29 de mai. de 2012

A Batalha de Sildeyuir

O desaparecimento do portal foi mais um duro golpe na moral daquele trôpego exército. Os soldados desesperaram-se. Maedros gritou e tentou manter o comando, enquanto seguia lutando sem parecer se importar com o perigo. Os numerosos arquimagos se dividiram nas tarefas. Alguns cuidaram de atacar os Slaads com fogo e raios, outros conjuraram elementais enormes para a batalha, dois irradiaram curas mágicas revigorando a todos que ainda tinham algum suspiro de vida em si, enquanto os dois trios que restavam, respectivamente, criaram um épico santuário de proteção mágico e tentaram reabrir o portal. Gabriel, como uma máquina sanguinolenta de guerra, seguia decapitando Slaads a cada golpe, cada vez mais distante do exército.


O grupo tentou prosseguir com o que haviam decidido. Ehtur e Úrsula seguiam invisíveis buscado por quem quer que liderasse os Slaads. Úrsula ia sobre os ombros do guardião, disparando setas certeiras que vitimavam quantos inimigos era possível. Os demais, por sua vez, resistiam como podiam ao avanço dos grandes monstros sapóides. Sirius e Arnoux atacavam em conjunto maximizando suas habilidades para acertarem pontos vitais de seus inimigos. Daphne, transformada em um enorme urso, e David mantinham o outro flanco. Rock tentava proteger Marissa, além de se fortalecer magicamente, de modo a esmagar com sua fúria os que se aproximavam. Yorgói cantava para inflamar o ânimo de seus camaradas, mantendo uma varinha de cura para recuperá-los dos infindáveis ataques da horda inimiga.
Marissa sofria vendo os corpos de seus salvadores tombarem, apenas para cobrir os corpos de seu povo. Ela pôs-se de joelhos acudindo um dos seus. Para sua surpresa, ele estava vivo! Ainda que fraco e pálido, o elfo das estrelas abriu os olhos e murmurou..
- Me.. meu id.. e.. eles le.. levaram meu id...
Prontamente, Marissa entrou em contato mental com todos e alertou-os da descoberta. Ainda havia um povo ali para ser salvo. Se não havia mais portal, ainda assim deviam reunir os elfos das estrelas. Seus poderes lhes foram tirados, mas ela não se ocuparia disso agora.. seu dever era salvar seu povo.
Os arquimagos redobraram os ataques e as proteções, enquanto alguns deles usavam a força mágica para recolher os caídos. Os elementais caíram como uma avalanche. Os soldados se entusiasmaram com um novo ânimo e investiram com seus melhores golpes. Ainda assim, os Slaads permaneciam em vantagem. Por mais que caíssem, dois outros logo vinham cobrir o espaço aberto, como uma hidra frente ao aço de uma espada. O trio de arquimagos que buscava reabrir o portal enfrentava dificuldades e clamou por auxílio. Dez outros se juntaram a eles, enquanto os restantes reforçaram as proteções com muralhas prismáticas.
Todavia, talvez como uma piada maquiavélica do destino, foi nesse momento que uma vasta área de anti-magia surgiu anulando todas as forças mágicas em Sildeyuir. Os arquimagos e os soldados exitaram.. o próprio tempo pareceu recear avançar. Estavam completamente à mercê dos inimigos agora. Os slaads se puseram a atacar visando chegar aos indefesos arquimagos.
Marissa tentou contactar Evereska em busca de alguma ajuda, uma vez que seus poderes psiônicos não haviam sido afetados. Sua mente encontrou a da rainha Querdalla.
- Rainha, o portal! Estamos sendo massacrados. Há uma grande área de anti-magia afetando tudo. Os arquimagos estão tentando desfazê-la, mas precisamos sair daqui. Encontramos meu povo, mas seremos todos destruídos.
- Rhange está tentando reabrir o portal, Marissa. Annia atacou a todos.. ela explodiu em luz.. matou muitos.. outros tantos estão cegos. Estamos fazendo o possível. Aguentem firme! Não desistam! - após ouvir essas palavras da rainha, Marissa alertou os demais, convocando o grupo a reunir-se. Apenas Gabriel, que desaparecera entre as fileiras da horda inimiga, não retornou. Maedros buscou conter quanto Slaads era possível atraindo atenção sobre si, o que acabou por custar a vida do capitão do exército élfico. Todos reagruparam-se torcendo pelo sucesso dos arquimagos em anular o campo de antimagia.
Os arquimagos falharam.


Acuados e sem esperança, nossos heróis se viram prestes a ter o mesmo destino do capitão Sorrowleaf ali naquele plano longínquo. Alguns sentiram falta de Ryolith, cuja presença sempre afastara os piores temores. Outros sentiram falta de casa. Uns oraram aos deuses. Todos prepararam-se para morrer com as armas em punho e levando quantos Slaads fosse possível.
Foi então que o portal se abriu, tragando-os de lá...

23 de mai. de 2012

Portais...

Cada qual em seu quarto, preparando-se para recolher-se após a reunião do conselho, nossos heróis sentiam-se frustrados. Desconcertava-os a arrogância dos elfos. Ainda assim teriam um longo dia pela frente, um longo dia tentando salvar essa cidade que não parecia aceitá-los.

Sirius Black caminhava impacientemente pelo quarto, embora não soubesse exatamente porque. Talvez fosse a incredulidade com os elfos arrogantes. O que quer que fosse, seu peito disparou com as batidas na porta. Ele já sabia quem era. Abriu a porta já manifestando toda a sua expectativa. Annia Evalandriel estava do outro lado e corou ante o entusiasmo de Sirius, que a recebeu nu em pelo. Apesar das súplicas dela para se recompor, Sirius acabou por atraí-la para dentro. Annia, no entanto, estava preocupada, tensa e inquieta.
- Você não entende, querido. Existem elfos intolerantes.. depois daquilo entre você e Maedros.. e essa reunião do conselho.. temo que aqui não seja mais um local seguro pra mim...
- Eu irei proteger você, gatinha. Eu tô aqui pra você, aliás vem cá e..
- Eu quero ir com você, Sirius, meu amado. Eu irei com você até a entrada do portal.. estarei esperando por você quando voltar.. e então seguiremos juntos para sempre. Nada será capaz de nós separar! - Essas palavras preocuparam Sirius, mas como Annia atirou-se sobre ele, tal pensamento logo lhe escapou. A ama mais uma vez levou o humano além dos limites da própria imaginação. Foi sem fôlego e suado que ele adormeceu ali ao lado dela...


Daphne escutou as batidas na porta e parou de acarinhar David. Este logo se pôs a farejar e a jovem druida soube que não seria nenhum problema. Entendia através dos sentidos de seu companheiro que ali estava a ama da rainha. Ao abrir a porta, deparou-se com Sparrow Eagle. Ela queria saber mais sobre a Grande Floresta e o clã Eagle. Daphne esmerou-se em tentar saciar a curiosidade dela, mas escapavam-lhe a maioria dos detalhes.
- Posso lhe garantir que nossa amada floresta corre perigo, Sparrow. Os treants também andam tomados pela arrogância. Estão cegos pelo ódio contra os fey'ri.
- O que são os fey'ri?
- Elfos corrompidos.. elfos demoniacos.. criaturas terríveis que também estão sendo usadas pelos phaerimms. Meu círculo druídico, assim como seu tio Falcon, optaram por seguir defendendo a floresta ao invés de avançar sobre os inimigos. Os treants, por outro lado, resolveram avançar e isso parece ter cobrado um grande preço. Gaios, o mais velho de nós..
 - Gaios? - Sparrow parece achar aquilo curioso - Eu conheci um garotinho chamado Gaios. Seu pai era um poderoso e importante druida, assim como o pai dele antes dele. Perdoe-me, mas não consigo deixar de me impressionar com a brevidade das vidas humanas. - E assim a conversa delas se estendeu. Após mais de uma hora, a ama se despediu e deixou a druida descansar.


Ehtur escutou batidas delicadas e sentiu o perfume adocicado, antes de abrir a porta com cautela. Ao deparar-se com a rainha Querdalla, não deixou de ficar surpreso. Ela sorria embora parecesse cansada.
- Boa noite, guardião. - ela disse entrando no quarto.
- Boa noite, majestade. - Ehtur fechou a porta.
- Espero que a reunião do conselho não o deixe com uma ideia errada de meu povo, Ehtur Telcontar. Infelizmente, são muitos egos por agradar.
- Existem coisas mais importantes que egos no momento. Por que eu?
- Porque eu vi as duas forças que unem este grupo de vocês. Além disso, muitas vezes aqueles que governam vêem-se de mãos atadas pelos deveres do governar. Minha posição fica comprometida pelos meus deveres. Minha mãe foi a rainha de um vasto império, assim como sua mãe antes dela. Minha filha não terá a mesma sorte, assim como eu não tive. Mas eu irei garantir que ela ainda tenha uma cidade para governar. 
- Nossa intenção é ajudar.. foi isso que nos trouxe até aqui, rainha. Mas vocês parecem estar mais ocupados com seus próprios problemas..
- Vocês foram muito generosos até agora, guardião. Não deixe a política afugentá-los. É certo que amanhã quando o portal estiver pronto e partirmos para salvar Sildeyuir, alguns o farão apenas por ganhos próprios. Eu estarei aqui junto de meu povo, mas sei que nesses momentos em que a cabeça fica ocupada, as mãos devem ser guiadas pelo coração. Eu confio em vocês, tenha certeza disso, mesmo que minhas ações ou palavras indiquem o contrário. Tome este selo, ele lhes dará acesso ao arsenal real, onde poderão preparar-se para a batalha vindoura. - Com esse gesto, Querdalla fez um reverência ao guardião e partiu, deixando Ehtur ainda mais inquieto.


Ryolith mal terminara a prece quando vieram as batidas na porta. Abriu e deparou-se com o angelical embaixador avariel Gabriel. Os dois encararam-se por um instante antes que qualquer palavra fosse proferida. Foi Ryolith quem falou primeiro:
- O que você quer aqui?
- Vim conversar.. se me permitir..
- Claro, mas não imagino o que você possa querer discutir com um humano.. 
- Parece-me que a reunião do conselho não o permitiu fazer o devido juízo de minha pessoa, caro paladino. Nós somos dois homens muito parecidos, servo de Tyr. Nós dois servimos a algo maior, a uma justiça transcendental e inescapável que mantém o mundo nos trilhos. Assim como eu, és um campeão empenhado em manter seu povo longe dos vícios e tentações do cotidiano. Longe de desmerecer seu talento e sua virtude, meu caro, eu estou aqui ara lembrá-lo que seu povo precisa de você.
- O que você sabe sobre meu povo, elfo?
- Eu sei que Cormyr está sob ataque. Sei que Tilverton foi obliterada e apenas trevas a envolvem. Sei que é lá que seu coração quer estar.. você não precisa morrer longe de casa, campeão. Não há causa mais justa do que lutar pelos nossos...
- E o que você tem haver com tudo isso?
- Nada. Sou apenas um servo dos deuses, como você, que percebe ser inútil navegar nesses joguetes políticos. Homens como nós se provam nas árduas batalhas. Eu amanhã poderei morrer feliz salvando Sildeyuir. E você, paladino? E lá que você deseja morrer?
-... - Ryolith não queria dar ouvidos aquele lobo em pele de cordeiro, mas não conseguia deixar de concordar. Ele já postergara demais o retorno ao lar. Sem palavras viu Gabriel dirigir-se à porta e dizer antes de sair:
- Peça à rainha. Ela o mandará para casa...


Arnoux beijava a barriga de Úrsula atrapalhando-a  a abotoar o pijama. Dizia como tinha planos para o garotão que viria dali. Foi quando vieram as batidas na porta. Ela empurrou Arnoux para o lado e foi abrir. Ficou surpresa ao deparar-se com o arquimago Rhange Hesysthance Sorrowleaf.
- Boa noite, pequenina. Não tive tempo de expressar todo o interesse que a presença de vocês despertou em mim. Infelizmente, as disputas e discussões da reunião do conselho foram por demais desgastantes. Ainda assim, espero que possamos tratar de negócios...
- Negócios? - desconfiou Úrsula bloqueando a entrada, pergunta repetida por Arnoux que se levantou da cama.
- Sim, negócios! - afirmou o estranho elfo se fazendo entrar passando por sobre a gnoma. - Percebi de pronto que vocês são do tipo astuto e perceptivo e que poderíamos ter interesses em comum. Eu preciso de olhos alertas capazes de me trazer boas informações e estou disposto a pagar um bom preço.
- Você quer nos comprar como espiões? - escandalizou-se Úrsula.
- Calma amor, pra que uma definição tão burocrática da coisa.. - disse Arnoux enxergando a chance de um bom negócio.
- Exatamente, meu caro. Não se trataria de um contrato mas sim uma livre associação para benefício mútuo.  Desde já, eu tenho a lhes oferecer esses belos anéis...
- São realmente belos.. - disse Úrsula sem conseguir deixar de se encantar com as jóias.
- Eles são capazes de deixar seus usuários invisíveis.. uma invisibilidade imperceptível até mesmo para as melhores magias..
- Até mesmo a visões mágicas verdadeiras?
- Sim.. e ainda é capaz de transformá-los em gás por alguns minutos. Serão seus caso aceitem minha amizade. - Sorrowleaf sorriu, o que foi um tanto bizarro.
- Nós não q...
- Calma, amor. Nós agradecemos, senhor arquimago e vamos pensar a respeito, se nos der algum tempo, nós..
- Façamos assim.. - disse Rhange deixando os anéis sobre a cômoda. - Aqui está o presente. Se algum dia tiverem algo a me contar, serão muito bem recebidos. Agora, se me dão licença, tenho um ritual por preparar...
O arquimago se retirou deixando os dois gnomos e os dois anéis para trás. Úrsula precisou  repreender Arnoux e guardar bem os anéis em sua bolsa mágica, para que o marido já não saísse colocando-os nos dedos. Arnoux foi dormir um tanto contrariado com a curiosidade atiçada.


Rock pensava se sonharia com os planos celestiais mais uma vez, quando ouviu as batidas na porta. Ao abrir, deparou-se com Marissa Stardust. A elfa das estrelas deu um sorriso meio sem graça, passou a mão nos cabelos arroxeados e perguntou se podia entrar.
- Claro, claro.. - disse Rock apressado e um tanto embaraçado.
- Desculpa vir assim.. tão tarde.. mas é que eu estou meio abalada com tudo aquilo que aconteceu na reunião do conselho. E por algum motivo.. sei lá.. eu sinto que você me entende, sabe? É uma empatia..
- Eu também sinto isso.. essa sintonia.. - sorriu Rock.
- Eu só queria minha vida de volta. Mas ao mesmo tempo tem sempre esse medo de decepcionar todo mundo. É muita responsabilidade.. uma princesa não devia ter de lidar com essas coisas..
- Eu entendo..
- Você também é um príncipe?
- Eu era o filho do chefe da tribo.. mas não era exatamente o que ele queria...
- Sei como é. E o que houve com ele?
- Foi morto.. morto por demônios que estavam atrás de mim.
- Sinto muito. - disse Marissa fazendo um carinho na grande mão do jovem bárbaro. - Parece que nós temos muito em comum.. demônios tigres estão destruindo meu povo. Deve ser o motivo da afinidade. Sinto que posso confiar em você, Rock. - Sem pensar muito, o grandalhão sentiu o coração disparar e resolveu aproximar-se para beijá-la. Marissa, no entanto, sem perceber, afastou-se um instante antes e sorriu. - Sinto como se fossemos irmãos, Rock.. obrigada por me ouvir. Espero que amanhã tudo de certo.. há de dar..  - ela esticou-se e beijou-o no rosto e saiu, deixando-o atônito e acordado ainda por algum tempo.


Rock sonhou com Sildeyuir. Tudo estava destruído e silencioso. Não havia sinal de mais nada.. apenas corpos de elfos das estrelas pelo chão. Sua visão o levou até um grande grupo de rakshasa reunidos.
Arnoux e Úrsula tiveram o mesmo sonho. Um grande mar de lava vindo de um vulcão devorava toda a Grande Floresta. A lava chegava até Brasillis.
Ryolith se viu uma vez mais em meio às trevas de Tilverton. Almas atormentadas cruzaram o ar próximas dele. Ele sentia a agonia daquelas pobres pessoas que não puderam se defender. Todas elas clamavam por justiça. Dessa vez, ele não buscou detectar o mal. Com isso a dor e o sofrimento se prolongaram.
Ehtur correu os olhos por uma planície rochosa e inóspita. O ar era pestilento e tudo ali cinzento. A única coisa existente eram os corpos feridos de Alissah e do homem que lhe roubara o metal das estrelas. Estavam acorrentados ao chão, presos em uma jaula de metal negro e retorcido. O céu queimava em chamas.
Daphne tornou ao sonho sombrio na Grande Floresta. Viu um treant sendo consumido em chamas por um fey'ri. Antes que pudesse agir, viu oito corujas chegarem em socorro, todas sendo consumidas no fogo.
Sirius Black sonhou que era uma mulher. Não uma mulher qualquer, mas a própria Alustriel. Viu-se cercado pelos phaerimms e sentia-os sugando a força mágica de seu corpo. Sirius Black podia sentir a voracidade da fome das criaturas a enfraquecê-lo. Enquanto era drenado, ainda ouvia as provocações e xingamentos dos monstros, que prometiam não só chupar a medula de seus ossos como chegar até Mystra, deusa da magia, através dela. A única coisa que finalmente o arrancou daquele circo dos horrores foi a voz da própria Alustriel:
- Acorde, Sirius Black. Você corre perigo.
Sirius abriu os olhos imediatamente. Diante de si, uma espada curta descia sobre sua cabeça. Desviou-se o máximo que pode o que não foi o suficiente. A espada desceu fundo em sua carne, quase cortanto o pescoço fora. O grito ecoou pelo castelo, sendo o suficiente para acordar todos os demais. O grito durou até a lâmina ser retirada. Longos segundos. O assassino afastou-se. Era um elfo vestindo-se de maneira escura e furtiva. Enquanto ele se preparou para um segundo golpe derradeiro, Sirius preocupou-se com Annia, mas também com a própria vida, que estava por um triz. Annia estava aterrorizada e gritou:
- Feche os olhos! - Havia tamanha certeza naquelas palavras, que Sirius obedeceu. Ele sentiu um breve calor que anestesiou um pouco a dor que o consumia. Ao abrir os olhos, ainda estava nu e banhado no próprio sangue, mas o inimigo jazia morto no chão. Tinha os olhos arregalados e fixos. Annia estava ainda mais abalada. Seus cabelos eram agora negros como a noite.
- Pela deusa. Por Corellon.. ó deuses.. o que eu fiz. Por quê.. por quê?
- Calma, gatinha.. tá tudo bem.. quer dizer.. vai ficar.. assim que eu for curado.. você conseguiu..
- Eu matei Sirius! Eu matei pra te salvar..
- Exatamente.. então não tem problema e..
- Eu matei de novo... não não não... - Annia estava fora de si e parecia falar mais com ela mesma. Vieram logo batidas na porta e a voz preocupada dos companheiros.
- Sirius? O que houve? - gritou Ehtur.
- Está tudo bem, pessoal. - disse Sirius se cobrindo e abrindo a porta. - Alguém tentou me matar.. um elfo... a Annia me salvou, mas eu tô precisando ser curado. Cade o paladino?
- Onde está o assassino?.. - ia dizendo Ehtur, quando os guardas chegaram perguntando o que havia acontecido. Enquanto os gnomos contavam o que ouviram, Sirius e Ehtur entraram e analisaram a situação. O guarda os informou que era um membro dos Eldreth Veluuthra, "a espada vitoriosa do povo". Uma organização de elfos xenófobos, que consideravam os humanos piores do que orcs. Pode reconhecê-lo pelo medalhão que representava uma folha partida por uma espada. Isso foi o que conseguiram saber antes que outro guarda chegasse informando do assassinato do patriarca Inglorium. Gildor Inglorium fora morto por um assassino dos Eldreth Veluuthra e com seu sangue fora escrito nas paredes "amante dos humanos". Os guardas deixaram tudo de lado e saíram imediatamente.
Muito abalados, nossos heróis acharam melhor ter com a rainha. Antes disso, curaram Sirius e recolheram o que podiam do assassino, deixando o corpo ali mesmo. Annia sumira durante a confusão.
Encontraram a rainha teleportando Ryolith Fox de volta para Cormyr. Informou-os do pedido do colega, assim como alertou-os de que os planos não podiam para. Sildeyuir aguardava por ajuda. Os arquimagos findavam o ritual que abriria a passagem para o plano dos elfos das estrelas.. todos deviam estar preparados. Rock alertou para o que vira em seus sonhos, mas a confusão engoliu seus apelos. Ehtur entendeu que nada daquilo era produtivo e conduziu os camaradas até o arsenal, onde puderam se equipar com o melhor do armamento mágico élfico graças ao selo real que ele trazia. Úrsula aproveitou para mostrar os anéis para Yorgoi, que confirmou suas propriedades mágicas. Ainda assim, ela os manteve guardados. 
Quando saíram do grande salão, Annia os aguardava.. tinha os cabelos brancos novamente e logo refugiou-se no abraço de Sirius Black, suplicando para que ele a protegesse e sobrevivesse, pois ela estaria lá a aguardá-lo. Ela mesma os guiou até a academia arcana diante da qual seria aberto o portal. Embora nenhum deles mencionasse, sentiam falta da aura de coragem que o paladino acrescentava ao grupo.
De fronte à Academia Arcana, encontraram todos os arquimagos élficos concentrados no ritual mágico que abriria uma passagem entre os dois planos. A enorme explosão energética que se seguiu gerou o assombro de todos que lá se encontravam. A enorme tropa de 5 mil soldados que aguardava para entrar e resgatar o maior número de elfos das estrelas possível não conteve o espanto diante da carga de pura energia que como uma rede, interligava todos os poderosos arcanos. Essa energia acabou por convergir sobre Rhange Hesysthance, de onde irrompeu rasgando a própria realidade e transformando a frente do prédio da academia num espelho translúcido por onde vislumbrava-se algo além. Podiam ver as formas borradas e distorcidas de Sildeyuir do outro lado.


- Avançar!!! - gritou Gabriel, que voou e foi o primeiro a atravessar.
- Por Sildeyuir. Por Evereska!!! - gritou Maedros chamando a tropa, que avançou. Marissa estava ansiosa e impelia o grupo a avançar logo.
Do outro lado, no entanto, o cenário não era o mesmo que anteviram. Do outro lado haviam milhares de Slaads, que caíram como uma avalanche sobre os elfos. As tropas levavam a pior, enquanto apenas Maedros e Gabriel destacavam-se. Sirius, Daphne, Rock e Arnoux tentaram ajudar como puderam, ganhando tempo para que Ehtur e Úrsula, que usavam os anéis de Rhange, seguissem invisíveis e descobrissem um modo de resgatar os prisioneiros, embora pelo caminho só vissem mortos. Os arquimagos desferiram uma poderosa magia, que ergueu as águas do rio e fazendo-as estuporar centenas de slaads. Ainda assim, caíram 5 elfos para cada slaad. Sirius foi atingido e ficou bastante ferido. A situação ficava cada vez pior.
E foi justamente quando o portal atrás deles se fechou...

14 de mai. de 2012

Reflexos...


 - Eu posso abrir a passagem com minhas magias de moldar a terra, com a graça de Gruumbar, mas irei demorar pelo menos dois dias - disse Daphne, ainda em forma de morcego, após informar a todos sobre as catacumbas élficas. Sem outra opção, tomaram o caminho pelo qual os goblins haviam chegado. Isso não tardou a levá-los até o precipício.
O imenso abismo era cruzado por dez pontes frágeis e instáveis que sacolejavam ao sabor do estranho vento que vinha lá de baixo. Ele carregava a catinga pestilentas das numerosas grutas dos goblins na parede oposta da encosta, assim como do escremento dos morcegos. Daphne informou-se com os mamíferos voadores sobre as atividades dos pequenos malfeitores, descobrindo a presença de um phaerimm que os comandava.
Este apareceu pouco depois, assaltando a todos com seus nefastos poderes psiônicos. Mesmo do outro lado do abismo, a dezena de metros, o monstro conseguiu dominar Ehtur e Arnoux, obrigando-os a atacar Ryolith. Com a graça de Tyr, o paladino conseguiu proteger o guardião daquele mau, desanuviando sua mente. A criatura prometeu poder, ouro e glória, apenas para se aproveitar e dominar também Sirius Black. Ehtur o derrubou, ferindo-o o mínimo possível, enquanto retiraram-se dali às pressas. Parecia que as catacumbas seriam o único caminho.
Daphne comandou as forças elementais e moveu metade da pedra do caminho. Ainda assim, restavam alguns metros impedindo os maiores de passar. Assim sendo, os gnomos acompanhados de uma brilhante morcega subiram para adiantar a empreitada. Isso revelou-se uma má idéia, quando os guardiões das tumbas surgiram das sombras para prendê-los:
- Não se mecham, pequeninos! Vocês estão presos por violar este local sagrado! - disse om firmeza o elfo, sendo compreendido apenas por Yorgói e Daphne.
- Acalmem-se.. - disse a druida retornando à sua forma humana. - Eu sou uma druida da Grande Floresta.. estes gnomos são meus aliados.. nós trazemos terríveis notícias sobre um mal ancestral que se avizinha dessa gloriosa cidade. Temos aliados presos numa caverna sob essas tumbas.
- Não me importa quem vocês são, druida. Para mim são criminosos e é meu dever prendê-los. Vocês serão levados até nossos arquimagos e julgados por seu crime. O sábio decidirá se deve dar ouvido ou não às suas histórias.. agora andem! - ele ordenou sem que nenhum deles baixasse as flechas que apontavam para os quatro.


Lá embaixo, cientes do que se passava, mas impossibilitados de agir, os demais aventureiros torciam pelo bom senso dos elfos que receberiam seus pequenos aliados. A espera, no entanto, foi interrompida pela elfa que materializou-se sobre eles, caindo diretamente sobre o corpo ainda desacordado de Sirius Black. Ela estava bastante ferida e parecia aterrorizada. Foi preciso calma para ajudá-la e entender o que se passava.

- Quem é você? - disse Ehtur já preparando os unguentos balsâmicos que fechariam as chagas, enquanto Ryolith a levantava.

- E.. eu .. eu sou Marissa.. Marissa Stardust. Me.. meu.. meu povo corre perigo.. meu mundo está sendo atacado..
- Então entra na fila, minha querida, porque esse mundo aqui também tá cheio de problemas e gente querendo obliterar a existênia.. - fez graça Sirius Black. - Que luz é essa próxima da sua cabeça? Você tá toda roxa e..
- Cale-se, Black! De onde você vem, senhorita? - interviu Ryolith.

- Minha cidade está em um outro plano.. Sildeyuir.. foi um presente.. um presente para nós.. dos Seldarinne, nossos deuses.. eu venho em busca de Evereska. Eles tem por dever de juramento a obrigação de nos ajudar. Seus arquimagos tem a Alta Magia que pode nos salvar..

- Salvá-los do que? - questionou Ehtur.
- Monstros terríveis.. além da compreensão. Seres feitos da pura maldade. Eu não conseguiria descrevê-los...
- Talvez ela possa nos mostrar.. - disse Sirius apontando para o jovem bárbaro.
- Tem certeza?  Eu ainda não controlo muito bem essas coisas.. - disse Rock, mas diante da concordância de todos, ele tocou a recém-chegada. Ele sentiu que o espírito dela era forte.. que havia uma energia diferente sob aquela pele lilás e isso dominou sua mente por completo. Logo, os espíritos de seus ancestrais voaram e atingiram seus companheiros, mostrando a todos o que se passava na mente de Marissa.
A lembrança era de caos e destruição promovido por homens-tigres, que Ehtur informou chamarem-se Rakshasa, sentados em dragões demoníacos. Entre as casas simples de uma vila modesta, criaturas sapo, Slaads, atacavam os elfos sem piedade, aprisionando a pequena luz que brilhava próxima a eles.



Todos acordaram ainda num certo estado de choque, como era costumeiro. Sirius foi o primeiro a falar, enquanto seus dedos atravessavam a pequena bola de luz púrpura ao lado de Marissa:
- O que é isso que eles tanto querem e como conseguem pegar se eu não consigo?
- Esse é meu id.. ele se chama Freud.. ele é a materialização de meu ser, da minha consciência e da graça que nos foi dada pelos deuses. - E foi só quando Marissa terminou a frase que todos perceberam que a voz dela se dava diretamente em suas mentes, sem que ela movesse os lábios.
- Você é como eles.. uma psiônica! - disse o jovem bárbaro, que viu não haver magia por trás daquela telepatia.
- Eu não posso mais perder tempo.. tenho que chegar à cidade de Evereska. Eu agradeço pela ajuda, mas preciso partir.
- Nós estamos sob a cidade.. na verdade, sob as catacumbas da cidada de Evereska. - explicou Ehtur - No entanto, não há como subir. A passagem é estreita demais.. até mesmo para você.
- Isso não é problema. - E com apenas um pensamento, Marissa teleportou Ryolith, Ehtur, Rock e Sirius, além de David, para o interior das catacumbas. - Vamos!..


Eles não precisaram avançar muito para encontrar os guardiões das tumbas. Estes logo os interromperam, informando-os do crime que estavam cometendo. Assim como os gnomos e Daphne, eles se viram levados pelos guardiões para serem recebidos por um dos arquimagos.
Na Alta Academia Mágica de Everska, no entanto, seus aliados já estavam diante de um elfo mais curioso que qualquer outro que já haviam visto. Foram deixados diante deste tal arquimago de nome Rhange Hesysthance Sorrowleaf. Ele era alto e esguio, como é próprio dos elfos, mas possuía um feição misteriosa e uma barba preta e desgrenhada, que pareia colada ao seu rosto. Apoiava-se em um cajado excêntrico e suas vestes pareciam tão chamativas quanto poderosas.
- Gnomos? A muito tempo que eu não via um gnomo.. ainda mais uns de pernas compridas como vocês dois.. - começou a falar o arquimago.
- Queira nos perdoar, poderoso mago, mas.. - tentou falar Daphne, sendo logo interrompida.
- Você poderá falar quando lhe for solicitado, jovem druida. - e a partir daqui, Rhange falou na língua dos gnomos. - Agora.. como eu dizia.. três gnomos eu não vejo desde que assisti à encenação daquela tragédia O Senhor dos Papeis. Sempre soube que gnomos são criaturas um tanto curiosas e atrapalhadas, mas não baderneiros e arruaceiros. Pelo contrário, suas sociedades são ordeiras e pacíficas. Digam, então, pequeninos, o que os fez invadir as tumbas sagradas que guardam os restos mortais de meus ancestrais? Comece você, pequenina.
- Nossa intenção não era causar problemas, senhor mago - disse Úrsula receosa e protegendo a barriga com as mãos. - Fomos enviados para alertá-los que um grande ataque se aproxima da sua cidade. Uma verdadeira horda.. Fomos teleportados para cá, mas aparecemos nas cavernas sob a cidade...
- As proteções mágicas de Evereska os impediram de aparecer aqui. São essas mesmas proteções que nos garantem que não há o que temer. Ainda que tal horda realmente exista, nos estamos mais que protegidos pelas montanhas que nos guardam.
- A horda vem pelas entranhas da terra, sábio elfo - tornou Daphne a falar. Eles destruíram Silverymoon.. eles atacaram a Grande Floresta e libertaram os fey'ri. Eles não serão detidos por suas montanhas ou por suas proteções mágicas, pois quem os comanda são os phaerimms.
- Você se refere a essa criaturas que habitam lendas e folclores?.. Histórias para assustar crianças pequenas mal-criadas...
- Por favor, deve acreditar em nós. Os phaerimms existem.. um deles já está sob a cidade.. nas cavernas abaixo das catacumbas. Eles vão devorar toda a sua magia.. como fizeram com Silverymoon.
- Eles estão com Alustriel, a rainha de lá.. - acrescentou Arnoux.
- A filha de Mystra? Pelos Seldarinne.. ou vocês tem uma imaginação e tanto ou estão falando a verdade. Concentrem-se no que viram.. - Rhange Hesysthance fez um rápido gesto e murmurou um par de palavras. Pode ver com clareza o que eles haviam visto, a batalha contra o phaerimm no abismo. - Vejo que falam a verdade e o caso parece sincero. Sendo assim, não serão punidos pela invasão à morada final dos mortos de Evereska.
- Mas e o ataque? Temos que avisar a todos. Os phaerimms controlam devoradores de mentes, que por sua vez comandam orcs, goblins, trolls, gigantes, drows.. vocês tem que agir logo se quiserem salvar todo mundo.
- Fique calma, jovem druida. Pois a pressa nunca é uma aliada, qualquer que seja a situação. Irei levá-los até a rainha Querdalla para que apresentem sua questão, pois apenas a uma governante cabe decidir se há ou não uma real ameaça ao belo povo. - E assim, o arquimago os conduziu para fora da Alta Academia, em direção ao Palácio da Coroa das Nuvens, onde a rainha Querdalla os receberia.

No entanto, ainda no palácio, acabaram por encontrar-se com o restante do grupo que vinha sendo trazido. O arquimago Sorrowleaf ficou profundamente impressionado pela presença da elfa das estrelas, que vinha sendo trazida pelos guardas verdadeiramente preocupados.

- Ó grande sábio, perdoe-nos interrompê-los, mas estes outros invasores das tumbas vinham acompanhados desta filha das estrelas. Ela disse que sua cidade está sitiada pelo mal. - disse o primeiro dos guardiões.
- Nós precisamos de ajuda. Meu povo corre perigo - acrescentou Marissa.
- Fique tranquila, filha das estrelas. Venham comigo, vocês também. A rainha precisa saber disso de imediato.. é nosso dever proteger Sildeyuir!
- O que?!? - escandalizou-se Sirius Blak - Acho que vocês não tão entendendo, galera. Esse mundo aqui.. essa cidade aqui tá em perigo. Alôôô! Vocês não avisaram ele não?
- Avisamos.. - disse Yorgói também desanimado com os rumos de tudo aquilo. E assim seguiram para o palácio...
Graças ao prestígio do arquimago Sorrowleaf, logo nossos heróis se viram diante da bela rainha. Ela era magnífica e imponente, como apenas uma rainha poderia ser. Por mais suntuoso e magnífico que fosse o palácio, todo feito em prata e mármore, nada ali sequer se comparava à beleza de sua majestade. Atrás dela, acompanhavam-na duas amas. Ehtur logo assustou-se pensando que seus olhos o traíam, pois uma das amas era idêntica a Alissah e o guardião sentiu o coração disparar. Sirius, por sua vez, viu que a outra ama, bela como uma princesa, encarava-o no fundo dos olhos todo o tempo, com uma estranha e ardente paixão.
 - Meu caro Rhange.. o que o trás tão atribuladamente até aqui, meu velho amigo..
- Temo que sejam terríveis notícias, minha rainha. - retrucou o arquimago fazendo uma reverência que ninguém ali deixou de acompanhar. - Como pode ver, venho acompanhado de uma filha das estrelas.. seu mundo está em perigo e ela clama pela nossa ajuda.
- Seja bem vinda, minha jovem. Não deixe a aflição dominar seu coração, pois agora estás à salvo.
- Perdoe-me, bela rainha, mas só poderei ter sossego quando meu povo estiver em segurança. Eu vim invocar o juramento feito por todos os elfos de protegerem os desígnios dos Seldarinne. Nós precisamos da alta magia capaz de vencer as bestas sanguinárias que nos atacam.
- Queira nos perdoar, rainha Querdalla.. - interviu Daphne - mas nós gostaríamos de acrescentar que um mal terrível se aproxima de Evereska.. os phaerimms.
- Creio que uma lenda não possa ser uma verdadeira ameaça, criança. - disse a rainha com um tom ameno e um sorriso. Sua demanda sim é importante, filha das estrelas e nós não podemos deixá-la de lado.
Os humanos e gnomos se entreolhavam incrédulos de tudo aquilo. Seria possível tamanha arrogância? Mesmo com a confirmação da parte de Rhange Hesysthance da presença de um phaerimm, ele minimizou o problema e disse que um grupo de poucos guardiões cuidaria da criatura. Ele mesmo já os enviara.
Daphne, em especial, insistiu em tentar argumentar, mas toda atenção parecia dedicada a Marissa. Por fim, a rainha Querdalla informou-os de que convocaria seu conselho formado pelos beneméritos de cada uma das principais famílias da cidade e lá teriam a chance de expor seus argumentos. Ela, então, ordenou que as amas tratassem dos convidados e atendessem suas necessidades e proporcionassem conforto e tranquilidade.

Todavia, antes que deixassem a sala do trono, chegou um elfo em trajes de guerra. Ele guardava alguma semelhança com o arquimago Sorrowleaf, mas trazia cicatrizes de batalha e um ar mais severo, sem as bizarrices espalhafatosas do arquimago. Pelo contrário, sua armadura negra era bela e sóbria.

- Minha rainha, venho informá-la de que as atividades no norte e no oeste estão mais intensas. Estamos aumentando o número de vigias e tropas, pois os orcs estão mais ousados.
- Isso é por culpa dos phaerimms!.. - interviu Sirius indignado.
- Como ousa interromper um capitão de Evereska, hum...
- Acalme-se, capitão Sorrowleaf. Agradeço pelo aviso, Maedros, mas devo lembrá-lo que estes são meus convidados, capitão. Poderemos conversar durante o conselho dos élderes.. despache as tropas, cuide de manter todos alertas. Nosso mythal, como sempre, irá nos manter à salvo.
 Isso não evitou que o capitão Sorrowleaf lançasse um último olhar intimidador para o grupo antes de partir. Todos saíram em seguida e Ehtur logo foi abordar a ama. Descobriu que, uma vez mais, encontrava-se com uma prima de Alissah. A ama era Sparrow Eagle, sobrinha de Falcon Eagle, enviada a dezenas de anos para servir como ama na corte da rainha Querdalla. Era prestativa e simpática, esclarecendo tudo que o grupo perguntava, assim como informando-se das coisas do clã Eagle e da grande floresta. Lamentou por Alissah, que quando conhecera era pouco mais que um bebê. Entendeu a gravidade das notícias que traziam e orientou-os a procurar o patriarca da família Inglorion, talvez o único elfo aberto a aceitar verdades vindas de um humano. Também alertou que seu mais ferrenho adversário não seria nenhum dos Sorrowleafs, mas sim o embaixador avariel chamado Gabriel.

A outra ama, Annia Evalandriel, parecia mais ocupada em paparicar Sirius. Agarrada ao braço dele, a elfa derretia-se com qualquer palavra dele. Estava completamente fascinada, nunca tendo visto um humano de perto. Sirius, por sua vez, logo encantou-se com o charme inocente e a beleza élfica da garota de cabelos prateados. Enquanto todos seguiram para encontrar Gildor Inglorium, Annia foi apresentar o quarto a Sirius Black.

O patriarca Inglorium era certamente o elfo mais antigo que eles já haviam visto. Havia toda uma palidez cinzenta em seu corpo que denunciava a antiguidade à despeito de seus traços joviais. A sabedoria que transbordava de seus olhos transcendia até mesmo a da rainha Querdalla. Ele recebeu com hospitalidade os visitantes e escutou-os com atenção. Embora também tenha sido tocado pela questão da jovem elfa das estrelas, ele entendeu muito bem o risco que representavam inimigos capazes de derrotar Silverymoon e aprisionar a filha da deusa da magia. Após ouvir com calma toda a diplomacia da jovem druida, pensou por alguns minutos. Ele estaria ao lado deles no conselho.

Ainda no palácio, Sirius Black e Maedros Sorrowleaf trocaram farpas uma vez mais, quando o capitão foi chamar Annia e encontrou-a na cama do humano. O tom foi áspero e agressivo. Maedros lançou ameaças, que foram rebatidas com desprezo e chacota por Sirius Black. Em meio a tudo aquilo, Annia saiu dali apressada e um tanto nervosa. Sirius percebeu que o cabelo branco dela escureceu, enquanto ela dali se retirava.


No dia seguinte, o conselho se reuniu e todos puderam ponderar sobre o que se passava. Os heróis viram que o embaixador Gabriel ficava todo o tempo ao lado da rainha e parecia ter sobre ela grande influência. Se tinham sentido resistência ao que diziam antes, o embaixador avariel era de uma xenofobia direta e convicta. Por diversas vezes, a discussão quase descambou para um bate-boca descontrolado. A maioria dos membros estava mais concentrada na questão de Sildeyuir, ficando todos muito comovidos com as súplicas de Marissa.
Através de Gildor Inglorium, a questão da segurança de Evereska foi lembrada. Ele exaltou as próprias lembranças de quando Evereska era a capital de um império que havia perecido pela arrogância élfica. - E eu não assistirei isso acontecer novamente. É nosso dever sim auxiliar os filhos das estrelas e eu mesmo enviarei quanto homens puder. Mas esse deve ser o caminho para a nossa própria salvação. Os poderes únicos e especiais do elfos das estrelas podem ser nossa salvação contra os phaerimms!

- A alta magia é a arma mais poderosa de todas, patriarca Inglorium. - rechaçou-o Gabriel. - Nós salvaremos os abençoados pelos Seldarinne, pois este é nosso dever e nada mais. Cumpriremos nosso juramento com a graça de Corellon Larethian. Estes míseros humanos desconhecem a grandiosidade de nossa magia e por isso agitam-se como macacos medrosos sobre uma árvore. Não temos o que temer. As defesas mágicas de nosso mithal nos defendem a séculos. Devemos enviar todos para essa cruzada sagrada e salvar nossos irmãos sem recear o amanhã.

Quase todos concordaram com o envio de tropas e auxílio a Marissa Stardust e aos elfos das estrelas. Apenas o decadente patriarca Tagore Ebrius estava impossibilitado de manisfestar-se, depois de poucas palavras sem sentido, adormecera ébrio sobre a mesa. Os arquimagos élficos, liderados por Rhange Hesysthance Sorrowleaf, iriam preparar um ritual para abrir um pequeno portal e assaltar com seus poderes os inimigos que lá se encontravam. Apenas medidas secundárias foram tomadas quanto à segurança local, mas os heróis sabiam que esse era o caminho para a salvação e contiveram a frustração diante do joguetes políticos da corte élfica.