- Bata a cabeça até desmaiar! - Ordenou friamente Derdeil Óphodda ao comandar a mente do assassino drow que restara, sendo obedecido de imediato. Kaliandra Boaventura, mesmo ferida, preferiu inspecionar o que poderia haver de útil no corpo das outras drows mortas, enquanto seu amado Cameron Noites acompanhado do monge Braad terminava de descer com o corpo da rainha Amídala Ancalímon em direção ao clérigo Zoristro'n Glorien, que poderia ressuscitá-la.
O hobbit Rufus Lightfoot movido pela curiosidade e por um certo desânimo, preferiu subir e ir abrindo as portas ainda não exploradas da torre. Sérgio Reis e seu seguidor Pena Branca seguiam cantarolando ebriamente do lado de fora da torre:
- God save the queen... her fascist regime...
Longe dali, o corvo Edgar seguia avistando a horda de mortos-vivos e drows que vinha se aproximando e devastando a floresta de Cormanthor rumo a Myth Dranor. Começava a perceber o grupo de clérigas drows gigantes que se destacavam no final da multidão.
Enquanto Derdeil via o drow tombar, observando os corpos caídos dos outros drows, bem como o do arquimago Heldalel Evalandriel, Kaliandra tomou o que carregava a líder das assassinas drows. Cameron chegou até Zoristro, que sacou um diamante e já iniciara o ritual da ressurreição o mais rápido que podia. A valiosa gema fez-se pó e o caminho para a alma Quando a rainha despertou e abriu os olhos, o mais novo clérigo de Rhange Hesysthance a ajudou a se levantar:
- O poder do deus da magia a trouxe de volta, majestade. O grande Rhange Hesystance a amparou..
- Apenas porque o poder de Bibiana sempre está a nos amparar... - interviu Kaliandra pelo elo mental, percebendo que tinha que descer e rápido. Sem pensar duas vezes, ela se jogou pela janela e deixou Derdeil sozinho com os corpos. O escolhido do deus da magia pensou sobre a utilidade de sacrificar uma das drows.
- Monstro profano... vil como teu Deus! - Protestou Shei Long pelo elo mental.
- Se eu ainda orasse para Bibiana, a rainha estaria morta, pois não haveria resposta à minha prece de ressurreição para levantá-la! - Proclamou Zoristro.
- O grande Rhange e os sacrifícios necessários nos salvarão.. - disse Óphodda se debruçando sobre o cadáver da drow inconsciente pela cabeçada com sua adaga.
- Não é hora para isso... estamos à beira de uma invasão iminente - interviu Cameron.
- Tem razão, Cameron... mas o deus da magia tem minha gratidão... - disse a rainha Amídala buscando apoio, desnorteada que estava e confusa com as conversas paralelas.
Nesse momento, todos perceberam que Rufus desapareceu do elo mental. Edgar mandava notícias para Derdeil sobre o grupo de 12 drows gigantes e com símbolos da senhora das aranhas. Isso além das seis outras, que eram do tamanho usual, mas que conseguiam parecer ainda mais terríveis.
- Venha, majestade... - disse Cameron, mas não houve tempo para seguirem de volta aos andares superiores.
A porta do térreo da torre foi invadida por uma tropa de dez arqueiros elfos de arcos em punho. Atrás deles vinham Shei Long e Leia Organa.
- Rainha Amídala Ancalímon, seu desgoverno está nos lançando a uma crise sem fim. A corrupção toma conta de nosso povo. Tu te aliastes com as piores entidades e criaturas dessa existência. Aceitastes a maldade e esse deus nefasto entre nós! - Proclamou o arqueiro arcano Shei Long. - Eu a declaro impedida de seguir como rainha dos elfos em nome de nossos ancestrais! Rendam-se e paguem por seus crimes perante a verdadeira lei dos Seldarine.
- O que?!? - A surpresa de todos era indisfarçável. O nobre elfo disparou uma seta mortal contra Cameron Noites, quase ceifando-lhe a vida. O trovador da espada invocou uma esfera de invisibilidade com o intuito de proteção, mas foi pouco.
- Atirem!!! - Ordenou Leia
- Isso é um golpe!!! - Bradou Kaliandra na mente de todos, enquanto se levantava mais ferida do que esperava..
Os dez arqueiros fizeram uma saraivada de flechas cair sobre o quarteto invisível. Erraram Cameron, feriram Braad e Zoristro, mesmo com o monge agarrando uma das setas, mas vitimaram a rainha. Além da ordem, Leia Organa sacou um pergaminho e ao lê-lo, paralisou Cameron, Zoristro e Braad sem que pudessem resistir ao perceber que permaneciam de pé.
- Shei Long, seu traidor! Malditos elfos!.. Kaliaaandra... coração valente... levanta desse chão... renega essa sua gente... - gritou Sérgio Reis começando a cantar para inspirar seus aliados, enquanto cambaleou apoiado por Pena Branca.
Eles viam os quase quinhentos elfos nobres, que haviam apoiado Shei Long anteriormente e se conectado ao mythal através de Heldalel. Eles cercavam as torres e também chegavam armados para atacar.
- Tradição... pátria élfica... família... - gritavam em uníssono.
A queda quase tirara a vida de Kaliandra Boaventura. Mas doeu menos do que a flecha fatal e certeira que o arqueiro arcano Shei Long cravou no meio dos olhos de Cameron Noites:
- Bandido bom é bandido morto! - Ele proclamou enquanto o corpo caía.
Derdeil Óphodda soube que não havia tempo a perder e cortou a garganta da drow, sentindo a energia, maior do que esperava, fluindo com o sangue sacrificado. Um demoníaco vrock surgiu como um lacaio diante dele, além do poder que crescia em seu íntimo.
Antes que os elfos os pegassem, Pena Branca numa manobra arrojada voou e recuperou Kaliandra. A trovadora da espada invocou uma bola de fogo sobre Leia e seus lacaios, mas ela e seis deles avançaram pelas escadas rumo a Derdeil Óphoda:
- Seus dias de satanismo e blasfêmia estão acabados, servo do mal! - A elfa nobre disse, enquanto.os outros quatro arqueiros elfos passaram a amarrar e nocautear Braad e Zoristro.
Pena Branca subiu com Sérgio Reis e Kaliandra Boaventura para o alto da torre. Shei Long deixou o interior da torre e disparou várias setas, que errou propositalmente:
- Esse é meu último aviso!!! Entreguem-se a lei e a ordem, criminosos! Esta terra santa não será profanado por sua devassidão amoral!
Leia Organa sacou outro pergaminho e se teleportou para o palácio antes que a nova bola de fogo conjurada por Kaliandra a atingisse. A trovadora da espada acertou apenas o sexteto de arqueiros elfos que se aproximavam de Derdeil.
- Povo de Myth Dranor! Esqueçam o ritual dos antepassados!!! - Gritou Kaliandra no elo mental. - Nossa rainha é vítima de um golpe terrível! Precisamos de todos vocês! Cada um precisa dar o seu quinhão de sacrifício para salvá-la.
- Irmãos elfos! Em nome de nosso único e verdadeiro deus... Corellon Larethian.. venham nos ajudar a expurgar essas ervas daninhas que sufocavam nosso jardim. Eliminemos esse mal travestido de salvação!!! - Disse Leia Organa sobrepondo sua voz à de Kaliandra com muito mais eloquência.
- Acabe com ele, Pena Branca! - Ordenou Sérgio Reis.
As setas de seu seguidor foram facilmente evitadas por Shei Long. O arqueiro arcano fez o mesmo, mas com mais perícia e muita magia, trespassando o ébrio elfo alado com tantos disparos, que seu corpo já tombou sem vida, esburacado como uma peneira.
- Aberração maldita! - Cuspiu Shei Long se preparando para novos disparos.
- Chefia... - alertou Edgar de longe. - A manda-chuva aqui também ganhou um vrock... e eles estão dizendo "valagurks akonft karturum Pwatrrr xdortz! Loltrrr orgnr abcdurtuk"! E agora eles estão avançando realmente rápido, chefe. Vou segui-lo e pousar em cima de um deles, pois parece seguro.
Intoxicado com o poder inesperado do drow, Derdeil se vê assaltado pelos seis arqueiros elfos que disparam contra ele e o vrock. Ele conseguiu entender a mensagem que o familiar corvo lhe repetira na língua abissal: "está tudo pronto para o ataque, Pwath! Lolth manda atacar"! Os elfos fustigam-lhe a carne e acabaram matando o aliado planar invocado, mas são um inconveniente resolvido por mais uma bola de fogo, feridos que estavam. Derdeil Óphoda caminhou para o meio dos corpos próximos da porta do aposento:
- Berebekan Katabamka! Que o poder da magia transborde e que as vidas cumpram seu papel de libertar o verdadeiro poder da existência, ó grande Rhange Hesysthance, senhor da magia! - Derdeil conectou a essência de escolhido que havia nele com as forças mais primordiais da magia. A essência do tecido mágico se distorceu ao comando dele, como um pequeno deus da magia em um pequeno espaço planar seu. O poder do fogomágico transbordou por cada poro do corpo do escolhido do deus da magia, enquanto ele degolava a líder drow com sua adaga. O fogomágico incinerou os seis elfos, a drow assassina restante e Heldalel. Mais uma vez o poder das drows foi surpreendente, mas a força do arquimago elfo não deixava de ser impressionante. Derdeil sentiu-se intoxicado, percebendo que não havia nenhuma real ameaça a alguém com tamanho poder.
Nesse instante, ele viu-se desconectado do mythal de Myth Drannor.
- Porcos inúteis... - ele falou como se alguém falasse por ele. Mesmo que o próprio mythal da antiga cidade tentasse expulsá-lo de seu convívio, Derdeil Óphodda impediu que o poder que o perpassava fosse levado. Ele manteve todo o fluxo energético do mythal que o alcançara por tanto tempo, que ele manipulara com tanta perícia. Ele somou aquilo à bombástica força mágica que reunira e catalisava agora.
- Vocês veem que tipo de monstro se alimenta de nossos sacrifícios, bom povo élfico! É essa nossa tradição? - Gritava Leia pelo elo mental e convencendo muitos dos elfos.
Shei Long disparou oito flechas que fizeram um ângulo reto e seguiram Kaliandra e Sérgio Reis. Os dois fugiram desesperados para o interior da torre e quando atravessaram a porta aos trancos, perceberam que não estavam mais em Faerun...
Kaliandra e Sérgio Reis surgiram em um estranho solo. Pareciam no centro de um ginásio. Um colossal ginásio. Um colossal ginásio para criaturas colossais.
- Já não era sem tempo... - ouviram a voz de Rufus surgir com uma magia de mensagem. - Tem um esqueleto colossal de dragão aqui em frente...
- Onde estamos? - Perguntou Kaliandra sem reconhecer o plano de imediato. - Estamos chegando aí... a rainha precisa de nós!
- Meu querido Derdeil... - soou a voz de Rhange Hesysthance Sorrowleaf na mente de seu escolhido - creio que nem mesmo eu teria feito melhor! Deixe as torres em meu plano... você deve seguir para Halruaa agora!
- E quanto aos outros, senhor...
- Você deve ir para Halruaa. Agora. - E Derdeil viu que já estava de fronte às ruínas de Halaraa...