22 de fev. de 2014

Amor


Lá estava, de joelhos, Rock dos Lobos, o bárbaro feiticeiro que nascera nas terras do norte de Faerun. Ele que destacou-se de seus iguais pela magia aflorar de seu corpo tanto quanto a fúria tradicional dos bárbaros. Ele que descobriu ser uma chave dos planos, capaz de acessar qualquer outra realidade com a força de sua vontade. Ele que apaixonou-se por uma elfa psiônica, que abriu mão de tudo para salvar seu povo. Ele que voltou de um lugar além da existência, um não-lugar talvez no berço ou no fim de tudo. Ele que pagou o preço para voltar e descobriu que a aliança ofertada não era a redenção de um injustiçado, mas sim as entrelinhas no contrato com o demônio. 
O escolhido de Malkizid nada podia fazer enquanto sentia o solar caído tomar o controle de seu corpo. As forças que antes eram poder agora eram grilhões. Rock sentia seu corpo deixando o quarto da purificação, onde devia ficar isolado em meditação para o casamento com Marissa. Ao abrir a porta, deparou-se com o jovem guarda, não mais que um pajem ainda verde demais para uma verdadeira responsabilidade. As mãos de Rock quebraram o pescoço do jovem elfo antes que ele pudesse gritar. A mente do feiticeiro bárbaro lutava para resistir, mas nada parecia poder ser feito.
Ele seguia e outras vítimas vieram sem saber o que as aguardava. Criadas e guardas iam sendo vítimas da vingança de Malkizid, também conhecido entre os elfos como Aerandir Melwasúl, o amante de Araushnee, a rainha das aranhas, ou Lolth como veio a ser chamada. Rock sentia todo o ódio pelos elfos que movia aquela chacina a cada magia e golpe de machado.


Daphne ainda tentava entender de onde surgira aquela mulher que era como ela, ao mesmo tempo que uma versão distorcida dela mesma. Os amigos haviam lhe contado sobre o encontro com essa mulher, que as magias de Falkiner e seus próprios olhos diziam ser ela.
- Eu não quero seu mal, seja você quem for - disse a druida que sentia um certo receio diante do olhar ávido e fixo da mulher.
- Eu vim atrás de vocês, Daphne da Grande Floresta. Eu cruzei Faerun e desviei de meu caminho, pois antes de tudo, eu sentia que devia encontrá-la.
- Quem é você?
- Eu sou você! De certo modo, eu sou sua filha, pois vim de você. Mas em outro sentido, sinto que sou algo além de você e por isso, não consigo ser ninguém. Eu sou um clone criado por Szaas Tam depois que você escapou. Ele me criou e me manteve dominada, uma fantoche de suas vontades. Ele me fez igual a você.. mas também me fez melhor. Ele me fez pior! Mas quando o poder de seu amigo clérigo libertou minha mente das amarras de Szaas Tam, eu percebi que não era apenas uma ovelha.. uma serviçal... eu não era nada daquilo, mas não sabia quem eu era. Mas eu vi como eles buscavam apaixonadamente salvá-la... e isso me interessou tanto quanto a destruição de meu criador!!!
- Você pode e tem o direito de ser tudo que quiser ser, sendo para mim como mais uma irmã nesse imenso equilíbrio. Que os deuses da natureza a guiem e acompanhem. Espero que encontre um eu todo seu, mas que tenha de mim a mesma paz que busco semear pelo meu caminho - Daphne disse com um sorriso doce, enquanto pensava em toda a dor e sofrimento que as duas haviam vivido nas mãos daquele monstro.
- Quando eu voltar será diferente.
- Tenho certeza disso... espero que tenha boas histórias para contar... se me permite, irei chamá-la de Sophia... que significa sabedoria na língua antiga de natherill.
- Sophia.. é um bom nome.. e tem ph como Daphne...  - sorriu Sophia já mudando de forma para um elemental do ar e começando a voar dali.
- Foi exatamente o que pensei... - disse Daphne, tendo o pensamento interrompido pelo grito rouco de Costeau:
- Que maldição é esta em que nada se resolve nessa floresta?!? Eu ainda reclamo meu desafio e desconheço o fim da ameaça? Vocês não vêem que essa mulher agora possui uma cópia nefasta? Suas artimanhas vis cruzam-se com a devassidão macabra de Szaas Tam!!! Eu não posso mais tolerar isso!!!
O velho druida invocou os poderes da natureza e mesmo sentindo a fraqueza para usar da magia, ele invocou uma tempestade gelo, fazendo cair sobre todos pesados blocos de gelo. Sendo impossível escapar, muitos outros acabaram feridos além de Daphne e Jacke. Alguns dentre os elfos verdes mais jovens que por ali estavam curiosos, tombaram desmaiados.
- Você está louco, Costeau! - Daphne percebeu que findara o tempo da diplomacia. Ela transformou-se em um urso legendário. Jacke Linne invocou seus poderes supremos, reforçados e maximizados de curar para levantar todos os feridos, também entregando de seu vigor em prol da vitalidade das vítimas.
Daphne agarrou Costeau para impedí-lo de tentar uma nova magia. Os outros druidas também se aproximaram e tentaram convencê-lo a permanecer ali. Quírion, Marina e Chico Mendes já se preparavam para usar seus próprios poderes para contê-lo.
No entanto, antes que pudessem fazer algo, o velho druida Costeau transformou-se em um elemental da água e fundiu-se com o chão da floresta. Todos souberam quem não havia como retê-lo agora, mas todo o círculo surpreendeu-se:
- Costeau nunca foi capaz de tornar-se um elemental. Isso significa que seu poder superou o de Gaios.. - disse Chico Mendes.
- Ele é um druida antigo.. - ponderou Marina.
- Mas não tão experiente.. - disse Ferlima com implicância.
- Seja como for, devemos ficar atentos ao seu retorno - disse Daphne organizando a discussão. - Todos devem ser avisados que Costeau precisa ser contido e representa uma ameaça em seu atual estado. Qualquer um deve evitá-lo se sozinho e chamar por ajuda.
- Vocês não podem esquecer que tem de tratar com os embaixadores de Invernunca pela manhã... - intrometeu-se Yorgói. - Além de termos de partir para Lua Prateada.
- Claro, claro, mestre Yorgói - ela sorriu para o gnomo.
- Eu cuidarei de que todos fiquem de olho, não é mesmo Pardal? - Disse Falcon Ealge, acariciando seu falcão e chamando os demais elfos verdes. Os druidas também cuidaram de enviar mensagens aos demais servos da natureza da Grande Floresta.
Ehtur Telcontar que chegara a ouvir o estrondo da magia de Costeau, não foi muito além do leito de Alissah percebendo que o que quer que fosse, já havia sido resolvido.
Sirius Black chegou a deixar as orações a Selune, mas também acabou por adormecer junto à grama fofa aos pés de um velho salgueiro.


Longe dali, Úrsula Suarzineguer percebia que o combate chamara mais atenção do que pensara. Certamente, eles haviam dado conta dos onze zentarianos servos de Bane. Apenas Ryolith e Falkiner haviam sido feridos. O clérigo também sacrificara boa parte de seu vigor para invocar as bençãos de Bibiana. Porém, eles viam bem os reforços que deixavam a cidade, depois que o últino clérigo do deus da tirania usou seus poderes para lançar um alerta mágico luminoso já no céu crepuscular.
Vendo que não haveria tempo para se prepararem, o escolhido de Bibiana preferiu partir com um teleporte. Ele aproveitaram para levar cinco dos corpos para poderem pilhar coisas úteis. Úrsula e Ryolith perceberam que surgiram em uma floresta, enquanto o clérigo de Bibiana tombou incosciente sobre os cadáveres que trouxeram. Entre as árvores a sul, eles percebiam as formas de ruínas. O santo paladino de Tyr tentou cuidar de seu amigo, enquanto Úrsula permanecia vigilante, mas nada foi capaz de acordar o elfo. Sem opção esperaram e descansaram como puderam na escuridão.


Rock dos Lobos estava cercado de corpos. Os guardas elfos que tentam detê-lo, apenas serviam para aumentar o número de vítimas. Agora, porém, para seu desespero, ele reconheceu Marissa surgir diante dele. Ela não lutou ou resistiu:
- Rock! Pare com isso!!! - Ela disse, enquanto o bárbaro avançava contra ela. Rock resistia, mas não conseguiu impedir que suas mãos agarrassem o pescoço dela. - Rock.. eu.. sei.. que.. pode.. me.. ouvir.. meu.. amor...
As palavras da elfa conseguiu interromper a força que movia aquelas mãos. Ainda estrangulada, ela segurou as grossas mãos de seu amado com as mãoss delicadas dela. - Lute.. eu.. eu.. sei.. que.. você.. pode...
Dessa vez, o feiticeiro bárbaro lembrou-se que também era a chave dos planos. Aquele que fora o escolhido de Malkizid optou não por resistir, mas sim por expulsar aquela força nefasta que o habitava. Se não podia contê-la, ele a devolveria ao Abismo de onde viera. Ele fechou os olhos e expandiu sua vontade.
Marissa tornou a sentir a pressão no pescoço que logo se partiria. Mas antes disso, Rock dos Lobos caiu de joelhos. A elfa viu as cicatrizes sumirem, enquanto a pele do homem que amava se regenerava.
- Você... você conseguiu!!! Eu sabia!!! - Ela o abraçou e beijou, enquanto um tentava amparar o outro em meio ao mar de corpos.

Aquela foi uma noite onde todos que dormiram não sonharam.

Quando Sirius Black despertou, antes que pudesse terminar de se espreguiçar e tirar as gramas do rosto, ele ouviu a voz de sua amada deusa Selune em sua mente.
- Sirius, meu amado, findou a reunião entre os grandes deuses. Há muito o que ser feito e a os deuses não tem concordância que seja satisfatória. Alguns querem buscar alternativas ao domínio de Rhange Hesysthance sobre a magia, enquanto outros preferem buscar o acerto com o deus da magia. Certo é que todos sabem que Faerun está diante de tempos difíceis como nenhum outro... certamente um ano em que caminhamos no fio de uma lâmina torta...
- E o que devemos fazer, meu bem?
- Desejo que siga para Lua Prateada. Proteja Yorgoi e os demais... garanta que o mythal permaneça em mão seguras, enquanto tento encontrar uma luz que nos guie nesses tempos escuros, meu querido escolhido. Apenas você tem o poder para garantir isso...
- Você é minha luz... meu raio, minha estrela e meu luar, amor. Meu iaiá. meu ioiô... mas pode deixar que farei isso... - disse o ladino indo na direção das pessoas que já via reunidas na área da Árvore do Grande Pai.
- Também devo avisá-lo que Úrsula corre perigo. Ouvi suas preces vindas de algum ponto em Cormanthor, próximo a Myth Dranor, o que dificulta a exatidão de minha divinação.
- Cuidarei de avisar os outros.. - Sirius já via que os demais estavam reunidos ao redor do deus-criança Timothy Hunter.
- ... e não me deixaram entrar. Vocês acreditam? Disseram que era uma reunião reservada aos gramdes deuses. Ora.. se eu estou com o Grande Nojento, senhor do equilíbrio sobre bolas e do ronron épico, como não serei eu um grande deus.
- Com licença, vossa divindade... - disse Sirius. - Daphne, Jacke.. Selune mandou avisar que Úrsula está com problemas.. disse também que nada se resolveu na reunião divina. Daí que ela quer mesmo que eu vá com Yorgói e os gnomos para protegê-los e garantir o mythal lá em Lua Prateada.
- Eu posso encontrá-la com uma divinação... - disse Jacke iniciando a invocação e sacrificando sua vitalidade.
- Nós iremos também... - disse Ehtur.
- Temos apenas de conversar com os embaixadores de Invernunca... - disse Daphne.
- Por que vocês não trazem o mythal para cá? - Disse Timothy Hunter. - Ele estará mais seguro aqui, além de reforçar nossas defesas, não é mesmo Nojento?
- Exatamente! - Miou o gato entediadamente num bocejo antes de começar a lamber suas partes íntimas.
- Mas Selune disse para reconstruirmos Lua Prateada e protegê-lo... - lembrou Yorgoi.
- Veremos isso depois! Primeiro, iremos para lá - simplificou Ehtur, que como outros ali, começou ouvir o barulho das pesadas armaduras dos homens de Invernunca que a[roximavam-se lentamente pela floresta.
- Saudações aos bons homens da Grande Floresta, que a justiça de Tyr os proteja - disse a voz pesada do primeiro dos humanos. Ele era um homem alto, de cabelos loiros e olhos azuis. Tinha os símbolos de Tyr na armadura completa e no escudo. Além dele, haviam outros seis de aspecto semelhante, mas menos imponente.
- Que o Grande Pai Silvanus o receba em sua casa, que a Grande Mãe Chauntea o cuide em seu caminho, embaixador - disse Daphne com simpatia.
- Eu sou Galahad, filho de Saint Jorge, paladino e espada de Tyr, seguidor da Tríade sagrada, embaixador do Reino Livre do Norte. Aqui estou para tratar da participação dos bons druidas e elfos da floresta de um reino que nos guarde a todos - disse o sujeito com diplomacia e pompa, como se fosse uma dádiva, mais do que um convite.
- Nós agradecemos a visita, Galahad, filho de Saint Jorge. Também ficamos felizes em saber que os líderes de Invernunca cuidam de reconstruir cidade e defender as estradas do Norte - disse Daphne num grau de diplomacia e eloquência que fez os homens de Invernunca pensarem se não seria ela alguma fada ou deusa da Grande Floresta. -Eu sou Daphne da Grande Floresta, guardiã da natureza. No entanto, os povos que habitam essas árvores nunca ocuparam-se com reinos e impérios. Sempre apoiamos o equilíbrio e os que o defendem.
- Entendo.. talvez devam pensar e discutir melhor com os seus, Daphne da Grande Floresta. Nossa oferta é de aliança, de apoio mútuo. Nosso desejo é saber se querem estar em nossas terras ou serem nosso limite - disse um pouco descontente o servo de Tyr.
- E o que requer esse apoio mútuo? - Interviu Ehtur Telcontar.
- Precisaremos de madeira para reconstruir as cidades.. de alimento como tributos para o povo... de soldados para proteger a todos. Em troca, estará aqui nossa bandeira.. estarão aqui os clérigos de Tyr, Ilmater e Torm com suas curas e bençãos. Haverão tropas para defendê-los. Não podemos permitir novos tristes destino como o de Águas Profundas, Lua Prateada e Luskan ou a triste sina dos bárbaros do norte. Estamos investindo na reconstrução das cidades e precisamos da ajuda de vocês - disse Galahad.
- A Grande Floresta está aqui antes de qualquer reino ou cidade.. - interviu Timothy Hunter. - Você deve prestar suas honras ao Grande Nojento, embaixador Galahad.
- Nós temos interesse na reconstrução de Lua Prateada, embaixador... - interviu o gnomo Yorgoi.
- Essa é a vontade de Selune - definiu Sirius. - Ela deve ser um ponto de apoio para a Grande Floresta!.. Eu acho.
- Ela será mais uma cidade da federação do Reino Livre do Norte. - Definiu o servo de Tyr.
Enquanto a conversa porsseguia, Jacke Linne encontrou Úrsula com sua divinação. Sem demora, ela partiu em seu resgate com um teleporte. A gnoma clériga encontrou sua a arqueira gnoma junto ao paladino Ryolith protegendo o corpo inconsciente de John Falkiner. Estavam afastados das ruínas de Myth Drannor e também dos corpos dos zentarianos, que serviram até ali para manter os predadores demoníacos ocupados.
- Queira nos perdoar, Galahad do Reino Livre do Norte, mas só podemos desejar sorte ao seu reino e sabedoria em seus intentos. Porém, a Grande Floresta não será parte dele, estando sempre aberta às alianças necessárias à perpetuação do equilíbrio - definiu Daphne sem conseguir deixar o embaixador satisfeito com aquilo.
Os homens de Invernunca partiram sem mais demora, enquanto atrás deles o debate sobre as palavras do embaixador se alastravam. Jack Linne voltou com Úrsula, Ryolith e Falkiner um intante depois, já fatigada com o sacrifício em vigor para operar as magias.

- Eu estou tão feliz que você está livre daquela maldição, meu amor - disse Marissa para Rock.
- Eu ainda preciso me recuperar... mas foi o seu amor que me salvou, Marissa. Graças a você, eu me libertei e posso estar aqui com você como você quer. Mas tenho todo esse sangue nas minhas mãos...
- Eu... eu não posso pedir para você ficar... - ela disse se separando dos braços dele. - Eu entendi agora que seu lugar não é preso aqui em Evereska ao meu lado. As forças que envolvem você.. e os seus amigos.. seu destino... ele é maior do que nós dois. Maior que esse mundo até. Mesmo que isso doa tanto no meu coração, eu devo deixar você partir...
- Marissa... eu... eu amo você. Você sempre está comigo.
- Eu também amo você... leve esse amuleto com você. Ele irá lembrá-lo de mim e protegê-lo, pois ainda tem alguma energia  psiônica nele.
Os dois se beijaram longamente. Depois disso, Rock se concentrou, sacrificou parte de sua energia vital e conjurou um teleporte. Ele partiu para as frias montanhas do extremo norte do mundo, onde em um sonho de dias atrás, ele vira duas tribos perdidas de bárbaros.


14 de fev. de 2014

Essa Grande Floresta é pequena demais para nós dois...


Haviam se passado mais de doze horas desde que haviam chegado à Árvore do Grande Pai na porção noroeste da Grande Floresta. Ehtur Telcontar encontrara Alissah e com ela saira, sem perder tempo com mais nada além da esposa e o futuro filho. Daphne via-se cercada por druidas, elfos verdes, fadas e demais servos da natureza que por ali se encontravam. Sirius preferiu concentrar-se e esperar por novas orientações de sua amada Selune.
- Seja bem vinda de volta, Daphne.. - disse Helena numa reverência. - E você também Jacke Linne.
- Me chame apenas de Jacke... - sorriu a clériga gnoma.
- Ficamos felizes com sua volta, senhora dos guardiões.. - disse Jean Bodin, o clérigo humano de todos os deuses. - Suas orientações se fazem necessárias...
- Notícias da floresta, dos druidas... - falou Helena parecendo preocupada. - E Ravena também tem o que falar sobre o pedido que você havia lhe feito...
Daphne confirmou a informação nos olhos da guardiã elfa verde Ravena Eagle, que também não parecia feliz com o que tinha para contar.
- É melhor que voemos para conversar em maior segurança.. - Daphne disse para duas, enquanto viu surgir Yorgoi e Deborah Dossantis, o "orc" Arnoux com Arnouzinho, além dos poucos gnomos que restaram com eles.
- Meus queridos... como é bom vê-los - disse o bardo gnomo abraçando Sirius. - Folgo em vê-los. Tentei falar com Ehtur, mas parece que ele e Alissah estão pondo.. a conversa.. em dia. De qualquer forma, tenho algumas coisas a tratar com vocês. Boas novidades.
- Nós pretendíamos partir para reconstruir Brasillis.. - disse Deborah saudando a todos. - Esperávamos apenas pelo retorno de vocês.
- Uma Nova Brasillis - completou Yorgoi.
- No entanto, os deuses nos indicaram um outro caminho. Com as mudanças na magia isso se tornou mais importante - tornou a falar Deborah.


- A deusa da lua nos guia a reconstruir Lua Prateada, ainda mais pela importância de seu mythal. Eu mesmo o julgava destruído pelos phaerimms, mas aparentemente sua energia ainda permanece nas ruínas da cidade. Não poderiamos negar isso a Kiriani... quero dizer, Selune. Além disso, está no perímetro da floresta, um grupo de embaixadores de Invernunca. Eles vem tratar dos limites do Reino Livre do Norte... estão reconstruindo Luskan.. patrulhando as estradas.. levando clérigos da tríade aos necessitados...
- Eu logo estarei com você, mestre Yorgoi... - disse Daphne antes de sair voando com Helena e Ravena.
- Você é Sirius Black? - Disse uma jovem ruiva muito parecido com Daphne.
- Sim.. quer dizer.. sou.. mas vá conversar com os elfos verdes ninfe.. garota... eu estou ocupado orando para a deusa que eu tanto amo.
- Eu sou Viviane Amkathra, sobrinha da Daphne.. eu sou uma druida.. você é um grande herói, não é mesmo? - Perguntava a jovem se aproximando com grandes olhos brilhantes e apaixonados.
- Olha... - disse Sirius segurando-a pelo ombro e colocando-a a um metro e meio dele - como eu te disse.. muito obrigado... mas é que eu tô mesmo muito ocupado. - E Sirius Black saiu correndo para longe da garota. 
Acima da copa da árvores, as quatro servas da natureza sentiram-se seguras para voltar a conversar.
- Costeau está conversando com entidades de outros planos - alertou Helena.
- Eu o vi conversar com seres... - disse Ravena.
- De que plano? - Quis saber Daphne para mensurar a ameaça.
- Do plano elemental da água - completou Helena.
- Então, não representa risco.
- Eles falavam sobre um dilúvio... - completou Ravena ainda alarmada. - Ele parecia sinistro... não era uma boa coisa.
- Irei pensar sobre isso.. ver como está o círculo.. Viviane. Você deve continuar de olho nele de qualquer forma, mas não parece que esse possa ser nosso maior problema por hora. - Daphne ia acalmando suas seguidoras conforme falava e já preparava a descida. 
- Também não me parece preocupante.. - concordou Jacke.
- Ainda tem coisas que preciso saber... - Daphne falou, enquanto descia por entre os galhos. Seus olhos já percebiam que uma aglomeração maior formara-se depois que voaram. Vários dos druidas estavam reunidos e Costeau ao centro deles. Ao vê-las chegar, ele apontou em sua direção:
- Lá vem ela.. ela e suas espiãs!!! Essa mulher manipula e tenta controlar o que se passa e todos a aclamam como a guardiã da natureza. Enquanto se ausenta das matas que jurou proteger, ela deixa suas espiãs a seguir os passos dos que se dedicam a manter essas árvores ancestrais em segurança - gritava o velho druida.


- Acalme-se, Costeau. Você está fora de si. - Daphne disse retornando à sua forma humana. 
- Você negará que colocou a elfa Ravena Eagle para me espionar? Que você espalha seus serviçais para controlar o nosso povo?
- Em primeiro lugar, se eu pedi para que Ravena Eagle mantivesse os olhos sobre você foi porquê já o vi ser tomado por uma cólera sem explicação.. a mesma que vi tomar conta de Gaios. Isso nada tem haver com controlá-lo.. ou qualquer outro.. os guardiões são meus irmãos.. como você, mesmo que tenhamos nossas discordâncias.
- Pois eu não acredito em sua diplomacia barata, mulher. Eu já defendia essa floresta muitos anos antes de você nascer. Sei muito bem do sangue que corre nas suas veias. Você quase nos arruinou durante o Império de Netherill. Sempre mais preocupada com esses... esses.. aventureiros e fanfarrões que insiste em arrastar para cá!!! Eu exijo que a minha ou a sua linhagem seja banida desse círculo!!!
- Eu já não faço parte do círculo, velho! Nada disso é necessário...
- Eu a desafio Daphne Amkathra a uma batalha druídica até que apenas um de nós reste.
- Acalme-se Costeau.. - protestou Marina.
- Chute a bunda dele, Daphne... nunca aguentei essse velho chato.. - disse Ferlima.
- Ferlima!!! É melhor que todos se acalmem... - disse Quirion pondo-se entre os dois, assim como outros druidas.
- Eu não sou mais parte desse círculo, Costeau, muito embora ele sempre fará parte de mim! É Viviane que carrega essa responsabilidade, pois há um equilíbrio que vai além do perímetro dessas árvores...
- Se você não tem coragem, eu posso lutar com sua sobrinha e expulsar você e os seus de nossa família! - Costeau erguia o cajado sem ouvir mais ninguém. - Eu clamo pelo meu direito!
- Pois serei eu quem tomará parte nessa batalha!!! - Soou uma voz como a de Daphne, mas vinda do alto, de onde surgiu uma enorme mosca varejeira azul. Um instante depois ela se tornou Daphne.. não a Daphne da Grande Floresta que ali já estava, mas sim a Daphne que eles haviam visto em Thay.


Longe dali, em uma antiga casa élfica, Rock dos Lobos tentava manter-se confortável na posição em que tinha que meditar. Depois de um dia inteiro conhecendo parentes e amigos de Marissa, ele descobriu que o segundo dia era de total meditação afastado do mundo. E ainda haveriam mais oito dias de cerimônia. Pensou que os bárbaros do norte eram muito mais simples quando se falava da união de um homem e uma mulher.
Seus pensamentos, no entanto, foram perturbados por uma outra presença. Ele ouviu a voz de seu senhor Malkizid:
- Meu fiel Rock. As coisas estão como deviam ser no Abismo...
- Pacificado como planejados, não é mesmo? Sinto não poder ajudar, mas é que estou meio ocupado agora e...
- Esqueça isso! Nada agora pode me impedir de ter o que sempre desejei!!! A minha vingança se realizará!!!
- Vingança? Você não ia pacificar o Abismo e se sacrificar para manter as coisas sob controle por lá?!?
- Não seja tolo, meu escolhido. Com seus poderes de chave dos planos você abrirá os portais para os Sete Céus e eu Malkizid, lorde supremo do Abismo, marcharei até o topo dos planos celestiais e destruirei Zaphkiel pelo que fez comigo. Ele e os elfos caírão pelo que fizeram comigo. Por isso, para iniciar nosso ataque, meu fiel servo, você irá massacrar todos os elfos de Evereska!!!
- Eu não farei isso!!!
- Ah sim, você fará. Quer você queira... quer não!!! - O poder que antes dava forças para o feiticeiro bárbaro, subitamente, passou a assaltar sua mente com violência. Como se um milhão de agulhas penetrassem seu cérebro, seu grito ecoou pelos salões élficos em Evereska. Se alguém mais estivesse lá teria visto que Rock dos Lobos lutou. Ele usou todos os seus poderes para resistir o máximo. Mas ele sucumbiu... 




7 de fev. de 2014

Sonhar não custa nada

Ehtur Telcontar sentia o aroma doce do mel e dos frutos silvestres. Alissah tinha uma dieta bastante frugal depois que se tornou uma fada. Mesmo grávida, isso não a fazia querer carne de qualquer animal, mesmo com a insistência dele de que seria bom para o bebê. Apenas vegetais, nozes e néctar. Ele trazia também um par de coelhos para si. Sentia a brisa agradável que assobiou entre as árvores até ver a mulher que repousava na choupana de traços élficos que erguera para eles não muito distante da Árvore do Grande Pai na Grande Floresta. Sentia uma felicidade ímpar, como se finalmente os problemas do mundo não fossem capazes de abafar sua satisfação. Tinha consideração pelos amigos e uma certa saudade da adrenalina das batalhas, mas nada era melhor do que cuidar de sua mulher e e esperar pela chegada de seu primogênito.
Ele viu sua esposa, a feiticeira dríade Alissah Eagle, deitada esperando por ele. Ehtur chegou e beijou a amada na testa e depois nos lábios. Fez um carinho na barriga dela que já estava grande para seu corpo pequenino e delicado. A gestação dos elfos poderia durar até 2 anos. Não faltavam mais que 5 meses agora, ele calculava. "Você demorou...", ela disse deixando a saudade subentendida.
No entanto, um arrepio súbito, como um presságio ruim, o alertou que havia algo de errado. Ele viu seu equipamento de aventureiro agitar-se e de dentro de sua bolsa mágica, a que encontrara com seus companheiros quando do confronto com o lich de Thay Szaas Tam, tremeu e caiu no chão.
Do interior do espaço mágico da bolsa, escapou um espectro negro, como uma aparição morta-viva de olhos vermelhos. No entanto, o experiente guardião de Mielikki sabia que aquilo só podia ser o espírito do lich necromântico que almejou ser o deus da magia. Ehtur Telcontar puxou a inseparável Gungnir, empaladora de deuses, e investiu contra o inimigo para destruí-lo uma vez mais.
Dessa vez, no entanto, o poder da épica arma, capaz de acertar seres intangíveis do plano etéreo, pareceu nulo, pois o guardião atravessou o espectro sem nenhum mal causar. O espírito de Szass Tam seguiu sem se perturbar até Alissah, que invocou um santuário mágico para protegê-la e ao seu filho. Mesmo assim, a alma sombria desencarnada invadiu-a, alojando-se em sua barriga.
- Ehtur... socorro... - disse a elfa aterrorizada para o marido.


Ehtur abriu os olhos abruptamente despertando do pesadelo. Mais um sonho. Ou seria mais um presságio? Ele já ouvia a voz de Ryolith Fox que conversava lá fora com John Falkiner. Ele vestiu-se sentindo-se ainda enfraquecido pela energia drenada pelos avatares de Shar e saiu.
- ... por isso devo me apressar, Falkiner - ponderava o paladino. - Eu sonhei com uma menina.. ela estava colhendo lenha junto a uma floresta. Estava sendo observada por drows, elfos negros e furtivos. Ela lembrou-me muito a regente de Cormyr.. a mãe do rei que desaparecera, sendo dada como morta. Preciso seguir a orientação de Tyr que recebi ontem. 
- Eu irei levá-lo, Ryolith, mas antes devemos cuidar de recuperar suas energias, de Ehtur e Rock. O regente Aspirah prometeu que faria isso hoje logo cedo. Depois disso, eu o levarei...
- Eu também vou.. - interviu Úrsula que também chegou, mas sem falar de seu sonho com o filho Arnouxzinho. A gnoma disfarçava a preocupação com a visão pós apocalíptica que tivera de seu filho.
- Eu levarei vocês dois e voltarei... - completou Falkiner. - Também tive um preocupante sonho com um terrível dragão vermelho, coberto de itens mágicos e sentado em um trono. Ele ameaçava seus servos, que o cultuavam como a um deus. Ele usava um tipo de símbolo sagrado da deusa dos dragões, mas que valorizava o vermelho.
- Precisamos conversar.. - interviu Ehtur. - Quem irá carregar as gemas de sangue com o espírito do lich? - Ele estendeu a pequena bolsa para que todos vissem.
- Eu achei que estavam divididas entre nós todos? - Estranhou John Falkiner. 
- Não! Estavam comigo... - insistiu o guardião de Mielikki.
- Eu não desejo tê-las comigo.. - disse Daphne que chegava acompanhada de Jacke Linne.
- Tive um sonho estranho.. - falou Rock dos Lobos que chegou pela entrada do corredor, vindo de fora do templo de Bibiana, junto com ele, de mãos dadas, vinha Marissa Stardust, ambos com sorrisos bobos nos rostos.
- Temos de ir cuidar da grande restauração de vocês três.. enquanto o regente Aspirah invoca as preces, discutiremos... - falou o escolhido de Bibiana já conduzindo todo para a nave do templo.
- Ei.. ei.. - veio chegando Sirius Black. O escolhido de Selune ainda lembrava-se da voz de Annia, que se intitulava magistrada agora. Depois de abusar de seu corpo, a elfa o expulsara de seu quarto e bradou suas ameaças arrogantes. "Vocês não entendem nada. Você não sabe de nada, Sirius Black. A magia agora voltou a ser poderosa como nunca. Ainda que tenha um preço, ela não tem mais limites! Mais uma vez, cidades voarão. O grande deus da magia Rhange Hesystance devolverá mesma grandeza que devolveu a Evereska. Isso fora a alta magia élfica".


- Eu sonhei com os deuses... todos eles.. reunidos. - Disse Sirius, sem contar o sonho que tivera antes. Sirius adentrava um quarto escuro que clareava à medida que entrava. No centro, uma criança sentada de costas para ele, com manchas negras nas costas e a pele rasgada, vertendo sangue. Sirius então tentou ficar de frente para o garoto, mas sempre que caminhava, a criança girava e só suas costas podiam ser vistas. Então, tentou mergulhar nas sombras para se posicionar de frente para a criança, mas quando
emergiu o menino explodiu em luz. Depois, ele acordou entre os deuses.. - Eu via através dos olhos de Selune. Vi Bibiana.. vi Tyr.. vi deuses elementais, eu acho.. não vi a prostituta de Satã. Todos estavam ao redor de Rhange Hesystance, que parecia bem convencido.
- Eu acho que devemos partir para o norte... ajudar alguns bárbaros que estão sendo atacados. As últimas duas tribos.. eu acho. Matar uns orcs, que tal?
- Pois eu vi muito além, Rock dos Lobos, servo do senhor do Abismo! - Falou mais alto Daphne da Grande Floresta. - Mais uma vez estive com Dendar. Em suas escamas, pude ver nossa realidade e três dos artefatos basilares em todas as existências. Eu vi um pântano perto de Invernunca onde uma velha senhora.. uma velha elfa, mais velha do que jamais julguei possível para um elfo. Ela tinha um dragão preto gargântico ao seu lado e conversava com o avariel Gabriel, que julgávamos ter se perdido no reino dos elfos da estrela, quando da batalha contra os rakshasas. Ao lado dela estava o tomo.. o Tomo de Mystra.. não pude vê-lo bem, mas o reconheci.. aquele que Byron usou para trazer-nos do Cetro de Lathander. Também vi o vulcão onde estivemos lutando contra Shar entrando em erupção. Havia uma concentração absurda de energia negativa causando aquilo. Acredito que o artefato.. o Cetro de Bibiana tenha sido destruído... 
A druida de todos os deuses olhou para John Falkiner, que não parecia haver sentido nada a respeito, nem sido avisado por Bibiana. Mas os deuses estavam ocupados agora reunidos com o novo deus da magia. Ela continuou:
- Vi também um estranho mago. Ele tinha várias pedras mágicas que giravam ao seus redor. Ele não precisava se concentrar ou era penalizado para dar suas magias. Ele tinha a gema negra de Telamont, o imperador de Nova Netherill. Esse mago batalhava com estranhos hominídeos.. tinham algo de humano, mas nada sei sobre eles. Eram albinos e atarracados...
- Também não sei quem são... podem ser humanos das profundezas. - Ponderou Ehtur, depois de ser liberado da magia e já recuperado. - E quanto às pedras?
- Eu vi uma clériga.. uma clériga de Gilgeam.. um deus morto do sul.. de Mulhorand. Ele roubou uma cabeça de uma pirâmide... a cabeça de uma múmia...
- Não as quero... - disse Daphne sorrindo para sua seguidora. - Nem eu, nem Jacke.
- Vamos dividí-las... - falou Falkiner.
- Vamos destruí-las... - disse Ehtur. - Me dê uma bolsa mágica, Sirius. Jogamos uma na outra e resolvemos o problema. Uma explosão mágica e as pedras ficam presas em outro plano.
- Não necessariamente.. - ponderou Rock.
- Querido, você tem de falar para eles... - interviu Marissa.
- Ah sim.. bom pessoal.. é que.. bom... como eu vou dizer... vocês sabem que já tem um tempo que...

- O que o Rock quer dizer é que nós vamos nos casar. Ele vai deixar a vida de aventureiro e de viajante entre os planos e nós ficaremos aqui em Evereska para construir nosso futuro juntos. Nós vamos ter um filho, pois percebi que apesar de tantas tragédias, esse é um momento de semear a esperança, de abraçar a vida, com a graça de Bibiana. Por isso, iremos nos unir de acordo com as tradições élficas, teremos a cerimônia no templo de Bibiana, mãe dos elfos, ao longo de dez dias como se deve.. da meditação até a comunhão total... - falou Marissa com um largo sorriso.
- Deixe as gemas comigo então.. - disse John Falkiner pegando a bolsa mágica. - Vocês tem a benção de Bibiana, Marissa. Juarez cuidará de tudo. Agora que Aspirah terminou com as restaurações, creio que podemos partir. 
- Pode ficar... - disse Sirius.
- Eu também cuidarei das gemas para que o amaldiçoado lich não retorne - disse o santo paladino Ryolith Fox. - Mas não vamos perder mais tempo...
- Vamos logo com isso... - disse Úrsula se aproximando dos dois. - Passa umas pra cá. - Em um instante, a matadora de magos, o santo de Tyr e o escolhido de Bibiana sumiram.
Os demais despediram-se de Rock dos Lobos, Marissa Stardust e Aspirah Ébrius e preferiram partir voando para a Grande Floresta. Daphne transformou-se em um enorme hipogrifo para carregar Sirius, Jacke e Ehtur. Iam atentos para dragões ou qualquer outra ameaça.


Ryolith Fox, John Falkiner e Úrsula Suarzineguer surgiram entre as árvores de uma floresta temperada próximos a um rio. Imediatamenteperceberam que seus itens estavam desativados após deixarem Evereska. Havia muita gente reunida ali, além de barracas e tendas leves de fácil remoção. Eram cerca de cento e vinte pessoas. A multidão ficou alvoroçada com a chegada do trio vindos do nada. Embora alguns tenham se assustado, a maioria parecia estar esperando por algo. Eram todos muito jovens. Humanos, embora houvesse um ou outro meio-elfo. Haviam espadas, arcos e machado, mas dificilmente poderiamos chamar aquilo de tropa.
- Eu sou Ryolith Fox, servo de Tyr e filho de Cormyr. O senhor da justiça designou que eu viesse..
- É ele mesmo...
- Como no sonho...
- Pensei que ele fosse mais jovem...
- Um bardo me disse que ele era casado com Palas Atenas...
- Com licença, santo paladino - disse uma jovem mulher chegando e afastando os demais adolescentes. - Eu sou Sherazade e tenho liderado essa resistência. Estamos cercados por drows, zhentarianos e sembianos. Os drows tomam conta da floresta, os zhentarianos dominam o norte e os vales e Sembia tem o oeste de Cormyr e o vale das batalhas, embora Estagund esteja sob domínio dos servo de Fzoul Chembril. Temos reunidos todos que podemos e desejam lutar pela justiça e pela liberdade. Todos estamos seguindo os desejos de Tyr de reconstruir Cormyr.
- Parece que temos camponeses, escudeiros, lenhadores e carroceiros - resmungou Úrsula olhando em volta. - Isso não é um exército para salvar um reino ou Palas Atenas.
- Devemos seguir até sua esposa, Ryolith? Preciso de alguns minutos para localizá-la. - Quis saber Falkiner já pensando na nova benção que possuía e diria a localização exata da serva de Tyr. 
- Antes eu devo prepará-los... - disse o paladino, enquanto a jovem Sherazade enlaçava o braço dele.
- Como você é alto... e tem essa beleza madura... - a jovem disse deixando o encantamento suplantar a diplomacia.
Falkiner começou a tecer a invocação, já sentindo o preço em vigor para acessar o tecido mágico.

Após voarem por oito horas, Daphne da Grande Floresta, Ehtur Telcontar, Sirius Black e Jacke Linne sabiam que ainda estavam a algumas horas da porção sudeste da Grande Floresta. Logo que deixaram o perímetro de Evereska, seus itens mágicos deixaram de funcionar. Pelo caminho, nenhum perigo e nada além de um par de ursorujas praticando os rituais do acasalamento. Porém, quando a metamorfa em forma de hipogrifo aumentava a altitude para passar pela Montanha dos Picos Cinzentos, o servo de Miellikki percebeu cerca de quatro dragões na entrada das cavernas do topo de alguns picos. Eram brancos e havia um enorme.

Sem demora, Ehtur preparou Gungnir, a certeira, e Sirius Black tomou Negativa, ambos lançando-se sobre o maior dos dragões brancos. A criatura, que parecia confusa e perdida, pouco pode fazer e tombou antes mesmo que Daphne e Jacke auxiliassem os aliados. Resolveram inspecionar o interior da caverna, quando alguém dirigiu-se à druida da Grande Floresta, que guardava a entrada, enquanto os colegas já chegavam ao tesouro do finado dragão.
- Vocês são os justiceiros carniceiros que vem ceifar a vida dos recém despertos? - Disse o sujeito ruivo e de olhos castanhos avermelhados em dracônico.
- Nós evitamos que o seu desequilíbrio perturbe a Grande Floresta - falou a diplomacia de Daphne.
- Quer dizer que vocês caçam aqueles que apenas cuidam de seus refúgios? Aqueles que buscaram salvar-se da estrela vermelha sem ceder ao Culto do Dragão. Onde está a estrela vermelha que enlouquece os dragões?
- Ela partiu há algumas semanas.
- Algo nos despertou de nosso sono protetor. 
- E quem é você verdadeiramente? - Disse Ehtur retornando com Sirius, já certo de se tratar de um dragão que mudara de forma.
- Eu sou Drachenflagrion, mas vocês podem chamar-me de Flamarion com suas línguas símias. Não é interesse dos dragões dessa montanha tê-los como inimigos.. nosso inimigo é o Culto do Dragão e seus servos necromânticos.
- Eles também são nossos inimigos.. - concordou Daphne. - Somos os Guardiões da Natureza, protetores da Grande Floresta e do equilíbrio.
- Creio que possamos selar um pacto de auxílio mútuo contra o Culto e de não agressão. Nosso interesse é apenas voltar para o mundo após a loucura.
- E que garantia nós temos? - Quis saber Sirius com sua lábia.
- Talvez eu posso dar outro tipo de garantias a um belo humano como você.. - disse o dragão demonstrando especial atenção pelo escolhido de Selune, que esquivou-se para trás do guardião.
- Nos parece um bom acordo.. - Daphne disse se interpondo.
- O pacto está selado desde que partam agora desses picos e deixem em paz seus habitantes assim como farão todos daqui - assegurou-lhes Flamarion antes de vê-los partir.

Após recuperarem seu itens mágicos, conjurarem as magias necessárias, Falkiner e Ryolith despediram-se dos seguidores da mensagem de Tyr deixando-os preparados para eventuais ameaças, mas motivados para o amanhã. Todos pareciam fascinados pela figura do santo paladino de Tyr. Ainda que John Falkiner já tivesse sacrificado parte de sua constituição para abastecer as magias, uma benção de resistência de urso permitiu que prosseguisse para conjurar um teleporte. Porém, nada aconteceu. Bastou um instante para perceber que haviam proteções mágicas no palácio de Fzoul Chembril, onde estava Palas Atenas. Com um novo sacrifício e concentração, o escolhido de Bibiana carregou todos para o norte de Cormanthor, sul do Mar da Lua, região que havia percorrido com Ryolith Fox, quando da ameaça de Aldebaran Atenas.

A planície que conduziria-os até o Forte de Zhentil estava livre, embora pudessem avistar sítios e fazendas tanto a leste quanto a oeste. Para norte, viam uma estrada com pouco movimento de carroças, mas onde perceberam um grupo avançando. Com a aproximação perceberam se tratar de onze indivíduos. Dez deles estavam com armaduras negras pesadas, sendo que cinco tinham maças com espinhos e símbolos sagrados de Bane. Os outros cinco traziam espadas e o restante parecia ser mago, para delírio de Avenger.