- COMPANHIA ALTO!!! Abram caminho, soldados. Deixe-me ver o que temos aqui...
- Parecem aventureiros perdidos, senhor. - comentou um dos soldados.
- Por certo, que sim.. quem são vocês?
- Eu sou Ehtur Telcontar.. este é Ryolith Fox.. e este é Yorgói Dossantis. Acabamos de escapar da cidade de Brasilis, onde fomos resgatar essas duas gnomas.
- Pois eu sou o grande capitão do exército de Waterdeep Supla Sumo. Esta ao meu lado é minha conselheira Chandra Kurang. Nós estamos justamente marchando em direção a essa pequena cidade para acabar com os ataques à Grande Floresta.
- Creio que podemos ajudá-los de muitas formas, capitão.. - sorriu Yorgói.
- Venham comigo.. conversemos melhor com água, comida e lugar para sentarem.. - convidou-os o capitão, que parecia um homem marcado pelas batalhas da vida. Enquanto a tropa organizava-se para seguir com a marcha, eles receberam da ração destinada aos tempos de guerra e puderam recuperar-se melhor. Foram apresentados a outras duas figuras de destaque: a embaixatriz de Cormyr, Palas Atenas, e seu protetor, o monge Miguel.
- Eu conheço você.. - disse, logo depois o capitão Supla, tendo a oportunidade de ver Sirius melhor.
- Muita gente acha que sim, mas a bem da verdade quem conhece alguém não é mesmo? Conhece a ti mesmo? - enrolou Sirius agrupando-se aos companheiros.
- Você é da corja dos Ladrões das Sombras.. tenho certeza de que já vi a sua fuça metida em confusão na Cidade dos Explendores.
- Isso foi no passado, mon capitan. Hoje sou um homem mudado. Enquanto ex-líder desse grupo e responsável por salvar a vida destes que insistem em me acompanhar dúzias de vezes, posso lhe garantir que minhas ações, por mais pueris que possam parecer, são governadas no sentido de extrapolar quaisquer que sejam os quiasmas da maldade, no sentido único e obrigatório da salvaguarda das vivências realmente verdadeiras
- Uma vez criminoso.. sempre criminoso.. a menos que.. bem.. aqui, nós temos um mecanismo muito bom para.. lapidar.. o caráter das pessoas. Bate fundo na alma do sujeito, se é que você me entende.
- Queira perdoar a interferência, capitão. Mas eu fui responsável pela contratação dos serviços do sr. Black e posso garantir que ele deixou de lado suas atividades criminosas em Waterdeep..
- Isso não o fez prestar contas de seus crimes, Yorgói. Quando retornarmos a Waterdeep, ele deve entregar-se aos longos, másculos e fortes braços da lei.
- Tenho certeza que a lei tem muito a dizer ao sr. Black.. - acrescentou Fox, cuja atenção não conseguia escapar da beleza angelical de Palas Atenas. A embaixatriz era também uma capitã dos Dragões Púrpuras, a elite de Cormyr. Apesar de pequena e delicada, ela vestia uma magnifica armadura completa e o mundo parecia apenas uma moldura dela.
- Veja bem, meu caro Supla. Entenda que eu posso ser um agente colaborador da situação, um agente transformador.. posso lhe contar toda a verdade de uma maneira ampla, geral e irrestrita, mas não aqui.. diante de tanta gente. Podemos nos reunir.. mais tarde.. e lhe garanto que terá outra opinião a meu respeito.
- Você quer se reunir comigo em particular, sr. Black? Em minha tenda?
- Err.. bem.. quero dizer.. com menos gente.. podemos levar o.. o grande paladino.. o grande paladino e Yorgói.. ah.. e a bela embaixatriz? - ele disse pegando a mão de Palas e beijando-a num convite.
- Ah sim.. - disse Supla parecendo decepcionado.. - Que seja.. nos falaremos mais tarde, então..
- Eu irei. - respondeu Palas retirando a mão e desdenhando Sirius. - Mas não ache que eu não sei que tipo de gente você é. - A jovem deixou-os e Miguel a acompanhou em silêncio como sempre.
Com a chegada da noite. Sirius, Ryolith e Yorgói seguiram para a tenda de Supla Sumo, algumas horas após o exército acampar já tendo a cidade no horizonte. Arnoux achou por bem seguí-los escondido, logo após uma discussão com Úrsula. Sua amada não queria mais continuar.. queria voltar pra casa. Ficou ainda mais abalada com as notícias sobre os problemas com os gnomos.. os ataques.. os escravos.. Arnoux insistiu que deviam ao
menos terminar as coisas por aqui. Quando Úrsula se afastou, Shatiah aproveitou para falar:
- Eu não acho justo ela cobrar você assim.. um companheiro tão dedicado.
- AÃh?
- Ela devia ser mais dedicada a você. Na minha opinião..
- Olha.. não tem nada disso que você está pensando. Com licença... - e saiu.
Rock soube através de alguns soldados sobre as notícias de ataques de demônios no norte. As notícias davam conta de que algumas tribos haviam sido totalmente dizimadas. Ehtur, por sua vez, ponderou sobre as informações de como os ataques iam além da Grande Floresta até a fronteira com Cormyr. Daphne, apesar de ainda preocupada com seu lar, orava para que o equilíbrio prevalecesse, enquanto acariciava a cabeça de David, exausto de verificar a região. Déborah e Shatiah discutiram um pouco e logo se evitaram, indo Deborah consolar Úrsula que parecia tristonha.
Enquanto isso, chegando à tenda de Supla, os demais aventureiros encontraram algo por certo inesperado. Não bastasse a excessiva suntuosidade da barraca diante das demais, dentro era ainda mais luxo. Várias almofadas estavam espalhadas pelo chão e deitado sobre elas estava Supla Sumo. O capitão de Waterdeep vestia unicamente uma sunga dourada, deixando o corpo brilhando sob a luz das velas.
- Sejam bem vindos. Ano Lauro.. meus convidados chegaram. Traga bebidas.. - e dito isso, viram um serviçal surgir com uma bandeja. Ele era magro, com olhos esbugalhados e um ar abobalhado.
- Vinho, senhores? Ótima safra, eu mesmo abri a garrafa.. a rolha estava muito dura..
- Cala a boca, Ano Lauro. - resmungou Supla, enquanto Yorgói e Sirius pegavam taças. Fox pediu água.
- Não temos.. quero dizer.. posso ir buscar.. mas a daqui acabou.. - e dito isso, o capitão levantou-se e foi até o serviçal, dando-lhe uma bofetada que o lançou ao chão. Ano Lauro caiu trêmulo, mas um tanto feliz rastejando pelo chão. - Queiram perdoar essa anta paralítica. Vá providenciar água.. - A surpresa foi tamanha que o paladino não soube como reagir.. tudo ali parecia tão distante do que ele esperaria da etiqueta militar.. para dizer o minimo. Ainda assim, a chegada de Palas Atenas e Miguel roubaram-lhe a atenção.
- Ó, que ótimo. Estamos todos aqui.. creio que pode começar com suas explicações, sr Black.
- Bem.. meu caríssimo capitão.. camaradas.. embaixatriz.. quero esclarecer que é verdade que eu algumas vezes prestei serviços distanciados e terceirizados para essa sociedade criminosa. No passado, eu fui induzido a ações pecaminosas. Como culpar um jovem mancebo no alvorecer de sua masculinidade, não é mesmo? Deixei-me envolver por algumas festividades mais pesadas.. menos família e acabei numa suruba dedicada a Shar da qual sai com marcas terríveis. Essas chagas me acompanharam, enquanto eu salvava meus companheiros e a Grande Floresta. Lä, os druidas expulsaram as forças das trevas e me vi livre do problema. Desde então, continuei salvando meus companheiros.. assim como as duas gnomas, que como eu disse... eu salvei.
- Não tente me embromar, Sirius. - disse Supla Sumo deitando-se novamente e acomodando-se confortavelmente. - Você este envolvido com escravidão?
- Bem.. de um modo.. seria mais uma questão de trânsito.. na verdade, nos atuavamos num ramo relativo da expressividade cultural dos povos, onde podemos ver um redimensionamento da relações de poder que conformam a dialética dessa condição.
- Então, quer dizer que sim.. quem era o seu contato?
- Um sujeito chamado Lotti.
- E o que mais você sabe?
- Estão construindo um templo de Shar.. embaixo.. sob Waterdeep.. em Porto dos Crânios.. como pode ver, não sou um problema, capitão.. eu sou a solução. Eu posso não me dobrar aos desígnios de suas divindades tão ordeiras, mas não é por puro antagonismo, mas pela livre expressão de minha subjetividade. Creio que podemos manter um convívio respeitoso. Não concorda, embaixatriz?
- Eu acho que você é a pior espécie de ser que a humanidade é capaz de produzir, Sr. Black. Um aproveitador.. um bon vivant.. um fanfarrão perturbando a ordem, a disciplina e a justiça. A escória como você semeia o caos. Você pode culpar Shar, o ritual, sua infância difícil.. mas as escolhas foram todas suas. Foi você que escolheu se entregar ao vício da carne.. você pode ter sido "purificado", mas sua alma é podre como sempre.. - e ela retirou-se dali deixando as palavras no ar. Miguel, antes de segui-la, encarou Sirius de forma intimidadora deixando uma clara mensagem. Fox aproveitou para ir atrás dela.
- Bom, nós também temos de ir...
- Yorgói tem razão, capitão, queira nos dar...
- Há espaço aqui se desejarem passar a noite.. - isso fez os dois saírem logo dali.
-
No dia seguinte, tão logo a manhã se anunciou, Supla os enviou como um grupo destacado. Enquanto o exército sitiaria Brasillis, eles invadiriam vindos em segredo do rio e atacando as mentes.. ou melhor, os devoradores de mentes por trás de tudo. Viajaram por mais algumas horas, chegaram aos pântanos do norte onde o rio se formava. Evitaram problemas e logo chegaram à caverna subterrânea. Dali foram arrastados por um longo tempo até chegarem às minas sob Brasillis, tendo apenas um pequeno problema com uma naga intrometida. Invisíveis e silenciosos, cruzaram as minas atrás de Ehtur que lia os rastros de um grupo de cinco mind-flayers e mais alguns drows e hobgoblins. No meio da caverna tinha um dragão. Não era dos maiores, mas ainda assim.. era um dragão.
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