24 de jul. de 2012

Um Plano das Sombras


Tão logo derrotaram Sonja e quebraram o domínio sobre Ehtur, o grupo subiu para o convés do navio, onde viu que a tripulação havia se revelado também demoníaca. Estes, no entanto, foram derrotados sem maiores dificuldades, inclusive por Samwise "olhos de águia" e sua flechada certeira, que avariou a vela, mas conseguiu derrubar vários demônios no mar. No entanto, ao final de tudo aquilo deram-se conta que ninguém sabia como comandar o navio rio acima.
Além disso, Ehtur sentia-se fraco, como se uma maldição lhe drenasse os músculos. Ele tinha dificuldade para lembrar das coisas enquanto esteve dominado. Daphne conversou com ele longamente tentando acalmar as preocupações de seu amigo guardião, mas aquele incidente perturbou um tanto Telcontar. Bibiana tentou restaurar-lhe as forças, mas isso mostrou-se insuficiente para vencer o problema. Ela tentou, então, remover a maldição, mas o poder maléfico era forte demais. Ela precisaria orar para Corellon no meio da noite para pedir por poderes ainda mais puros para livrar o homem do oeste daquele mal terrível deixado pela serva de Orcus.
Sem muitas alternativas e cercados pela noite, resolveram ancorar o navio e descansar para terem melhores chances com a chegada do dia. Assim o fizeram, tomando cuidado de zelar pelo ainda enfraquecido Rock. Foi uma noite sem lua, sem estrelas, sem sonhos, mas ao menos, sem novas ameaças.
No dia seguinte, Daphne tentou comunicar-se com os animais do rio em busca de ajuda. O que descobriu foram aberrações monstruosas e deformadas levando desequilíbrio à fauna daquelas águas. Todos os animais que ela conseguia chamar a atenção acabavam logo sendo devorados pelos seres mutantes, que eram como grandes serpentes deformadas e pequeno tubarões distorcidos. Isso perturbou a druida e lembrou-a de quantas corrupções da natureza seus olhos encontravam nessas terras ermas do leste.
Sem terem como ter ajuda das criaturas aquáticas, o grupo teve de se reunir e coordenar suas inteligências paras fazer a navegação. Com os conhecimentos da natureza e dos ventos de Ehtur, as leituras de Leila "você tem fogo" Diniz e Francisco Xavier, os conhecimentos gerais de Yorgói e a eloquente liderança de Sirius Black puderam por o navio em frente, ainda que a muito custo e certamente aquém da real capacidade da embarcação. A druida, em sua forma de águia, ia voando e mantendo-se alerta das cercanias.
Foi ela quem algum tempo depois avistou o dragão. As asas eram curtas demais para o tamanho gigantesco da criatura e o vôo era um tanto desengonçado, o que denunciou tratar-se de um dragão de presas, como o que haviam enfrentando nos subterrâneos sob Brasillis. O problema é que o primeiro era largo como um cavalo, ainda jovem e inexperiente, enquanto este é imenso como um prédio, provavelmente com mais de 5 séculos de existência. Daphne resolveu voltar, mas ainda teve tempo de ver a comitiva de beholders que vinha após o dragão. O dragão era extremamente rápido, mas ainda estava a alguns quilômetros de distância. Enquanto retornava, ela teve certeza de que não haveria opção outra que não a fuga e para tanto, precisariam de um transporte. A serva da natureza fez uma curva para o norte e rumou para as colinas onde conseguia avistar alguns grifos.
Quando Daphne chegou com os quatro animais mágicos no navio e alertou seus camaradas, todos logo entenderam que deviam fugir o mais rápido possível. Acomodaram-se todos nas costas dos quatro grifos da melhor forma possível. Apenas Sirius ficou para trás garantindo aos demais que poderia se teleportar pelas sombras até as colinas quando eles chegassem lá. O grupo partiu montado nos grifos, enquanto Daphne seguia em forma de águia.
Eles cruzaram o céu por alguns segundo até perceberem que a direção do dragão passou a mudar lentamente na direção deles. Sirius Black deu-se conta disso antes e vendo naufragar o plano inicial, passou para um plano alternativo.  Pegou seu baralho de ilusões e começou a atirar cartas, que invocavam ilusões que ele nunca sabiam quais eram. Conjurou um lich, um ettin, um trio de clérigos de Azuth e um gigantes das neblinas, antes de ver surgir a gigantesca ilusão de um dragão vermelho. Isso fez o dragão de presas voltar a rumar para o navio.
Enquanto o grupo escondia-se em uma caverna, viam Sirius Black proceder a um teatro com suas quimeras. Para sua infelicidade, o dragão logo percebeu o truque barato e desfazendo tudo aquilo, dirigiu-se ao servo de Máscara.
- Acha mesmo que pode me enganar, ladrão.
- Não custa tentar. Foi só uma maneira de estabelecer uma conversa honesta e proveitosa com vossa excelência.
- Prometeram-me que um poderoso grupo invadia minhas terras oferecendo ameaça aos meus domínios. Mas é você tudo o que resta desse batalhão? Eu sou Nartheling, filho de Yuirling, e meu poder conhece o verbo primordial e não tenho tempo a perder com leviandades.
- Veja bem que feliz coincidência, meu nobre governante ocupado. Quem quiser que tenha sido tal incompetente que merece ser alvo de toda a sua fúria e que o desencaminhou com mentira tão desmesurada, aqui não está, assim como não há grupo que seja aqui para ser seu alvo. Não sendo eu mesmo de qualquer vali nesse processo, desfaz-se toda e qualquer necessidade de prolongarmos o debate. Foi um privilégio raro desfrutar de tão nobre comp... - O gigantesco dragão arrancou o mastro do navio como se fosse um graveto, destruindo o navio e fazendo Sirius ter de se agarrar pra não cair na água.
- Onde está sua graça agora, mortal? - Com a outra garra, Nartheling agarrou Sirius e drenou parte de seu vigor e sua vida.


- Não tenho tempo para suas bravatas, humano. Eu não governo as terras entre Thay e Anglarond antes mesmo de haver Thay ou Anglarond para se ludibriado por um verme insignificante como você. Simplifiquemos as coisas para que sua mente pequena e subdesenvolvida consiga entender o que acontece aqui. Eu fui avisado que há entre vocês uma mulher com poderes únicos.
- Poderes? É um termo um tanto vago e...
- Poderes mágicos mais do que especiais. Poderes grandiosos e terríveis.. poderes que não deviam pertencer a humanos, não fosse a estranha simpatia dos deuses pelas raças inferiores. Entregue-me a mulher, homenzinho e eu o deixarei viver.
- Claro, claro.. - disse Sirius Black tentando ganhar algum espaço entre aquelas garras apertadas. - Se me permite explicar então.. mais uma vez acredito que está sendo mal abastecido de informações. Além disso, com a graça de Máscara, não posso permitir que drene minha pobre vidinha de mortal desse corpo que me pertence. Além de reafirmar meu total desconhecimento de qualquer mulher com tais características... - O servo de Máscara deslizou pelas sombras entre os dedos do dragão, navegando pelo plano das sombras e surgindo diante dos colegas a centenas de metros dali.
A felicidade de todos ao vê-lo emergir das sombras foi diminuída pelo urro de raiva do dragão que ressoou como um trovão, lembrando-os que o problema esteva longe de ter sido resolvido.
- Precisamos partir rapidamente pessoal.. o dragão está furioso, descontrolado e ele quer a Leila Diniz.
- Eu?!?
- Sim e não tá muito disposto a conversar. Ele quer seu poderes mágicos.. e essa caverna não vai manter ninguém à salvo...
- Nós teremos a vantagem do espaço restrito.. - disse Ehtur preocupado com uma estratégia para resistir.
- A gente não vai dar nem pro começo, Ehtur. Temos que sair daqui e rápido...
- Os grifos serão alcançados.. - ponderou Daphne.
- Um teleporte não nos levará a todos.. - completou Yorgói.
- Eu posso nos levar pelo plano das sombras. - disse Sirius com orgulho. - Mais uma vez, de maneira abnegada e solícita, mesmo sem ser o líder deste grupo, eu me predisponho a garantir a vossa segurança.
- Todos nós? - surpreendeu-se o gnomo.
- Sim. Salvarei cada um de vocês, inclusive os animais, todos de uma vez.. basta que se agarrem em mim.
- Maravilha. O que estamos esperando? - disse Francisco. - Vamos logo com isso, Sirius Black. Realmente és um grande líder para esse grupo...
- Quero deixar claro para todos que é a sombra vigilante de Máscara que nos colocará em segurança. A penumbra reconfortante de quem não está ocupado com o mal, mas sim com o nosso bem estar. Viajaremos por algumas horas e saíremos do outro lado das montanhas.
- Não é perigoso? - preocupou-se Yorgói.
- De forma alguma, você estarão em segurança presos a mim. Graças a mim, não correrão perigo algum.
- Você pode nos soltar e nos perdermos para sempre no plano das sombras. - ponderou Yorgói. - Podemos ser atacados pelas criaturas de lá.. seres das trevas.
- Eu nunca faria isso, não é mesmo meu velho amigo? Eu os protegerei. - E como essa questão, todos tocaram Sirius se fundindo às sombras e vendo-se presos ao ladrão.



A sensação era a mais terrível que qualquer um ali jamais sentira. Era como se o ar fosse uma água gélida que congelava seus pulmões.. era como se uma chuva de navalhas lambesse seus corpos e o sangue se perdesse livremente.. era como se cada partícula de seus seres se desfizesse em cinzas.. era como se suas almas se extinguissem e restasse apenas a antítese negativa de suas existências. Todos sentiam-se virados do avesso e drenados naquele lugar que era um sombra pálida do plano material.. não um lugar concreto, mas uma representação nebulosa e distorcida relegada às frestas planares mais escuras e esquecidas. Embora a geografia sombria fosse similar à do plano material, Sirius deslizava por tudo aquilo rapidamente, como se fosse um elemental da água no mar. Viram que haviam outras criaturas, embora tudo ali nunca conseguisse ser percebido como mais do que vultos.
Para Daphne era ainda pior. Ela não só sentiu sua luz externa desfeita, como sentiu seu íntimo invadido e violado. A druida se via um inverso de si mesma. Se antes estava ali a serva da natureza e das causas positivas, agora estava um sombra fria e negativa. Percebeu que realmente deviam haver coisas muito piores do que a morte, pois aquilo era uma delas foi o que pensou. O desalento era tamanho que sequer as palavras de uma prece se formavam em sua mente para horar aos deuses, pois era como se ali ela estivesse além do alcance deles. Nada de bom poderia se dar em um lugar como aquele.
Depois de 12 horas de viagem, ou ao menos foi o que Sirius lhes informou, pois para todos foi como se a viagem durasse semanas, eles foram expulsos das sombras, caindo, mas a tempo de serem salvos da queda pelas magias de Rock e Francisco. Sirius emergiu tranquilamente como fazia sempre. 
Estavam aos pés das montanhas, que agora cobriam o horizonte no oeste. O terreno era mais árido do outro lado. Já era noite e sentiam-se esgotados. Mesmo assim, não tiveram tempo para descansar, pois pouco depois os monstros desceram correndo pela encosta da montanha. Eram quatro imensos gigantes grotescos de duas cabeças. Trolls de duas cabeças nem mesmo Ehtur e Daphne, com seu amplo conhecimento de criaturas, conheciam, mas já haviam ouvido falar a respeito. 
Francisco Xavier prontamente conjurou uma muralha de força, impedindo os monstros de avançar, mas cuidando de deixar espaço para que as pernas deles pudessem ser atingidas. Bibiana lançou contra eles seu poder divino, assim como Leila e Rock os fustigaram com bolas de fogo. Samwise e Úrsula lançaram uma revoada de flechas, enquanto Ehtur e Sirius, invisíveis, lançaram-se ao ataque. Daphne fez-se um urso polar também avançando, tudo isso enquanto Yorgói embalava o ritmo da batalha. Mesmo sendo inimigos ferozes e roubando algum sangue daquela comitiva de aventureiros, os trolls não tardaram a tombar e perderem suas vidas.



17 de jul. de 2012

Mortes, novelas e dois canos fumegantes...


Tão logo o insano sumiu, todos se voltaram para Cléria. A serva do mal dissolveu-se como se fosse um musgo se liquefazendo. Resolveram não entrar em contato com o equipamento e Ehtur pegou-os com um saco que trazia. Enquanto isso, eles avistaram que a horda, assim como Paulo Caôs desapareceu fundindo-se com a terra. Restaram as ruínas da outrora simpática cidade de Dlusk, um único navio no porto e o desalento da destruição. Eles viam a meio-elfa em uma pesada armadura completa e o pequenino montado em um cão que vinham em sua direção.
Yorgói foi o primeiro a acudir o corpo de Sirius Black.
- Precisamos curar Sirius.
- Ele está além disso, Yorgói. - disse Ehtur com um passar de olhos.
- Eu posso ajudar.. - disse a recém chegada.
- E quem é você? - interviu Daphne.
- Eu sou Bibiana, serva de Corellon Larethian, Senhor dos elfos e aquele que arrancou o olho de Gruumsh. Sou uma clériga e está ao meu alcance recuperar a alma do amigo de vocês, se assim for a vontade dos deuses... há um custo envolvido, pois há que se consumir pó de diamante...
- Dinheiro não é problema.. - disse Ehtur com um sorriso apanhando a bolsa mágica de Sirius.
- Não seria melhor trazê-lo como um morto-vivo? Isso facilitaria muita coisa.. - começou a insistir Francisco Xavier.

Em algum lugar no além, Sirius Black não sentia mais a dor aguda que turvou todos os seus sentidos. Ao seu  redor, viu um infinito mar de almas que preenchiam a vastidão cinzenta e sem fim. Vários gritavam coisas ininteligíveis, mas ele reconheceu os nomes de alguns deuses como Tyr, Tempus, Corellon, Chauntea sendo clamados. Percebeu que no alto acabavam aparecendo brilhos fulminantes e algumas almas sumiam. Confuso, ele buscou abordar algumas das almas até que encontrou quem falasse sua língua:
- Como saio daqui?
- Sair? Você está nas Vastidões Cinzentas, meu caro. A ante-sala do reino dos mortos. Daqui ou se vai para o reino de seu Deus, se ele desejar vir buscá-lo ou serás uma alma penada no reino de Kelemvor. Isso se algum demônio ou diabo não roubá-lo para usá-lo como dinheiro. Mas deixe-me que eu tenho um reino de cerveja gelada, mulheres gostosas e batalhas sem fim à minha espera.. - disse o humano, que batia no escudo e gritou com fervor por Tempus, o deus da Guerra.
Sem ver outra alternativa, Sirius resolveu gritar por Selune, senhora da lua. Seu coração lembrou-o de procurar por Annia, mas seus olhos não conseguiam diferenciar muito bem uma alma das outras, pois tudo era muito nebuloso.
Foi então que o ladino sentiu-se tragado e ao abrir os olhos, havia sobre ele uma bela mulher.
- Quem é você? Normalmente, quando eu abro os olhos deitado as mulheres não estão vestidas e...
- Eu sou Bibiana.. - ela respondeu sem parecer achar graça. - Você está na Santuário de Corellon Larethian, senhor dos elfos e aquele que arrancou o olho de Gruumsh. Seus amigos me pediram que trouxesse a vida de volta para o seu corpo. - A essa altura, Sirius já reconhecia Daphne, Yorgói e os outros. Apenas Ehtur não estava por ali. Todos ouviam os sinos vindo de outro templo, uma das poucas construções que permanecera de pé depois do terremoto, convocando a população que estava entocada desde o ataque da horda.
O guardião os orientou a recolherem o que podiam e seguirem em direção da capital, onde poderiam encontrar refúgio e ficar em segurança. Deviam levar apenas o necessário, pegar carroças e os animais restantes. Todos concordaram e se puseram a descansar para poder partir no dia seguinte.
Sirius sentia-se fraco e percebeu que perdera sua conexão com o plano da sombras. Isso deixou-o um pouco desnorteado, mas aos poucos foi entendendo que a ressurreição deixara-o mais fraco. Bibiana, por sua vez, após ressucitar o humano, passou a restaurar as forças de todos ali, ainda drenados pela blasfêmia lançada por Cléria.
Foi quando Samwise deu-se conta que conhecia o misterioso homem envolto em um cinzento manto.
- Lorde Byron.. Lorde Byron de Soubar? Me chamo Samwise e também venho daquela boa cidade do oeste.
- És um dos embaixadores do abacaxi de Gengis Khan?
- Isso mesmo, senhor. Fui enviado a Telflaam a alguns meses para fechar um acordo de exportação de abacaxis, mas quis o destino e Yondala, que eu viesse parar aqui, Tinhamos acabado de chegar quando presenciamos o problema. Eu e Bibiana não pudemos deixar de ajudar...
- Somente a boa antecipação de Morpheus pode explicar sua presença aqui, Samwise. Tenho certeza que tens uma das cartas de crédito, capazes de garantir seu transporte de volta para Soubar.
- Sim, sim.. está aqui comigo.. estamos com aquele navio sob contrato, mas nosso plano agora nãe é..
- Escutem-me heróis.. - disse Byron chamando a atenção de todos ali e interrompendo o pequenino. - Este hobbit nos traz a solução para um de nossos problemas. Ele conta com o transporte que poderá nos levar de volta em segurança para Soubar.
- Soubar? Mas nós temos que recuperar o Livro de Mystra. - disse Sirius.
- Não faz mais sentido buscar pelo livro. O objetivo de encontrá-lo devia-se a salvarmos o bom e justo Azrael Sullivan, mas sem o olhar atento de Morpheus sobre nós, tal missão não poderá ser concretizada.
- E o que vamos fazer em Soubar? - questionou Daphne, também discordando do servo de Morpheus.
- Lá estaremos sob a proteção de Kelemvor. Devo lembrá-los que sem o poder de Morpheus a nos guardar, a qualquer momento alguma entidade cósmica e plena de poderes pode surgir aqui para reivindicar a chave.. - e ele apontou para Rock.
- E de que adianta a proteção de Kelemvor se tudo mais for destruído? - insistiu Daphne desconfiada das reais intenções de Byron.
- Nós temos uma missão, Lorde Byron. Não adianta retroceder agora.. - concordou Sirius.
- Eu e Leila fomos enviados para recuperar o livro e assim faremos, com ou sem a ajuda de vocês. - afirmou de maneira contundente Francisco Xavier.
- Sem a benção de Morpheus, não teremos qualquer chance. Temos de aproveitar essa oportunidade e retornarmos.
- Nós vamos continuar.
- Isso mesmo, Byron. Chegamos até aqui e não vamos desistir, mesmo que você não tenha seus poderes.. - concordou Daphne.
- Se assim vocês querem, só me resta acompanhá-los, uma vez que fui eu quem os trouxe até aqui. Estejam, no entanto, cientes de que é uma escolha vossa...
- Nenhum de nós precisa de você - desdenhou Ehtur, que acabara de chegar. - Temos de ir pro navio.. há uma cidade.. Emeech, do outro lado do mar. Iremos para lá nos abastecer e avisar dos ataques antes de seguirmos para Thay. A população está descansando e amanhã seguirão para a capital.. você pode fugir com eles, servo de Morpheus.
- Não me venha com suas tolices, guardião, nós já concordamos antes mesmo de sua chegada.
- Não me importa do mesmo jeito. Vou descansar...
Enquanto todos preparavam-se para o repouso, Yorgói recebeu uma mensagem mágica de Deborah e Rock sentiu a presença de Marissa em sua mente e a ouviu falar que sentia muita saudade dele. Isso fez o jovem bárbaro ficar ruborizado, além de fazer seu peito disparar. - Não tenho mais sonhado com você a alguns dias.. - apesar de se empolgar com o fato dela estar sonhando com ele, Rock explicou sobre os problemas com o desaparecimento de Morpheus. - Pois eu gostaria de me despedir de você. Resolveram-se os problemas com os rakshasas em Sildeyuir. Eles são muito afetados pelos poderes dos novos nethereses. Aliás, eles têm firmado mais e mais acordos com Evereska, estão muito próximos ao regente Rhange Hesysthance. Eles declararam guerra a Cormyr por conta de conflitos de fronteiras, mas tem sido importante na luta contra os phaerimms.. já abateram mais de 10. Graças a eles, Sildeyuir está livre e eu e meu povo podemos voltar pra casa. Mas eu gostaria de me despedir de você... quando você volta?
- Eu também.. mas as coisas estão complicadas por aqui.. estamos muito ao leste, em um reino chamado Aglarond. Estamos tentando recuperar um tomo sagrado de Mystra, mas as coisas estão bem complicadas. Vocês tem que tomar cuidado com esses neonethereses.. esse poder deles não é boa coisa.. lembre-se que eles não são confiáveis. A origem desse poder é maligna! Quando você parte?
- Em 10 dias... e aliás, você não sabe quem reapareceu também.. Annia.. ela está morando no palácio com o regente Sorrowleaf... - e os dois ainda conversaram por algum tempo enquanto os demais se encaminhavam para o descanso. 



Mesmo com o clima conflituoso no ar, o grupo de heróis recolheu-se e entregou-se ao justo repouso. Coo sono, no entanto, uma vez mais, não vieram os sonhos. Exceção feita a Leila, que recebeu visões em sua mente. Ela via um imenso tribunal onde se dava um julgamento. Seis seres enormes julgavam uma figura ao centro. Este era como Byron, envolto em um manto cinzento. O principal dos juízes era negro como o céu da noite e seu corpo parecia atravessado e formado por planetas, estrelas, sóis e luas. Além deste, os demais também eram figura exóticas. Havia uma mulher pálida de cabelos escuros e do outro lado estava um grandalhão de cabelo e barba ruiva, vestindo uma pesada armadura. Além deles estava uma mulher magra e alta, cujos cabelos eram coloridos como um arco-íris. Atrás dela havia uma mulher em cuja cabeça haviam três rostos e uma última, que não passava de um manto vermelho e uma máscara espelhada refletindo Byron. Essa imagem permaneceu na mente da feiticeira quando esta despertou.
Ela procurou por Chico Xavier, que estava deitado ao seu lado. Acordou-o e falou de seu sonho. O mago a informou que recebera uma mensagem do Primeiro Leitor, que coincidia com o que ela lhe dizia. Não podiam confiar em ninguém e deviam retornar tão logo colocassem as mãos no livro.
Yorgói foi o seguinte a despertar e ficou surpreso com a notícia de Leila sobre o sonho. A surpresa dos demais foi a mesma, ainda que a feiticeira da Fortaleza da vela evitasse dar detalhes. Lorde Byron ficou especialmente ansioso e frustrado com aquilo, dirigindo pedidos imperativos para que ela contasse tudo que se dera, por talvez ser a única esperança de saber o que se passava com seu Senhor.
- Pare de meias palavras, mulher, e revele o que você sonhou. Eu preciso saber o que se passa com Morpheus, senhor dos sonhos, isso pode ser a resposta que precisamos.
- Bom.. mas é que.. foi algo assim.. sabe como é.. essas coisas são complicadas. Como eu vou dizer pra vocês.. deixa eu pensar.. olha só.. se você pensar por um lado.. era um tribunal.. sabe como é um tribunal? Então.. era assim.. e bem.. desse jeito.. assim sendo.. era tipo um tribunal.. uma corte.. sabe.. um lugar de julgamentos..
- Deixe de enrolação, mulher! Mago Xavier, fale com sua protegida que revele logo os acontecimentos de seu sonho.
- Não nos culpe se aquele que segues procurou Leila para mostrar tais sonhos e não você Lorde Byron.
- Vocês dois deixem de brincadeiras com algo tão sério. - disse Byron à beira do descontrole. Ehtur, sem paciência para aquilo resolveu seguir para o navio, embora todos os demais tenham ali permanecido, assistindo ou participando da discussão.
- Eu vejo que nos escondem algo.. - interviu Daphne com seu sexto sentido sempre tão aguçado.
- Eu diria mais, Daphne - acrescentou Sirius - Acho que é algo sobre a mensagem mágica que nós vimos o caríssimo Chico Xavier receber. Você não quer nos contar sobre ela.. ela deve ter relação com o sonho. 
- Quantas conclusões, Sirius.. por que tanta pressa em julgar? - disse Francisco atraindo a atenção de todos sobre ele. - Deixem a pobre Leila em paz.. o que posso lhes dizer é que Morpheus já era.. não devemos mais contar com ele. 
Percebendo a inutilidade do debate e estendendo a embromação praticada pela dupla da Fortaleza da Vela, Rock resolveu liberar os espíritos de seus ancestrais para conseguir acessar a mente de Leila e de Francisco. Os espectros urrantes assomaram trazendo o terror como seus arautos, enquanto trespassavam com suas formas ectoplasmáticas a todos ali. Daphne, Bibiana, Byron e Samwise resistiram, mas Yorgói, Úrsula, Sirius, Francisco, Leila e David se viram capturados no turbilhão de imagens arrancadas da mente de Leila e lançadas em seus raciocínios. Foi Sirius quem transformou em narrativa o que seu consciente lutava pra compreender, trazendo o desalento completo ao outrora tão senhor de si Lorde Byron.
- Estamos condenados. Deu-se o que eu temia.
- O que é, afinal de contas, Byron? Quem eram aqueles seres? - disse Daphne, que vira tudo graças a sua conexão com David.
- Se há alguma verdade em tudo que eu lhes disse até aqui, jovem druida, ela não passa de um pingo. Aquele que era julgado era Morpheus. Ele está sendo questionado por seus pares. Eu lhes disse que Morpheus não era um deus, ainda que agisse como um. Entretanto, quem devia apenas observar resolveu intervir e isso não será perdoado. Nossa única vantagem nesse imenso tabuleiro se perdeu. Não temos mais nenhuma chance...
- Você devia procurar outro deus, Byron. Se não tem mais acesso a Morpheus. - gracejou Francisco, que parecia mais tranquilo do que Leila com o processo. - Como viram agora, não havia motivo para pressionar a senhorita Diniz. Vamos para o navio. - Assim como eles, todos os demais resolveram embarcar, ainda que a prostração de Byron desse provas do desalento que tomava conta do ex-clérigo. Ao fundo, a população seguia pela estrada deixando para trás as ruínas de Dlusk.
Ao chegarem ao navio, foram recebidos por Alberto, o imediato, um meio elfo que usava uma bandana vermelha, um tapa-olho sobre o olho esquerdo e vestia-se como um marinheiro qualquer. Ele explicou que a capitão Sonja não poderia ter com eles, pois estava reunida com o sujeito que chegara antes. Sobre o rumo que tomariam, deviam explicar a ela sobre os novos passageiros. Bibiana e Samwise, no entanto, explicaram a gravidade da situação e conseguiram que Alberto colocasse o navio em movimento, antes que falassem com a capitã Sonja sobre o novo destino.
Apenas duas horas depois de partirem rumo ao leste, puderam conhecer a capitã do navio. Era uma bela mulher de cabelos vermelhos, de pulso firme e aberta a bons negócios. Ela aceitou os termos do novo destino, mas explicou que depois de levá-los a Thay não estaria mais presa a eles. Ehtur surgiu logo em seguida, vindo dos aposentos da capitã. Estava um pouco desajeitado e tinha alguns arranhões e roxos no pescoço. Parecia um pouco distante e evitou conversas com os companheiros, mas Daphne sentiu o cheiro forte de uisque que vinha tanto dele quanto da capitã Sonja.
Foi algum tempo depois, já próximo do crepúsculo que Sirius Black escutou aquelas palavras vindas com o vento.
- Eu posso lhe devolver o que você perdeu...
- Tenho certeza que sim.. já escutei muitas promessas antes...
- Eu tenho observado seu talento sendo constantemente desperdiçado, Sirius Black. E acho que nossos interesses podem ser comuns...
- E quem é você que acha isso?
- Eu sou Máscara, o Deus das Sombras e dos Ladrões. O mundo anda tão complicado, que eu posso ter um bom uso para as suas habilidades e você pode ganhar muito poder com isso.
- Que tipo de poder, pois eu sou alguém que zela por muitos e tem uma missão muito complicada pela frente, sendo amparado por Selune, Senhora da Lua, nas horas difíceis.
- Ela não pareceu preocupada com a sua alma nas Vastidões Cinzentas, não é mesmo? Além disso, eu preciso de um representante.. alguém que observe os acontecimentos e seja um arauto de minha força divina. Eu depositarei parte de minha essência em você e, com isso, terás o verdadeiro domínio sobre as sombras.
- E essa representação precisa ser aberta e explícita, como um embaixador com uma bandeira e um alvo na testa?
- Não, eu preciso de olhos. Ninguém será capaz de perceber seus pensamentos, intenções e alinhamentos. Você estará sob a proteção do meu poder divino que o habitará, na segurança das sombras.
- Isso parece interessante.. quanto tempo eu tenho pra pensar a respeito?
- Tome o tempo que precisar.. quando estiver certo disso, basta que penses em mim. - e a voz se foi com o vento.
Sirius Black reparou que não havia lua no céu naquela noite que chegava, mas também não havia estrelas. Se Sirius achou isso apenas curioso, Daphne ficou preocupada. Não haver lua estava dentro do ciclo lunar esperado, mas isso devia exacerbar a presença das estrelas e não fazê-las sumir. Havia algo de muito errado. Ehtur mesmo um tanto irritadiço e arredio concordou com a jovem druida quando esta foi procurá-lo. A capitã assegurou-lhes que seria possível continuar durante a noite, pois tratava-se de distância curta, mas que nas noites seguintes o mesmo não seria possível.
Isso dividiu a atenção de Daphne com os cuidados a David, que realmente não fora talhado para o mar. Ela, por sua vez, estava um tanto aliviada de estar ali, mesmo que fora de seu ambiente, pois todo o problema com Cléria, Paulo Caôs e a horda haviam deixado-a perturbada. Ela nunca imaginara algo como aquilo. O poder da corrupção, da sordidez e da vilania pareciam muito maiores do que ela pensava. Quanto mais conhecia o mundo, mais horrores se desenhavam diante de seus olhos. Antes de se recolher, Daphne viu que novamente Ehtur foi para as acomodações da capitã, enquanto ela dava um chá de ervas para o enjoo de Úrsula, que amaldiçoava o navio e o mar, chamando-o de de "catamarãmalditodosinfernos", que na língua dos gnomos significa barco do mal, enquanto abraçava o corpo catatônico de Arnoux.
Nessa noite ninguém sonhou e todos acordaram como antes. Ehtur sentia-se fortalecido, forte como nunca antes, já não mais confuso, mas sim certo de que Sonja era a melhor coisa que já lhe havia acontecido.
No dia seguinte, quando aportaram, ganharam as ruas de Emeech. Daphne sobrevoou a cidade como uma gaivota e viu que era sem muralhas como as outras de Aglarond. Aqui havia uma quantidade maior de guardas e a cidade já era de porte considerável. Além do mar, a cidade ficava também na foz de um rio de considerável tamanho. Curiosamente, não haviam estradas e caravanas, pois logo após os pequenos vales que se seguiam à cidade, formava-se um imenso paredão de montanhas.
Lá embaixo, Sirius se separou dos demais procurando cuidar de questões próprias, enquanto estes ainda acertavam os detalhes do que fariam. Resolveram, por fim, vender equipamentos coletados pelo grupo. Apenas a tripulação e Lorde Byron permaneceram no navio.
Quando Sirius finalmente encontrou um contrabandista com quem adquirir um item mágico eficiente contra mortos-vivos, descobriu que sua bolsa mágica não estava consigo. Furioso, ele abandonou o sujeito arrogante, que também mostrou-se capaz de mesclar-se às sombras, em direção ao grupo. Encontrou-os e foi logo esbravejando que fora assaltado. Yorgói foi quem mais se preocupou e tentou acalmá-lo:
- Eu sempre o aviso para não andar nessas cidades desconhecidas sozinho, Sirius.
- Você não está entendendo, Yorgói. Eu fui assaltado.
- Sim, não se preocupe, vamos vender nossas coisas e cuidaremos disso. Acharemos quem roubou seu dinheiro.
- Meu dinheiro não, minha bolsa mágica. Eu não sou o tipo de pessoa que é assaltada, Yorgói...
- Sua bolsa mágica não foi roubada.. - interviu Daphne - nós a pegamos pra pagar pela sua ressurreição. Foram 500 peças de ouro para pagar pelo pó de diamante que Bibiana precisava.
- E o que fizeram com a minha bolsa?
- Ela está comigo! - disse Ehtur sem um pingo de paciência. - Eu dei o dinheiro à clériga e agora vamos vender as coisas que você recolheu e não quis dividir conosco! - Ehtur já foi se encaminhando juntamente com Rock.
- Essa bolsa é minha e estes são os meus pertences! - Sirius correu atrás deles, que ainda caminhavam.
- Os pertences são de todos nós! - insistiu Ehtur com agressividade. Alguns guardas que estavam por ali se aproximaram e gritaram na língua local que parassem com aquela balbúrdia. O guardião, por ser o único a dominar o anglarondan, retrucou que aquele homem os estava importunando e solicitou aos guardas que o removessem em direção aos navios no porto. Os guardas abordaram, então, o ladino, mas Sirius sem nada entender desviou-se deles e afanou a bolsa mágica das mãos de Ehtur. Os guardas sacaram suas armas, mas foi a vez de Rock tomar a bolsa de Sirius. Temendo que o ladino pudesse reaver seus pertences, o jovem bárbaro de maneira imprudente liberou os espíritos de seus ancestrais, deixando Ehtur e Sirius paralisados pelo medo ectoplasmático de seus antepassados, mas também aterrorizando toda a população circundante, que passou a fugir como se estivesse ali um demônio ou um diabo terrível. Até mesmo os guardas fugiram atemorizados diante da cena.


O restante do grupo não acreditava no que via. Yorgói e Daphne gritaram com toda a diplomacia possível para tentar acalmar os amigos, embora parecessem mais crianças super poderosas. Francisco Xavier não perdeu tempo com palavras e se dirigiu até o bárbaro lançando sobre ele uma enervação. A magia necromântica drenou 30% das energias do rapaz, enfraquecendo-o.
- Fique calma, bárbaro, e devolva a bolsa do seu líder Sirius Black.
A resposta de Rock foi sucumbir à fúria completa e absoluta. A raiva incontida aumentou sua força e seu vigor tornando fácil agarrar o mago da Fortaleza da Vela e erguê-lo no ar. Rock bateu com o corpo de Francisco no chão, antes que o mago, se concentrando, pudesse dar outra enervação, deixando o jovem bárbaro no limiar de suas forças. A essa altura, Sirius já havia se levantado, se feito invisível e retomado sua bolsa. Sentia também a energia das sombras alimentando o seu ser.
Bibiana e Samwise acalmaram os guardas que vinham se aproximando, assim como Daphne e Yorgói usaram suas melhores palavras e dons para apaziguar a raiva do furioso bárbaro. Acabaram por convencê-lo, enfraquecido que estava, a colocar Francisco Xavier no chão, pois Yorgói conseguiu atingi-lo com um encantar pessoas. Ehtur, que já se recuperara foi o único que não retornou com eles imediatamente para o barco, indo negociar as outras coisas que haviam encontrado, pois estava com uma raiva devorando-o por dentro. Sirius, que retornou na frente, certificou-se de que seus bens estavam em sua bolsa mágica.
Uma vez no navio, mesmo sem Ehtur, seguiu-se uma continuação da lavagem de roupa suja, onde Sirius expôs seu desapontamento com toda aquela situação. Inclusive, retirou duas espadas élficas como as de Evereska e atirou-as ao chão, pois se tudo que precisavam dele era das pilhagens ali estava. Foi nesse momento que Yorgoi reparou em como a sombra de Sirius estava desproporcional e diferente. Ainda ofendido por nunca ter negado nada a ninguém ali e ter dado sua própria vida pela deles, Sirius sentia-se traído, mesmo que todos concordassem que sua sombra estava diferente. Parecia-lhe que naquele momento o único que olhara por ele fora Máscara.
- O Deus dos Ladrões? - interviu Bibiana.
- Sim, o deus das sombras... ele me amparou nesse momento de dificuldade, enquanto meus próprios amigos se voltaram contra mim. Contra mim, que sempre os liderei com devoção abnegada, quase como um mártir. - Sirius ainda lamentou por um longo tempo, sendo suficiente para que o guardião, tendo retornado, seguisse diretamente para a cabine da capitã.
Os que permaneceram lá em cima também viram Sirius Black partir para o interior do navio, restando aos demais se entreolharem preocupados. Conversaram algum tempo ainda, tentando amenizar o clima. Yorgói, sempre curioso, aproveitou para saber sobre o passado de Bibiana e Samwise. Eles contaram que já faziam parte de um grupo de aventureiros junto com outros dois aventureiros: Guideon McLought, um guerreiro humano de Thesk e Willhelm Grimm, um druida humano, servo de Eldath, deusa da paz, vindo de Rashmen mais ao norte. 
- Nosso grupo saiu de Telflaam, a capital de Thesk, uma cidade cosmopolita e que mantém contato com o Oriente através do Caminho Dourado. Fomos contratados em Telflaam para ir até o Forte Thesk, no oeste, fronteira de Thesk com Thay, buscar o irmão de McLought que comandava um destacamento no forte e não mandava notícias a semanas. Rumores davam conta de problemas. O próprio McLought nos contratou. Nos tornamos bastante próximos... - nessa hora Bibiana exitou por um instante, mas prosseguiu com a voz embargada - Nós cruzamos o reino em alguns dias até chegar ao forte. Lá tudo estava abandonado, mas ao contrário do que esperávamos, como um ataque de magos vermelhos de Thay ou de mortos-vivos, tudo estava intocado.. simplesmente abandonado, sem sinal de conflito. Acabamos encontrando o diário de Hamish McLought, o irmão de Guideon, que dava conta de ataques vindos das trevas, levando seus homens um a um. Também não recebia resposta dos corvos que enviava para a capital. A último relato era de 5 dias antes de termos deixado Telflaam e 15 dias antes de chegarmos ao Forte de Thesk.
Samwise prosseguiu dizendo que o mistério se resolveu, quando com a ajuda dos poderes divinos de Bibiana e Willhelm, descobrimos que tratava-se de um assassino capaz de mergulhar nas trevas chamado Radamanthys Notivago. Ele e seus dois auxiliares nos atacaram e por pouco não destruíram a todos. Eles conseguiram assassinar Guideon e Willhelm e só não mataram nós dois por um milagre.
- Um milagre de Corellon Larethian. - disse com satisfação a clériga tentando disfarçar a dor que se lembrar de tais episódios traziam. 
- Bem, os inimigos, no entanto, quando derrotados explodiram em pequenos fragmentos de trevas e não restou ali nenhum corpo. Assim, nós saímos dali vivos e resolvemos voltar para Anglarond, terra da Bibiana. Ao chegar à costa, pagamos pela viagem nesse navio com minha carta de crédito de Soubar para atravessar o mar e chegar a Dlusk. E aqui estamos nós...
Na cabine da capitã Sonja, deitado em seu leito uma vez mais, Ehtur Telcontar chegou à conclusão de que tudo aquilo havia sido culpa do jovem bárbaro. Um estorvo. Não fosse sua maldita maldição e não teriam tantos problemas. Abraçado ao corpo nu e suado  de Sonja, Ehtur Telcontar lutava consigo mesmo, pois entendia o que devia fazer, mas por outro lado tentava resistir aqueles desígnios que se desenhavam em sua mente. 
Após vestir-se, resolveu procurar por Yorgói ainda naquela noite. Ele explicou para seu amigo gnomo suas preocupações, mas o historiador, que estava escrevendo um livro sobre suas aventuras, chamado o Cerco de Evereska (título provisório), buscou demovê-lo de suas conclusões. Certamente que Rock tinha culpa no tumulto, como tinham todos os ali envolvidos. Francisco também se excedeu. Quanto à maldição, que culpa podia ter Rock se sua tribo havia sido exterminada e um holocausto parecia acompanhar os que cruzavam seu caminho. Haviam se reunido para salvar o mundo, mas também para proteger o garoto, cuja única culpa parecia ser a falta de cautela. Telcontar não pareceu satisfeito com os rumos da conversa, estava inquieto e suava bastante. Quando Yorgói buscou saber o que mais o afligia, o guardião tornou-se arredio.
- Penso que devemos conversar com Sirius, com calma, sobre sua associação com Máscara. Eu irei ter com ele amanhã... 
No dia seguinte, Yorgói encontrou Sirius recolhido no interior do navio, separado dos demais. O mais novo representante de Máscara entendeu as palavras de seu aliado, mas fez questão de que todos ali estivessem para escutar de uma vez suas explicações. Ele entendia que não havia problemas maiores no que se desenrolava. Assim como Morpheus, Selune não estava mais apta a oferecer-lhes proteção e eles não poderiam arcar com tamanho desamparo divino. Máscara ofereceu-lhe uma oportunidade de representá-lo e não de servi-lo cegamente de joelhos. Ninguém ali precisava sentir-se ameaçado ou temer o que quer que fosse, pois ainda tratava-se do mesmo bom e velho Sirius Black, mesmo que o próprio grupo já não fosse tão confiável. As palavras do servo de Máscara, no entanto, foram interrompidas por Ehtur. O guardião urrou que o culpado por toda aquela discórdia era Rock e avançou contra o bárbaro. Ele agarrou-o com facilidade, já que o rapaz ainda estava enfraquecido pela necromancia de Francisco Xavier. Todos repararam que Ehtur Telcontar estava muito vermelho, com um ar demoníaco até. Ele levantou Rock como se fosse um saco de batatas e atrás dele começou a se formar um portal.
Todos reagiram à surpresa com ações. Rock tentou escapar, mas a força de Ehtur era absurda. Foi Daphne, que transformando-se num grande urso marrom, conseguiu arrancá-lo das mãos do guardião. Ela juntamente com um hipogrifo conjurado por Xavier tentaram atrasar Ehtur. Leila Diniz buscou desfazer a magia que controlava o guardião, mas não foi capaz de afetar aquele poder nefasto. Bibiana lançou um círculo de proteção contra o mal centrado no bárbaro, na esperança de que isso o protegesse. Yorgói, por sua vez, cantou para auxiliar seus aliados e tentar trazer o velho Ehtur de volta.
Sirius, usando seus poderes sombrios, sumiu para reaparecer entre o guardião e o portal. Lorde Byron, enquanto todos concentravam-se em Telcontar, atravessou o portal, indo em direção à paisagem infernal do outro lado. Sirius resolveu resgatá-lo. Enquanto isso, Rock correu tentando chegar ao convés, mas foi impedido por Sonja, que surgiu na porta com grandes asas vermelhas e chifres, denunciando-a como uma sucubus. Ele agarrou-o e beijou-o drenando o que lhe restava de forças.
Úrsula e Samwise retesaram seus arcos disparando uma chuva de flechas contra a diaba maligna da corrupção, que absorvia sem problemas a maior parte do dano. Leila se fortaleceu com um esplendor da águia. A batalha, no entanto, seguia feroz, como se os heróis estivessem cercados entre o dominado Ehtur e a traiçoeira Sonja, mesmo sendo maioria.
No outro plano, eles podiam ver que Byron e Sirius se depararam com Orcus, o orquestrador de tudo isso. Lorde Byron atirou-se contra ele, agarrando Princípe Diabólico e isso fez o corpo mortal do servo de Morpheus queimar como papel numa fornalha. O cheiro de carne queimada somou-se ao cheiro de enxofre do local. Correntes emergiam do chão prendendo-os, enquanto o demônio desconectava Sirius de sua nova divindade. O servo de Máscara buscou escapar fundindo-se às trevas, tentou soltar os braços, mas parecia inútil e nada surtia efeito.
Nesse momento, Bibiana aproximou-se do portal e conjurou uma magia capaz de banir criaturas de volta para seus planos. Tendo como alvo Sirius Black, que não ofereceu resistência, a magia da serva fiel de Corellion Larethian retirou Sirius do Abismo e trouxe-o de volta para o interior do navio. Orcus urrou furioso. Black, por sua vez, aproveitou a chance para mesclar-se às sombras do interior do navio e surgir atrás de Sonja, golpeando-a com suas adagas pelas costas. A surpresa custou a vida da sucubus, cujo corpo caiu estatelado no chão e também significou o fechamento do portal.
Ehtur Telcontar permanecia dominado, mas Samwise cuidou disso acertando algumas flechas, que fizeram-no despertar e contemplar as consequências de suas ações. Todos olharam-se esbaforidos e cientes de que Byron estava condenado...





13 de jul. de 2012

Chegadas e partidas...

Enquanto o grupo ainda planejava onde lançaria as próximas bolas de fogo para vitimar a horda de inimigos, foram alcançados pela terrível blasfêmia mágica vinda dos antagonistas distantes que a lideravam. Todos sentiram a força se esvair de seus corpos, assim como ficaram tontos, sem reação. Para piorar, Leila e Francisco viram-se paralisados por tal força nefasta e não foram os únicos.. os quatro grifos que os carregavam também ficaram de todo imóveis, fazendo com que todos sofressem os efeitos da gravidade. Imediatamente, Rock lançou uma magia que os fez planar com a leveza de plumas. A magia afetou os mais próximos, restando para Daphne, em sua forma de águia, resgatar os dois arcanos da Fortaleza da Vela. A jovem druida os deixou à salvo nas costas de David, que correu evitando a horda de monstros que estava cada vez mais próxima da pequena cidade. Ela percebeu que Leila brilhava cada vez mais e que a paralisia começava a se dissipar.



Úrsula, ainda planando, começou a disparar suas flechas contra os treants amaldiçoados que ainda estavam ao alcance por terem ficado para trás. Yorgói resolveu pegar a varinha de cura para garantir a sobrevida dos amigos e atacar os mortos-vivos. Sirius também optou por um arco, que havia recolhido entre os elfos e atirou contra seus inimigos. Rock se protegeu com magia, enquanto comandou seu familiar a usar uma porta dimensional e esgueirar-se na direção dos líderes dos inimigos. O cão-piscante surgiu a tempo de ver a mulher conjurar um rinoceronte dos infernos. Byron alertou sobre os prováveis líderes dos inimigos, mas ninguém parecia simpático ao servo de Morpheus, sem seus poderes divinos.
Daphne retornou a tempo de resgatar Ehtur, já que o guardião tinha de manobrar para prolongar a queda, pois era o único que não fora afetado pela Queda de Pena conjurada pelo bárbaro. Ele indicou para Daphne o ponto próximo à floresta de onde um homem e uma mulher estavam comandando o ataque. Haviam quatro lobos mutantes ao redor. Seguiram sem medo e com convicção como a melhor dupla de servos da natureza que aquelas terras do leste estavam conhecendo. Ehtur se fez invisível, Daphne aprumou as asas e acelerou o vôo.
Foi por essa hora, que começou um terremoto, exatamente como havia ocorrido na capital. Dessa vez, no entanto, as construções eram deveras mais frágeis, sucumbindo com facilidade aos efeitos do tremor mágico. Boa parte dos navios buscava deixar o porto, restando apenas um último a lutar contra as ondas revoltas. Aparentemente, seus tripulante estavam decididos a chegar à cidades.
A mulher sinistra e maligna, no entanto, percebeu o avançar de Cirius, o familiar de Rock. Sem demora, ela lançou seu poder nefasto sobre o pobre cão-piscante, desintegrando totalmente o pobre animal, que não teve nem sequer uma chance de resistir ante aquele poder destruidor. Pouco mais do que um punhado de cinzas restou, formando um pequeno monte dissipado pelo vento. Isso foi como um vazio sem fim no peito do jovem bárbaro, que sentiu parte de sua própria essência sendo arrancada da existência, ficando totalmente atordoado.
O guardião e a águia gigante passaram por sobre o rinoceronte conjurado, que vinha em carga descontroladamente e sedento por destruição, mas logo viram o trio de vrocks que foram conjurados a seguir, vindo na direção deles dois. Um segundo depois, num passe de mágica, os três vrocks se tornaram dezoito. O rinoceronte infernal seguiu em direção aos outros que se aproximavam do chão, enquanto a horda se aproximava da cidade.

Na cidade, os populares buscavam formar uma linha de defesa, seguindo as orientações recebidas do grupo de heróis. Entretanto, mesmo sendo mais numerosos, eles ofereciam uma resistência frouxa aos monstros mortos-vivos. Para um que derrubavam, muitos mais cidadãos tombavam, logo levantando-se ao lado do inimigo. O único consolo que lhes chegou foi quando uma jovem clériga de traços élficos, surgiu caminhando de sobre as águas do porto e reunindo o poder de sua fé, explodiu numa energia luminosa que rechaçou os mortos-vivos. Acompanhando a serva do deuses, vinha um hobbit célere em um cachorro de montaria.
Yorgoi conjurou um círculo de invisibilidade, de modo que o rinoceronte se entregou à mutilação dos grifos, por não poder ver nenhum dos valentes heróis. Sirius e Úrsula desferiram ataques contra o animal infernal e mesmo assim ele continuou de pé. Daphne soltou Ehtur próximo ao chão e fez uma ação evasiva, levando todos os demônios em seu encalço. Ehtur seguiu em frente aprumando sua lança e contando com a invisibilidade concedida pelo anel. 
David chegou em auxílio aos outros atacando o rinoceronte. Eles avançaram, enquanto Daphne foi alcançada pelos vrocks. Os ataques deles custaram seu sangue e a druida tombou ao chão. Assim, os vrocks buscaram outras vítimas.
Lá atrás, mesmo com a ajuda da clériga, a resistência de Dlusk esmoreceu de vez. A maior parte daqueles camponeses e artesãos correu por suas vidas, enquanto o pequenino montado em seu cavalo cruzava o céu como mágica, evitando contato com os monstros mortos-vivos. Ele avistou o que se desenrolava mais à frente e vendo a pouca eficiência de seus ataques na horda, resolveu dar conta dos responsáveis.
Ehtur, por sua vez, viu a mulher na armadura negra se encantar e ficar alta como um troll. Não parecia desapercebida de sua presença, mas mesmo assim ele cerrou punhos e disparou em carga. O ataque foi poderoso e preciso, mas não foi capaz de cobrar-lhe a vida, pois ainda sentia os efeitos de sua força sugada. Sem pestanejar, a mulher desferiu golpes com seu gládio cobrando um quinhão maior do sangue do guardião. O homem de olhos esbugalhados dançava e entoava um cântico como se participasse de um ritual macabro. De algum modo, Ehtur sentiu que ele o privara de respirar. Lorde Byron buscou mover-se em direção ao combate.
- Acabe com ele, Cléria! - gritou o alucinado na língua de Aglarond, que Ehtur já conhecia.
 O mago da Fortaleza da Vela evocou seus poderes arcanos e purificadores na forma de uma tremenda bola de fogo, que se não aniquilou de vez os demônios, ao menos desfez as 15 ilusões que os acompanhavam. Feito isso, os demais, reunidos um instante, partiram em socorro aos servos da natureza. Rock enfurecido derrubou o rinoceronte. Yorgói rumou para a grande águia tombada, curando-a com sua varinha. David correu para auxiliar Ehtur levando Francisco, Leila e Úrsula. Os lobos amaldiçoados, no entanto, avançaram sobre eles. Todos concentraram os ataques na mulher, mas ela resistia.
Enquanto Daphne se punha de asas abertas, tornando-se uma coruja gigante para recuperar-se dos ferimentos, Ehtur e os demais tentavam fazer frente aos servos do mal. Leila buscou dissipar a magia que reforçava os poderes da mulher, mas não fez frente ao poder dela. Úrsula e Ehtur encontravam espaço para atacar, mas sem a intensidade necessária. David acabou tombando diante dos lobos, pois estes, depois de derrubados pelo poder de Chico Xavier, retornaram ágeis e sanguinolentos, como acontecia com todos os comandados dessa dupla de vilões. Os ataques de Cléria não demorariam a tirar a vida do guardião, isso se a falta de ar não o levasse primeiro.
Daphne lançou Sirius na batalha, colocando-o no flanco da maldita mulher. Isso representou uma certa vantagem, permitindo que eles ganhassem algum terreno. Ainda longe, mas com uma magia para retirar-se rapidamente, Rock correu furioso, ainda tendo a sede incontrolável e pujante da vingança transbordando de seu ser. Nem sequer deu atenção para o pequenino que vira surgir montado num cão, como as tropas de Gengis Kahn de Soubar.
Cercada e vendo-se ameaçada, Cléria gritou:
- Faça alguma coisa, Paulo Caôs! - em resposta, o desconjuntado e horripilante homenzinho esticou seu dedo indicador na direção de Sirius. O servo de Selune sentiu a vida ser rasgada em seu interior e todos viram seu corpo cair sem vida no chão.
Uma nova rodada de ataques seguiu-se, mas os servos do mal pareciam mais próximos do êxito, além do fato de que a cidade desmoronada era varrida pela horda de seres planta mortos-vivos. O desespero tomava conta de seus corações. Yorgoi curou parte dos ferimentos de Ehtur com sua varinha, mas foi Leila Diniz que surpreendeu a todos. Sem se deixar prender pelos medos, ela liberou toda a energia mágica bruta que estava concentrada em seu corpo. A energia prateada derramou-se por seus poros e assomou como uma onda avassaladora e inescapável sobre a tenebrosa inimiga. Cléria gritou aterrorizada, enquanto sentia todo o impacto daquela explosão primitiva e incomensurável varrer sua existência. O corpo da mulher tombou com o barulho metálico de sua armadura golpeando o solo.

Paulo Caôs, surpreso e abismado, não perdeu tempo, recuando alguns passos e desaparecendo, fundindo-se ao solo.

5 de jul. de 2012

Deterioração...


Ehtur e Rock resolveram não perder tempo e logo agarraram os corpos de seus aliados que haviam tombado. Lorde Byron uniu-se a eles. Carregaram os corpos para uma carroça próxima, cujo cavalo, assim como todos os demais seres vivos num raio de 20 metros haviam tombado mortos. O desespero e o terror absoluto se apossaram da população que havia presenciado aquilo. A turba passou a fugir de maneira caótica em todas as direções, alguns atiravam-se no mar, outros corriam para o centro da cidade e ainda havia os que preferiram tomar o rumo da saída da cidade.
Ehtur falou para Rock puxar a carroça em direção ao palácio, enquanto ele retornaria para buscar David e o  familiar. O jovem bárbaro usou sua força para ocupar o lugar que seria do cavalo e pôr a carroça em movimento. O guardião via no limite da cidade a horda do que pareciam zumbis verdes invadindo. Ao retornar com o lobo e o cachorro, viu que a garota da Fortaleza da Vela, apesar de morta como os demais, emitia um tênue brilho prateado, como uma energia estática, ao mesmo tempo que um lento regenerar afetava todos os ocupantes da carroça. Lorde Byron, que já estava de pé sobre a carroça, fitava o horizonte com olhos fechados.
- Uma mulher em uma armadura completa negra está liderando o ataque. Ao lado dela está um sujeito sujo e de aparência tresloucada. Estão a quase 500 metros daqui.. são eles que estão atirando essas magias. - dito isso, o servo de Morpheus liberou uma cura que afetou todos os seus aliados, curando parte dos ferimentos e despertando os caídos, que antes pareciam estar mortos.
Antes que todos pudessem reagir, no entanto, o chão começou a tremer. Um terremoto começou a chacoalhar as edificações, ao mesmo tempo que o mar tornou-se revolto, jogando os navios contra o cais. Isso dificultou ainda mais a escapada em direção ao palácio, enquanto algumas construções chegavam ao colapso e muita gente era atingida.
Todos passaram a se curar com poções, enquanto Ehtur passou a ajudar Rock a puxar a carroça. Byron lançou um ataque de fogo em resposta à torre flamejante conjurada sobre os pobres guardas locais, que nas entradas sem muros da cidade tentavam impedir a horda de zumbis esverdeados. Seu único auxílio eram os cavaleiros montados nos grifos. Embora os guardas derrubassem com facilidade os monstros, esses se levantavam mais ágeis e poderosos logo em seguida. Além disso, os monstros estavam em número maior.
Para piorar, um trio de vrocks foi conjurado sobre os cavaleiros de grifos, atacando-os e atrapalhando-os. Uma blasfêmia mágica se espalhou vinda de fora da cidade e corrompeu o ar, derrubando todos os seres vivos até pouco menos de 10 metros da carroça. Nessa hora, um ponto de explosiva luz prateada irrompeu do palácio e cruzou o céu como um raio.
- Vocês ousam invadir meu reino e atacar meu povo.. - ecoou a voz da mulher que brilhava, numa língua arcaica e diferente, a qual só Ehtur compreendeu. Byron teleportou-se imediatamente. Vendo que nada mais impedia a horda de avançar, nossos heróis chegaram ao palácio preocupados. Havia ali muita gente também em busca de socorro, mas ninguém abria os portões. Sirius Black deu um pulo da carroça, afundou nas sombras sob o olhar atento e surpreso de Daphne. Ela não pode ver que ele surgiu dentro do castelo, onde deparou-se com os guardas do outro lado, que logo o atacaram, sem entender nada do que ele dizia. Sirius acabou ficando invisível e afanando as chaves, com as quais abriu a porta, permitindo à todo aquele povo entrar.
Paralelamente a isso, Francisco e Leila uniram-se a Rock despejando bolas de fogo sobre a horda. A ação foi coordenada, de modo a abarcar as criaturas e vitimá-las com meticuloso cuidado Daphne vira que eram plantas humanoides, seres que não deveriam estar agindo dessa forma. Elas caíam facilmente com o fogo, mas sua segunda forma, ágil e morta-viva, era mais resistente e quase ofereceu real perigo.
A rainha bruxa Symbul e Lorde Byron retornaram a seguir com outro teleporte. Com um só ataque, ela eliminou todos os monstros que restavam, lançando palavras de consolo para o povo.
- Como eu lhe disse, rainha Symbul, estes são os destemidos que me acompanham e buscam salvar o grande Azrael Sullivan. - disse Byron como quem prossegue com um argumento.
- Eu reconheço você, Sirius Black. Aquele que invadiu meus sonhos com histórias sobre o triste fim de minha irmã Alustriel.
- É verdade, minha rainha. Eu vi a sina de sua irmã em meus sonhos. Estive na pele dela sentindo a dor causada pelos phaerimms. Minha vontade foi deixá-la a par de tudo.
- Alustriel era maior do que isso.. ela merecia um fim mais nobre.
- Os phaerimms disseram que usariam-na para chegar até Mystra, a deusa da magia. E depois disso, por um instante, a magia realmente falhou..
- Isso se deve ao Fogomágico.. esse poder único é uma dádiva da Senhora da Magia. Apenas seus escolhidos tem acesso a ele. Assim como ele é uma forma bruta de lidar com a magia, para proteção ou ataque, ele permite um elo direto com Mystra. Apenas eu e minhas 4 irmãs restantes, agora que Alustriel se foi, podemos lidar com tal dádiva.
- Sinto interromper, rainha, mas eu.. quero dizer.. em mim.. bom.. eu tenho.. tenho esse dom...
- É impossível que alguém como você tenha tal sorte, garota.. - desdenhou a rainha Symbul com indisfarçável arrogância.
- Eu juro.. por Mystra, é verdade.. não sei porquê, mas eu tenho esse dom! - insistiu Leila. A rainha Symbul seguia incrédula e nenhum argumento pareceu capaz de demovê-la de tal opinião. Sem paciência para aquilo e acreditando que uma imagem vale mais do que mil palavras, Francisco lançou seu misseis-mágicos, que ao invés de machucarem Leila, acabaram sendo absorvidos pela feiticeira, mesmo que no susto. Leila passou a emitir o leve brilho prateado, que Ehtur já percebera antes, quando ela estava caída. Sem poder negar os fatos, a rainha desviou o assunto para as motivações que os trouxeram até Anglarond. Quando mencionaram o Tomo de Mystra, que buscavam para poder navegar os planos em segurança até o paladino de Kelemvor, a rainha pareceu interessar-se. Souberam, entretanto, que o texto sagrado de Mystra não se encontrava mais lá, pois fora roubado por forças dos magos vermelhos de Thay, o reino inimigo que tanto ameaçava essas terras.
Os monstros recém-surgidos eram aliados dos thayanos, comandados por um certo Homem Putrefacto, que transforma pacíficos vegetais humanoides, os volodni, em poderosos mortos-vivos. A rainha bruxa não via perspectiva de se libertar dos próprios problemas para poder ajudá-los, mas não viu problema em tentarem recuperar o tomo, desde que o restituíssem após o uso. Forneceu-lhes quatro grifos para transportá-los, pois levariam alguns dias para chegar até Thay, ainda mais por uma terra desconhecida.
Sobrevoando a grande península que formava o reino de Aglarond, todos puderam ter uma boa idéia da geografia da região. O mar ocupava o norte, o sul e o oeste. Para leste, a terra seguia até uma cordilheira de montanhas. A mata de Yuir, na verdade, uma floresta tropical, cobria entre 70 e 80% das terras, deixando pouco mais que praias e curtas planícies, onde haviam poucas fazendas ou rebanhos. Todas as cidades eram portuárias e tinham bastante movimento, embora nenhuma fosse como a capital Velprintalar. Passaram por 4 delas antes que o dia findasse, pousando na grande cidade de Larfurthing, a segunda maior do reino.
Lá foram recebidos como heróis pela população admirada com os cavaleiros dos grifos. Sem entender muito bem, aceitaram a calorosa recepção e deixaram aquela população acompanhá-los. Conseguiram excelentes quartos em uma estalagem de ótimo nível, bem como acomodação para os animais, tudo por conta da casa. Aparentemente, os tais cavaleiros de Aglarond eram heróis de todo o reino.
A noite de descanso teria sido de todo tranquila, não fosse o grito aterrorizado de Lorde Byron próximo do amanhecer. Ao despertarem, todos perceberam que, depois de muito tempo, pela primeira vez, eles não haviam sonhado. Encontraram Byron aterrorizado e prostrado..
- O que houve?
- Morpheus.. ele se foi.. eu.. eu não sinto mais seu poder...
Isso adiantou um pouco a partida. Preferiram não se delongar e logo seguiram para o leste. O principal servo do senhor dos sonhos manteve-se em choque todo o tempo, murmurava preces sem parar, enquanto os quatro grifos voavam acompanhados de Daphne, em forma de águia gigante, e de David, que corria lá embaixo.
Viajaram todo o dia até chegarem à pequena cidade de Dlusk, que como todas as outras que haviam visto, não possuía muralhas e era uma extensão de seu porto. No porto, aliás, haviam um número desproporcional de barcos e parecia haver alguma espécie de celebração religiosa. Ao mesmo tempo que avistaram a cerimônia, viram também a horda que deixava as matas de Yuir ao sul em direção à vila. Eram mais de uma centena dos homens-planta, além de alguns treants, igualmente maculados pelas forças do Homem Putrefacto.
Tiveram pouco tempo para alertar os cidadão de Dlusk, embora o status dos que montavam grifos tenha lhes facilitado o serviço. Muitos foram os que fugiram e debandaram com a notícia, enquanto os restantes buscaram cumprir as ordens para melhor defender a área urbana. Montados sobre os grifos, nossos heróis partiram para a batalha chamando a responsabilidade. Lançaram suas bolas de fogo, prepararam óleos e fogos gregos. Uma nova batalha começou...