Mesmo que o mago estivesse corcunda e parecesse afetado por alguma energia necromântica o monge ouviu-o. Aceitando a gravidade daquilo tudo, mestre Lee levou o mago até o Primeiro Leitor, ainda que as ordens fossem de não incomodá-lo em hipótese alguma. Ele expulsou os guardas que vigiavam a entrada dos aposentos do senhor da Fortaleza da Vela. Encontraram o Primeiro Leitor entregue à contemplação do Cálice de Amaunthor, já realizando algum ritual que expandia as forças do artefato.
Surpreendido. o Primeiro Leitor deixou seus gestos e encantamentos e o ritual sucumbiu, assim como a luz do cálice.
- O que fazem aqui?! Dei ordens de não ser perturbado, Lee.. como ousa?..
- Perdeo-me, Primeiro Leitor. Mas Francisco Xavier enfim retornou e trás notícias dos combatentes que enviamos e da guerra ao norte.
- Entendo.. - disse o Primeiro Leitor tocando novamente o cálice, que voltou a brilhar como a luz da manhã. - E o que se deu de nossas tropas?
- Nós vencemos, senhor. A luz triunfou, no entanto, percebo que a questão não está resolvida. Nós precisamos do cálice para...
- O Cálice não deixará a Fortaleza da Vela. Sua luz impenetrável irá cobrir nossas bibliotecas e nosso saber estará protegido pela eternidade, sem que treva ou traça possa ameaçá-lo.
- Os que seguiam comigo estão agora em batalha nas ruínas da Cidade das Sombras. Para que acessemos o que está lá, precisamos de ajuda.
- Sua lealdade deveria ser para com a Fortaleza da Vela, Francisco Xavier.
- Sempre será. Para com a Fortaleza da Vela.
- Então você se limitará a fazer como lhe é ordenado e deixar de lado os problemas do norte. Nós agora estamos alinhados com a luz. Você chafunda na negatividade e na necromancia, Xavier. Nos envergonha com suas barganhas profanas com as forças da não-vida. Você que foi um imorrível, um ser de pura bondade advindo de Oghma, hoje não passa de uma caricatura sinistra de sua antiga pessoa. Lee, prenda o mago Xavier, pois ele é um traidor!
Revoltado com aquelas palavras, Francisco Xavier expandiu a negra aura mágica de seus poderes, o que deixou o Primeiro Leitor mais irado, além de interferir na energia luminosa do artefato. Sendo assim, o velho mago disparou raios de luz do cálice que feriram Xavier. Conforme lhe fora ordenado, sem pestanejar, mestre Lee agarrou Francisco Xavier sem dificuldades.
Francisco Xavier deu-se conta que não havia esperança ali. Usou a magia para adocicar suas palavras, mas a mente do Primeiro Leitor estava além de sua lábia encantada. Essa distração, entretanto, serviu ao menos para ele escapar dos braços de seu captor. Isso bastou para que Xavier usasse todo seu poder e invertesse a gravidade no ambiente jogando todos para o alto. O monge caiu lentamente e de pé como um gato, enquanto Xavier e o Primeiro Leitor simplesmente passaram a voar.
O senhor da Fortaleza da Vela teleportou-se, enquanto o monge partiu para cima de Xavier. Sem alternativas, ele se teleportou também.
Nas areias do Anauroch, o grupo de heróis ainda estava defronte de um andarilho das sombras e uma asa noturna. As duas sombras da noite investiram com todo o seu poder, percebendo bem que aqueles que ali estavam eram uma terrível ameaça. O andarilho paralisou Sirius Black de medo com um olhar aterrador, que bate fundo na alma dos covardes. Ele provocou ainda, uma explosão de energia profana, que além de ferir os bons, lhes deixou adoentados, e imobilizou Ryolith Fox.
John Falkiner foi alvo da Asa Noturna que atacou-o em carga e explodiu sua energia profana sobre ele. O clérigo de Bibiana, no entanto, escapou dos dois problemas, mas avistou que outras sombras da noite já se avizinhavam, enquanto a que carregara Ehtur Telcontar desaparecera nas ruínas.
O arquimago Rhange Hesysthance seguia entregue a seu ritual de invocação e foram os enjoados Úrsula Suarzineguer e Mua D'ib que investiram em socorro dos colegas imobilizados, derramando flechas e dançando espadadas. Junto com o servo da Senhora dos Elfos, eles conseguiram eliminar os que ali estavam, enquanto Rock dos Lobos ressurgiu célere das lonjuras para resgatar o paladino e o ladino. Porém, mais cinco renovados e terríveis inimigos chegaram massacrando-os com seus poderes nefastos.
Aquilo tudo parecia não ter fim. Por mais que lutassem, mais e mais terríveis inimigos chegavam. Por fim, um a um, os heróis que ainda restavam foram se vendo encurralados. Mesmo que John Falkiner, para manter seus aliados vivos tenha curado a todos com a benção de Bibiana, ferindo também a todos os inimigos, um dos andarilhos finalmente chegou até o regente de Evereska, absorto em seu ritual élfico. O morto-vivo atacou Rhange Hesysthance, tomando dele seu cajado e partindo-o ao meio. O arquimago enfurecido despejou sobre eles seu poder mágico, mas isso significou o fim do ritual
O regente Rhange Hesysthance pulverizou dois dos andarilhos da noite com um simples toque sem que nada pudesse ser feito. Mua D'ib e Falkiner sentiam que o poder que os ligava ao ritual fora acessado. O guardião bárbaro usou suas cimitarras para fulminar o andarilho que restava. Eles ainda se olhavam cansados, mas triunfante quanto Francisco Xavier ressurgiu entre eles.
- Essa não é a verdadeira ameaça. - alertou o arquimago, gritando ainda enfurecido para todos, quando o chão tremeu como se a própria terra fosse se desfazer. Os pedaços da ruína e as areias do deserto jorraram e se abriram como um mar diante deles. Todos conseguiram se manter de pé, mas eles um verme de trevas colossal assomar como uma montanha diante deles. O rastejante noturno, o pior dentre as sombras da noite. tinha cerca de 30 metros de altura e parecia invencível. Seu corpanzil repulsivo ocupava toda a área de magia morta, além de exalar energias amaldiçoadas e profanas para todos os lados. Escalando seu corpo haviam vários andarilhos noturnos, assim como asas noturnas pareciam voar no interior de sua bocarra gigantesca. Um dos andarilhos era o que restava carregando o desacordado e fustigado Ehtur Telcontar, cuja armadura castigada caia aos pedaços. Mas o que mais chamou a atenção de todos foi o sarcófago de vidro que vinha preso no alto da criatura. Dentro dele havia uma bela mulher de cabelos vermelhos. Todos reconheceram a druida Daphne da Grande Floresta, que parecia começar a despertar naquele momento.
Sem pestanejar, Sirius Black e John Falkiner ganharam os ares e alvejaram o monstro, que parecia estar tão além de seus míseros ataques quanto um deus. Mua D'ib e Úrsula descobriram o mesmo em terra. Rock dos Lobos e Ryolith Fox beiravam o esgotamento, mas também persistiam sem terem melhor resultados. O corpo do verme apenas se retorcia, enquanto seus poderes nefastos assaltavam o grupo tentando aterrorizá-los.
Daphne da Grande Floresta reconheceu seus aliados, que sinalizavam que viriam resgatá-la. Ela tateou o vidro e pensou nos deuses da natureza, enquanto sua mente se lembrava de Dendar, a Grnde Serpente, cujas palavras ainda ressoavam na periferia de sua mente:
- Há algo de sssonho e algo de morte nissso tudo.. talvezss ssseja um delírio.. ou o dessstino. Entenda como quizsser.. - sem esperar mais, Daphne se transformou numa imensa hidra de doze cabeças, que rompeu o sacófago de vidro e tentou cravar as presas na couraça impenetrável do monstro.
Foi então que o arquimago élfico Rhange Hesysthance enfim invocou todos os poderes de seu longo ritual. As energias vitais de John Falkiner e Mua Díb convergiram com as forças do próprio arquimago numa feixe fustigante e explosivo sobre o rastejante noturno. O corpanzil do monstro se retorceu e sofreu, como se toda aquela vida fosse o veneno mais nocivo àquela existência morta-viva. Tudo aquilo, no entanto, além de esgotar o arquimago, não se mostrou o suficiente para derrubar o monstro colossal. Seu corpo, por outro lado, foi marcado por longas cicatrizes de luz que expunham sua carne sem a proteção da couraça.
Ensandecido, o verme de dezenas de metros caiu sobre Rhange Hesysthance devorando-o com uma só mordida, bem como causando uma imensa explosão profana e imobilizando a todos. Apenas Falkiner e Daphne escaparam a tal destino e dessa vez, ao investirem contra o inimigo antes invencível, viram que seus ataques nas marcas deixadas pelo ritual do arquimago agora custavam-lhe as forças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário