28 de fev. de 2012

Ou.. caminho!



Após todos manifestarem seus interesses, o grupo voltou a reunir-se no jantar que Déborah realizou em homenagem aos heróis e às tropas de Waterdeep, lideradas pelo capitão Supla Sumo, que haviam libertado a cidade. Se havia muito o que ser feito, também havia muita disposição por parte do gnomos em recomeçar.
- Queria agradecê-los uma vez mais. Todo o povo de Brasilis lhes será eternamente grato. Aceitem esses presentes como provas de nossa gratidão. - começou a discursar a clériga, incumbida agora de governar na ausência do pai. - Para o guardião Ehtur Telcontar esta bolsa mágica, para o paladino Ryolith Fox esta capa mágica. Arnoux Suarzineguer, receba este anel que irá protegê-lo, enquanto a ti, Úrsula, cabe este arco mágico. Para o bárbaro Rock dos Lobos, um amuleto que trará consciência, para o aventureiro Sirius Black, uma adaga mágica. Para meu amado Yorgói Dossantis.. uma lâmina da canção..
- Mas essa não é a espada do seu pai?
- Sim, ele gostaria de ver você com ela..
- Hã.. bem.. se você diz, amor...
- Como eu dizia, a druida Daphne Amkathra disse-me que para ela basta um compromisso de nossa cidade e todos os seus habitantes com a proteção e preservação da natureza. Proponho agora então um brinde.. a esses bravos heróis e ao capitão Supla Sumo.
Após o brinde, todos beberam e comeram muito bem. A festividade seguiu com boa música, dança e muita conversa. Algumas horas depois, já tendo bebido cerveja, hidromel, uísque e um licorzinho, Sirius manifestou sua insatisfação com a debandada geral.
- É inaceitável. Onde está o espírito heróico de vocês? Não somos nós o único grupo que detém informações crucias sobre quem está por trás de toda essa hecatombe apocalíptica que assola o mundo? Não foram vocês que exaltavam vossos espíritos nobres e abnegados? Não podemos nos separar num momento como esse!!! Temos que encarar esses monstros..
- Como eu lhe disse, Sirius.. - interviu Yorgói - tenho um compromisso com Ehtur. Se ele vai para Waterdeep, eu vou com ele. Também tenho que encerrar minhas coisas por lá...
- Eu pretendo seguir com as tropas e depois retornar a Cormyr. As coisas por lá estão muito ruins.. meu povo precisa de mim.
- Úrsula pretende ficar aqui.. Débora ofereceu um bom cargo pra ela.. e.. bem.. como dizer.. ela está grávida. - Todos ficaram muito felizes. Arnoux e Úrsula foram abraçados pelos colegas e parabenizados. - Mas eu concordo com Sirius.. acho que devemos permanecer juntos..
- Eu preciso retornar à Grande Floresta.. informar meu círculo druídico do que se passa. Se eles não se opuserem ou tiverem outra missão para mim, teria gosto em retornar e encontrá-los.
- Eu preciso ter notícias de meu pai e minha tribo. Os sonhos estão cada vez mais alarmantes..
- Se nos separarmos.. - retrucou Sirius - que esperanças restarão ao mundo? Os exércitos só enfrentarão a casca do problema. Nós somos uma família. Famílias devem ficar unidas. Com essa união poderemos ser os heróis das baladas vindouras. Cada um de nós desempenha um papel essencial nesse processo. Arnoux, Yorgói, o paladino, Ehtur, Úrsula, Deborah, Daphne, Rock, Ehtur.. e até aquela menina verde que a gente encontrou. Por que irás para Waterdeep, Ehtur? Por que não continua conosco?
Ehtur que permanecera calado o máximo possível, por fim, falou contrariado:
- Eu devo salvar Alissah.. eu sei que ela ainda está viva..
- Mesmo com o sonho do sacrifício?
- Eu sei.. e minhas últimas pistas me dizem que Waterdeep é o lugar por onde devo começar.
- Então você pretende deixar a salvação do mundo de lado por motivos pessoais e afetivos? - alfinetou o senhor Black. - Assim como o paladino só se preocupa com sua casa e não com o todo? Pelo que vocês falavam, parece que eu era o egoísta, individualista de quem se devia desconfiar...
- Acho que o alcool que está falando, Sirius.. - buscou tranquilizar os ânimos Yorgói. Mais cedo, a discussão entre Ryolith e Sirius, por conta de umas moedas de ouro, já fora tensa o suficiente.
- Permitam-me falar então o que sabemos a Supla Sumo. Eles convidou a todos para integrar as tropas, não é mesmo? Precisamos saber o que são esses Phaerimms..
- São seres ancestrais que se alimentam de magia.. - disse Daphne.
- Muitos acham que não passam de lendas.. seres flutuantes que viviam nas profundezas.. com poderes terríveis. - completou Ehtur.
- Abominações! Parasitas sugadores.. destruidores do equilíbrio.. de tudo que é natural. - continuou Daphne.
- Pior do que isso.. - interviu Yorgói assustado como alguém que se lembra de ter esquecido uma panela no fogo. Ele sentou-se na única cadeira ali perto.. - Phaerimm. Como eu pude não me lembrar.. maldita erva dos hobbits que acaba com minha memória.. onde já se viu um historiador desmemoriado. Netheril!
- Netheril? - disseram todos sem entender.
- O maior império erguido pelos seres humanos, que existiu até 2 mil anos atrás. Possuiam cidades voadoras.. era um tempo quando a magia era muito mais poderosa. A divindade da magia era outra. Foi justamente a loucura e a cobiça dos arquimagos desse povo que levou à limitação da magia pela atual deusa Mystra. Eles possuiam um terrível inimigo: os Phaerimms. Temo que sejam muito mais do que simples lendas, Ehtur.
- Mas então eles estão metidos com essa cidade voadora das trevas recém-chegada.. é óbvio! - concluiu Sirius. - Tudo se encaixa.
- Na verdade, eles eram inimigos, Sirius. Os netherísios aprisionaram essas criaturas sob o Anauroch. Além do que não temos como saber nada sobre essa nova cidade das trevas.
- Mas você não disse que esses caras tinham uma magia mais poderosa? Eles, por acaso, não tinham cidades voadoras?
- Bem, sim.. mas as coisas não são tão simples...
- De qualquer forma, é nosso dever.. dever.. - tentou retomar Sirius.


- Podemos terminar essa conversa amanhã? Antes das tropas partirem? Já somos os últimos aqui? A festa acabou.. todos já foram.. e até os faxineiros já se foram. - cortou-o Fox. Foi nessa hora que os diabos atacaram. Mais uma vez, vieram atrás de Rock. Surgidos em explosões de enxofre, eram variados e muito mais poderosos dessa vez. Em meio à batalha, o primeiro a acudir foi um batedor enviado por Everlund, que chegara um tanto perdido pelo lado oposto da cidade. Sua intervenção inesperada impediu que o maior dos demônios fugisse voando com Rock. Essa reviravolta trabalhou em favor dos heróis, que recuperados derrubaram os demônios menores. Restaram 2 e as tropas de Supla Sumo já se dirigiam para a barulheira da batalha. O maior e seu animal diabólico se teleportaram antes de serem pegos, mas antes, ele jurou retornar por Rock:
- Seu pai não resistiu, você não resistirá. - disse o preto diabo escamoso.

19 de fev. de 2012

Caminhos...




Mal puderam dar conta de um terço das moedas, após vitimar o dragão e um novo tremor ameaçou o túnel de saída improvisado que haviam feito. A prudência os fez deixar as moedas que restavam de lado e encaminhar-se para sair dali. Já lá fora, encontraram o combalido Sirius Black, que arrastava-se em busca de ajuda. Sem tempo para discussões, Yorgói e Débora o ajudaram. Arrastaram-se pela passagem e dirigiram-se para a superfície. Após atravessar o lago, seguiram com mais cautela, pois o silêncio lá em cima era tão preocupante quanto estrondos cataclísmicos.
No entanto, uma vez lá em cima, nossos heróis viram que aquela batalha já havia sido vencida. Aparentemente, sem a liderança dos devoradores de mentes, as outras criaturas haviam sucumbido ao descontrole que lhes é característico. Haviam prédios danificados por pedras das catapultas e alguns corpos de orcs aqui e ali. Sem dificuldades, após deixar a torre, saíram de Brasíllis e juntaram-se às tropas de Supla Sumo que a sitiavam. Ali a situação era diferente. Haviam muitos orcs e bugbears acorrentados. Dezenas.. talvez mais de uma centena. Os soldados divertiam-se tacando o que pareciam ser baldes de azeite sobre os prisioneiros..
- Preparem-se escória, hoje sentirão a ira de Supla Sumo... – gritou um deles. As criaturas, no entanto, pareciam apáticas e indiferentes à zombaria. Além do óleo, eram alvo de pedradas, terra e urina de alguns gnomos.
Quando finalmente encontraram Supla Sumo, Chandra Kurang, Palas Atenas, Miguel e Shatiah, havia muito que ser dito. A tropa tinha de rumar para Everlund, a senhorita Kurang sempre estava aberta a negociações, Palas pretendia seguir para poder retornar a Cormyr. Ao longe a chama e a fumaça do vulcão continuava a sangrar a Grande Floresta.

14 de fev. de 2012

Caverna do dragão...



O dragão se mostrou um adversário formidável como é próprio desses lagartos voadores ancestrais. Esse espécime em particular era bastante interessante. Os conhecimentos de Daphne e Ehtur combinados sabiam que tratava-se de uma Dragão da Presa. Além de ter o corpo coberto por chifres pontiagudos, a criatura possuía presas e garras desproporcionalmente grandes para o seu tamanho. Embora pouco maior do que David, tratava-se de um inimigo mortal, pois seus ataques ainda drenavam a resistência de quem era acertado. Suas asas, ao contrário, eram pequenas e atrofiadas, como se a vida subterrânea tivesse cobrado seu preço adaptativo. Fato é que, à despeito do cerco e da capacidade de batalha dos heróis, atacando em uníssono.. seus esforços pouco afetaram a carapaça do dragão.


Cada ataque dele, entretanto, era devastador como uma tempestade num campo de flores. Tudo se fez ainda pior, quando ele usou seus poderes mágicos. O dragão fundiu-se com o chão e logo seguiu-se um intenso tremor que fez tudo vir abaixo. O desmoronamento foi terrível. Ehtur e Rock viram-se soterrados sob toneladas de pedra. Mais à frente, Syrius, Ryolith e Arnoux ficaram isolados dos demais. Na parte anterior à massa de pedras que se formara bloqueando o caminho, Yorgói, Débora, Daphne (em forma de um urso preto), David e Úrsula não sabiam o que fazer. Com o retorno súbito do dragão, as presas só puderam lutar.
Com a ajuda de David, Ehtur conseguiu se libertar e ajudar os outros, já no limite de suas forças. Mas mesmo a retumbante lança do guardião não foi suficiente e eles viram-se todos à mercê de adentrarem o reino dos mortos. No momento derradeiro, todavia, algo desviou a atenção do dragão. Ao que parece, havia sobreviventes do outro lado e eles haviam encontrado algo indevido.
O dragão, após se fundir novamente à terra, abandonando os moribundos à própria sorte, surgiu do outro lado. Encontrou o trio já bastante combalido após disparar as armadilhas de dracônico covil. Rapidamente, tombaram Ryolith e Arnoux, restando Sirius, cujas forças minguavam ante um ardiloso veneno. Engolindo a pouca saliva que restava, resolveu falar na língua dos elfos..
- Olhe.. esses homens me devem dinheiro. Entendo que você esteja irritado, mas tenho coisas a acertar aqui...
- Você não tem nenhum direito, humano. Você sequer me serve como comida envenenado como está.
- Certamente eu não seria boa refeição em momento algum, chegado. Mas como eu dizia.. entendo sua situação.. aliás a situação tá difícil pra todo mundo, não é mesmo? Quando você acha que consegue estabelecer relações de ganho mútuo desprovidas de qualquer amarração simbólica dos vetores da transação, você descobre que a vida é uma meretriz baixa, suja e vulgar capaz de foder tudo... então, com a sua licença, vou curar meus subalternos e seguir nosso caminho...
- Você me diverte, humano. Creio que será interessante ouvir sua tagarelice no caminho até os guardas. Seus lacaios vão morrer antes em algumas horas.. antes que retornemos. Seus outros amigos já devem estar mortos do outro lado.. ande.. és agora meu lacaio.. como se chama?
- Black.. Sirius Black.. você não quer ir lá checar?
- Não é necessário. E eles não tem como atravessar, de qualquer forma...
- Como se chama, senhor?
- Ixphliksraunt.. ande logo... agora está comigo..
- Sim, senhor.. tamos aí né.. fazer o que.. vamo que vamo.. - disse Sirius tentando parecer o mais animado que uma pessoa envenenada pode parecer.
Mal sabia Ixphliksraunt que Débora havia curado parte dos ferimentos de todos do outro lado, assim como Yorgói os fortaleceu com sua magia de Resistência de Urso. Não só conseguiram resgatar Rock e seu cão, como os esforços combinados já vinham abrindo espaço no topo da pilha para formar uma passagem e puderam ouvir o fim da conversa de maneira limitada. Úrsula sentia o peito aflito, pois algo a avisava que a vida de Arnoux se esvaia. Apesar da proeza que desempenhavam, o trabalho era árduo e demandava muito tempo.


Tudo teria sido em vão, não fosse o símbolo sagrado de Tyr, que pertencera ao grande paladino Bahr Kokbah, demonstrar uma singular propriedade. No momento derradeiro do último suspiro do paladino Ryolith Fox, o amuleto sagrado banhou o servo de Tyr com a graça da justiça de Tyr e esse viu seu fôlego subitamente recuperado. Atônito e esbaforido, Ryolith pode também socorrer Arnoux.
Recuperados, os dois puderam comunicar-se com os camaradas e auxiliar os trabalhos em sentido contrário. Após mais algumas horas, encontraram-se e o casal de gnomos pode tranquilizar-se um nos braços do outro. Arnoux explicou da entrada do covil e das armadilhas. Dessa vez, contando com o talento efetivo de Úrsula, as armadilhas foram desarmadas de uma só vez sem qualquer dificuldade. Ela abriu a passagem e logo estavam diante do túnel estreito e sinuoso que levava ao lar do dragão.
Enquanto isso, Ixphliksraunt seguiu com Sirius cada vez mais em direção às profundezas subterrâneas:
- Quer dizer então.. senhor.. que.. o senhor.. trabalha para os devoradores de mente..
- Eles me dão bons presentes.. - disse o lagarto com satisfação.
- É isso? Você tá nessa por presentinhos?..
- Eu sou poderoso demais para ser dominado como essas criaturas inferiores, lacaio. No entanto, não me custa viver minha vida e receber oferendas desses inaptos. Os metres deles não me ameaçam com seus ardis...
- Mestres? Você quer dizer os devoradores de mentes..
- Ha.. - riu Ixphliksraunt - você é um tolo, Sirius Black. Os devoradores de mentes são apenas peões de outras criaturas.. criaturas muito mais terríveis e poderosas.. você já ouviu falar em um Phaerimm?
- Não, nunca, que que é isso?
- São chamados de sugadores de magia e de espinhos voadores. São uma espécie antiga, que andava sumida a tempos. Eles estão tão além dos devoradores de mentes, no que tange à dominação mental, quanto os devoradores de mentes estão de um goblin retardado.
- Puxa.. bastante hein. Uma verdadeira ameaça, não é mesmo?
- Não para mim. Nós dragões estamos além deles.. veja, ali está a vila.. - e dito isso, Sirius pode ver a caverna onde pequenas casas de pedra se formavam. Havia em volta delas o que parecia uma vasta plantação de cogumelos gigantes. Talvez fosse o veneno, mas tudo ali era mais colorido e perfumado. Alguns hobgoblins surgiram e Sirius pode ver alguns elfos negros escondidos sobre as casas. O dragão recebeu algumas poções com as quais curou os ferimentos que tinha e, por fim, antes de retornar, abandonou Sirius em um canto para morrer. Aparentemente, ele já havia se cansado da tagarelice do senhor Black e resolveu deixar o veneno terminar o serviço.


Deixado para morrer nas profundezas da terra, Sirius Black resolveu apelar para o divino. Suas súplicas destinaram-se a todos as divindades cujos nomes ele se recordava (e que não piorariam a situação com uma ajudinha..). Ao apelar a Selune, deusa da lua, ele percebeu o brilho nas pedras que recebera na Grande Floresta. Após uma hora de orações, a magia das pedras expulsou parte do veneno e devolveu-lhe força suficiente para retornar escondido.
Enquanto isso, ao retornar, Ixphliksraunt deparou-se com David e a passagem dos heróis entre a pilha de pedras. Louco e enfurecido, tendo vitimado David, o dragão assomou no covil ensandecido, mas foi recepcionado pela tocaia que o aguardava. Com ataques precisos e combinados, todos aproveitaram-se do descontrole de Ixphliksraunt para vencer seu poder e fazê-lo tombar em seu próprio lar...

7 de fev. de 2012

Lets get it on...











- COMPANHIA ALTO!!! Abram caminho, soldados. Deixe-me ver o que temos aqui...
- Parecem aventureiros perdidos, senhor. - comentou um dos soldados.
- Por certo, que sim.. quem são vocês?
- Eu sou Ehtur Telcontar.. este é Ryolith Fox.. e este é Yorgói Dossantis. Acabamos de escapar da cidade de Brasilis, onde fomos resgatar essas duas gnomas.
- Pois eu sou o grande capitão do exército de Waterdeep Supla Sumo. Esta ao meu lado é minha conselheira Chandra Kurang. Nós estamos justamente marchando em direção a essa pequena cidade para acabar com os ataques à Grande Floresta.



- Creio que podemos ajudá-los de muitas formas, capitão.. - sorriu Yorgói.
- Venham comigo.. conversemos melhor com água, comida e lugar para sentarem.. - convidou-os o capitão, que parecia um homem marcado pelas batalhas da vida. Enquanto a tropa organizava-se para seguir com a marcha, eles receberam da ração destinada aos tempos de guerra e puderam recuperar-se melhor. Foram apresentados a outras duas figuras de destaque: a embaixatriz de Cormyr, Palas Atenas, e seu protetor, o monge Miguel.
- Eu conheço você.. - disse, logo depois o capitão Supla, tendo a oportunidade de ver Sirius melhor.
- Muita gente acha que sim, mas a bem da verdade quem conhece alguém não é mesmo? Conhece a ti mesmo? - enrolou Sirius agrupando-se aos companheiros.
- Você é da corja dos Ladrões das Sombras.. tenho certeza de que já vi a sua fuça metida em confusão na Cidade dos Explendores.
- Isso foi no passado, mon capitan. Hoje sou um homem mudado. Enquanto ex-líder desse grupo e responsável por salvar a vida destes que insistem em me acompanhar dúzias de vezes, posso lhe garantir que minhas ações, por mais pueris que possam parecer, são governadas no sentido de extrapolar quaisquer que sejam os quiasmas da maldade, no sentido único e obrigatório da salvaguarda das vivências realmente verdadeiras
- Uma vez criminoso.. sempre criminoso.. a menos que.. bem.. aqui, nós temos um mecanismo muito bom para.. lapidar.. o caráter das pessoas. Bate fundo na alma do sujeito, se é que você me entende.
- Queira perdoar a interferência, capitão. Mas eu fui responsável pela contratação dos serviços do sr. Black e posso garantir que ele deixou de lado suas atividades criminosas em Waterdeep..
- Isso não o fez prestar contas de seus crimes, Yorgói. Quando retornarmos a Waterdeep, ele deve entregar-se aos longos, másculos e fortes braços da lei.
- Tenho certeza que a lei tem muito a dizer ao sr. Black.. - acrescentou Fox, cuja atenção não conseguia escapar da beleza angelical de Palas Atenas. A embaixatriz era também uma capitã dos Dragões Púrpuras, a elite de Cormyr. Apesar de pequena e delicada, ela vestia uma magnifica armadura completa e o mundo parecia apenas uma moldura dela.
- Veja bem, meu caro Supla. Entenda que eu posso ser um agente colaborador da situação, um agente transformador.. posso lhe contar toda a verdade de uma maneira ampla, geral e irrestrita, mas não aqui.. diante de tanta gente. Podemos nos reunir.. mais tarde.. e lhe garanto que terá outra opinião a meu respeito.
- Você quer se reunir comigo em particular, sr. Black? Em minha tenda?
- Err.. bem.. quero dizer.. com menos gente.. podemos levar o.. o grande paladino.. o grande paladino e Yorgói.. ah.. e a bela embaixatriz? - ele disse pegando a mão de Palas e beijando-a num convite.
- Ah sim.. - disse Supla parecendo decepcionado.. - Que seja.. nos falaremos mais tarde, então..
- Eu irei. - respondeu Palas retirando a mão e desdenhando Sirius. - Mas não ache que eu não sei que tipo de gente você é. - A jovem deixou-os e Miguel a acompanhou em silêncio como sempre.
Com a chegada da noite. Sirius, Ryolith e Yorgói seguiram para a tenda de Supla Sumo, algumas horas após o exército acampar já tendo a cidade no horizonte. Arnoux achou por bem seguí-los escondido, logo após uma discussão com Úrsula. Sua amada não queria mais continuar.. queria voltar pra casa. Ficou ainda mais abalada com as notícias sobre os problemas com os gnomos.. os ataques.. os escravos.. Arnoux insistiu que deviam ao
menos terminar as coisas por aqui. Quando Úrsula se afastou, Shatiah aproveitou para falar:
- Eu não acho justo ela cobrar você assim.. um companheiro tão dedicado.
- AÃh?
- Ela devia ser mais dedicada a você. Na minha opinião..
- Olha.. não tem nada disso que você está pensando. Com licença... - e saiu.
Rock soube através de alguns soldados sobre as notícias de ataques de demônios no norte. As notícias davam conta de que algumas tribos haviam sido totalmente dizimadas. Ehtur, por sua vez, ponderou sobre as informações de como os ataques iam além da Grande Floresta até a fronteira com Cormyr. Daphne, apesar de ainda preocupada com seu lar, orava para que o equilíbrio prevalecesse, enquanto acariciava a cabeça de David, exausto de verificar a região. Déborah e Shatiah discutiram um pouco e logo se evitaram, indo Deborah consolar Úrsula que parecia tristonha.
Enquanto isso, chegando à tenda de Supla, os demais aventureiros encontraram algo por certo inesperado. Não bastasse a excessiva suntuosidade da barraca diante das demais, dentro era ainda mais luxo. Várias almofadas estavam espalhadas pelo chão e deitado sobre elas estava Supla Sumo. O capitão de Waterdeep vestia unicamente uma sunga dourada, deixando o corpo brilhando sob a luz das velas.
- Sejam bem vindos. Ano Lauro.. meus convidados chegaram. Traga bebidas.. - e dito isso, viram um serviçal surgir com uma bandeja. Ele era magro, com olhos esbugalhados e um ar abobalhado.
- Vinho, senhores? Ótima safra, eu mesmo abri a garrafa.. a rolha estava muito dura..
- Cala a boca, Ano Lauro. - resmungou Supla, enquanto Yorgói e Sirius pegavam taças. Fox pediu água.
- Não temos.. quero dizer.. posso ir buscar.. mas a daqui acabou.. - e dito isso, o capitão levantou-se e foi até o serviçal, dando-lhe uma bofetada que o lançou ao chão. Ano Lauro caiu trêmulo, mas um tanto feliz rastejando pelo chão. - Queiram perdoar essa anta paralítica. Vá providenciar água.. - A surpresa foi tamanha que o paladino não soube como reagir.. tudo ali parecia tão distante do que ele esperaria da etiqueta militar.. para dizer o minimo. Ainda assim, a chegada de Palas Atenas e Miguel roubaram-lhe a atenção.
- Ó, que ótimo. Estamos todos aqui.. creio que pode começar com suas explicações, sr Black.
- Bem.. meu caríssimo capitão.. camaradas.. embaixatriz.. quero esclarecer que é verdade que eu algumas vezes prestei serviços distanciados e terceirizados para essa sociedade criminosa. No passado, eu fui induzido a ações pecaminosas. Como culpar um jovem mancebo no alvorecer de sua masculinidade, não é mesmo? Deixei-me envolver por algumas festividades mais pesadas.. menos família e acabei numa suruba dedicada a Shar da qual sai com marcas terríveis. Essas chagas me acompanharam, enquanto eu salvava meus companheiros e a Grande Floresta. Lä, os druidas expulsaram as forças das trevas e me vi livre do problema. Desde então, continuei salvando meus companheiros.. assim como as duas gnomas, que como eu disse... eu salvei.
- Não tente me embromar, Sirius. - disse Supla Sumo deitando-se novamente e acomodando-se confortavelmente. - Você este envolvido com escravidão?
- Bem.. de um modo.. seria mais uma questão de trânsito.. na verdade, nos atuavamos num ramo relativo da expressividade cultural dos povos, onde podemos ver um redimensionamento da relações de poder que conformam a dialética dessa condição.
- Então, quer dizer que sim.. quem era o seu contato?
- Um sujeito chamado Lotti.
- E o que mais você sabe?
- Estão construindo um templo de Shar.. embaixo.. sob Waterdeep.. em Porto dos Crânios.. como pode ver, não sou um problema, capitão.. eu sou a solução. Eu posso não me dobrar aos desígnios de suas divindades tão ordeiras, mas não é por puro antagonismo, mas pela livre expressão de minha subjetividade. Creio que podemos manter um convívio respeitoso. Não concorda, embaixatriz?
- Eu acho que você é a pior espécie de ser que a humanidade é capaz de produzir, Sr. Black. Um aproveitador.. um bon vivant.. um fanfarrão perturbando a ordem, a disciplina e a justiça. A escória como você semeia o caos. Você pode culpar Shar, o ritual, sua infância difícil.. mas as escolhas foram todas suas. Foi você que escolheu se entregar ao vício da carne.. você pode ter sido "purificado", mas sua alma é podre como sempre.. - e ela retirou-se dali deixando as palavras no ar. Miguel, antes de segui-la, encarou Sirius de forma intimidadora deixando uma clara mensagem. Fox aproveitou para ir atrás dela.
- Bom, nós também temos de ir...
- Yorgói tem razão, capitão, queira nos dar...
- Há espaço aqui se desejarem passar a noite.. - isso fez os dois saírem logo dali.


-
No dia seguinte, tão logo a manhã se anunciou, Supla os enviou como um grupo destacado. Enquanto o exército sitiaria Brasillis, eles invadiriam vindos em segredo do rio e atacando as mentes.. ou melhor, os devoradores de mentes por trás de tudo. Viajaram por mais algumas horas, chegaram aos pântanos do norte onde o rio se formava. Evitaram problemas e logo chegaram à caverna subterrânea. Dali foram arrastados por um longo tempo até chegarem às minas sob Brasillis, tendo apenas um pequeno problema com uma naga intrometida. Invisíveis e silenciosos, cruzaram as minas atrás de Ehtur que lia os rastros de um grupo de cinco mind-flayers e mais alguns drows e hobgoblins. No meio da caverna tinha um dragão. Não era dos maiores, mas ainda assim.. era um dragão.


2 de fev. de 2012

Encruzilhadas...



Ehtur sentia-se orgulhoso. Salvaram a amada de Yorgói e conseguiram escapar pelo rio. Uma missão dificílima foi resolvida sem nenhuma perda. Era o que pensava até o rio estreitar e a correnteza acelerar. A despeito de seus esforços para nadar, as paredes escorregadias e a ausência de espaço os conduziram ao limite do sufocamento. Os mais resistentes demoraram mais a perder os sentidos. Ehtur pensava em sua sina de destruir o que parecia melhorar, enquanto a água começava a invadir seus pulmões...

Rock saiu da água para o inferno. Tão logo perdeu os sentidos, sua mente foi tomada pela visão de terras de fogo e enxofre. Nela, vários diabretes e seres abissais formavam um círculo ao redor de uma nefasta criatura. Um ser por certo feminino, em tudo que lhe há de mais antigo e visceral, cuja pele negra e ressecada trazia as marcas do tempo. O cabelo parco e poído mal cobria a cabeça, assim como o tecido cinzento que a cobria. Seus dedos longos e finos manipulavam sobre um pedestal as entranhas de alguém. Os poucos dentes rangiam uma ladainha medonha, enquanto as tripas eram lidas. Por mais dantesca que fosse aquela visão, conseguiu ganhar em terror quando o rapaz reconheceu o anel que tamborilava entre as entranhas, olhos, língua e orelhas ali espalhados. O signo de sua tribo.. de sua família.. ele teve a certeza que aqueles eram os orgãos de seu pai. Enquanto a bruxa da noite os manipulava foi
formando-se uma imagem.. a imagem da beirada de um rio, uma campina próxima, alguns corpos espalhados.. foi então que ela parou a ladainha e gritou na lingua do abismo..
Rock acordou vendo-se no mesmo lugar que vira no sonho. Viu todos espalhados em volta. Yorgói era o único desperto, ele conversava com Déborah... ao longe no oeste viu uma caravana passando e afastando-se)
- Mas amor.. eu.. eu voltei por você.. pra te salvar...
- Me salvar? Eu não posso abandonar o povo.. a cidade.. não sou como você.. meu pai está lá.
- Eu sei. Eu queria salvá-lo.. mas não tinhamos mais magia de invisibilidade. Foi uma missão
quase suicida.
- Ignobius está lá..
- Eu não ligo pro seu namoradinho. Eu...
- Professor.. - interrompeu Rock. - Eu.. eu tive outro sonho. Temo que mais diabos estão vindo para cá... - ele parecia abalado.
- Levante os outros, rapaz.. eu.. bem.. Deborah.. será que..
- É o mínimo.. - disse a clériga caminhando e curando os ferimentos de todos, que foram acordando um a um. - Quer dizer que vocês tem problemas maiores do que devoradores de mente e um exército maligno?
- Nós viemos salvar vocês. A cidade vai esperar nos voltarmos depois.. com reforços... - argumentou Yorgói acompanhando-a.
- E onde você vai arrumar um exército? - as trombetas que soaram em resposta terminaram de tirar do torpor os que acordaram do quase afogamento. Se antes aturdidos, agora estavam curiosos. Sem demora, puderam ver a imensa infantaria que chegava vinda do sul naquele belo amanhecer...