Haviam se passado mais de doze horas desde que haviam chegado à Árvore do Grande Pai na porção noroeste da Grande Floresta. Ehtur Telcontar encontrara Alissah e com ela saira, sem perder tempo com mais nada além da esposa e o futuro filho. Daphne via-se cercada por druidas, elfos verdes, fadas e demais servos da natureza que por ali se encontravam. Sirius preferiu concentrar-se e esperar por novas orientações de sua amada Selune.
- Seja bem vinda de volta, Daphne.. - disse Helena numa reverência. - E você também Jacke Linne.
- Me chame apenas de Jacke... - sorriu a clériga gnoma.
- Ficamos felizes com sua volta, senhora dos guardiões.. - disse Jean Bodin, o clérigo humano de todos os deuses. - Suas orientações se fazem necessárias...
- Notícias da floresta, dos druidas... - falou Helena parecendo preocupada. - E Ravena também tem o que falar sobre o pedido que você havia lhe feito...
Daphne confirmou a informação nos olhos da guardiã elfa verde Ravena Eagle, que também não parecia feliz com o que tinha para contar.
- É melhor que voemos para conversar em maior segurança.. - Daphne disse para duas, enquanto viu surgir Yorgoi e Deborah Dossantis, o "orc" Arnoux com Arnouzinho, além dos poucos gnomos que restaram com eles.
- Meus queridos... como é bom vê-los - disse o bardo gnomo abraçando Sirius. - Folgo em vê-los. Tentei falar com Ehtur, mas parece que ele e Alissah estão pondo.. a conversa.. em dia. De qualquer forma, tenho algumas coisas a tratar com vocês. Boas novidades.
- Nós pretendíamos partir para reconstruir Brasillis.. - disse Deborah saudando a todos. - Esperávamos apenas pelo retorno de vocês.
- Uma Nova Brasillis - completou Yorgoi.
- No entanto, os deuses nos indicaram um outro caminho. Com as mudanças na magia isso se tornou mais importante - tornou a falar Deborah.
- A deusa da lua nos guia a reconstruir Lua Prateada, ainda mais pela importância de seu mythal. Eu mesmo o julgava destruído pelos phaerimms, mas aparentemente sua energia ainda permanece nas ruínas da cidade. Não poderiamos negar isso a Kiriani... quero dizer, Selune. Além disso, está no perímetro da floresta, um grupo de embaixadores de Invernunca. Eles vem tratar dos limites do Reino Livre do Norte... estão reconstruindo Luskan.. patrulhando as estradas.. levando clérigos da tríade aos necessitados...
- Eu logo estarei com você, mestre Yorgoi... - disse Daphne antes de sair voando com Helena e Ravena.
- Você é Sirius Black? - Disse uma jovem ruiva muito parecido com Daphne.
- Sim.. quer dizer.. sou.. mas vá conversar com os elfos verdes ninfe.. garota... eu estou ocupado orando para a deusa que eu tanto amo.
- Eu sou Viviane Amkathra, sobrinha da Daphne.. eu sou uma druida.. você é um grande herói, não é mesmo? - Perguntava a jovem se aproximando com grandes olhos brilhantes e apaixonados.
- Olha... - disse Sirius segurando-a pelo ombro e colocando-a a um metro e meio dele - como eu te disse.. muito obrigado... mas é que eu tô mesmo muito ocupado. - E Sirius Black saiu correndo para longe da garota.
Acima da copa da árvores, as quatro servas da natureza sentiram-se seguras para voltar a conversar.
- Costeau está conversando com entidades de outros planos - alertou Helena.
- Eu o vi conversar com seres... - disse Ravena.
- De que plano? - Quis saber Daphne para mensurar a ameaça.
- Do plano elemental da água - completou Helena.
- Então, não representa risco.
- Eles falavam sobre um dilúvio... - completou Ravena ainda alarmada. - Ele parecia sinistro... não era uma boa coisa.
- Irei pensar sobre isso.. ver como está o círculo.. Viviane. Você deve continuar de olho nele de qualquer forma, mas não parece que esse possa ser nosso maior problema por hora. - Daphne ia acalmando suas seguidoras conforme falava e já preparava a descida.
- Também não me parece preocupante.. - concordou Jacke.
- Ainda tem coisas que preciso saber... - Daphne falou, enquanto descia por entre os galhos. Seus olhos já percebiam que uma aglomeração maior formara-se depois que voaram. Vários dos druidas estavam reunidos e Costeau ao centro deles. Ao vê-las chegar, ele apontou em sua direção:
- Lá vem ela.. ela e suas espiãs!!! Essa mulher manipula e tenta controlar o que se passa e todos a aclamam como a guardiã da natureza. Enquanto se ausenta das matas que jurou proteger, ela deixa suas espiãs a seguir os passos dos que se dedicam a manter essas árvores ancestrais em segurança - gritava o velho druida.
- Acalme-se, Costeau. Você está fora de si. - Daphne disse retornando à sua forma humana.
- Você negará que colocou a elfa Ravena Eagle para me espionar? Que você espalha seus serviçais para controlar o nosso povo?
- Em primeiro lugar, se eu pedi para que Ravena Eagle mantivesse os olhos sobre você foi porquê já o vi ser tomado por uma cólera sem explicação.. a mesma que vi tomar conta de Gaios. Isso nada tem haver com controlá-lo.. ou qualquer outro.. os guardiões são meus irmãos.. como você, mesmo que tenhamos nossas discordâncias.
- Pois eu não acredito em sua diplomacia barata, mulher. Eu já defendia essa floresta muitos anos antes de você nascer. Sei muito bem do sangue que corre nas suas veias. Você quase nos arruinou durante o Império de Netherill. Sempre mais preocupada com esses... esses.. aventureiros e fanfarrões que insiste em arrastar para cá!!! Eu exijo que a minha ou a sua linhagem seja banida desse círculo!!!
- Eu já não faço parte do círculo, velho! Nada disso é necessário...
- Eu a desafio Daphne Amkathra a uma batalha druídica até que apenas um de nós reste.
- Acalme-se Costeau.. - protestou Marina.
- Chute a bunda dele, Daphne... nunca aguentei essse velho chato.. - disse Ferlima.
- Ferlima!!! É melhor que todos se acalmem... - disse Quirion pondo-se entre os dois, assim como outros druidas.
- Eu não sou mais parte desse círculo, Costeau, muito embora ele sempre fará parte de mim! É Viviane que carrega essa responsabilidade, pois há um equilíbrio que vai além do perímetro dessas árvores...
- Se você não tem coragem, eu posso lutar com sua sobrinha e expulsar você e os seus de nossa família! - Costeau erguia o cajado sem ouvir mais ninguém. - Eu clamo pelo meu direito!
- Pois serei eu quem tomará parte nessa batalha!!! - Soou uma voz como a de Daphne, mas vinda do alto, de onde surgiu uma enorme mosca varejeira azul. Um instante depois ela se tornou Daphne.. não a Daphne da Grande Floresta que ali já estava, mas sim a Daphne que eles haviam visto em Thay.
Longe dali, em uma antiga casa élfica, Rock dos Lobos tentava manter-se confortável na posição em que tinha que meditar. Depois de um dia inteiro conhecendo parentes e amigos de Marissa, ele descobriu que o segundo dia era de total meditação afastado do mundo. E ainda haveriam mais oito dias de cerimônia. Pensou que os bárbaros do norte eram muito mais simples quando se falava da união de um homem e uma mulher.
Seus pensamentos, no entanto, foram perturbados por uma outra presença. Ele ouviu a voz de seu senhor Malkizid:
- Meu fiel Rock. As coisas estão como deviam ser no Abismo...
- Pacificado como planejados, não é mesmo? Sinto não poder ajudar, mas é que estou meio ocupado agora e...
- Esqueça isso! Nada agora pode me impedir de ter o que sempre desejei!!! A minha vingança se realizará!!!
- Vingança? Você não ia pacificar o Abismo e se sacrificar para manter as coisas sob controle por lá?!?
- Não seja tolo, meu escolhido. Com seus poderes de chave dos planos você abrirá os portais para os Sete Céus e eu Malkizid, lorde supremo do Abismo, marcharei até o topo dos planos celestiais e destruirei Zaphkiel pelo que fez comigo. Ele e os elfos caírão pelo que fizeram comigo. Por isso, para iniciar nosso ataque, meu fiel servo, você irá massacrar todos os elfos de Evereska!!!
- Eu não farei isso!!!
- Ah sim, você fará. Quer você queira... quer não!!! - O poder que antes dava forças para o feiticeiro bárbaro, subitamente, passou a assaltar sua mente com violência. Como se um milhão de agulhas penetrassem seu cérebro, seu grito ecoou pelos salões élficos em Evereska. Se alguém mais estivesse lá teria visto que Rock dos Lobos lutou. Ele usou todos os seus poderes para resistir o máximo. Mas ele sucumbiu...
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