19 de fev. de 2015

Dikaioo Ensis, a espada justiceira de Tyr


Foi quando saíram da área de anti-magia, que o hobbit Rufus Lightfoot conseguiu enfim ativar a tal espada artefato que carregava, onde seu colega Derdeil Óphodda lhe dissera que se depositara a energia mágica do nishruu após a explosão.
- Quem sois tu, pequenino que não tem nem a honra nem a bondade para carregar a justiceira de Tyr, arma sagrada do santo paladino Ryolith Fox? - Soou a voz da vingadora sagrada para que todos ouvissem.
- Eu? Rufus Lightfoot, dona espada... muito prazer... - dizia o hobbit sacudindo a arma como se fosse um brinquedo. - Eu achei você largada no meio de um monte de pedras sabe...
- Eu sou Dikaioo Ensis, Rufus Lightfoot. Uma vingadora sagrada de Tyr que só merece ser empunhada pelos mais puros campeões do bem e da justiça...
- Xiiii... - disse o hobbit coçando a cabeça.
- Nas mãos de qualquer um que não um servo do deus da justiça, ela é apenas uma espada mágica... mas nas mãos de um desses paladinos fanáticos, ela se torna um item inigualável - comentou Derdeil Óphodda, que cuidava de analisar como a explosão do nishruu atraído pelo elfo na verdade havia transformada a área de anti-magia que os envolvia. O mago de Halruaa e escolhido do deus da magia percebia que um amplo círculo de área de magia selvagem se formara, como se fosse o início da regeneração daquela zona de magia morta.
Edgar se aproximara de Rufus para que pudessem continuar voando para o leste das ruínas. Mari'bel seguia sem problemas pelos escombros em direção ao templo onde sentiram pelo elo mental que o druida Chuck Norris caiu petrificado. A fada guardiã orientou o mago a tomar o caminho mais aberto e firme para que seguisse mais rápido.
Braad que retornara sob orientação de Derdeil até o palácio do mythal, encontrou Kaliandra Boaventura despertando e deixando a piscina sob o artefato, assim como seu companheiro Cameron Noites. Ambos traziam nos lábios a satisfação de terem comungados com as forças primordias de seu povo. Os outros elfos, que seguiam Kaliandra ainda estavam em torpor pelo chão ao redor. O monge optou por jogá-los na água como tantas vezes fizeram com ele mesmo, apesar dos protestos do casal. Sérgio Reis e Pena Branca chegaram ali, quando o casal já convencera Braad a parar com aquilo.
Mari'bel se deixou ficar rastreando, enquanto o hobbit tornou a encolher e seguir vôo rumo ao leste sobre Edgar, depois de convencer a espada com as promessas de atitudes mais abnegadas e generosas da parte dele para com os bons e justos. A guardiã killoren encontrou rastros interessantes de um dragão das sombras de vinte e três dias antes, assim como as tradicionais de drows de dezessete horas antes, mas viu-se surpreendida por um trio de othyugs que emergiram das pedras.
Isso tomou algum tempo dela e do mago, enquanto o ladino e o familiar avistavam as ruínas do templo de Sune no limite leste de Myth Drannor, onde o petrificado monge seguia a fitar a base da estátua que encontrara. Ele planejava usar a espada para atrair o terceiro nishruu para uma área de magia morta.
O casal de trovadores da espada optou por usar o mesmo caminho do druida e foram em direção à galeria de estátuas arruinadas dos antigos regentes de Myth Drannor e se teleportaram para o templo de Sune. Enquanto Mari'bel e Derdeil vitimavam o último elemental da terra, todos viram pelos olhos do hobbit e do corvo que foi dos elfos que a criatura sugadora de magia se aproximou.



7 de fev. de 2015

A volta dos que não foram ou o hierofante


Assim que todos recuperaram-se da explosão mágica, Derdeil Óphodda logo percebera que algo se dera como o hobbit Rufus Lightfoot. A energia mágica ficara um pouco por ali marcada no pequenino ou em algo que ele portava. No entanto, Rufus preferiu pular na piscina de águas límpidas e mágicas que se formara sob o mythal de Myth Drannor. O druida Chuck Norris também correu para reabastecer seu galão com água mágica.
- O que devemos fazer, minha senhora? - Disse Edgar pousando no ombro de Kaliandra Boaventura, que caminhava rumo ao centro do aposento e do mythal.
- Temos de salvar Bibiana. Nada é mais importante que nossa senhora dos elfos - interviu Cameron Noites.
- Que a Mãe dos elfos receba nosso amor... - disse Dhyon ainda em transe e caindo de joelho junto à piscina.
- Eu irei cuidar da senhora das aranhas e buscarei por Bibiana. - Retrucou o dragão Dlaminnor se voltando para o mythal que flutuava placidamente e conectava a todos ali.  - Eu irei salvar a deusa dos elfos - e ele saiu pelas imensas portas duplas do salão.
Sérgio Reis não deu atenção àquilo, embora Pena Branca tenha gasto seu tempo admirando o dragão de bronze partir. O bardo foi para piscina também encher seu galão. Os olhos de Mari'bel passearam pelos rastros no ambiente, vendo as pegadas dos drows e a besta que o nishruu havia sugado logo ali, acabou por se juntar aos colegas em reabastecer os galões.
- Yo estabia buscando nuevas tatuarrens, mestre Derdeil - disse o monge recebendo o galão de seu aliado.
- Com o poder do mythal, podemos providencias umas tatuagens mágicas, Braad - respondeu o mago, enquanto se aproximavam da água, onde o monge se pôs a encher os galões.
- Podemos nos concentrar em ser um com toda essa energia de nossos ancestrais - disse Kaliandra pulando na piscina e fazendo-a ondular. Em sua mente começavam a dançar lembranças de sua infância. Logo, vieram imagens de outras pessoas. Sua mãe, sua irmã. sua tia, sua avó, sua tia-avó... depois viu seu pai, seu avô, seu bisavô... era como se toda a história do clã Boaventura transcorresse do mundo para o seu íntimo, para suas memórias. Kaliandra Boaventura começou a perceber que aquele era o motivo de sua existência, ela era uma filha daquele lugar.
Enquanto a trovadora da espada flutuava placidamente, o ladino hobbit saiu da água e o mago de Halruaa pode perceber que era da espada longa que o hobbit usava para se apoiar que vinha o brilho especial.
- Onde achou isso, Rufus?
- Essa coisa velha? Estava na minha bolsa... aqui na bolsa mágica, mas eu uso como um bastão de caminhadas... e para abrir latas também... - sorriu com inocência Rufus.
- Isso é uma vingadora sagrada de Tyr! - Disse o escolhido do deus da magia, percebendo que o item raro se fizera agora um artefato único. Nas mãos de alguém como o hobbit era apenas uma espada mágica, mas nas mãos de um campeão do deus da justiça, era uma arma invencível. - Agora que terminamos aqui, podemos inspecionar as torres arcanas. Há muita magia lá - disse Derdeil.
- Eu irei... - ofereceu-se Edgar.
- Eu irei com você... - disse o hobbit encolhendo de tamanho e guardando a espada em sua bolsa mágica.  O corvo Edgar percebia o transe de sua mestra, voou e agarrou o hobbit que tinha o tamanho de um bebê, levando-o dali para as ruínas em direção às torres a nordeste.
- Comunguemos os dois minha amada... - disse Cameron Noites juntando-se a Kaliandra nas águas e também sentindo a energia vital élfica que havia ali invadí-lo.
- Ele tomou um banho d'água fresca... No lindo lago do amor... Maravilhosamente clara água... No lindo lago do amooor... - cantou o bardo Sérgio Reis deixando o galão para Pena Branca.
Derdeil virou os olhos e preferiu seguir logo para as torres arcanas, Mari'bel logo o seguiu. Braad e Chuck vieram a seguir com os galões.
Rufus e Edgar, que já iam mais adiantados avistavam alguns demônios para além das torres, na área da floresta além das forças do mythal. Mesmo assim, arriscaram pousar em uma delas, cujo teto não existia mais. Pousaram no piso do salão superior e viram um alçapão bem preservado. O corvo observou a passagem e Derdeil conseguiu alertá-los que havia uma runa mágica de proteção ali. O incauto Rufus preferiu arriscar e tentou desarmá-la, mesmo se tratando de uma armadilha mágica. Ele conseguiu abrir um estreito vão, suficiente para os dois, sem disparar a proteção mágica. Escorregaram para dentro.
Ainda no palácio do mythal, Sérgio Reis deixou os ecos de sua canção embalar o nirvana do casal de elfos e pulou na água. Carnavalesco desde seu encontro com Shun Iksea, Sérgio queria comungar com aquelas energias íntimas ao povo élfico. Logo os três corpos boiavam na mesma serenidade. Ao redor, os seguidores de Bibiana seguiam se abraçando e cantando louvores a Bibiana guiados por Dhyon.
Derdeil Óphodda, Mari'bel e Braad iam em direção às torres, percebendo que haviam perdido o contato com o corvo e o hobbit. O mago sabia que a telepatia funcionava, mas eles haviam sido colocados fora da área dela. Eles viam que o nishruu que havia por ali se aproximava vindo em direção ao mythal e passaria por eles. Também percebiam que o casal élfico e o bardo estavam numa espécie de transe guardados por Pena Branca e os crentes élficos extasiados. O druida Chuck Norris foi o único que optou por se dirigir para a região das ruínas nobres, onde uma galeria de estátuas dos antigos governantes de Myth Drannor restava razoavelmente preservada.
No interior da torre, Rufus e Edgar encontraram um estranho aposento. Não pelo que continha, pois era circular como esperado pelo formato da torre, com enormes estantes cobrindo quase todas as paredes, a não ser no ponto onde descia uma escada. O estranho era o aposento se desproporcionalmente maior do que seria possível pela torre lá fora. Tinha dez vezes o diâmetro possível. Havia uma mesa próxima das estantes cobertas e papéis e anotações. Havia um barulho que chegava lá de baixo pela escada.
Nesse instante, porém Edgar perdeu o brilho nos olhos e sacudiu a cabeça. Justo quando Rufus inspecionava os tomos arcanos.
- Cróóó.. - indagou o corvo, mas Rufus conteve-lhe o bico e as asas como dois laços veloses, mantendo-os equilibrados na prateleira da estante.
Longe dali, a essência de Kaliandra Boaventura já não lhe pertencia, custando até mesmo o quinhão que dedicara ao familiar. Por um instante, ela morreu e todas as suas energias foram uma só com a do mythal, uma só com Cameron Noites, uma só com todos os elfos. Talvez isso fosse um pouco como ser como os deuses. Ela percebeu que haviam duas forças que dançavam num desequilíbrio ritmado, ora frenético, ora cambaleante,mas perpétuo.
Foi então que sua mente viu um vasto salão. O luxuoso salão do palácio de Encontro Eterno. A rainha Amidala Ancalimon, filha de Goellis Ancalimon, Senhora do Oeste. Estavam diante dela os conselheiros.
- Minha senhora, minha amada rainha... sou eu, Kaliandra Boaventura, que tenho a benção de avisá-la.
- Kaliandra? - falou a rainha Amidala como se falasse com o ar. - Há tanto tempo que não manda notícias. Os augúrios indicavam sua morte...
- Eu ainda vivo, minha rainha, graças a Bibiana. E venho lhe avisar que a nova deusa não é uma ameaça, mas o verdadeiro espírito de nosso povo... a solução de nossos problemas. Devemos nos filiar à causa de Bibiana Crommiel, pois só ela representa a comunhão perfeita do que é o povo élfico. A chegada de Bibiana é o nascimento de nosso verdadeiro lugar nesse mundo, rainha Amídala.
Eu e meus aliados vemos, no entanto, a deusa dos elfos em sérios riscos ante a ameaça drow. Ela devasta as terras do leste com sua horda de mortos-vivos. Nós conseguimos restaurar o grandioso mythal de Myth Drannor, mas há muito o que fazer...
- Meus filhos... - disse a rainha Amídala se levantando e olhando para os conselheiros e guardas. - É hora de deixarmos esse terrível exílo. Hoje, os elfos irão voltar para casa. Mandem que todos se preparem...
- Mobilize as tropas... - Kaliandra ainda ouviu o general Magginot, antes que sua mente não conseguisse mais manter uma coesão. Ela apenas sentia aquela força contígua e acalentadora de Cameron. Ela sentia a dança animá-la. Ela via na sinuosidade entre os dois eternos o movimento sinuoso de uma eterna serpente. Em seus pontos, seus nós, suas escamas haviam mundo. Em cada instante, havia ela e havia Cameron. Eram como os últimos e como os primeiros.
A caminho da torre, Braad entregou os galões para Mari'bel e Derdeil, avançando na direção do nishruu. Mari'bel preparou suas flechas, mesmo sabendo que teriam pouco efeito.
- Temos de atraí-lo para a área de anti-magia... - disse Derdeil. - Aquela do outro lado da qual ele está se afastando.
- Yo voy... - disse o monge bebendo e seguindo.
Derdeil Óphodda se pôs a orar. Para Mari'bel foi como um piscar de olhos e o escolhido de Rhange disse:
- Temos de usar um dos elfos para atraí-lo! - Afirmou Derdeil mentalmente para todos, o que serviu para tirar Sérgio Reis da água do mythal. Os elfos seguiam no transe catártico. Edgar despertou sentindo-se conectado ao mago e clérigo Derdeil, vendo preso pelo hobbit que inspecionava os tomos sobre criaturas que achara.
Rufus libertou o corvo ao vê-lo recobrar a razão. Liberou-o e o pequeno pássaro voou para a escada, enquanto o hobbit seguiu averiguando os livros, buscando por informações sobre nishruus. O familiar Edgar desceu voando para o andar inferior e surpreendeu-se ao ver um aposento dez vez maior que o anterior. Era como uma imensa arena em cujas paredes haviam dezenas de gaiolas com criaturas de diversas espécies e tipos. Ao centro, um humanóide vestindo um manto cheio de olhos observava alguns espécimes com especial atenção. Diante dele flutuava um grande tomo, que parecia especialmente poderoso ao corvo. O feiticeiro escrevia nele.
"Entrou voando e o corvo disse:" - Foi o que Edgar leu no livro quando começou a falar:
- Perdão o magnânimo mestre dessa torre mega ultra poderosa, nós precisamos de sua ajuda. Nós estamos salvando Myth Drannor.
- Em que ano estamos? Já estão na etapa da reconstrução... interessante... cuide de seu destino pequeno pássaro...
- Quem é o senhor? Por que não nos ajuda?
- Eu sou o hierofante... agora vá... - e Edgar sentiu-se impelido a sair dali, retornando ao aposento, onde Rufus corria os dedos sobre um grande livro aberto:
- Nicanores... Nishruus... ver livro especial sobre aberrações apendix B.
Com os elfos perdidos em seus transes, Sérgio Reis agarrou Dhyon e levou-o para fora, enquanto Braad, o mais rápido, mesmo que cambaleante de todos, retornava para pegar a isca viva. O nishruu avançava e Mari'bel molhou suas flechas com a água do mythal para torná-las mais interessantes para a criatura. Chuck Norris inspecionando as estátuas acabou teleportado para outro ponto das ruínas.
Sérgio invocou uma magia de pressa, que permitiu a ele e Braad terem maior velocidade. Logo chegaram até Derdeil e Mari'bel. O escolhido de Rhange teleportou-se com a fada, o monge e o elfo para o limite da área de anti-magia. Eles atraíram a atenção do nishruu. Braad aproximou-se com Dhyon e Mari'bel acertou uma devastadora flechada crítica que deu dano como nenhum ataque até então no monstro. Derdeil tentou completar com um relâmpago mágico, mas este foi absorvido curando o nishruu, que devolveu o relâmpago sobre o monge e Dhyon, vitimando o clérigo elfo em transe e ferindo Braad. Recuaram todos para a área de anti-magia, tentando estabiliazar Dhyon com a água do mythal.
Edgar levantou voo com Rufus e suas novas aquisições, passando pela sala abaixo, onde viu apenas um aposento comum, vazio e abandonado, de seis metros de diâmetro como o que havia lá fora. Saíram pelo alçapão e ganharam os céus, justo quando viram e sentiram a explosão mágica do nishruu que entrou na área de anti-magia em busca do elfo e da energia do mythal.



6 de fev. de 2015

O retorno do mythal de Myth Drannor

Derdeil Óphodda foi o primeiro a reconhecer o âmago das ruínas de Myth Drannor, provavelmente a maior cidade que jamais existira e que ele tanto estudara nos anos de sua formação. O arquimago e antigo escolhida da deusa da magia, Elminster Aumar do Vale da Sombra escreveu no segundo tomo de suas memórias que chegou ali como um poderoso aprendiz e saiu de lá como um humilde arquimago. Mesmo quase 800 anos após sua destruição, isso não havia roubado todo o esplendor do que restara. Mari'bel, Sérgio Reis, Rufus Lightfoot, Braad, Pena Branca. Edgar e Chuck Norris não demoraram a reconhecer as ruínas élficas de onde saíram poucas horas antes. Cameron Noites conhecia aquelas ruínas de outros carnavais. Era Kaliandra Boaventura que conhecia bem apenas as lendas sobre aquele lugar.
Fora ensinada sobre ele na infância e se um dia lhe parecera uma terra de misturas ruins que culminaram na derrocada do último grande reino dos elfos como diziam os anciões Boaventura, para ela eram rochas e árvores que falavam de uma harmonia única entre os povos elfos, humanos, anões, hobbits, gnomos, fadas e quem mais quisesse comungar em harmonia. Uma harmonia que foi destruída.
- Uauuuu... - disse o quarteto de seguidores elfos do clérigo Dhyon, que pareciam um tanto extasiados com a experiência.
- Devemos voltar pelo bem de Bibiana!!! - Bradou Cameron Noites.
- Nossa deusa precisa de nós... ela vai ser sacrificada... - concordou o sacerdote Dhyon, embora o tom fosse aéreo e sua mente parecesse em outro lugar.
- Mas Bibiana nos salvou de lá para defender o mythal! - Se opôs Derdeil Óphodda.
- Não podemos deixar a Senhora das Aranhas pegá-lo! - Concodou Mari'bel.
- Deussa bandida - bebeu Braad.
- Seria muita burrice voltar para o lugar de onde fomos salvos! - Interviu Sérgio Reis, enquanto Pena Branca voava e observava as cercanias, já que parecia incomodado.
- Nós devemos manter o mythal em Myth Drannor. Aqui ele está mais seguro, assim como nós, que estamos ligados a ele - disse Derdeil, enquanto percebia, assim como Kaliandra, Cameron e Sérgio que a aura do mythal ia se mesclando ao seu verdadeiro lar, tornando-se ainda mais poderoso.
- Eu vejo trevas róseas... - profetizou Dhyon com olhar vidrado.
- Nishruus... - observou Mari'bel, percebendo que não havia sinal de Rufus, mas sentindo a mente do hobbit da mesma forma que todos podiam ver a imagem da visão do clérigo Dhyon.
- Acho que é melhor descansarmos... - disse Sérgio apontando o abrigo arruinado mais próximo.
Enquanto se preparavam para repousar Derdeil Óphodda sintetizou em uma hora todos os seus conhecimentos sobre Myth Drannor. Mesmo Cameron desconhecia certos detalhes enciclopédicos narrados pelo mago de Halruaa.
Que Myth Drannor nascera preparada para ser uma joia, todos os elfos sabiam. Nascida da união dos três grandes reinos élficos de então no supremo reino de Cormanthyr, o último grande dentro os reinos élficos. Foi a cidade planejada para abrigar a corte élfica, assim como todos os seres livres da vasta floresta de Cormanthor, mesmo nome da nova capital antes de receber seu mythal. Não sabiam eles, no entanto, dos detalhes de importantes estudos sobre a capital élfica feitos por Elminster, Khelben Arunsun e o próprio Zalathorm Kirkson, líder de Halruaa. Derdeil detalhou como as rixas entre as famílias nobres élficas, os contatos com extraplanares malignos, a queda do preço do abacaxi no mercado dos vales humanos ao redor e o populismo do líder, o Coronal e portador da Lâmina da Guerra, Eltagrim Irythill influenciaram a derrocada da metrópole. Falou da construção do mythall, de que Elminster tomou parte, bem como da abertura da cidade a todos os povos, tornando-a uma capital única em Faerun. Portais e a magia atraíam seres não só dos quatro cantos do mundo, como de vários planos. A grande maioria dedicada a aceitar o bem estar comum.
Alguns como Braad e Chuck Norris foram dormindo antes do final, mas até mesmo o falastrão Sérgio Reis sossegou para ouvir a bela história de Derdeil Óphodda. Quando dormiram, todos sonharam com as palavras do mago, até mesmo Mari'bel, que fizera a primeira metade da guarda e só descansou quando Pena Branca acordou. Eles viram o arquimago Elminster, viram Eltagrim, as espadas artefatos que afirmavam seus governantes, mas viram também o decaído Malkizid e demônios sem fim.
Tão logo acordaram, Derdeil orou para o deus da magia, Rhange Hesysthance, o que foi compartilhado por todos que tinham o laço telepatático graças ao mythal:
- Qual deve ser o próximo passo, ó magnânimo Rhange Hesysthance, Senhor da Magia?
- Ele não rezava para Azuth? - Resmungou Chuck.
- Shhhh.. - calou-o Braad.
- Precisamos ter certeza se o melhor é avançarmos para as torres arcanas ao norte que foram avistadas pelos batedores... - ponderou o mago usando de sua força de escolhido.
- Óh, o terror rosa... - gritou Dhyon e todos viram a imagem mental do nishruu próximo às torres.
- Vocês devem retornar o mythal ao seu local de origem. Só assim todo o seu poder será ativado - todos ouviram a voz rouca do deus da magia.
Deixando o abrigo, eles viram que o palácio a oeste de onde resgataram os fragmentos do mythal era cenário de uma batalha. Acima dele, um gargântico dragão de bronze lutava contra demônios voadores. Mesmo impedidos de entrar, os vrocks, diabretes e terrores alados usavam de suas magias contra o dragão metálico.
- Óh, o terror rosa... - gritou Dhyon pela terceira vez, enquanto eles viam o nishruu no interior do palácio, próximo ao poço do mythal.
- O que faremos? - Questionou Mari'bel já percebendo que Rufus sumira, mas vendo os rastros do pequenino se esgueirando em direção ao palácio.
- Vamos devolver o mythal ao local devido - disse Derdeil.
- E quanto ao nishruu? - Ponderou Kaliandra. - Eles já parecem mais poderosos sugando do campo do mythal.
- Nós o destruiremos! - Bradou Cameron sacando a espada longa como se quisesse impressionar sua amada.
- Mais fácil o atrairmos com algo mágico... - ponderou Rufus pelo elo telepático, já indo mais à frente. - Os drows fizeram isso com uma pequena besta mágica....
- Eles perseguiram o Derdeil... - lembrou Sérgio Reis, enquanto todos já corriam naquela direção e viam o dragão usar seu sopro de fogo e destruir um dos vrocks, mas ser afetado por dois cones de frio. Mas a atenção do ser de escamas alaranjadas foi para o myhtal.
- São vulneráveis a sal... - acrescentou Mari'bel.
- Também a áreas de anti-magia... talvez bastões de cancelamento... - acrescentou Derdeil.
- Como esse? - Pensou Rufus no item que encontrara em Forte Arsheben.
- Sim... onde viu um desse? - Quis saber Derdeil, mas foi o dragão quem falou vendo-os chegar com o mythal.

- Eu sou Dlaminnor e atendi ao chamado do mythal de Myth Drannor, cujo poder testemunhei em minha juventude. Vocês que o guardam devem seguir... mesmo que eu veja o mal em ti, mago.
- Nós devemos devolver o mythal ao seu ponto exato.. - alertou Derdeil Óphodda, enquanto os demais já chegavam às janelas do palácio.
Sem exitar, Cameron Noites invocou seus poderes de trovador da espada e atacou o nishruu em carga, atraindo a atenção da criatura. Mari'bel disparou suas setas e Sérgio Reis cantou, mas isso não foi suficiente para impedir a criatura de sugar a magia no ataque do elfo. Kaliandra Boaventura disparou seus mísseis mágicos, logo também absorvidos mas atraindo o monstro para aquele lado.
Derdeil Óphodda conclamou a energia mágica em sua forma mais bruta, o fogo prateado. Com ela curou o dragão e terminou de atrair a total atenção do nishruu para aquela iguaria rara. 
O dragão Dlaminnor deu uma nova baforada para se livrar dos demônios restantes e voou carregando o mythal pelo outro lado, sendo acompanhado pelo corvo Edgar e Pena Branca.
Braad aproveitou para resgatar Cameron, enquanto Rufus sem fazer cerimônias esgueirou-se empunhando o bastão mágico cravejado de rubis que encontrara nas ruínas do templo de Sune, deusa do amor.
- Só me confirma mesmo o que isso faz, Derdeil?


- Anula uma magia e... - o escolhido do deus da magia, no entanto, não teve tempo de terminar, pois o incauto Rufus Lightfoot, também conhecido como Hobbit Aranha, encostou o bastão de Sune no nishruu. Por um instante, foi como se o próprio tempo parasse. Em seguida, uma hecatombe explosiva, como se um tsunami de energia mágica rebentasse naquele exato lugar. Rufus caiu sentado de bunda no chão com os cabelos arrepiados, além de brilhar como o sol.
Sem mais impedimentos, o dragão Dlaminnor depositou o mythal em seu lugar de direito. A água voltou a formar uma piscina sob a pedra flutaunte e todo o seu poder envolveu Myth Drannor uma vez mais.