou. Bastou outro ataque da matadora de magos com Avenger para o anjo dos sete céus tombar como uma ave abatida, enquanto a gnoma buscava aplainar a queda em suas asas.
Ehtur recobrou a sede por atacar alguém, quando uma nova leva de ataques dos devoradores caiu sobre eles. Os raios de enfraquecimento roubaram a força de seus músculos. Úrsula foi atingida por quatro raios e seu corpo tombou como uma massa de carne flácida contra o chão. O guardião foi menos afetado e conseguiu avançar contra o mais próximo dos inimigos. Ainda tendo forças para empunhar o cetro de Bibiana, cada golpe seu levava ao fim um morto-vivo. Mesmo assim, havia uma horda deles nas ruínas de Luskan. O servo de Miellikki reconheceu dois cadáveres entre os devoradores, os zumbis de Francisco Xavier e Ryolith Fox. A alma do mago da Fortaleza da Vela passou a lutar pelo controle do corpo, possuindo-o e causando espasmos frenéticos.
Enquanto isso, próximo dali, Rock dos Lobos, a chave dos planos, começou a tornar-se mais consciente de si no interior da gema do demilich. Ele lutou para libertar-se e atingir outro plano, mas percebeu que o mal do arquimago morto-vivo o enfraquecia demais. Ele tentou, então, esconjurar seus aliados que estavam ali aprisionados. Dessa vez teve sucesso. O bárbaro sentiu que todas as almas ali alojadas retornaram imediatamente para seus corpos e seus respectivos planos.
Com isso, o zumbi de Ryolith Fox explodiu em uma luz ofuscante, que incomodou os devoradores. O santo servo de Tyr ressurgiu empunhando Diakaioo Ensis, a espada justa. O paladino passou a investir contra os mortos-vivos, enquanto Xavier ainda lutava pelo controle do seu corpo. Úrsula viu-se livre da confusão com a queda e passou a tentar escorrer para baixo dos escombros das ruínas da cidade. Ao mesmo tempo, ela contou com a sorte para ativar a varinha de restauração menor, recuperando um pouco de sua força. Ehtur seguia destruindo 4, 5 devoradores, mas via que dezenas vinham se aproximando. Mesmo o retorno do santo Ryolith Fox não fora suficiente para mudar a balança em favor deles, que disparavam raios enfraquecedores e tentavam sugar suas almas.
Ainda fora das ruínas, Sirius Black despertou desnorteado de volta a seu corpo. O ladino resolveu se aproximar com cautela tendo em mãos sua adaga contra mortos-vivos. Ele mergulhou nas sombras para fazer uma parada estratégica junto ao cadáver do solar e dali para próximo de seu santo aliado.
Rock dos Lobos tentou escapar para um plano contíguo e conseguiu escorregar para o plano etéreo. Ali encontrou o demilich na torre ainda existente em toda sua totalidade. Ele conversava com um serviçal lich. O arquimago de Netherill percebeu o truque de Rock e resolveu dar uma demonstração real de seu poder à jovem chave dos planos. Com um desejo mágico, o demilich aprisionou Rock dos Lobos à torre da mesma forma que tinha sido feito com ele séculos antes. O bárbaro viu-se livre da gema, mas sentia que sua essência estava presa àquele lugar do plano etéreo, incapaz de usar seus poderes para sair dali.
Os demais, vendo ser inútil permanecer mais tempo no confronto com a horda de devoradores, avançaram para a torre. Com a aproximação deles, Rock conseguiu trazê-los para o plano etéreo, onde viram-se num espectro concreto da torre material de Luskan. O demilich mesmo totalmente recuperado parecia não acreditar na insistência dos heróis.
- Mas o que diabos é preciso para acabar com vocês? - Queixou-se ele antes de conjurar mais uma magia.
- Mais do que você possua! - Bradou Ehtur Telcontar atingindo-o com o Cetro de Bibiana. A carga
disparou o poder do artefato, mas desta vez o guardião percebeu que uma parte fora absorvida pelas defesas mágicas do demilich, que parecia mais forte na torre. Sirius Black usou de sua adaga para ceifar parte das forças do morto-vivo, enquanto o paladino clamava por Tyr para esmagar aquele mal.
O demilich invocou um novo desejo. Esse, no entanto, não era um desejo comum, do tipo acessível a qualquer mago antigo e poderoso. Rock dos Lobos via que era algo épico e profano, talvez uma magia única. Foi nesse momento que Xavier retomou o controle de seu corpo, muito embora ainda parecesse um zumbi corcunda. Ele usou uma magia para dispelar o desejo do arquimago morto-vivo. Apesar da presteza, a intensidade não foi suficiente. Nesse instante, apesar de preso, Rock dos Lobos deu-se conta de tramas mais primordiais conformadoras da realidade. Como se o próprio tempo recuasse um passo, ele fez com que uma nova chance fosse dado ao mago da Fortaleza da Vela. Mesmo estando preso, sentia seus poderes transcenderem. Com maior convicção, Francisco Xavier viu sua anti-magia negar o poder ancestral do demilich, livrando seus aliados das palavras daquele mal milenar.
Ainda assim, a fúria crescente dele foi capaz de sugar mais uma vez a alma de Sirius Black, fazendo tomar o corpo inerte. Ehtur desferiu mais ataques flanqueando com Ryolith Fox. Sabiam que não teriam outra chance, mas viram que seus golpes não foram suficientes para findar o pequeno crânio flutuante.
Com um brilho sinistro em seus olhos de diamante, o demilich sugou a alma do mago para certificar-se de que nada negaria seu próximo desejo épico, desta vez, temperado por um ódio que ele não sentia há muito tempo:
- Eu desejo que suas existências insignificantes deixem o meu caminho e pereçam ante o meu poder!

(...)

Sirius Black abriu os olhos sentindo o cheiro podre dos cais de Águas Profundas. Sentia um pouco de dor de cabeça de alguma ressaca, muito provavelmente. Diante dele estavam algumas pessoas em uma espécie de círculo.
- Quem são vocês? - Ele perguntou.
- Eu sou Ehtur Telcontar - disse o sujeito grande e loiro que parecia-lhe vir do norte ou do mato.
- Eu sou Ryolith Fox e acho que você tem algo haver com eu não saber o porquê de estar aqui.. - disse o sujeito de armadura completa e sotaque do sul.
- Eu também não deveria estar aqui.. - acrescentou o bárbaro vestindo peles.
- Onde nós estamos? - Perguntou o gnomo que segurava a mão da esposa.
- Eu sou um mago da Fortaleza da Vela, não sei que lugar é esse.
- É Águas Profundas.. vocês estão no porto - disse o jovem Sirius Black vendo que aquela era certamente uma das ressacas mais estranhas de seus 18 anos. - Se tiverem alguns trocados, eu posso ajudá-los.. levá-los a algum lugar...
- Por que deveríamos pagá-lo? - Protestou Ryolith detectando o mal. - Eu vejo uma aura cinzenta ao seu redor, Sirius Black.
- Cinzento não é negro.. - disse Sirius rapidamente. - Eu posso guiá-los até onde queiram descobrir o que se passa..
- Eu vou embora.. deveria estar na Grande Floresta.. - disse Ehtur.
- Eu sou de Cormyr - respondeu Ryolith. - Sou um paladino de Tyr de Suzail. Talvez um templo possa nos trazer algumas respostas...
- Ou uma guilda mágica.. - ponderou o mago. - Eu sou Francisco Xavier.
- Eu sou Arnoux e essa é Úrsula.. ela não fala a língua dos humanos do norte - disse o gnomo com um ar protetor.
- Bem, se abrirem suas carteiras posso levar vocês lá.. - disse o ladino percebendo que algumas coisas estavam estranhas. Haviam coisas das quais não se lembrava e faltavam coisas que estariam ali, como a placa recém-pintada do bar do Beholder Caolho sobre a qual seu amigo Biel vomitara há uma semana e que tinha uma bela pintura satírica do monstro cheio de olhos. Em seu lugar estava apenas uma tábua velha escrita Beholder Caolho de maneira tosca. - Esse lugar aqui mesmo é uma tradicional pocilga local do meu amigo Kléberson.. - ele disse caminhando até a entrada e abrindo. Lá dentro, não reconheceu ninguém, enquanto os outros já pensavam em ignorar o citadino e seguir. - O muié, quede Kléberson?
- Klebersinho? - Perguntou a atendente meio-orc enquanto servia umas canecas na mesa.
- O Kléberson dono desse bar, mulher!
- O Kléberson é fio do seu Kluriston, que é o dono do bar - respondeu a mulher dando as costas para Sirius.
- O que? - Sirius ficou perturbado com aquilo. - Que ano é esse? - Perguntou a um dos homens bebendo.
- 1348...
- Não é possível.. devia ser 1358...
- Esse aí já está bêbado.. - riram os outros membros da mesa, enquanto Sirius saiu atordoado para ter com os demais, que já compartilhavam da surpresa.
- Tinha que ser 1343.. - afirmou Arnoux, o gnomo.
- Para mim seria, 1359.. - falou Ehtur.
- 1360 para mim.. - disse Xavier. - Por algum motivo estamos deslocados no tempo. Eu simpatizo com você, Sirius, Leve-nos até a guilda arcana mais próximo.
Sirius Black assim o fez. Logo chegaram a Alfarrábios e Afins - Guilda Mágica e Escola de Magia, onde encontraram outro gnomo que parecia perdido e recém chegado à cidade.
- Prazer, sou Yorgói Dossantis.. estou atrás de emprego e soube que há uma guilda pro..
- Eu posso levá-lo lá por algumas moedas.
- Aqui estão.. 5.. - disse o gnomo parecendo satisfeito com a solicitude. Sirius recebeu o ouro e virou o gnomo para o prédio.
- É aqui. - Aproveitaram para seguir o gnomo até o interior da guilda. Enquanto ele foi contratado, perceberam que não teriam ali maiores respostas.
- É melhor buscarmos um templo.. - insistiu Ehtur.
- Vocês vão.. eu tenho que ir até um orfanato...


12 de jun. de 2013

O que pode ser pior do que um lich?

Eles sequer podiam acreditar que estavam ainda vivos. A deusa Bibiana curava-os pela mera presença em seu reino, enquanto acolhia-os, agora à salvo do demilich. A criatura fora capaz de os perseguir pelos incontáveis planos que Rock dos Lobos os fez cruzar. Era como se aquele pequeno crânio flutuante simplesmente estivesse em todos aqueles lugares ao mesmo tempo. Bibiana Crommiel conseguiu excomungar o morto-vivo de seu reino, embora isso não o tenha intimidado. Eles viram o demilich destruir 2 solares com um só pensamento quando passaram pelos Sete Céus antes de aqui chegar. Ele partira, mas levara a alma de Ryolith Fox e Francisco Xavier. Eles teriam tido o mesmo destino, já estando Ehtur Telcontar paralisado, muito embora tenha conseguido causar grande dano à criatura com uma carga polimorfizado em um gigante de pedra. Os demais não haviam conseguido nada.
A deusa removeu as maldições e os curou como fizera quando era apenas uma clériga do antigo deus dos elfos. Ela colocou os quatro sobreviventes para descansar e disse que teria respostas quando despertassem.
Eles se recuperaram como nenhum outro sono que jamais tenham experimentado. Não sonharam. Bibiana Crommiel aguardava por eles com certas respostas.
- O demilich que vocês libertaram..
- Nós não libertamos ninguém! - Cortou-a Ehtur.
- Nós salvamos o povo.. - disse Sirius.
- Ele escapou da torre que foi destruída pelos dragões - acrescentou Rock.
- O paladino o atacou e tivemos que ir atrás - completou o guardião ainda sem paciência.
- De qualquer forma, ele é um antigo arquimago de Netherill. Ao que tudo indica, não pode ser realmente destruído..
- Temos de destruir a gema onde está a alma dele... - começou a dizer Ehtur, mas dessa vez, Bibiana continuou.
- Ele possui dez deles. Não temos a menor ideia de onde possam estar. Ele não pode ser destruído, apenas aprisionado. Khelbel e Laeral Arunsun o aprisionaram lá 700 anos atrás. Quando vocês chegaram a Luskan com a filha de Mystra, a corja de seguidores do demilich teve a chance de libertá-lo. Eles substituíram a verdadeira Laeral por um clone mágico, que está agora sob os serviços do monstro e atuando contra Daphne, Déborah, Yorgói e os refugiados. Ele já absorveu dezenas de almas e levantou uma horda de mortos-vivos, que marchará contra o sul. Em uma dia, ele absorverá a alma de Ryolith totalmente e depois será a vez de Xavier.
- Você tem que salvá-los! - Definiu Úrsula.
- Isso está além do meu alcance.. ainda estou me acostumando à burocracia divina.
- Diga para Mystra que eles mataram a filha dela.. - resolveu Sirius.
- Mystra sabe de toda essa conversa no momento em que você falou o nome dela, Sirius. Uma das coisas mais difíceis é aguentar esse exército de vozes na sua cabeça. São como pensamentos indesejados e insistentes quando se deseja dormir. Tenho certeza de que ela está mais a par da situação do que nós e meus informantes. Além disso, dragões atacaram várias grandes cidades do mundo e dracolichs estão se erguendo comandados pelo Culto do Dragão.
- Talvez seja melhor ficarmos por aqui... - pensou Sirius.
- Vamos salvar o corpo de Arnoux em Thay! - Propôs Úrsula.
- Nós temos que destruir o demilich! - Ehtur disse em um tom elevado. - Como libertamos as almas?
- Partindo as gemas que servem de prisão.. os olhos do demilich.
- Mal conseguímos acertá-lo.. não há uma segunda chance...
- Talvez você precise da ajuda e da arma certa, Ehtur!
- Quem?
- Khelben? - Interrompeu Úrsula.
- Khelben está morto, assim como Laeral, Alustriel, Symbul e Elminster. Vocês devem procurar por John Falkiner!
- Que diferença faz o Falkiner.. ele não é páreo para o demilich. - desdenhou Rock dos Lobos.
- Ele possui meu cetro.. o antigo cetro de Orcus, que meu poder e a fé dos elfos purificaram e redimiram como um instrumento da vida e da ressurreição. O cetro é um artefato que tem o poder para atingir até mesmo a essência difusa e escorregadia do demilich.

A deusa os enviou com sua benção para Evereska, onde seu escolhido John Falkiner os aguardava com Juarez e seus outros seguidores. O clérigo de Bibiana providenciara poções e pergaminhos para que levassem nessa difícil missão, muito embora a ele ainda coubesse a proteção de seu rebanho. Passou o cetro da deusa ao colega guardião como ela lhe indicara.
Rock aproveitou o tempo para ver Marissa. Apesar dos apelos dela, ele lhe repetiu que ainda havia o que fazer para salvar tudo e todos, mas que ele nunca se esquecia dela. O bárbaro beijou a elfa e retornou para junto dos colegas, que já estavam irritados com a demora. Partiram com um teleporte.
Surgiram diante das ruínas de Luskan.  Naquele início de manhã, um dia após a destruição pelos dragões e o aparecimento do demilich era como se a cidade, antes um refúgio de normalidade ante os problemas do sul, fosse agora o lar da morte e das energias profanas. Incontáveis devoradores mortos-vivos grandes como um troll vagavam recolhendo outros cadáveres ainda totalmente mortos. Outros moviam os escombros como que liberando caminho. Um grupo estava concentrado na torre, que parecia começar a reerguer. Rock via a forma espectral da torre que não deixara de existir no plano etéreo, a mesma que ele viu antes do surgimento do arquimago morto-vivo.
O pequeno crânio humano apareceu diante deles flutuando à frente das ruínas. Os diamantes em seus olhos brilhavam com o fluxo rubro das almas atormentadas em seu interior.
- Eu sabia que você voltaria, Chave dos Planos. Sabia que não era preciso insistir com a débil divindade, que você cuidaria de voltar pra mim... Deixe de lado esses tolos mortais e venha comigo.. seja meu arauto.. eu posso torná-lo um lich imortal a meu serviço.
- Eu não estou procurando um senhor.. eu sirvo a Malkizid.
- O anjo caído não é uma má opção, mas não pode oferecer o que eu posso.. o domínio de tudo.
- Seu tempo acabou! - Disse Ehtur sem mais esperar e investindo contra o morto-vivo ancestral. Ele golpeou em carga de cetro em punhos. O ataque venceu as defesas do demilich como se puras energias positivas o envolvessem. As gemas que lhe serviam de olhos trincaram. O demilich, no entanto, não se deteve, ele absorveu Rock. Ao contrário dos demais, o bárbaro não deixou um corpo vazio para trás, sendo totalmente sugado para o interior da gema. Além disso, o demilich atacou o guardião com suas forças negativas necromânticas.  O servo de Miellikki perdeu a maior parte de seu vigor, mas resistiu à paralisia dessa vez.
Sirius Black aproveitou para pegar o artefato e tentar a sorte. Porém seus ataques não tiveram o mesmo sucesso. A investida serviu apenas para atrair a atenção do morto-vivo. O demilich absorveu Sirius, aproveitando para recuperar-se dos ataques com a energia absorvida das novas almas coletadas. Ehtur  Telcontar tomou o cetro de Bibiana das mãos do corpo sem vida de Sirius e atacou de novo. Dessa vez, a investida da qual dependiam a vida de todos ali, atingiu o monstro com uma violência épica. A energia positiva explodiu um dos olhos do demilich. Isso libertou Francisco Xavier e Sirius Black. A alma de Xavier pairou aturdida, enquanto a do ladino retornou ao corpo. Além deles, um dos solares e várias almas de gnomos e humanos buscavam entender o que acontecia. 
A fúria do antigo arquimago de Netherill era terrível como o risco que ele corria. Talvez bastasse sugar a alma de Ehtur, mas como regenerar a essência destruída se não com mais almas. Percebendo o risco, Sirius Black se ergueu com um ardilosa "coragem":
- Parece que seu pífio poder é incapaz de resistir a um grupo de aventureiros e um artefato de uma deusa  caloura. Já escapei de mortes mais complicadas na juventude. Talvez esses 700 anos aprisionado naquela torre tenham custado sua verdadeira capacidade de representar uma ameaça minimamente importante. Melhor irmos atrás dos dragões, que você deve ter esperado partir, porque eram demais para você, demi...
O demilich simplesmente absorveu a alma de Sirius. E sumiu...



4 de jun. de 2013

O voo dos dragões

Após derrotarem o terrível kraken, que não tivera muita chance, os heróis desceram até a fissura que ele habitava e recolheram o tesouro que o monstro acumulara. Eles encontraram alguns vasos de marfim, milhares de moedas de platina, além de alguns itens mágicos. Rock dos Lobos usou seus poderes de escolhido de Malkizid para identificá-los: um bastão que revelava inimigos próximos, um tomo capaz de aumentar o vigor físico, uma armadura de placas completa para se usar embaixo da água, um pergaminho com magias arcanas, um manual que ensina a construir um golem de ferro e um cajado do charme. 
Enquanto seus companheiros estiveram fora, Sirius Black, Yorgoi e Deborah cuidaram da população de Brasillis e Lua Prateada refugiada no mercado de Luskan. O ladino aproveitou para comprar e vender algumas posses. Ele encontrou bons preços na loja de um certo Suljack. O lusquense negociou uma interessante adaga com o ladino, capaz de afetar mortos-vivos com especial sordidez, em troca de informações sobre o que se passava no sul. Percebendo o talento de Sirius, o ex-pirata Suljack propôs um trabalho permanente com escravos e notícias, mas Black declinou. Antes de se retirar, ele teve a impressão passageira de que algo se passara, mas não percebendo nada, retornou para junto dos demais.
Aqueles que haviam combatido o kraken levaram seus tentáculos como prova até o capitão Taerl. O líder de Luskan recebeu Rock, Daphne e Úrsula com satisfação e os parabenizou pelo feito, enquanto os demais aguardavam do lado de fora. Garantiu que os refugidos seriam escoltados por 50 homens até Invernunca. Declarou que aquele dia passaria a ser feriado em homenagem a eles, com uma cerveja para cada cidadão por conta do governo. Taerl ainda lhes ofereceu um serviço para que continuassem servindo na proteção da cidade, pois havia um lich que habitava a torre mágica na margem sul da cidade portuária. Os heróis recusaram e saíram para avisar os gnomos e humanos sob sua proteção.
No caminho trataram do butim recolhido, que preferiram manter em segredo do capitão. O paladino Ryolith Fox ao saber do lich, ponderou se seria o caso de postegar o resgate de sua amada Palas Atenas. Percebiam que aquela única e gótica torre parecia muito mais antiga do que qualquer coisa na cidade. Em conjunto com os camaradas pensou que seria melhor seguir para Mulmaster. Daphne pediu uma parte das moedas para criar um centro de atendimento aos jovens carentes abandonados à própria sorte que perambulavam pela cidade. Ela reuniu algumas pessoas com sua diplomacia e orientou-as a cuidar da casa de amparo Órfãos do Kraken. 
Quando encontraram os refugiados e seus amigos, o bastão da inimizade os alertou que haviam ali três ameaças. Rock dos Lobos se concentrou e soube que eram justamente Sirius, Yorgoi e Deborah, muito embora os três agissem normalmente. Daphne também achava que havia algo estranho e Ryolith Fox teve certeza de que estavam dominados. Ele usou de sua zona da verdade, mas Sirius não parecia entender nada do que se passava. Por via das dúvidas, Francisco Xavier desfez as magias na área, com isso o bastão nada mais percebeu.
Sem terem certeza da ameaça, passaram a conversar sobre o que encontraram. Yorgoi lhes informou de que seguiria com Deborah e o povo para Brasilis. Apesar dos protestos de Sirius, o gnomo lembrou-os de que seus talentos eram pequenos para o tamanho das aventuras dos camaradas. Daphne aproveitou para dizer que seguiria com eles até Invernunca e dali para a Grande Floresta, pois recebeu uma mensagem de que precisavam dela por lá. Houveram novos protestos, mas ela lembrou-os de que esperaria por eles lá, quando retornassem do leste com Palas Atenas. Por essa hora, Laeral Arunsun despertou de seu coma, ainda aturdida e sem poder oferecer solução para a chegada dos dragões. A arquimaga concordou que fugir era a única opção.
Todos passaram a cuidar da partida, quando os olhos de Sirius Black viram pontos coloridos ao longe, rumo norte, destacando-se do paredão branco formado pela cordilheira da Coluna do Mundo. Ele correu até uma loja e comprou uma luneta por mil de suas peças de ouro. Com as lentes poderosas conseguiu ver que se tratavam de seis dragões: dois vermelhos bastante crescidos, três brancos de bom tamanho e um azul também gargântico. O ladino mostrou logo do que se tratava para os colegas e a partida que era iminente passou a ser imediata. Yorgoi contou sobre a última revoada de dragões, um evento corriqueiro que se repetia há cada 300 anos, mas sempre antecedido pelo surgimento de um cometa vermelho, o que não se dera para justificar algo assim. Foi quando Sirius relatou o sonho que tivera.

Enquanto os demais conduziam seus mais de dois mil refugiados, Rock correu até Taerl para alertá-lo e salvar o povo de Luskan. O bárbaro encontrou o capitão tendo com outro dos líderes locais. O antigo pirata ficou agradecido pela informação, mas ele mesmo já sabia serem dez os dragões que se aproximavam. Mesmo assim Taerl preferiu tomar proveito da situação, salvando os que julgava merecedores nos navios. Quem tivesse dinheiro se salvaria, quem não tivesse que ficasse para trás.
Quando o servo de Malkizid retornou com tal notícia, Daphne transformou-se em uma águia gigante e passou a voar gritando o alerta para que todos fugissem. Deviam se juntar aos que fugiam para o sul. Foi preciso toda a habilidade, diplomacia e até mesmo intimidação do grupo de heróis para manter a ordem na massa desesperada que abandonou a cidade. Cerca de metade da população preferiu abandonar a cidade, juntando-se a eles e levando os artigos de maior necessidade. Eram agora mais de dez mil pessoas que os seguiam. Ehtur Telcontar conseguiu reunir algumas carroças, onde acomodou sacos de alimento para garantir a viagem de dois dias rumo ao sul. A caminhada era contígua á Mata de Nether, uma floresta segura e sem ameaças de monstros ou bestas selvagens.
Os refugiados e o grupo seguiram por mais de 3 horas até verem os dragões finalmente chegarem à cidade de Luskan e toda destruição que causaram. O brilho do fogo, de relâmpagos e do gás gélido quebrava a escuridão da noite em que a lua seguia mirrada mas crescente no céu. A investida dos dragões parecia especialmente concentrada na torre de Ilusk, mas eles tinham fúria para alcançar alguns navios mais atrasados ainda na baía e minar a tímida resistência de alguns guardas e guerreiros. A destruição seguiu por mais de uma hora até que os grandes lagartos alados dessem-se por satisfeitos e partissem rumo ao norte para o alívio de todos.
Assim sendo, o grupo resolveu voltar para averiguar se haviam sobreviventes. Voltaram à máxima velocidade, deixando os refugiados sob a liderança de Laeral, Daphne, Yorgoi e Deborah. Quando já estavam próximos dos limites incendiados da cidade, viram que a torre era o que ainda restava em meio aos escombros. Mesmo ela era apenas as paredes arruinadas do primeiro pavimento de onde emergiu um enorme dragão branco, que ainda parecia buscar alguma coisa. Rock dos Lobos lançou uma bola de fogo contra o dragão e se enfureceu. Francisco Xavier transformou-se mais uma vez em um dragão dourado, enquanto o paladino avançou em seu cavalo levando Úrsula consigo.
O dragão branco usou de uma magia para ficar gargântico como Xavier e voou para cima deles, fazendo o medo invadir o coração de Sirius Black. Francisco Xavier aproveitou para lançar uma transmutação mágica em Ehtur que o metamorfoseou em um gigante de pedra. O guardião cerrou em Gunghir e investiu contra a besta alada branca. Úrsula disparou suas setas, mas os sentidos aguçados do dragão não permitiram a ela atacá-lo de surpresa, nem a couraça foi trespassada pelas setas.
Rock dos Lobos seguia lançando uma bola de fogo atrás da outra, mas o dragão curou-se antes de lançar seus ataques. Ele cuspiu seu ar gelado e fustigou Ehtur com todos seus ataques, arrancando parte da vitalidade do servo da natureza. Francisco Xavier fez o mesmo e bastou sua baforada de fogo para tombar o dragão branco.