17 de abr. de 2012

O cosmos, o caos e o mundo que virá...


- Vocês comeram e puderam se recuperar. Sejam bem vindos e sentem-se. Eu sei que são muitas as perguntas, pois digo-vos que serão algumas as respostas. Vocês entenderão algumas, aceitarão boa parte e sairão daqui com mais perguntas do que chegaram, mas assim é a vida. Sendo assim, ainda que sua primeira pergunta possa ser a mais pertinente, vocês podem ou não se dar conta de que ela é também irrelevante.
- Por que estamos aqui? - falou Sirius Black.
- A realidade como a conhecemos é formadas por forças primordiais, todas dispostas a cumprir com o papel que lhes cabe. Deuses e mortais seguem a jornada de suas existências cumprindo os papéis que lhes cabem numa desequilibrada harmonia cósmica. Vocês tem enfrentado as forças de Shar, a senhora do caos e da escuridão. Ela, no entanto, trabalha de formas diversas e está longe de ser a única ou a principal atriz no tabuleiro desse jogo.
- Isso é um jogo pra você? - disse Ryolith num tom quase inquisitorial.
- Ignorar seu papel no jogo, paladino, não o isenta dele. Quanto antes vocês conscientizarem-se das profundas e variadas dimensões que afetam essa batalha, muito mais rapidamente lidarão com os desígnios que lhes cabem. Morpheus está aqui para orientar e manter o movimento. Na noite do último eclipse, a Dama do Caos lançou planos sinistros e terríveis, desempenhando seu papel e meta de aniquilar a ordem.  Vocês foram capturados no emaranhado de sua trama, muitos pelo acaso, você, Sirius Black, o negro, por escolha. Para além disso, uma associação antiga e vil de culto a dragões malignos levantou-se para reanimar Tiamat, deusa dos Dragões e também uma agente do caos. Sua investida implicou a destruição de Bahamut, senhor dos Dragões, uma força da ordem, situação que os próprios dragões buscam resolver. A estes antagonistas somam-se criaturas sórdidas e odiosas chamadas Yuan-ti, monstros-serpentes com habilidades terríveis.
- Pensei que eles apenas atormentavam as Selvas de Chult no sul. - ponderou Daphne.
- Eles estão em toda parte. Nas vielas escuras de Waterdeep.. entre as árvores da Grande Floresta.. nos palácios de Cormyr.. nas pequenas casas de Brasillis.. aqui mesmo em Soubar. Seu sangue frio sabe como nenhum outro das artes da furtividade e da vilania. Seus mestres foram responsáveis por criar todas as formas de manipulação mágica conhecida pelos humanos.
- Não foram os elfos? - duvidou Sirius Black.
- Sua ignorância é comum, Sirius Black, o negro. Os ancestrais pergaminhos que introduziram e estruturaram os conhecimentos mágicos da humanidade são o fruto das manipulações desse povo serpente. 
Meus aliados e eu iremos dar conta destes dois problemas. Vocês irão em outra direção. Os phaerimms aumentaram muito seu poder com o mythal da Cidade de Prata.



- E Alustriel? - interrompeu Yorgói.
- A filha da deusa da magia é mais um trunfo na mão deles, mestre gnomo, mas o verdadeiro interesse deles era na força mágica do mythal, o artefato que protegia a cidade. Eles agora marcharão com suas hordas em direção a Everska, a cidade élfica escondida entre as montanhas. Lá também há um mythal, mas a situação é distinta. Até agora, os phaerimms tem buscado aumentar seus poderes usando seus escravos como buchas de canhão. Eles virão pelas profundezas, já estão em marcha.
- Nós vamos atacá-los? - animou-se Sirius.
- Não. Bastaria um phaerimm para dar cabo de vocês. Vocês terão de convencer os arrogantes arquimagos élficos a buscar ajuda. Sua arma será a diplomacia. Quando a batalha chegar, aí sim, vocês tomarão parte no que se dará. Desde já alerto que apenas a metade dos que agora vão, retornarão.
- Nós iremos morrer? - assustou-se Úrsula levando as mãos à barriga.
- Alguns sim. Isso já está posto.. se morrerão como heróis ou vilões, isso ainda está por formar-se e depende apenas de vocês mesmos.
- E o que isso tem haver com os tais fey'ri e os treants da Grande Floresta? - questionou a druida.
- Eles são seres malignos capturados no amplo espectro dessa trama, serva da natureza. Os phaerimms foram libertados pelos Shadovars, os servos de Shar que vocês viram chegar quando do eclipse. Eles libertaram os devoradores de magia para terem tempo para implementar suas próprias intenções nefastas. Isso passou pela destruição de Tilverton em Cormyr e agora ameaçam o Norte e as Terras do Vale.
- Destruição? - lamentou Ryolith, já alimentando um desejo por vingança.
- Isso é parte dos planos deles, que também trazem imenso risco para tudo e para todos. Eles são uma das principais ameaças lançadas pela Senhora do Caos. Cientes do poderio dos phaerimms para o mal, capazes que são de dominar qualquer ser com um traço de maldade em seu peito, os shadovars os libertaram. Os fey'ri são algumas das muitas criaturas comandadas nesse imenso exército. Os treants acreditam terem vencido e expulsado os elfos demoníacos, mas essa falsa vitória cobrará um grande preço abatendo muitas vidas. 
- O que eu posso fazer para ajudá-los? É preciso avisá-los! - desesperou-se Daphne.
- Não há nada que você possa fazer, jovem druida. Estes dados não estão ao alcance de seus dedos, nem de nenhum de nós. Existe também um outro grupo, liderados pela clériga Roberta, destacada sacerdotiza de Shar. Ela apoderou-se do metal vindo das estrelas e preparam um ritual que pode abrir de vez esse plano aos poderes da Destruidora.
- Eles estão com Alissah? - falou finalmente Ehtur. 
- Eles estiveram muito próximos de vocês, no aposento contíguo ao que estavam, justamente em busca de Alissah. Não podem terminar o ritual sem ela.  Apenas sei que não a tem, porque se o ritual tivesse sido completado, eu o saberia. Alissah foi salva por uma clériga de Selune chamada Maialee Evalandriel. Maialee sucumbiu defendendo-a na Cidade de Prata. Não sei o paradeiro atual deles.


- E eu? - questinou Rock. - Em Silverymoon, você disse algo sobre mim.

- Você é outro problema, rapaz.
- Um problema como Sirius Black? - preocupou-se o jovem.
- Não. Sirius Black escolheu se envolver com um problema, você É o problema. O lorde diabólico Orcus está em seu encalço, pois apossando-se de você, ele poderá vencer a guerra mais antiga da existência.
- E o que diabos eu tenho de tão importante? São só sonhos..
- Sonhos são muito mais que meros devaneios, meu jovem.. ainda mais os seus. Morpheus é o Senhor dos Sonhos. Os sonhos são condição inescapável de todos aqueles que vivem e de pouquíssimos que não, por isso mesmo, uma força transversal na arquitetura dos planos cósmicos. A mente estruturalizante de vocês tende a transpor essa pequena parte e considerá-la o todo. O todo é vasto demais para uma idéia tão pequena ou para um palavra de quatro letras. Você, meu rapaz, é capaz de navegar sua consciência por toda parte, pois é um fenômeno raro, mas de alguma forma recorrente, que o conforma. Você representa uma conexão entre a pluralidade dos planos da existência, sendo capaz de navegar por eles com sua consciência. Você já o faz, de maneira inconsciente, pelos sonhos e convocando formas ectoplasmáticas de seus finados ancestrais, mas isso são apenas duas gotas do oceano de possibilidades.
- E por que isso interessaria a alguém? - disse Rock atordoado com toda aquela informação.
- Se Orcus pegá-lo, rapaz, ele poderá vencer as Guerras Sangrentas entre diabos e demônios. Se isso acontecer, os Sete Céus irão se abrir e você será a chave. Você está sentenciado a ser uma peça nesse jogo cósmico. Está protegido aqui no templo de Kelemvor, mas tão logo deixar a cidade, ele saberá seu paradeiro. Mas Morpheus pode ajudá-lo.. aqui está um símbolo sagrado.. se você aceitá-lo, ele irá mantê-lo oculto de divinações. Lembre-se que eles tem as entranhas de seu pai, o que lhes dá um acesso praticamente irrestrito a você.
- E o que mais quer Morpheus? - suspeitou o paladino daquele gesto.
- Morpheus trabalha a favor da existência, jovem paladino. - Lorde Byron parou de falar, pois chegaram outras figuras de destaque no grande salão de reuniões. Já estavam ouvindo a algum tempo uma cantoria sobre os feitos de um tal Gengis Khan, que vinha lá de fora. Puderam ver que se tratava de um halfling sentado em um grande cão e carregando uma lança. Entrou também um magnifico casal. Embora de aparência austera e sóbria, Azrael e Isabeau Sulivan deixavam nítidos a nobreza de suas indoles. Cumprimentaram e receberam bem os convidados. Houve um grande jantar nessa noite, com bebida e festa, antecedendo as dificuldades de amanhã.





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