4 de jul. de 2015

As duas torres

- Ó poderosas torres ancestrais de Myth Dranor, eu, Derdeil Óphodda, servo e escolhido do inigualável deus da magia Rhange Hesysthance as convoco a nos ajudar. Como podemos defender essa cidade?
O escolhido do deus da magia se dirigiu às luminosas torres que havia despertando a pouco. A noite causada pela ausência do sol ainda durava, mas a luz das torres era como um novo sol no coração de Myth Drannor. O restante da cidade emitia o pálido brilho do luar.
- É preciso que os espíritos de todos os elfos que já viveram aqui sejam convocados a engrandecer o poder do mythal. Se os vivos já estão conectados, é preciso agora recuperar o patrimônio energético legado pelos antepassados élficos desse povo. - Soou a voz mecânica e um tanto indiferente das torres na mente de todos pelo elo mental do mythal.
- E como faremos isso? - Questionou Kaliandra Boaventura, que ainda olhava o corpo morto de sua tia Volcana nos bracos do monge Braad.
- Deve-se povoar cada casa, cada habitação, cada jardim, cada canto erigido pelo amor e pela união no passado. Lá, preces e oferendas devem ser feitas para revitalizar tais forças positivas. Cantigas e cerimonias devem ser expressas nas artes de fazer do povo élfico - explicaram as torres pausadamente.
- Assim será feito... - concordou a rainha Amídala. - Capitã Kaliandra, chame seus subordinados para que estes guiem os grupos que formarei. Cada pequeno núcleo será levado por um de seus grupos de batedores!
- Sim, minha senhora... - concordou a capitã.
- Como devemos chamá-las, ó magnânimas torres? -- Questionou Derdeil.
- Chamem-nos por torres, escolhido da magia, pois é o que somos e representamos, ainda que o que nos conforme seja um ponto nodal da existência sincrética da multiplicidade dos planos.
- Queres dizer que existes em todos os planos? - Disse Derdeil sem conseguir deixar de mostrar-se ainda mais estupefacto. 
- Minhas portas, minhas janelas, meus espaços e meus caminhos podem todos conduzir a qualquer que seja o plano ou zona da existência, desde que haja o devido arranjo energético planar. O fluxo do equilíbrio móvel de tudo que há transborda em meus limites... - discorria a torre enquanto os elfos já se movimentavam.
- Certamente, um poder inigualável para mãos gananciosas como as do deus da magia... - ponderou Kaliandra, mas seu colega a chamou ao que era mais imediato:
- E Volcana, mi amada?... Que bamos hacer? - Disse Braad que ainda tinha a arqueira morta em seus braços.
- Eu posso ressuscitá-la, se a graça de Rhange Hesysthance permitir me concedendo essa prece... - disse Zoristro'n Glorien.
- Ele assim fará, Zoristro.. - indicou Derdeil. - Venha.. vamos repousar.. também preciso recuperar minhas forças após tantos rituais.
- Yo velarei por tu cuerpo, Volcana mia.. ai qui ai ai, amor... tu es la fuerça qui mi dá calor... - foi cantando Braad, enquanto carregava o corpo de Volcana para os aposentos de Derdeil, mantendo-a colada ao corpo dele.
- Volcaninha, se eu fosse como tu... eu me espremia com um vidrinho de xampu... - cantarolou o bardo Sérgio Reis, dedilhando a viola e ainda bebendo com seu seguidor Pena Branca.
Durante as horas seguinte, Kaliandra Boaventura com a assessoria de Cameron Noites e Trina Blair cuidou de encaminhar os elfos para as moradas onde deviam se dedicar a glorificar os antepassados élficos, conforme as orientações da rainha Amídala Ancalímon. Isso foi o suficiente para povoar todo o perímetro entre as torres e o palácio, o que era, no entanto, apenas um quinto de tudo que havia na cidade. Ainda assim, os elfos se entregaram com afinco às preces e celebrações. 
Nesse meio tempo, os hobbits refugiados que haviam contactado Rufus Lightfoot enfim chegaram. A capitã Boaventura foi então recebê-los com o hobbit-aranha.
- Sejam bem-vindos a Myth Drannor, pequeninos. Saibam que em nome da rainha Amídala Ancalímon, eu, a capitã Kaliandra Boaventura, os convido a se refugiar na nossa flor urbana.
- Agradecemos a recepção, capitã Boaventura - respondeu uma jovem e bela hobbit de olhos grandes e claros. - Eu sou Maristela, serva de Yondala.
- Nós temos inimigos em comum... os servos da maldita aranhuda... aqui vocês estarão mais seguros... - disse Kaliandra com toda a diplomacia. - Encontraremos um bom lugar pra vocês e...
- Melhor ficarem aqui... - interviu Rufus. - Aqui tem espaço... 
- Nós sobrevivemos aos drows, mesmo perdendo alguns amigos pelo caminho... - lamentou Maristela. - Tu és o que em alguns lugares se chama de valquírias... nós ficaremos aqui, como nos destinou Yondala. Essa é a terra que nos foi prometida.
Ao retornar do parque ao sul próximo ao lago onde os hobbits se estabeleceram, montando suas barracas, Kaliandra Boaventura viu a rainha Amídala novamente sendo cercada pelas intrigas de Shei Long, Leia Organa e Heldalel Evalandriel. Com sua chegada, a conversas cessou e o arquimago retirou-se para descansar também. A capitã Boaventura aconselhou a rainha a fazer o mesmo e se prontificou a guardar sua porta, enquanto os pensamentos de Braad sobre como era perfeito o corpo de Volcana, mesmo estando morta.
- Ainda tienes el calor... - pensava o mange.
- Braaaaad... - pensou com força Kaliandra. - Também estamos subindo com a rainha!!!
- Eu cuidarei disso, minha amada.. - interviu Cameron. - Você também precisa de repouso...
Kaliandra concordou, beijou Cameron e foi mais uma a ingressar no reino quimérico dos sonhos. Lá, assim como todos os seus colegas que fizeram o mesmo, a trovadora da espada viu Mari'bel. A killorien estava presa a uma teia prestes a ser devorada por uma criatura metade aranha, metade drow. Isso lembrou a elfa do sonho parecido que teve com Bibiana, um tanto antes que as preces deixassem de ter respostas.

Quando Derdeil e Zoristro despertaram, logo foram cuidar da ressurreição, mas era preciso um diamante para ser consumido como caminho para o retorno da alma de Volcana Boaventura. As torres informaram que haviam treze diamantes no salão subterrâneo sob o templo de Sune. Rufus e Cameron foram até lá, afinal o pequenino ladino já conhecia bem o caminho e a técnica para não despertar os guardiões mágicos do local. O hobbit recebeu uma magia de voo e depois o trovador da espada dispelou a runa mágica de proteção da passagem. 
Rufus Lightfoot desceu com cuidando, planando acima das moedas e pescou alguns diamantes, além de uma varinha, uma espada e quatro pergaminhos. Quando foi sair, no entanto, Cameron fracassou em novamente dispelar a runa. Foi preciso que Derdeil Óphodda fosse até lá com uma porta dimensional, dispelasse ele mesmo a runa e depois levasse os dois consigo de volta para a torre,
Lá chegando, Zoristro Glorien invocou a prece de ressurreição, convocando a alma da barda Volcana Boaventura a regressar ao corpo. Sérgio Reis cantou uma música para ajudar:
- Volcana do rio... calor que provoca arrepio.. dragoa tatuada no capô.. é dadeira sim senhor... coração de eterno flerte... adora beber-te...
Ainda assim, para a tristeza de todos os corações, a alma de Volcana Boaventura não retornou ao corpo dela, pois aquele era o momento de sua morte.
- Nooooon... - debulhou-se em lágrimas Braad.
- É um momento muito triste para toda a comunidade élfica... - lamentou a rainha. - Tenho certeza que esse sacrifício mostra a verdadeira pessoa que era Volcana Boaventura. Isso não só redime os eventuais erros que possa ter cometido em vida, como a alça ao panteão dos maiores dentre nosso povo... 
Porém, não houve muito tempo para velar a falecida. Enquanto todos estavam ocupados do lado de fora, as torres alertaram sobre a aproximação de exércitos de milhares quth-mares liderados por clérigos drows vindos de todas as direções. Não haveria como defender toda a cidade, mesmo que se mobilizasse todo e cada cidadão. E mesmo a energia dos ancestrais ainda não havia sido ativada.
- Não podemos deixar de conclamar tal força e perder o que já foi feito... - ponderou o arquimago Heldalel Evalandriel ainda no interior das torres.
- O que devemos fazer, torres de todos os planos? - Indagou Derdeil.
- Mantenham suas posições, povo de Myth Drannor.. - alertou a capitã Boaventura.
- Mesmo que pequena, a única chance de efetividade está em atacar as lideranças dos mortos-vivos.
- Formaremos grupos e nos teleportaremos.. - pensou Derdeil Óphodda, enquanto seu corvo Edgar partiu voando para encontrar os inimigos antes que ali chegassem.
Todavia, antes que algo mais fosse feito, dentro das torres, um ataque atingiu a rainha Amídala.
Todos urgiram para salvá-la, mas já encontraram Amídala Ancalímon vitimada por um assassino drow. Heldalel Evalandriel foi o primeiro a lá chegar com uma magia, mas acabou vitimado por outro dos assassinos drows. Braad partiu correndo e abrindo portas o mais rápido que podia, mas acabou sendo teleportado por acidente para outro plano longe dali quando pensou que adentrava os aposentos da rainha.
Ao mesmo tempo que Braad surgia nas areias de algum deserto em outro plano, Kaliandra invocou três elementais da terra para atrapalhar os drows e ganhar tempo. Enquanto os outros estavam impedidos de cruzarem a porta, Rufus Lightfoot e Derdeil Óphodda atravessaram para resgatar o mestre da bebedeira. Os drows tentaram pegar o corpo da rainha e destruir os elementais, mas um dos elementais da terra fechou a porta, desfazendo o portal e permitindo que Cameron Noites entrasse. Kaliandra desferiu alguns raios abrasadores, permitindo a seu amado tomar a rainha em seus braços.
O escolhido do deus da magia agarrou seus camaradas e usou uma viagem planar para retornar com os amigos do plano material desértico, surgindo em uma montanha coberta de neve, mas localizada em Faerun. Entretanto, um verme colossal surgiu para atacá-los quase que imediatamente. O mago não demorou e logo se teleportou de volta para o palácio. 
Os drows assassinos atacaram e destruíram o trio de elementais, além de atacar Cameron, que resistiu ao veneno. Kaliandra conjurou mais dois elementais e com a ajuda dos colegas que retornaram, investiu contra o quarteto de matadores drows. Um deles, no entanto, atingiu a todos com um efeito mágico de evaporação horrenda. Rufus fez questão de matar esse com um ataque sorrateiro, enquanto Derdeil dominou o último com um comando grandioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário