19 de mar. de 2012

Correr e bater em Faerun...


Ehtur e os demais fugiam pelas vielas imundas de Porto dos Crânios. O crânio flamejante e flutuante pareceu preocupar-se mais em findar o incêndio do que perseguí-los. Ehtur e Úrsula perceberam, no entanto, que haviam outras pairando no alto da caverna ocupada pela cidade. Além disso, viram pequenos olhos flutuantes a acompanhá-los e espioná-los, enquanto seguiam rumo às cavernas e dali para os esgotos de Waterdeep. Deram conta desses com rapidez, mas logo viram-se perseguidos pelas reais ameaças.
Torpinson e Roberta surgiram de uma rua perpendicular. O bandido logo utilizou-se de uma magia para ficar grande como um gigante e forte como um touro. A serva de Shar mesclou-se às sombras e conjurou um demônio para atrasá-los. O combate foi feroz e até a marginalidade local viu-se surpreendida. Enquanto os heróis tentavam escapar, as investidas dos servos de Shar eram cada vez mais atordoantes.
Foi esse o cenário visto por Daphne muito longe dali. A jovem druida, assim como a maioria dos membros de seu círculo, concordou com Gaios de que não era hora de avançar junto com os treants. O velho druida usou dos poderes da natureza para mostrar a ela seus companheiros. Ele enviou-a para Silverymoon para contactar as tropas de Supla Sumo, dali poderia tornar a se reunir aos companheiros. As cenas da batalha deixaram-na apreensiva e ela apressou Sting, que a acompanharia.
Muito abaixo da superfície, Roberta preparava-se para dar cabo de todos. Haviam vitimado o Vrock, mas Ehtur já estava por demais ferido, enquanto Ryolith e Yorgói estavam paralisados pela maldade dos poderes nefastos da bruxa.
- Agora você pagará por recusar a Senhora de Tudo, Sirius Black. Você pagará por trocar a Dama da Noite pela Meretriz do Luar. Você que foi escolhido para Senescal de Shar, agora conspurca tudo com sua existência pútrida.
- Eu não temo as sombras, porque a luz de Selune me acompanha, messalina das trevas - bradou retumbante Sirius Black, que pegou as cinco pedras sagradas de Selune que recebera. - Você não tem qualquer poder sobre mim ou sobre os meus.. o poder de Selune é muito maior! Terminadas as palavras de Sirius, seus olhos explodiram em uma energia luminosa prateada que atingiu Roberta em cheio. Ela gritou em agonia.
Furiosa e ferida, a serva de Shar transbordou todo o poder sombrio de sua deusa. - Já chega de vocês! Você encontrou sua destruição, Sirius!!!
Sirius sentiu cada fibra de seu ser tomada pelo caos corrosivo das trevas primordiais. Seu corpo parecia prestes a se desfazer em pó. Porém, ao invés de sumir, foram as cinco pedras que se desintegraram entre seus dedos. Ele resolveu fugir, mas Roberta roubou-lhe a visão antes que partisse e fez chover fogo sobre os demais.
Torpinson cuidava de esmagar os outros, sendo contido apenas pelo retorno de Ryolith. Clamando pelos poderes do deus da justiça e com a graça de Bahr Kokhba, o paladino libertou-se da paralisia e colocou-se entre o gigante e os demais. Conseguiu ganhar tempo, mesmo que os ataques do servo das trevas fossem avassaladores. Tiveram de vencer tentáculos tenebrosos, os quais esquartejaram o familiar de Rock. Ryolith, uma vez mais, derramou o poder divino de Tyr, esconjurando aquela aberração sombria.


Aos trancos e barrancos, conseguiram correr e abrir uma mínima dianteira pelas cavernas cadas vez mais estreitas e sinuosas. Alguns minutos depois, quando Yorgoi pode mover-se novamente, encontraram o caminho para os esgotos, guiados por Ehtur. Apenas a cegueira de Sirius Black não se dissipou.
Recuperaram-se na guilda arcana do historiador gnomo, onde decidiram que deviam teleportar-se para Silverymoon e perseguir o que Rock sonhara. Imploraram por ajuda junto ao templo de Selune, onde os clérigos ficaram felizes em ajudar com a ressurreição do animal e a devolução da luz aos olhos de Sirius Black. Isso tomou-lhes o restante do dia.
No dia seguinte, Ryolith Fox cedeu o teleporte que havia comprado em favor da salvação de Alissah e da Cidade de Prata. Logo viram-se do lado de fora de Lua Prateada, em meio ao acampamento das tropas de Supla Sumo, causando um certo alvoroço. Essa cena que chamou a atenção de um falcão e uma coruja vindas da Grande Floresta. O reencontro foi rápido, mas não menos emocionado. Trocaram poucas palavras, pois a pressa era geral.
Urgiram em direção ao palácio com o qual Rock sonhara, Uma magnífica obra de arquitetura, ele ganhava os céus com suas torres imensas e seus contornos fantásticos. Todo o perímetro estava cercado por tropas locais. A cidade estava apinhada de gente, pois recebera muitos refugiados de Everlund e das terras circundantes. Isso tirava um pouco da graciosidade daquela arquitetura cheia de movimento e colorido tão bem integrada à natureza.


Conseguiram adentrar o palácio apresentando-se como enviados dos druidas da Grande Floresta. Adiantaram-se como podiam, pois ninguém parecia crer que um ataque já se desenrolava por ali. As explosões e estrondos que se seguiram foram as provas cabais do que diziam. Quando conseguiram chegar ao grande salão, encontraram Supla Sumo e outras figuras importantes em uma batalha hercúlea contra observadores, devoradores de mentes, trolls e elfos negros. Os ataques pareciam concentrados sobre uma maga nitidamente poderosa, enquanto os outros eram mantidos à distância. Ehtur, o primeiro a chegar, derrubou o troll mais próximo...


13 de mar. de 2012

Os senhores da floresta...



Enquanto seus aliados buscavam auxiliar Ehtur, sem saber de nada, Daphne Amkathra voou como um falcão para a Grande Floresta. David acompanhava-a a certa distância e foi preciso cerca de um dia até ela avistar Sting posicionado sobre uma árvore. A partir daí foi simples encontrar os demais reunidos na Árvore do Avô. Esse colossal carvalho havia sido convocado pelos elfos muitos milênios atrás e era um referencial constante, assim como o vulcão das Montanhas das Estrelas.
Gaios a recebeu com satisfação por vê-la bem, dando-lhe um longo abraço como um pai saudoso. Escutou atentamente as notícias que a jovem druida tinha para relatar. O velho druida não pareceu surpreso em momento algum, mesmo que atentasse para o perigo alarmante de tudo aquilo.
- O grande treant Turlang, escolhido de Silvanus, Senhor da Natureza, convocou todos os druidas para um círculo de comunhão sagrado. Tenho certeza de que as notícias que o movem vão ao encontro das que você carrega, Daphne. Você cumpriu bem seu papel e os pássaros já haviam me contado sobre o sucesso vosso em auxiliar as tropas vindas de Waterdeep. No entanto, as movimentações dos ataques seguem intensas no sul e parecem mais do que simples investidas...
Seguiu-se mais um dia de viagem, dessa vez por terra e já sobre o pelo macio de David. Ali estavam todos os membros do círculo druídico de Daphne, sua verdadeira família, muito mais do que os sórdidos Amkathra. Gaios era o líder ainda que líder não houvesse. Era velho e poderoso, o que significava sabedoria suficiente para liderar sem um título para tal. Era também um servo de Silvanus e tinha como companheiro um urso negro de nome Ataulfo.


Felícia Eagle, prima de Alissah, a amada buscada por Ehtur, era uma druida experiente com seus mais de 300 anos, muito embora seu temperamento antissocial limitasse o alcance de sua sabedoria. Ela possuia como companheira uma imensa aranha armadeira chamada Ariadne, além de servir a Rillifane Rallanthil, deus élfico dos elfos selvagens e da natureza intocada.
Kyoto Matsuchito era um humano diferente não apenas por suas feições orientais, mas também pela experiência que trazia das terras além da famigerada Horda. Ainda que não falasse sobre o passado, o rapaz possuia um dom especial no preparo de poções, infusões, chás e emplastros. Caminhava com um lobo selvagem chamado Tártaro, vindo da mesma ninhada de David. O companheiro anterior do druida, um tigre branco chamado Lee, pereceu em um combate muitos anos atrás. Ele servia a Lathander, deus do sol e do nascimento, embora o chamasse de Lay Fan Ter.
Sting era o mais próximo de Daphne. Suas brincadeiras e seu companheirismo faziam dele uma espécie de irmão mais velho. Era um meio-elfo próximo da meia idade nascido nas terras frias de Invernunca no litoral norte. Possui 8 corujas a acompanhá-lo, sendo a mais antiga e preferida Roxanne. Serve a Shandakul, senhor dos caminho e das viagens, o que faz dele um ser um tanto inconstante.
Chico Mendes era um dos druidas com quem Daphne tinha menor afinidade. Ele é um servo de Grumbar, senhor da terra, o que faz dele um sujeito calado e centrado. Chico possui um macaco que o acompanha todo o tempo de nome Anísio.
Planeta é um elfo do sol, uma variedade um tanto mais arrogante e intelectual de elfos. Além da pele mais bronzeada, ele possui um falatório ininterrupto. Suas referências são sempre os tempos gloriosos de outrora, quando os elfos comungavam das forças naturais em todo seu esplendor. Plannetha é um servo da deusa do ar Akadi. Por isso, Chico Mendes é especialmente intolerante ao falatório do elfo do sol, embora nunca tenham discutido na presença dos demais. Ele é acompanhado por cinco micos dourados, que constantemente importunam Anísio.
Cousteau é outro dos druidas elementais. Ele serve a Istishia, senhora das águas, e possui uma lontra, Flipper, como companheira. Todos temem Costeau, que é quase tão velho quanto Gaios, mas aparenta ser muito mais antigo. Ele carrega algo de estranho nas profundezas segundo Daphne, algo frio e sombrio como o fundo do mar.
Ferlima é a última dos druidas elementais, sendo serva de Kossuth, deus do fogo. Ela possui uma grande serpente de fogo chamada Luzdel. Essa elfa tem um apreço particular pela renovação que o fogo representa, tendo muitas discordâncias do tradicionalista e continuísta Cousteau.
Marina, serva de Mielikki, deusa dos guardiões e das criaturas das florestas, tem muito do lado combativo da deusa. É provavelmente a melhor lutadora do círculo, pois já possuia treinamento militar em Secomber antes de abraçar a vida na natureza. Ela tem um javali bonachão chamado Pumba.
Outra figura de destaque é o centauro Quírion. Sempre acompanhado de sua águia Isabeau, o druida é provavelmente o mais estimado depois de Gaios. Quírion tem muitos contatos com as criaturas mágicas da floresta e com as fadas locais. Ele serve a Selune, deusa da lua.
Daphne sentiu falta de Phaulia e foi informada de que a velha druida fora morta em uma das batalhas pela proteção da floresta. Foi então apresentada a Papoula, neta de Phaulia, uma menina de não mais do que 16 anos e que agora trilhava os passos da avó. Como fez sua avó antes dela, Papoula servia a Chauntea, deusa da agricultura, e possuia um texugo chamado Bascombe. Daphne não pode deixar de derramar algumas lágrimas pela antiga companheira, mas ficou feliz em ver a mesma fibra em sua descendente.
No dia seguinte, o círculo de Daphne uniu-se a outros como o Enclave Esmeralda, vindos do sul, representados pelo elfo Giliard e pela humana Rosemary. O Alcance da Pedra era um grupo vindo de sudoeste e que parecia especialmente preocupado. Eram liderados pela elfa da madeira Izai Thunnnvangan, uma aguerrida mulher. O Vôo da Fênix vindos de sudeste dava conta da destruição causada pelo vulcão, enquanto os Carvalhos Calados aguardavam o que ia acontecer. Toda a reunião era cercada pelos treants, árvores vivas e capazes de mover-se caminhando com as raízes. Daphne via bem ao menos dezesseis deles,muito embora soubesse que haviam outros disfarçados como árvores.
Daphne estava ansiosa, pois tivera o privilégio de ver o grande Turlang apenas um vez. Ele surgiu majestoso, duas vezes maior do que qualquer treant ali presente e rivalizando com a copa das árvores mais altas. A boca era um grande buraco, como a toca de um animal, escavado no tronco. Os olhos eram formados por dois pontos onde a casca enrugava e ganhava contornos mais densos. Limo e folhas davam ares de cílios e palpebras.
- É com grande pesar que os convoquei aqui, filhos da natureza - começou a falar o velho Treant com sua voz pesada e pausada. - Há muitos séculos cabe a mim a salvaguarda do equilíbrio desta floresta primordial. Infelizmente, vivemos tempos sem sentido em que a destruição avança sobre a criação e o nada devora o tudo. Desde o terrível eclipse, ataques incontáveis tem caído sobre os seres indefesos dessas matas e vocês tem dedicado vosso suor e sangue à proteção dos necessitados. Ainda que vossos esforços não sejam em vão, os inimigos parecem movidos por algo muito além de suas mentalidades simples e destrutivas.


- É verdade, nobre Turlang - interviu Daphne. - Assim como informei Gaios, é meu dever informá-lo do que vi.
- Fale, criança.
- Enquanto caminhava com um grupo de heróis para libertar a cidade de Brasilis, nas cavernas sob a cidade, descobrimos através de um dragão que os senhores dos ataques são os phaerimms, os devoradores de magia e perturbadores do equilíbrio. - Essas palavras geraram um burburinho que percorreu a boca de muitos dos presentes. Questionavam-se se criaturas das lendas poderiam estar por trás de tudo aquilo. O clima ficou carregado, mas ela prosseguiu. - Um historiador me garantiu que esses monstros terríveis foram aprisionados a muitos séculos e, ao que tudo indica, estão livres agora. Nós temos combatido peões apenas...
- Temo que suas informações sejam apenas a casca dessa dolorosa ferida, Daphne Amkathra - silenciou a todos com sua voz retumbante, o velho treant. - Não são os phaerimms a maior ameaça, mas sim aqueles que os libertaram - e dito isso, um dos treants arremessou para o centro da clareira uma curiosa criatura morta. Ela parecia um híbrido. Possuia asas demoniacas, chifres e um rabo. Seus traços, no entanto, eram delicados e dourados como os de um elfo do sol. - Eles chamam-se de Fey`ri.. uma raça nefasta que macula a bela tradição élfica conspurcando com demônios. Eles lançaram esse terrível mal, mas nós podemos por fim a isso tudo marchando sobre a Fortaleza do Portão do Inferno, onde essas criaturas e seus servos estão entocados. A floresta irá envolver as paredes e nossas raízes lhes roubarão o chão que chamam de teto.
- Mas isso irá desguarnecer nossas defesas.. irá nos deixar à mercê dos demais inimigos, sábio escolhido - ponderou Gaios. - Nossa obrigação vai muito além de punir os responsáveis.
- Nosso dever é exterminar os culpados para que o equilíbrio possa ser restaurado, velho amigo. Sem a cabeça que os guia, os monstros e mesmo os phaerimms irão recuar aturdidos. Poderemos então vencê-los sem maiores preocupações. Devemos atacar para nos defender.
Apesar de todo o respeito que todos tinham por Trulang, Daphne percebeu que o conselho estava dividido. Boa parte dos druidas, já cansados de tantas batalhas e desejando vingar amigos e protegidos, ansiavam por marchar com os treants e por um fim em tudo aquilo. A visão do elfo demônio foi impactante e havia exaltado os ânimos de alguns. Outros, no entanto, pregavam a cautela e acreditavam que a prudência devia ser a guia das ações. A Grande Floresta era vasta e era difícil imaginar que os problemas de todos pudessem se resolver com um único ataque focado. Gaios era quem liderava os discordantes.
Felícia, Kyoto, Marina e Quírion estavam entre os que desejavam a batalha, assim como o círculo do Vôo da Fênix. Sting, Chico Mendes, Planeta, Cousteau e Ferlima estavam ao lado de Gaios, tal como os círculos Enclave Esmeralda e Alcance da Pedra. Nada se sabia sobre os Carvalhos Calados. Apenas Papoula, inexperiente que era, não havia tomado um partido. Como os debates eram longos e exaustivos, todos resolveram unir-se em uma prece e um ritual para cuidar de todos os seres vivos daquele ecossistema. Formaram um grande círculo.. deram as mãos.. tornaram-se uma única força de pureza abençoada e se puseram a emprestar suas energias para curar a floresta.

7 de mar. de 2012

Sonho que se sonha junto é realidade...



Após as explicações e a discussão que se seguiram ao combates com os diabos, Ehtur aproveitou para sair com a desculpa de buscar ervas para se curar. O guardião deixara uma carta onde explicava para Yorgói suas motivações, liberando-o de cumprir com o prometido. Estavam todos tão concentrados que sequer perceberam. Ryolith e Sirius duelavam verbalmente por seus interesses incompatíveis.
Daphne foi a seguinte a partir, transformando-se numa ave e viajando para a floresta, onde pretendia alertar os druidas de tudo que se passara. Durante toda a viagem ela pode avistar, cada vez melhor, a destruição causada pela erupção do vulcão. Yorgói e Arnoux acalmaram os ânimos, enquanto todos eram curados:
- Ryolith, se o que o motiva é retornar a Cormyr, você pode teleportar-se de Waterdeep. Eu mesmo tenho questões a encerrar lá, junto à minha guilda. Posso conseguir isso por um preço menor, bem como podemos fazer algumas transações dos produtos que encontramos. Ehtur poderá encontrar Alissah e você seguirá para ajudar sua pátria. Eu também poderei dar mais atenção a essa questão terrível dos diabos que tentam abduzir Rock e...
- Perdoem-me a intromissão - interviu o agente Mattoso - mas é importante o que tenho a dizer. Sou o batedor mais veloz de Everlund e por isso fui enviado. O ataque contra a cidade mudou de rumo. As tropas antes estacionadas ao redor de Everlund rumam para Silverymoon. Os lordes vêem uma maldade maior nessa manobra...
- Quanto tempo? - questionou Supla Sumo.
- Partiram a quase um dia. O tempo que demorei para chegar até aqui.. vocês devem marchar dobrado e seguirem.. são cerca de 10 mil criaturas.. orcs, hobgoblins, bugbears, trolls, gigantes..
- Eu irei conversar com a capitã Palas Atenas.. - avisou Ryolith antes de se retirar.
- Nós iremos, mas meus homens merecem uma última noite de descanso. Eles praticam muita atividade física específica. Sairemos mais cedo e marcharemos até a última gota de suor...
- Nós nos despedimos aqui então capitão Supla Sumo.. - disse Yorgoi cumprimentando o chefe das tropas. Todos se despediram. Sirius preferiu passar sua última noite ali com o exército, enquanto os outros seguiram para a prefeitura, onde se dera o jantar e era também lar da família Pompeus.

Ryolith foi ao encontro da embaixatriz Palas Atenas. Encontrou-a na companhia de Miguel em uma das tendas do acompamento. A jovem rezava para Tyr em um pequeno altar.
- Perdoe-me o incômodo embaixatriz Atenas.
- Por favor, Ryolith, chame-me apenas de Palas. Homens de bem nunca incomodam.
- Fico grato. Vim fazer um pedido.
- Se estiver ao meu alcance atendê-lo, com a graça de Tyr.
- Por razões pessoais, eu ainda preciso acompanhar essas pessoas do norte. Meu dever me diz que devo acompanhá-los até Waterdeep, onde acredito que poderemos deixar melhor resolvidas questões graves.
- Os homens de bem cumprem com seus deveres. - sorriu Palas Atenas fazendo o sinal de Tyr, duas mãos espalmadas para o alto como a balança da justiça.
- Pretendo me teleportar a partir de lá e encontrá-la em Suzail, colocando-me a seus serviços conforme solicitei.
- Estarei em Arabel. Você pode me encontrar na casa da marquesa Boaventura. Que a justiça de Tyr o proteja e guarde, Ryolith.
Ryolith Fox concordou, agradeceu e educadamente se retirou, muito embora seu coração estivesse disparado como o de um adolescente. Foi difícil para ele dormir nessa noite. Apenas Rock teve mais problemas do que o paladino.
Quando Yorgói e Arnoux chegaram para acudir o jovem bárbaro, que tinha espasmos violentos, pouco puderam fazer. Tão logo o tocaram, foram tragados pelo turbilhão quimérico que o devorava. Incontáveis imagens dançavam na mente de Rock como um vendaval de tecidos espectrais. Os dois acabaram tragados para as terras inóspitas do inferno. Viram um enorme diabo rubro como o sangue e com chifres negros longos como os de um elefante. Ele vociferava contra o que parecia ser uma bruxa diabólica e sinistra. Viram surgir o diabo negro e coberto de espinhos que derrotaram junto ao leão de bruma. Após poucas palavras, ele foi executado impiedosamente. Dali, foram tragados para outra visão.. para o cenário de um belo e vistoso palácio de arquitetura élfica. Eles viram uma poderosa mulher.. uma elfa, mas cuja pele era de um pálido azul, quase arroxeado nas extremidades. Ela parecia muito poderosa, mas estava abatida como que envenenada ou amaldiçoada. Junto a ela, uma elfa verde.. Alissah... vindo em direção a elas.. dois homens ameaçadores de feições bastante características. A muito custo, o próprio Rock assenhorou-se de sua
mente e todos despertaram.


Aturdidos buscaram pelos outros e descobriram a carta de Ehtur. Resolveram seguí-lo ainda assim. Afinal de contas, agora eram eles que sabiam onde estava Alissah.
Sozinho e com a dianteira, Ehtur retornou a Waterdeep em dois dias. O terceiro dia foi gasto observando e buscando quem pudesse levá-lo aos dois canalhas que procurava. Tinha certeza que esse seria o caminho mais rápido até Alissah. Observou bem e resolveu abordar um marcador de escravos, que anunciara os negócios escusos no interior de uma estalagem. Ainda que não soubesse nada sobre os homens que Ehtur procurava, ele soube dizer onde se devia procurar criminosos em Waterdeep.. Porto dos Crânios.

O guardião chegou lá através da água suja do porto de Waterdeep. Um mergulho em águas profundas lhe permitiu acessar as cavernas aquáticas subterrâneas sob a Cidade dos Esplendores. Enquanto vasculhava escondido atrás de alguma pista dos marginais, Ehtur Telcontar pode presenciar todo tipo de transgressão à lei e aos bons costumes. Assassinatos eram cometidos no meio da rua, pessoas eram roubadas e espancadas sem qualquer pudor, escravos eram anunciados e castigados, drogas eram consumidas ininterruptamente, a sodmoia e devassidão eram sem limites. O servo de Mielikki percebeu que haviam alguns homens de um tipo característico, todos de preto total e que pareciam ser os vigilantes locais, muito embora não intervissem em nada do que ocorria. Buscou, então, uma acomodação em um lugar menos sujo e agressivo para poder continuar no dia seguinte.
Enquanto isso, os destemidos e solidários colegas do guardião chegaram a Waterdeep. Sirius Black usou de sua lábia e malevolência para juntar informações sobre Ehtur, após terem passado na guilda arcana de Yorgói. Logo descobriram o traficante de escravos e simulando uma compra de gnomos para o dia seguinte, o sr. Black conseguiu detalhes de seu encontro com Ehtur. Sirius, no entanto, preferiu guiar o grupo até Porto dos Crânios através dos esgotos da Cidade dos Esplendores que lhe eram mais familiares
No perímetro da vila portuária, depararam-se com ferozes goblins chafurdando nas pilhas de lixo que saiam dali para as cavernas. Para evitar atenção indevida, Rock instaurou o pânico desmesurado no peito das simplórias criaturas clamando pelo espírito de seus ancestrais. O terror foi total e os goblins sumiram amedrontados.


Novamente, Sirius Black usou de sua etiqueta do submundo para guia-los naquele antro da maldade. Vendo haverem muitos escravos gnomos por ali, puseram-se a interpretar: Yorgói, Arnoux e Úrsula passaram a ser tratados como escravos e Rock como um subalterno, enquanto Ryolith marchava invisível (um tanto aturdido pela maldade ampla, geral e irrestrita). Na estalagem, para continuar com a encenação, os gnomos foram trancafiados nas jaulas dos cativos com dezenas de outros. Sirius e Rock chegaram até Ehtur pouco antes dos bandidos locais, que foram questioná-lo. A confusão foi breve, com os seis meliantes fugindo ante o poder dos heróis.
Decididos a sair dali, agora que Ehtur identificara os dois homens do sonho de Rock com os mesmos que lhe roubaram a pedra estelar e ameaçaram Alissah, derrotaram o dono da taverna e seu capataz minotauro. Estavam prestes a partir, quando surgiu a terrível caveira sinistra flutuante do além. O guaridão mal teve tempo de incendiar o óleo e debandar na máxima velocidade possível....