1 de set. de 2013

Em águas profundas ou a arte do cubol


Ehtur Telcontar buscou pelos dois deuses da natureza tão logo despertou. Sentia-se recuperado, mas logo percebeu a agitação entre os druidas e os elfos verdes que já denunciava o problema. O Grande Pai Silvanus e a Senhora das Manadas Mielikki continuavam feridos, sendo que não só as cicatrizes no pescoço da deusa unicórnio tinham piorado, como o enorme deus treant parecia próximo da morte, definhando agora a olhos vistos.
- ...tem que haver uma solução.. - ponderava o druida Kakaroto.
- ...isso é típico dos vis vermes orcs - protestou Falcon Eagle.
- Nem mesmo nossos poderes divinos conseguiram dar conta desse terrível veneno - ponderou Mielikki vendo Ehtur se aproximar. - Não se deixem irritar, meus filhos.
- Creio que há uma solução, pois em meu tempo não há notícia sobre isso - informou Ehtur.
- Mas deve haver algum artefato ou relíquia que seja capaz de ajudá-los, minha senhora - ponderou a druida Marcela.
- As sementes da vida.. elas podem curar qualquer ferida.. qualquer chaga.. qualquer enfermidade.. qualquer maldição.. e até mesmo qualquer veneno... - interviu com voz moribunda e pesada o velho deus.
- Onde estão, grande pai? - Questionou o druida Gaios.
- Nas masmorras do Mago Louco. No reino de Halaster Manto Negro, sob a montanha da Cidade dos Esplendores. Ele usou as sementes para povoar seus salões.. seu pequeno universo particular.
- Eu devo ficar para protegê-lo e à Grande Floresta e seus habitantes, meu pai. Mas irei enviar alguns de nossos melhores para trazer de volta as sementes.
- Eles devem adentrar pelo mar, pois há lá uma passagem pelas cavernas sob as águas. Bastará que estejam nas masmorras e pensarem em Halaster, pois lá ele é como um deus. - Silvanus mantinha-se firma apenas graça à ajuda de dois outros treants menores. - Peçam que as entregue...
- Você irá me representar, Ehtur Telcontar - a deusa disse se aproximando dos três. - Assim como você Falcon Eagle. Marcela Silva, você irá por também ser minha fiel servidora. Enviarei vocês até o mar de Águas Profundas, mas depois disso, estarão além do alcance de nossos poderes, por isso devem levar isso. - Mielikki baixou o chifre e o guardião viu um dos anéis se destacar. Ele o recebeu e colocou em seu dedo, assim como o elfo verde e a druida.
- Como faremos para voltar? - Perguntou Ehtur sabendo que não havia tempo a perder. Em resposta, o velho deus treant se agitou e de sua copa caiu um ramo.
- Basta que toquem um planta com isto e para cá voltarão.
Ehtur apanhou o ramo, assim como acomodou uma pequena muda em suas coisas para não ter problemas.
- Os anéis permitirão que respirem sob as águas e aumentará suas forças - acrescentou a senhora das manadas antes de teleportá-los.
O trio surgiu sob a mar e podia ver a cúpula que cobria a Cidade dos Esplendores. Eles desceram logo avistaram cinco kuo-toas com quem travaram uma rápida batalha. Recolheram os tridentes e algumas gemas de sangue que estes carregavam antes de alcançar o fundo para rastrear. Perceberam que um rio subterrâneo aflorava ali, mas a correnteza era forte demais. Ehtur acabou encontrando uma outra caverna contígua por onde puderam entrar sem maiores problemas.
O guardião de Mielikki encontrou rastros de kuo-toas, mas também de humanos e resolveu seguí-los. Eles acabaram chegando a um pedestal sobre o qual havia uma esfera negra sinistra. Marcela conjurou um rato selvagem, que ao tocar a pedra desapareceu dali, surgindo em outro lugar, um aposento com duas portas.
Uma das portas estava aberta e a outra fechada. Quando o animal seguiu pela passagem livre, perdeu-se o contato com a morte dele. Ehtur, Falcon e Marina resolveram seguir. Tocaram a esfera e apareceram no mesmo aposento em que o rato. Viram-no morto cortado ao meio no início do corredor e entenderam que havia ali uma armadilha. Ehtur e Falcon analisaram a porta fechada, mas era muito pesada para quebrarem. Marina conjurou outro rato do outro lado, vendo uma floresta de fungos gigantes em um caminho bastante maior que a sala. Ele acabou sendo morto por stirges logo em seguida. Telcontar e Eagle usaram os tridentes com pés-de-cabra e acabaram conseguindo arrancar a porta. Depois disso, Ehtur usou-a no outro corredor para disparar e travar a armadilha. Tinham agora dois caminhos, mas qual seguir?


Ao acordar do estranho sonho, Sirius Black pensou em fugir e chegou a pular pela janela de seu quarto, mas acabou retornando e encontrando seus companheiros reunidos a discutirem, mais uma vez, as mesmas imagens oníricas. Apensa Francisco Xavier relata aos demais que não seguiria com eles, pois ainda tinha mais assuntos com Chandra Kurang. Viver naquele tempo já não lhe parecia mais um problema.
Enquanto debatiam, Supla Sumo aproximou-se de maneira lasciva pela costas de John Falkiner, que apesar dos protestos não escondeu uma certa satisfação com aquele chamego.
- Recuperados e descansados, meus queridos? Vocês tem uma missão a cumprir, não é mesmo? Eu vim dar o empurrãozinho por trás que falta pra vocês irem...
- Na verdade, sargento Supla, nós precisávamos de um auxílio - interviu Arnoux Suarzineguer. - Sua amiga nos informou de uma entrada pelo mar e nós precisamos de pergaminhos para respirar na água...
- Ficaríamos gratos pela ajuda, afinal foi o Lorde Público quem nos deu essa missão... - ponderou Ryolith Fox.
- E Selune.. - acrescentou Sirius.
- Eu não tenho pergaminhos para respirar em baixo da água, mas posso conseguir uns de liberdade de movimento. Que vai deixar vocês bem soltinhos. Mas para isso vocês teriam de participar de um treinamento de cubol.
- E o que é cubol, ó capitão? - Indagou Falkiner curioso.
- É um exercício espartano que molda o caráter dos guerreiros e deixa seus corpos mais firmes e viris. Para começar, num aposento fechado e quente, todos tiram suas roupas e equipamentos, benzuntando-se de azeite de oliva e... - enquanto o sargento Sumo seguia com a explanação, Ryolith Fox viu alguém puxar sua capa. Era Roberta.
- Selune mandou trazer estes pergaminhos, paladino Fox.
- Chame-me de Ryolith, Roberta. Você está bem?
- Nunca estive melhor.. Selune vive em meu coração.
- Tem certeza? Antes você estava tão convicta e...
- Eu estava perdida, mas o amor de Selune agora me conforta.  Estão aqui pergaminhos para que respirem embaixo da água e para que cheguem até lá - ela entregou o material e virou-se.
Ryolith permaneceu desconfiado, mas aproximou-se de Falkiner com os pergaminhos divinos, interrompendo a atenção de todos aos movimentos glúteos simulados do sargento Sumo. O clérigo de Kelemvor, ainda um tanto aturdido com as demonstrações de Supla, acabou inadvertidamente lendo o pergaminho de porta dimensional, jogando todos ao mar.
Mal chegaram, Ryolith, Rock, Arnoux, Úrsula, Falkiner e Sirius se viram atacados por uma dúzia de kuo-toas já preparados para a batalha. Mal houve tempo para que Ryolith e Falkiner usassem os pergaminhos de respiração sob a água. Em poucos minutos, os seres aquáticos derrubaram a maioria deles, restando apenas Rock e os gnomos de pé, enquanto quatro inimigos fugiam, mas seus aliados tombavam como pedras sobre o chão do mar.


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