21 de mar. de 2013

Cavando...

Como resultado do teleporte, os heróis surgiram em uma grandiosa cidade, diante de um magnífico palácio. A maioria deles reconheceu a arquitetura de Evereska e ficaram surpresos como a cidade havia sido completamente reconstruída desde a guerra que não tinha dois anos. Tudo ali parecia ainda mais próspero do que no tempo anterior ao ataque dos phaerimms. O bárbaro Muadib ficou fascinado por aquela beleza única. John Falkiner, de certo modo, sentiu-se em casa, percebendo que entendia a história daquele lugar, a história daquele que agora era seu povo. Lembrava-se com uma estranha clareza do antigo reino de Aryvandaar fundado por elfos da lua e do sol. Evereska era a capital que restara do antigo reino, mais antigo do que Netherill, o verdadeiro centro de poder daquela região muitos milênios atrás.
- O que estamos fazendo aqui? - questionou John Falkiner que havia se tornado uma versão aperfeiçoada do homem que era antes. Além de elfo renascido, ele parecia agora mais próximo dos deuses.
- Aqui eu poderei cumprir as promessas que lhes fiz. - disse o arquimago élfico Rhange Hesysthance Sorrowleaf. - Depois disso seguiremos para as ruínas de...
- Meu familiar? Marissa? - questionou Rock.
- Annia? Meus poderes? - fez coro Sirius Black
- Assim, como restituí a alma do gnomo Arnoux para sua esposa, cumprirei minha palavra com vocês. Venham comigo, até o conforto de meu palácio.
- Eu não confio em você, estranho elfo barbudo - protestou Ryolith Fox. O regente da cidade continuou a lidar com o paladino e seus colegas com a lábia de quem já vivera muitos séculos. Ele lembrou-lhes que era o regente da cidade e a havia reconstruído, enquanto caçava incansavelmente os phaerimms em busca da alma da rainha Querdalla. Foi assim que encontrou a alma de Arnoux Suarzineguer. Ele também abraçaria e receberia a nova deusa Bibiana Crommiel, Senhora de Todos os Elfos, como divindade de seu povo e dele mesmo.
Logo que entraram, viram surgir correndo a mais bela mulher que seus olhos já haviam contemplado. Todos os homens, elfos e meio-elfos ali presentes sentiram o coração disparar e o sangue correr mais rápido. Ela era como uma ninfa, uma musa ou até mesmo uma deusa. Annia correu apaixonadamente e abraçou Rhange Hesysthance Sorrowleaf. Ele a separou dele e disse olhando fundo nos olhos dela:
- Este é seu amado, Annia Evalandriel, Sirius Black. É ele o seu novo dono.
- Sim, é tudo que eu queria!.. - ela disse passando aos braços espectantes de Sirius Black. O amor explodiu entre eles que não se acanharam em afundar um nos lábios do outro, trazendo certa inveja ou saudade ao coração de todos ali.
O arquimago Sorrowleaf mandou uma mensagem para Marissa Stardust solicitando sua presença. Sirius Black aproveitou que teriam algum tempo e foi pro quarto com Annia. Já que teriam de aguardar, John Falkiner preferiu ir até o templo, ter com os sacerdotes dos deuses. O servo dos deuses e Ryolith Fox foram caminhando até a basílica de Corellon. Muadib também saiu mas só para melhor apreciar a beleza daquela lugar que o atraia tanto. Os demais preferiram aguardar, Úrsula polindo seu rubi e Ehtur pensando em Alissah e no reino das fadas.
Francisco Xavier, que desenvolvera uma estranha corcunda dando um aspecto mais sinistro ao mago da Fortaleza da Vela, tentou tirar mais informações do regente Rhange Hesysthance sobre os tais cinco artefatos que governavam a existência. O arquimago contou novamente do tomo, do olho, da pedra, do cálice e do cetro, que se reunidos teriam poder para governar toda a realidade. Quatro dos quais já haviam cruzado o caminho deles.
Para Xavier, eles deviam ir na direção de Lorde Byron que carregava dois deles. Ele ainda sentia a frustração com a revelação de que seu sonho era verdadeiro, pois eles haviam entregue o cálice de Amaunthor ao Primeiro Leitor. Isso não era problema, mas sim ele o ter enganado. Rhange, no entanto, lembrou-lhe que o inimigo deles não eram as trevas e sim a luz que haviam ajudado a criar. Para isso, o que eles precisavam estava nas ruínas da Cidade das Sombras.
Longe dali, conforme caminhava, John Falkiner viu surgirem um a um, mais e mais elfos e meio-elfos, que haviam antevisto sua chegada em sonhos. Eles se colocavam de joelhos e aos serviços do arauto da nova deusa. John Falkiner os mandava levantar e pedia que caminhassem ao seu lado, rumando com ele para anunciar  o novo tempo. Eles encontraram o belo templo completamente lotado. Uma enorme árvore era circundada por cinco grandes torres, das mais altas da cidade, que se ligavam por passarelas e escadas formavam a Basílica do Deus dos Elfos. Cada uma das torres, cor de ouro, cor de prata, cor de cobre, cor de platina e cor de madeira, representava uma das cinco raças élficas, assim como a árvore ao centro remetia à união de todos eles. Foi naquele local sagrado, que John Falkiner foi recebido como o escolhido de Bibiana Crommiel e foi onde anunciou a nova deusa ao antigo povo.
Muadib foi passear e viu-se pensando em como sua vida mudara e ele fora parar ali. Lembrou-se de que nunca conhecera seu pai. Ele morreu na noite em que sua mãe descobriu que estava grávida: os sacerdotes que realizaram o funeral de seu pai - Hogan, o Carvalho Negro (epíteto por conta de seu tamanho, força e pele negra) - identificaram a gravidez da meio-elfa, Lady Atreides. Hogan e Atreides desafiaram suas tribos para viverem juntos. Ele, um dos maiores guerreiros da tribo das Bestas do Trovão, casando com uma meio-elfa da tribo do Fantasma da Árvore. Os anciões pensaram em expulsar a mulher do convívio de seu povo por ter se apaixonado por um humano de uma tribo rival. Por fim, no entanto, os líderes da tribo do espírito da grande árvore cederam pelo prestígio de Hogan e o simbolismo de sua morte se dar no mesmo dia em que a gravidez foi descoberta. Essa perda permitiu que Mua D'ib nascesse dentre os bárbaros e que sua mãe vivesse com eles, mesmo após a morte de seu amado.
Mua D'ib conheceu pouco da cultura élfica, pois os Fantasmas da Árvore são em sua maioria meio-elfos, já filhos e netos de outros meio-elfos, afastados da cultura do belo povo. Tudo que soube foi por intermédio da sua mãe, que lhe ensinou a importância de saber conviver com as diferenças. Na tribo, o sangue de Hogan e das Bestas do Trovão fazia dele um paria e via a sensível diferença para os demais: enquanto as crianças recebiam treinamento com armas e para caçadas, a ele cabia ajudar os sacerdotes e os bardos da tribo. Diziam que nunca conseguiria dominar a força e a fúria necessária para ser um verdadeiro guerreiro de Uthgar. Assim sendo, nunca recebeu verdadeiro treinamento para combate.
Coube à Atreides ensiná-lo. A mãe, ainda de meia-idade, guardava a experiência de seus tempos de aventureira com Hogan. Ela era uma guerreira que dominava a arte de luta com duas cimitarras. Ela ensinou a técnica para seu filho, que treinava a noite, longe dos olhos dos demais, aos sons dos tambores das cerimônias religiosas. Essa prática, fez com que Mua D`ib desenvolvesse uma forma diferente de lutar: misturava os movimentos da dança tribal, com golpes rápidos e precisos que suas cimitarras desferia.
Aos 18 anos Mua D'ib teve a chance de provar seu valor, em um ritual de iniciação, onde se destacou entre todos os jovens. Enfrentaram os orcs das montanhas, eternos inimigos e ameaça constante para todos os bárbaros. A luta precisa e ágil do meio-elfo se mostrou mais eficiente do que os golpes grosseiros e furiosos desferido pelos outros bárbaros. 
O jovem meio-elfo conseguiu, sozinho, ceifar sete dos orcs, assustando a dezena restante com a dança mortal das suas espadas. Porém, no mesmo dia de sua acensão, ele viu sua mãe perder a vida. Atreides acabou sendo morta por uma flecha desferida pelos inimigos. Mua D'ib viveu pelos 5 anos seguintes com sua tribo, sendo reconhecido, finalmente, como um valoroso guerreiro e digno de engrandecer a herança de seu pai como herdeiro de Hogan.
Ao fim dessa época, na primavera seguinte, Mua D'ib conheceu a experiente arqueira Ravena Eagle, uma elfa verde da Grande Floresta. Foi ela quem o apresentou a Thorak Hammerfall, um velho anão clérigo de Moradin, na cidade de Everlund. Os dois se aventuravam pelas estepes do norte à procura de itens mágicos do deus anão. Desde a chamada Benção do Trovão, enviada pelo Senhor dos Anões, era preciso recolher as relíquias que simbolizavam a prosperidade da raça anã e levá-las à Citadela de Adbar sob as Montanhas de Gelo. Assim, os três se tornaram bons amigos. Sua equipe foi completada por Raz Al'Goul, um misterioso feiticeiro de Calimshan, e Guybrush Treepwood, um pirata humano do Mar das Estrelas Caídas. Se aventuraram por diversas regiões de Faerun,  sempre sob a liderança de Thorak. Destruíram mortos vivos, expulsaram goblinóides e gigantes, reuniram itens e tesouros. Eles viajaram juntos por 10 anos.
Os problemas começaram quando Thorak Hammerfall descobriu a suposta localização de um artefato poderosíssimo, criado pelas mãos do próprio deus dos anões: o Martelo de Moradin. Diziam que esse artefato, além de ser uma poderosíssima arma, teria a capacidade de trazer paz e união para os povos do norte, acabar com a escuridão e garantir sempre a cerveja gelada para os heróis de bom coração. Segundo Thorak, o martelo estaria em algum lugar na masmorra Sob a Montanha sob a cidade de Águas Profundas. O grupo partiu para lá e, após alguns dias de sucesso desbravando o local, foram derrotados por um vampiro chamado Thelarin, que, com ajuda de uma medusa, transformou seus companheiros em estátuas de pedra. Mua D'ib conseguiu escapar por pouco, passou cerca de um ano perdido nas profundezas da masmorra, sobrevivendo como pode. Foi assim que conheceu seus novos aliados.
Ele foi despertado de seus devaneios por um elfo do sol. O sujeito era alto e pálido, com olhos cheios de mistério. Ele convidou o guardião bárbaro para uma conversa mais reservada, onde poderia conhecer os verdeiros inimigos desse mundo. Inimigos cuja poluição chegara ao sangue dele mesmo. Sem entender muita coisa, Mua D'ib agradeceu e despediu-se sem a intenção de encontrá-lo na taverna do Cisne Altivo. Logo depois que o elfo partiu, quem teve com ele foi uma elfa verde, chamada Sparrow Eagle e cujos traços lhe eram familiares. Ela o alertou do perigo dos Eldreth Veluuthra, uma ceita que as autoridades vinham combatendo por desejarem eliminar todos os humanos. Ele agradeceu e resolveu voltar para o palácio do regente vendo-a partir no encalço do elfo.
Quando Marissa finalmente chegou, ela deu um abraço longo e fraterno em Rock dos Lobos, demonstrando a enorme saudade. Ela trouxe para ele um tressyn, um gato élfico, para que servisse de familiar ao bárbaro. Eles conversaram, enquanto Xavier e Sorrowleaf ainda ponderavam sobre as estratégias que imaginavam. A elfa das estrelas conversou com o amigo que Netherill tinha ajudado a todos eles, mantido Sildeyuir e Evereska a salvo. Foram eles que foram atacados pela luz. Mesmo que o bárbaro não concordasse, ela pediu por mais privacidade e eles saíram dali.
Do lado de fora do palácio, diante dos passantes, Marissa aproximou-se de Rock:
- Preciso pedir uma coisa.. é que..
- Eu sei.. - disse Rock sem mais esperar e indo abraçar Marissa para beijá-la. No entanto, antes que a envolvesse, ele viu o próprio ar se rasgar como quando o tecido da realidade é desfigurado por um portal extra-planar  Do rasgo, célere como um raio, emergiu sua antítese, sua sombra desgarrada, o terrível Kcor. O monstro agarrou Marissa e a tragou. As pessoas em volta corriam assustadas, enquanto o bárbaro agarrou apenas o vazio e urrou enfurecido. Ele correu para o palácio, enquanto Falkiner, Ryolith e Muadib que já voltavam, foram atraídos mais rapidamente pela confusão.


Sirius Black foi o último a se reunir a eles. Annia havia se revelado em todo seu esplendor para ele. Mesmo um sujeito experienciado como Black, nunca experimentara nada parecido com a última hora. Não só o amor transbordou e pareceu transformar o mundo em ecos distantes e sem sentido ante a magnificência de Annia Evalandriel. O corpo dela açoitou, dobrou-se, lambeu, envolveu, sugou, prendeu, atendeu, impediu, vibrou, imprensou, correu e, por fim, morreu sobre a carne do ladino. Ao fim, com os olhos fixos nos olhos apaixonados de Sirius Black, ela acariciou a barba dele antes de dizer:
- Confie sempre em Rhange, meu amor. Proteja-o.. sempre!!! Sem ele estaríamos perdidos! Condenados!!!
- Condenados... - ele ainda repetia,, enquanto terminava de ajeitar a roupa já chegando ao escritório do regente da cidade. Encontrou todos os colegas lá. Rock gritava sobre a necessidade de uma viagem planar. Todos os demais concordavam que já não havia tempo a perder. Com um sorriso cansado e descabelado, Sirius Black lembrou ao regente de que ainda esperava por seus poderes.
- Você já os tem.. - disse Rhange Hesysthance antes de novamente teleportar a todos.
Eles surgiram em meio às areias do deserto. Ao longe, ao norte, uma montanha não era senão a pilha formada pela outrora imensa e terrível cidade voadora de Nova Netherill. Avançaram sem temer, já percebendo as formas sombrias que lá se moviam. Aproximaram-se com cautela, percebendo que as criaturas não deixavam a área de magia morta que envolvia as ruínas e escombros.
Sem conter seu ódio pelos mortos-vivos de trevas, Ryolith Fox avançou em carga contra eles. Acabou ferindo-os, mas sentindo suas forças serem sugadas, assim como um pouco de sua vida. Seus aliados atacaram e permitiram que ele e Mua D'ib recuassem. Eram Sombras da Noite, os mais terríveis dentre os mortos-vivos. Neste momento, suas armas começaram a falar em suas mentes.
- Esmague o mal e a escuridão, meu campeão da justiça. Esses mortos-vivos serão expurgados pela nossa pura verdade! - Insistia Dikaioo Ensis, a espada justa que Ryolith Fox herdara de sua finada esposa Palas Atenas.
- Calma, Sirius. Se esconda.. é arriscado.. não, não seja tão ousado, rapaz. Assim, vai dar tudo errado.. - disse a adaga Negativa, a cortadora de sombras, que tremia na mão de Sirius Black.
- ESMAGUE TODOS!!! AHHHHHHHHHHHH!!! UHHHHHHHHHH!!! ESMAAAGAAAR!!! - gritava Ruidoso, o furioso, machado de Rock dos Lobos.
- Prepare seus poderes necromânticos, Xavier.. é preciso deter estas Sombras da Noite. - alertou Batina, a veste de Oghma, que envolvia o corpo corcunda de Francisco Xavier.
- Pela glória eterna dos elfos e um novo tempo. Que nossos inimigos fiquem paralisados de medo. - disse Evorel, a alvorada dos elfos, a espada bastarda empunhada por John Falkiner.
- Raios e trovões, vão destruir o mal! HA! Eu garanto o sucesso, meu velho! HA! Raios e trovões! - disse Mahdi, a dançarina dos trovões, cimitarra principal empunhada por Mua D'ib dos Fantasmas da Árvore.
Atendendo às orientações de suas roupas encantadas, Francisco Xavier chamou pelos poderes que governam a morte e invocou um verme morto-vivo que emergiu da terra e devorou as sombras inimigas que os ameaçavam.



15 de mar. de 2013

Um túnel no fim da luz...


A esperança alcançou o coração de todos ali, mas logo todos aqueles humanos não só viram o avatar do deus dos orcs Gruumsh ser expulso do corpo de Long Dong Silver, como viram também que Bibiana Crommiel retornou ao seu tamanho normal. Os que tinham conhecimento de religião perceberam que ela havia usado todo o poder de Corellon Larethian dentro dela. Assim como o elfo John Falkiner, ela não passava de uma pessoa comum com boa fé em meio à tormenta. Um sacrifício para salvar todos do terrível líder dos orcs, que não acreditava no que acontecia.
Muadib já retornava à muralha levando Sirius Black e Úrsula Suarzineguer com ele. A gnoma preferiu saltar no meio do caminho e tornar a avançar para combater os inimigos, escondendo-se entre a multidão de orcs. Francisco Xavier preferiu esperar, enquanto observava e entendia melhor o poder das trevas que parecia proteger os orcs do efeito da luz. Era certamente algum subterfúgio ainda inédito da magia das trevas. Falkiner, que resgatara Ryolith Fox, pousou  também sobre os muros luminosos de Suzail. Rock dos Lobos invocou mais uma magia protetora.
No extremo oposto da batalha, Ehtur Telcontar e Volcana Boaventura derramaram todos os seus ataques sobre o líder da horda, enquanto seus aliados feéricos cuidavam dos orcs caolhos como podiam. Os ataques foram muito mais efetivos agora, principalmente contra os lacaios. Mesmo assim, Long Dong Silver permaneceu inabalável, erguendo seu machado e fulminando Bibiana Crommiel com seus mais poderosos golpes. A elfa tombou ao chão prontamente próxima da morte.
Sem demora, Francisco Xavier teleportou-se para a batalha levando Ryolith, Falkiner e Rock com ele.
O paladino e o bárbaro investiram contra o líder dos orcs à despeito dos outros que o protegiam, banhando-se em magia e fé para derrubá-lo. John Falkiner buscava curar seus aliados com uma varinha de cura que trazia, concentrando-se em recuperar Bibiana Crommiel, que lhe parecia a luz no fim do túnel. O guardião de Mielikki manobrou para realizar uma carga com sua lança, enquanto Volcana Boaventura novamente alvejou Long Dong Silver. Apesar disso, o senhor da horda esmagava as fadas e centauros próximos, tentando derrubar os dois.
Muadib e Sirius também tomaram novamente a direção da batalha. Úrsula seguia avançando escondida, buscando a distância certa para seus ataques furtivos. Dessa vez, o frenético orc chefe atingiu Ehtur Telcontar em cheio, derrubando-o também e aproveitando os golpes subsequentes para eliminar os demais enviados de Timothy Hunter. Restava apenas Volcana Boaventura da cavalaria, mas os heróis recém-chegados não desanimaram.
Ryolith Fox esmagava o mal com a força do ódio pelo carrasco de sua amada. Rock somou sua fúria à magia para intensificar os ataques ao máximo. Francisco Xavier desejou que alguma ajuda superior fosse providenciada dentro dos limites do possível. Isso foi suficiente para recuperar parte da energia vital de seus aliados.
Long Dong Silver seguia devastador, mesmo devolvido ao seu estado mortal. Bibiana Crommiel foi posta de pé por Falkiner, aquele que ela reincarnara com o poder dos elfos. Uma nova investida de todos bastou para perceberem que era possível tombá-lo. Muadib abriu caminho entre os guardas orcs de um olho só com sua dança mortal. Sirius aproveitou para se embrenhar e atacar antes que entendessem o que se passava.
Com o caminho livre, Úrsula desferiu suas setas certeiras, que roubaram mais um quinhão da força de Long Dong Silver, cravando fundo na carne do monstro. Rock o fustigou com seu machado encantado. Vendo o momento se apresentar, Ryolith Fox ergueu sua espada e cortou fora a cabeça do monstro com o poder da justiça.
Bibiana Crommiel, empunhando a varinha de John Falkiner, tocou o corpo da besta cuja sede de sangue trouxera aquele conflito. Bastou o toque e suas palavras sagradas em élfico para aquela carcaça se fazer um punhado de cinzas:
- Hoje não começa a era dos orcs, nem finda a era dos homens! - soou a voz límpida da elfa, sendo ouvida por todos, aliados ou inimigos. - Hoje tem início uma nova era para os elfos e para este mundo! Não é mais tempo de partir.. mas é tempo de retornar. É tempo de renascer! Uma nova era com uma nova divindade e um novo povo. Devemos ser os verdadeiros espíritos desse mundo! - Tendo dito isso, o corpo de Bibiana se expandiu e se desfez como se etéreo fosse. Ninguém entendeu muito bem, a não ser o clérigo sem deus John Falkiner, que já sentia em seu coração, o que a voz em sua mente anunciou. - És agora meu escolhido, John Falkiner! Meu arauto e meu amigo, o símbolo do novo povo que os elfos hão de ser.
Sem seu líder, os orcs arrefeceram e ficaram perdidos. Muitos tombaram ante as flechas e a força do exército que finalmente deixou as muralhas de Suzail e passou a massacrar o que antes era uma ameaça. O grupo ainda eliminou alguns orcs caolhos de Gruumsh antes que fugissem desordenadamente. A guerra foi vencida, mesmo que o preço tenha sido alto. Cansados e triunfantes, eles tomaram o rumo do interior da cidade luz.
Eles retornaram exaustos para serem aclamados como heróis. Desde o exército vitorioso até a população sã e salva, todos glorificaram o líder das tropas Ryolith Fox e seus aliados. Os campeões de Amaunthor. Daelegoth Orndeir os recebeu e os abençoou como os arautos da glória eterna do senhor do sol. Foi ele quem avisou com pesar para o paladino, que sua amada esposa não podia ser resgatada da morte, pois aquele era sua hora segundo a graça divina. Todos lamentaram em silêncio por um minuto pela honrada alma da campeã de Suzail.
No interior do palácio real, idolatrados pelo povo, os heróis foram festejados e celebrados em canto, verso e prosa pelos bardos, enquanto um saboroso banquete aliviava a fome e as dores. Não tinham espírito para farra, mas receberam a gratidão de bom grado. Todos percebiam que aquela épica batalha deixaria resquícios eternos em seus corpos, mentes, nomes e histórias. Até suas armas parecia agora mais vivas e poderosas. Era como se a própria essência deles se agigantasse e não coubesse mais neles mesmo, assim como magos faziam com seus familiares.
O sumosacerdote de Amaunthor os avisou de que o mundo já começava a ser coberto pelo sol eterno, a luz perpétua, a infindável manhã. Todos os deuses não eram mais do que facetas de uma única divindade, o grande Amaunthor. A justiça, a morte e a vida eram reflexos, meios ou intermediários entre a glória suprema e os homens. Ryolith Fox entendia aquilo muito bem, apesar da dor que sentia. Os demais ainda não se deixavam cegar por aquela glória brilhante.
 - A cidade voadora das sombras tombou ante o poder do Quarto Sol! - anunciou Daelegoth. - Nova Netherill não é mais uma ameaça, mas sim poeira no curso da história. O próprio tempo se transformará agora que não há porque temer a noite. Enfim temos o paraíso na terra! - Cada palavra do sumosacerdote inflamava os ouvintes engrandecendo os efeitos do artefato, que seguia com ele todo o tempo. Ao fim, ele lhes disse que eles eram os mais indicados e confiáveis para ir até as ruínas da Cidade das Sombras. Lá recolheriam os espólios do poder do inimigo a fim de garantir que a ameaça não tornasse a crescer. Mas antes deviam se recuperar.

Descansaram.

Sonharam.

Rock dos Lobos sonhou com a sua sombra maligna chegando em um lugar quente e abissal.
Úrsula Suarzineguer sonhou com a pedra vermelha onde Arnoux estava aprisionado, que se aproximava dela.
Muadib sonhou com a escalada de uma árvore espectral cujas raízes agarravam o vazio, enquanto a copa estendia-se ao infinito.
Ehtur Telcontar sonhou com Alissah e o rei das fadas, que assistiam ansiosos a batalha em Cormyr nas águas límpidas de um lago.
Francisco Xavier sonhou com a Fortaleza da Vela. Ele viu o Primeiro Leitor sentado sozinho em seus aposentos bebendo na magnífica taça.
Ryolith Fox sonhou com Palas Atenas. Sua amada e falecida esposa presa e acorrentada em algum calabouço escuro e sinistro numa agonia eterna.
Sirius Black sonhou com Annia Evalandriel. Ela estava se submetendo a Rhange Hesysthance muito longe dali. Mas foi ele que ao despertar subitamente viu-se de fronte ao arquimago élfico e regente de Evereska.
Rhange Hesysthance acalmou o ladino:
- Acalme-se, Sirius. Eu vim consertar as confusões que vocês causaram. Eu posso devolver suas habilidades, mas é preciso muito mais agora que Netherill caiu!
- Você está com Netherill! E como chegou aqui?
O arquimago explicou tudo o que se passava de uma maneira breve. Eles convocaram os demais. A primeira foi Úrsula, que recebeu a gema onde descansava a alma de Arnoux como prova da boa fé de Rhange, mesmo que a alma não bastasse pois faltava o corpo. Ele explicou com a guardara em segurança desde que a recuperara do corpo de um phaerimm.
Os demais também foram convocados um a um. Mais uma vez discutiram o destino do mundo e perceberam que, mais uma vez, as coisas pareciam ter mudado.

6 de mar. de 2013

Explosões de luz

Todos se sentiram tocados por aquele milagre purificador que haviam acabado de testemunhar. Sirius Black voltara, mas já não havia nele qualquer malícia. Era como se o que quer que restasse nele da passagem de Shar fosse enfim expurgado. Daelegoth Orndeir dirigiu-se aos espectadores impressionados:
- Vós sois as testemunhas dessa nova era que se avizinha. Graças ao poder primordial aqui reunido das oito entidades primeiras deste mundo seremos capazes de findar de vez com o reino das sombras. Graças a estes heróis redimidos, que recebem a benção do cálice sagrado de Amaunthor, chegou até nós a força de Shar que faltava para completarmos o ritual. Agora o Quarto Sol está prestes a surgir e com eles nos derrubaremos a cidade voadora e poderemos falar a Velha Nova Netherill.
- Era para isso que desejávamos o cálice, ó sumo-sacerdote de Amaunthor - interrompeu Francisco Xavier. - Desejávamos desferir um golpe contra o âmago do império através do qual poderíamos libertar o mundo e acabar com a escuridão de Shar.
- Pois fique tranquilo, mago, que o que está nascendo aqui será o instrumento de nossa vitória derradeira. Não é preciso baixar nossa guarda. Tu que renasceste pela luz e não tem mais nenhuma remanescência das trevas da Senhora da Escuridão em teu corpo aceitas Amaunthor como seu guia? Você a quem chamam Sirius Black, homem redimido e renovado, tu aceitas o sol como teu guia para varrer a escuridão?
- Eu aceito.. - disse Sirius Black caindo de joelhos. Diante daquela cena, Úrsula Suarzineguer foi a primeira a ter sua fé transformada.
- Todos vocês devem aceitar a graça de Amaunthor e abraçar nossa luz vingadora, instrumento da redenção do mundo. - insistiu Daelegoth.
Todos os demais sumosacerdotes se colocaram de joelhos, entregando suas orações e crenças ao deus do sol sem exitar. Alguns monges e magos da Fortaleza da Vela fizeram o mesmo. Os demais entendiam a grandiosidade de tudo aquilo, mas ainda guardavam a consideração por seus deuses protetores.
A energia jorrava caudalosa e envolvendo a todos, enquanto se concentrava a partir de Sirius Black. Todos percebiam que tudo aquilo era incomparavelmente mais intenso do que simplesmente assistir à ascensão dos sóis anteriores. Sirius aceitou ser o campeão de Amaunthor, a alma redimida pela glória de um novo amanhecer. Daelegoth Orndeir comandou aquela força tremenda com o cálice de Amaunthor e as dirigiu contra a ameaça longínqua.

Longe dali, um grupo de centauros, faunos, fadas, duas elfas e um humano viram o imenso sol cruzar o céu em direção ao oeste e apertaram o passo rumo à cidade ao sul que se aproximava. Ehtur Telcontar, Bibiana Crommiel, Volcana Boaventura e as tropas cedidas por Timothy Hunter não tinham mais tempo a perder se quisessem ajudar. A visão do mar de orcs à frente da cidade, não facilitou as coisas.
Eles perceberam que as defesas da cidade permaneciam dentro dos muros, lançando setas que não derrubavam os inimigos. Apenas um clarão havia na dianteira do exército enfurecido de orcs, onde Ryolith Fox ganhava cada passo ao custo de golpes e sangue dos inimigos. Na retaguarda, Palas Atenas lutava contra um grande orc, cercadas por dezenas de outros, todos sem o olho esquerdo.

No interior da pirâmide do Deus do Sol, Daelegoth comandou a todos que rumassem para as muralhas e insuflassem as tropas com a graça da luz eterna:
- Neste momento, vocês levam consigo o milagre maior do senhor de toda vida. Serão vocês os campeões desse novo tempo que não mais se anuncia, mas sim se implementa. Não haverá mais tempo de trevas, de escuridão ou de sombras, mas apenas o conforto perpétuo de uma luz infindável. Um tempo sem dor, sem frio e sem sofrimento.
Todos partiram à máxima velocidade. Ao chegar aos muros, encontraram os arqueiros derramando flechas, enquanto os guardas dos Dragões Púrpuras e da Ordem de Tyr enfrentavam os orcs que chegavam ao alto das muralhas mesmo crivados de setas. Os orcs pareciam enfurecidos e possuídos por uma sede de sangue incomuns. Ao longe eles viram a paladina de Tyr combatendo o líder da horda, enquanto Ryolith Fox lutava contra a imensa distância e a multidão entre eles.
- Veja Gruumsh do um Olho, o sacrifício que eu recebo agora em teu nome, honra e glória. Eu, Long Dong Silver, currador de fêmeas, esmagador de lares, mutilador do amanhã venho em teu nome apagar essa luz lazarenta!
Palas não se ocupou das palavras do monstro e desferiu seus golpes abençoados por Tyr para esmagá-lo. No entanto, ao invés de evitá-los, Long Dong Silver recebeu-os diretamente no rosto, o que acabou por representar a perda do olho direito, que voou como uma bola murcha até o chão. O corte que se fez prontamente se tornou uma cicatriz e o senhor dos orcs começou a crescer.
Todos aqueles que como John Falkiner e Francisco Xavier conheciam sobre religião sabiam bem que o deus dos Orcs, Gruumsh, perdera seu olho esquerdo em uma batalha contra Corellon Larethian, senhor dos elfos. Desde então, são conhecidos rumores sobre seguidores que sacrificam a vista em troca de poderes profanos de seu senhor. Um olho em batalha pelo poder do deus dos orcs. Aquele sacrifício era certamente parte de um ritual que consagrava tudo aquilo que se dava a Gruumsh. Assim como ele era atingido, a maior parte dos orcs anteriormente além de qualquer dor ou sofrimento, enfim tombavam diante dos golpes recebidos.
Em poucos instantes, Long Dong Silver tornou-se enorme como um gigante das tempestades e seu frenesi imensurável espalhava-se por todos os orcs ali presentes. Palas Atenas Fox parecia apenas um vaga-lume diante de um carvalho. Era como se o próprio Gruumsh estivesse ali a instigar a raça que criara:
- Hoje termina a era dos homens! RRRAAAAAAAAHHHH!!! MAAATEEEM!!!
O clérigo de Kelemvor e o mago da Fortaleza da Vela entenderam que não era uma simples benção.. o próprio avatar do deus dos orcs havia encarnado em Long Dong Silver. Isso, porém, na intimidou Palas Atenas que seguiu atacando da melhor forma possível. Nas muralhas, os últimos orcs eram eliminados e os arqueiros voltavam a ter total liberdade para disparar contra os que se aglomeravam no chão.
Ehtur Telcontar conclamou o povo de Timothy Hunter a ajudá-los como pudessem. Ele e as duas elfas montaram nos centauros e desceram à máxima velocidade. Sua manobra permitia atingir os orcs despreparados pelas costas. Ehtur saltou em uma de suas melhores manobras de combate e acertou o imenso orc por trás de tudo aquilo, percebendo que muito pouco do seu ataque tivera realmente efeito. Os golpes da paladina de Tyr também já não tinham o mesmo efeito. Ryolith recebeu golpes dos orcs que seguiam vindo, cada vez maiores e mais fortes, mas perseverou.
Apenas o esposo de Palas Atenas Fox não viu o que se seguiu. Com sede de sangue e crueldade, Long Dong Silver usou toda a sua força para atingir a paladina de Tyr. Seu machado orc rasgou o ar e foi capaz de dividir a paladina de Tyr ao meio. Palas Atenas Fox, espada de Tyr, comandante dos Dragões Púrpuras de Cormyr, esposa fiel e honesta, explodiu em uma energia luminosa que nem sequer ofuscou os orcs, que já pareciam imunes aos efeitos da luz desde o princípio.


Muadib agarrou Sirius, enquanto Úrsula pulou em suas costas e voou em direção à batalha e ao monstro devastador. Sirius Black aproveitou para gritar a notícia para Ryolith Fox que seguia sempre em frente lá embaixo. Ehtur aproveitou para atacar os orcs de um olho só, que cercavam o avatar, percebendo que eles também pareciam inderrubáveis. Volcana disparava dezenas de flecha que causavam enormes estragos, mas também não tombavam ninguém. Bibiana então foi quem chamou a atenção, pois clamou por seus poderes élficos e avançou contra seu inimigo ancestral. Rock dos Lobos lançou uma bola de fogo contra a horda, queimando-os, mas não derrubando-os.
John Falkiner voou para curar Ryolith Fox, mas sem o suporte da ideia de salvar amada, o paladino de Tyr pereceu como um herói romântico antes do resgate. Falkiner resgatou o corpo do paladino do meio dos orcs antes que o pior pudesse acontecer, usando uma varinha para recuperá-lo, enquanto a própria energia positiva emanada de Suzail já o fazia despertar. Muadib lançou-lhe ao enfrentamento, liberando Úrsula e Sirius para atacarem. A gnoma tentou desarmar o avatar, percebendo a ineficácia de suas pequenas flechas para esse imenso propósito. Os outros dois logo viram que o poder dos ataques era incapaz de fazer os frenéticos orcs caírem. Qualquer poder por maior que fosse parecia incapaz de fazê-los cair.
Uma vez mais o urro trovejante de Long Dong Silver se fez ecoar e todos os orcs que haviam caído rapidamente se levantaram, todos tomados pelo mesmo frenesi que os demais. Os defensores de Suzail viram-se acoados, enquanto muitos mais ainda estavam por chegar. Ryolith Fox usou seu anel mágico para erguer uma muralha de força, que logo desapareceu sob o mar de orcs.
Muadib, Sirius e Úrsula resolveram recuar, mesmo que a atenção do avatar já não estivesse sobre eles. Long Dong Silver espumava e vociferava impropérios com a aproximação de Bibiana Crommiel.
- Elfas malditas, vagabundas rampeiras dos afeminados!!! Eu vou beber seu sangue e vomitar seus rins!
- O poder de Corellon Larethian vive em mim, filho do ódio. Sua raça vil e desprezível contamina o mundo com sua volúpia, ira e danação. Meu Senhor maior e de todos os elfos lhes puniu a ousada ferocidade com a perda da visão e vocês se fizeram cegos de ódio. Hoje, eu vou expulsá-lo dessas terras.
Long Dong Silver gargalhou inabalável e já rodando seu machado. Ehtur Telcontar e Volcana Boaventura fizeram o melhor possível para limpar o caminho para a clériga de Corellon Larethian. A elfa atirou-se sobre o imenso inimigo e sem dificuldades encostou nele, que já descia o machado sobre ela  Bibiana orou em sua língua antiga e bela fazendo o gigantesco inimigo voltar ao seu tamanho real e com que todos os orcs feridos novamente tombassem.


1 de mar. de 2013

Tambores na iluminação...


Enquanto Ryolith Fox beijava sua esposa Palas Atenas com a incontida paixão que se derramava caudalosa, as palavras do sumo-sacerdote Daelegoth anunciaram o novo sol que chegava e surgia diante do povo uma vez mais atônito. A energia jorrava caudalosa e assomava aos céus de maneira ainda mais intensa que a anterior. Todos não só partilhavam uma mesma energia harmônica como antes, como vibravam retumbantes os ecos profundos daquela paixão ardente.
- Vejam o poder supremo da bondade prevalecer, meus irmãos. Com a graça de Amaunthor e a benção das forças benévolas da existência, o amor desses dois gera o incandescente terceiro sol que será o símbolo de nossa vitória. Graças a essas forças puras e purificadoras já não é mais preciso temermos a escuridão. Assim como o segundo sol nos ilumina, guia e protege, o terceiro sol será a investida que marcará a derrocada de nossos inimigos.. dos seres das trevas que anseiam pela obliteração total. A fonte primeva da vida transborda de nós para um único todo que levará a luz para todos os cantos do mundo. Não haverá mais escuridão.. nem sombra.. nem noite. Se no princípio dos tempos eram as trevas, irmãos, no tempo da eternidade só luz haverá. E aqueles que se opuserem a nós e desejarem privar o mundo dessa graça.. estes nos servirão de joelhos!
Com o fim retumbante daquelas palavras, que ecoaram no coro da multidão, Daelegoth Orndeir comandou a colossal bola de energia positiva. Aquele novo sol tomou o rumo do noroeste na velocidade da luz. Seguiu-se o silêncio aturdido e a satisfação muda de que aquele era o começo de uma nova era. Os dois arautos daquela benção se afagaram mais e receberam permissão para terem as núpcias merecidas. Aquela união foi capaz de alimentar um novo sol e geraria os filhos desse novo tempo.

Enquanto o paladino de Tyr vivia seu sonho, seus colegas adentravam mais uma vez a cidade de Suzail com o auxílio do mago Francisco Xavier. Mesmo abalado com tudo que se dera com Leila Diniz, ele sabia que o mundo não poderia esperar e era mais uma que dependia do sucesso deles para poder ser libertada. Dessa vez, um campo de antimagia garantia que Sirius Black e sua companheira Daniela não sofressem as penalidades da luz, transformando-os numa esfera de escuridão ambulante. Sem muito custo chegaram ao prédio dos Dragões Púrpuras. Adentraram graças a uma magia de arrombamento e puderam se refugiar na passagem subterrânea, que Ryolith havia lhes mostrado. Muadib constatou que não haviam outros rastros que não os deles mesmos. Era ali que iriam recuperar as forças além do alcance da luz e aguardar a chegada de Ehtur Telcontar. Apenas John Falkiner preferiu ir sozinho até a pequenina igreja de Kelemvor, que ele mesmo construíra na cidade ao invés de recuperar as forças.
Xavier usou de divinações para aumentar os conhecimentos sobre o que se passava. Por fim, dormiram. O clérigo,por sua vez, que não tinha mais suas preces atendidas, preferiu entregar-se a fervorosas orações por horas a fio. Ele encontrou no altar um espelho quebrado. Isso o lembrou da recente face espelhada do Deus da Morte com seu próprio rosto refletido. Tomou aquilo como um reflexo das mudanças nas esferas superiores. Mudanças profundas. Usou do manto para esconder seus traços élficos e apenas orou ininterruptamente para Kelemvor.
Mesmo quando o movimento da cidade voltou, tanto no prédio da guarda quanto nos templos, isso não desviou a atenção dele. Um sacristão encarregado da manutenção do templo chegou e sem reconhecê-lo trocou cumprimentos satisfeito pela presença de alguém. Naqueles tempos parece que a todos só interessava o templo de Amaunthor. John Falkiner desconversou e orou.
Escondidos sob a terra, aconchegados no leito ou refugiado em um pequenino templo, todos eles ouviram. O som era ritmado e firme como uma chuva de rochedos. Todos ouviram os tambores.. tambores na iluminação sem fim de Suzail.


Palas e Ryolith deixaram o calor do leito, onde seus corpos ávidos haviam consumado o amor que os unia para a eternidade. Vestiram seus trajes de batalha e cruzaram as ruas em direção às muralhas, enquanto os civis corriam para refugiar-se no palácio. Quando os dois paladinos de Tyr chegaram às muralhas, avistaram a imensa horda de milhares de orcs. Palas enquanto líder da guarda, estava ali como comandante da defesa de Suzail. A maior parte dos servos de Tyr e também dos Dragões Púrpuras estava postada sobre os muros iluminados da cidade.
Os orcs bestiais pareciam tomados por um frenesi insano, espumando e vociferando como loucos varridos. Eles cobriam a colina como uma mancha negra e agourenta. Vinham como uma turba descontrolada, sedentos por sangue e morte. Ao centro havia um grande orc, que se destacava entre os demais, carregando um enorme machado e cercado por fêmeas semi-nuas, algumas acorrentadas. Ele impulsionava os demais gritando por sangue e destruição. Parecia contaminá-los com sua própria fúria. Os tambores pararam, mas trazendo um silêncio súbito, onde ecoaram as palavras do líder dos orcs, grande como um ogro. Ele abriu caminho com seu instrumento e vociferou:
- Hoje a luz será apagada! A era dos homens vai chegar ao fim! Eu vou penetrar entre suas pernas e fazê-los gritar de dor! O tempo dos orcs irá começar e para isso, o sol deixará de existir. Esse seu pequeno sol fajuto vai apagar com a minha urina. Eu vou esporrar na cara de vocês, seus filhas da puta de merda! Hoje nós vamos matar, pilhar e estuprar, meu povo! Hoje os deuses da guerra e da destruição se dobram a Gruumsh-um-Olho. Long Dong Silver está lhes prometendo a vitória!!!
- Sua vontade animalesca não será capaz de vencer nossas defesas, besta imunda. Assim como, sua índole nefasta sucumbirá ante o peso de minha espada, instrumento da verdade de Tyr. - gritou Palas Atenas afastando o medo dos corações dos defensores de Suzail e inspirando-lhes um passo além do que já fazia a luz de Amaunthor.
- Meu instrumento fará você gritar, enquanto seu povo de feitores de escravos lamberá minhas botas, vagabunda rampeira!!!
O frenesi explodiu ainda mais e como um tsunami, a horda se atirou contra as muralhas em carga. As setas dos arqueiros da cidade voaram eclipsando a luz, mas pareciam incapazes de derrubar os bárbaros orcs, que seguiam seu avanço. Palas "espada de Tyr" Atenas voou como um anjo vingador dos céus sobre o monstro Long Dong Silver. Eles se digladiaram, arrancando sangue a cada golpe, enquanto outros tantos orcs tentavam em vão atingir a paladina de Tyr.
Ryolith planou até a massa de maldade diante dos muros, enquanto as defesas tentavam fustigar os orcs. Enquanto o martelo de Tyr abria caminha ceifando orc após orc com o poder da justiça, via que os orcs que seguiam de alguma maneira tenebrosa conseguiam escalar as muralhas sem dificuldades. Ryolith Fox ignorava os ataques que recebia impulsionado pelo anseio de defender sua amada e líder. Por amor, ele seguia.

Longe dali, o grupo esgueirou-se pela passagem até o templo de Tyr. Encontraram o templo sendo abandonado por seus últimos ocupantes. Perceberam o movimento em direção ao oeste da cidade. Aproximando-se furtivamente, Muadib e Sirius souberam  que a regente Caladnei recebia o povo e tentava tranquilizá-los como se fosse apenas mais uma das amas. Encontraram Falkiner no caminho, chamando-o a deixar suas preces, que seguiam sem respostas. Foram para a pirâmide do templo de Lathander.
Antes de entrar, Francisco Xavier recebeu uma mensagem da Fortaleza da Vela. Os reforços estavam prontos e iriam seguir para onde fosse indicado. O mago os convocou a se juntarem a eles e logo estavam ali dezenas de magos e monges prontos para a batalha.
Isso mudou a ação, somando-se ao fato de que ouviam cânticos ritualísticos advindos do interior do templo. Sem perder tempo, venceram a entrada e acabaram por encontrar um corredor onde oito estátuas estavam posicionadas junto às paredes. Eram corpos humanos com cabeças de animais, mas não lembravam-lhes entidades específicas.
John Falkiner buscou nos cantos mais profundos de sua memória, de seus estudos sobre as religiões da antiguidade. Lembrara-se de um desenho de deuses antigos, representados de forma primitiva com cabeças de animais associados a eles. Era uma forma dos ancestrais primeiros de Netherill representarem sua fé. As oito estátuas de deuses representavam Mystra, Amaunthor, Chauntea, Silvanus, Tyr, Gond, Oghma, Shar.


Não houve muito tempo para explicações, pois o que quer que se dava lá dentro parecia seguir num crescendo. Eles mesmo já sentiam a influência das forças do cálice de Amaunthor começar a se assanhar em suas vontades. Abriram a porta dupla e chegaram ao salão onde haviam encontrado o cálice da vez anterior. Dessa vez, no entanto, o artefato do sol não estava no altar, mas sim nas mãos de Daelegoth Orndeir. O sumo-sacerdote de Amaunthor comandava os demais sumosacerdotes de seis outros deuses: Tyr, Mystra, Chauntea, Silvanus, Gond e Oghma. Apenas um representante de Shar parecia faltar.
A chegada e investida deles foi respondida com uma magia que se mostrou capaz de desfazer o campo mágico, apesar das expectativas deles. Com isso, a bondade luminosa os envolveu e viram-se mudando de interesses. Apenas Sirius e Daniela não foram tomados por aquela benevolência, sentindo a dor física daquela suposta benção. A meio-orc tombou, enquanto que Black buscou uma maneira de manter-se inteiro, pois atraía de todos olhares de reprovação.
- Finalmente chegaram as forças da trevas que faltavam para completarmos o ritual que consagrará o Quarto Sol, meus irmãos. Com a sabedoria antiga de nossos ancestrais conseguiremos erguer a força que espantará para sempre nossos inimigos. - os olhos dele se voltaram para Sirius Black, sobre quem ele investiu de cálice em punho. O golpe certeiro atingiu o ladino e o desintegrou em pó brilhante.
Diante daquilo, Úrsula acabou por disparar suas flechas certeiras arrancou o cálice das mãos de Daelegoth, enquanto Muadib correu para apanhá-lo. Embora o guardião bárbaro tenha sido rápido, sua vontade não resistiu a devolver o artefato ao sumosacerdote quando ele falou:
- Sem o cálice, eu não poderei trazer Sirius Black de volta purificado pela luz do sol. Este ritual será o início de uma nova era que cobrirá todo o mundo em uma luz eterna.
Já com o artefato, ele ergueu o cálice de Amaunthor no ar e derramou dele um líquido brilhante, que aglomerou-se e ergueu-se até tomar forma humana, até tornar-se um novo Sirius Black.